Saiga

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaSaiga
Saiga no Santuário Stepnoi, Rússia
Saiga no Santuário Stepnoi, Rússia
Estado de conservação
Espécie em perigo crítico
Em perigo crítico [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Artiodactyla
Família: Bovidae
Subfamília: Antilopinae
Tribo: Antilopini
Gênero: Saiga
Espécie: S. tatarica
Nome binomial
Saiga tatarica
Linnaeus, 1766
Distribuição geográfica
Distribuição histórica (em branco) e atual (em verde-claro) da saiga
Distribuição histórica (em branco) e atual (em verde-claro) da saiga

Saiga (Saiga tatarica) é uma espécie de antílope em perigo crítico que originalmente habitava uma vasta área da zona de estepes da Eurásia, do sopé das montanhas dos Cárpatos, além de regiões do Cáucaso, da Zungária e da Mongólia. Eles também viveram na região da Beríngia, entre a Ásia e a América do Norte, durante o Pleistoceno. É a única espécie integrante do gênero Saiga.

Características[editar | editar código-fonte]

A característica que mais se faz notar na saiga é o seu nariz flexivel parecido com o do elefante que serve para aquecer o ar no inverno e impedir a inalação de poeiras e areias. A saiga mede de 0,6 a 0,8 metros até ao ombro e pesa entre 36 e 63 kg. Vivem de 6 a 10 anos. Os machos são maiores do que as fêmeas e só eles apresentam chifres. Geralmente um macho possui um harém de 5 a 50 fêmeas.[carece de fontes?]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

Dois saigas durante uma luta

Durante o último período glacial, a presença da espécie saiga abrangia os territórios das Ilhas Britânicas, da Ásia Central, do Estreito de Bering, no Alasca, e de Yukon e dos Territórios do Noroeste, no Canadá. Na era clássica eles aparentemente eram considerados um animal característico da região da Cítia, a julgar pela descrição do historiador Estrabão de um animal chamado "Kolos" e que tinha o tamanho que variava "entre o de um veado e de um bode" e que ele acreditava que bebia pelo nariz. No início do século XVIII, o saiga ainda estava distribuído nas margens do Mar Negro, no sopé das montanhas dos Cárpatos, no extremo norte do Cáucaso, na Zungária e na Mongólia.[2]

Depois de um rápido declínio na década de 1920, em que eles foram quase completamente exterminados, os saigas conseguiram se recuperar. Em 1950, dois milhões deles ainda eram encontrados nas estepes da União Soviética. Sua população diminuiu drasticamente após o colapso da URSS devido à caça descontrolada e à procura de chifres para uso na medicina chinesa. Alguns grupos de conservação, como o World Wildlife Fund, chegaram inclusive a incentivar a caça desta espécie, visto que seu chifre era visto como uma alternativa para o do rinoceronte.[3]

Atualmente, a população do animal têm diminuído enormemente novamente - cerca de 95% em 15 anos[4] - e o saiga é classificado como uma espécie em perigo crítico pela IUCN. Um número total estimado de 50 mil saigas sobrevivem hoje em Kalmykia, em três regiões do Cazaquistão e em duas áreas isoladas da Mongólia. Outra pequena população vive em uma região da Rússia e continua sob ameaça extrema.[5]

Conservação[editar | editar código-fonte]

O chifre do antílope saiga é usado na medicina tradicional chinesa e pode valer cerca de 150 dólares. A demanda pelos chifres tem dizimado a população do animal na China, onde o antílope saiga é uma das espécies protegidas, sendo sua caça e contrabando ilegais.

Sob os auspícios da Convenção sobre Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS), também conhecida como a Convenção de Bona, o "Memorando de Entendimento (MoU) Referente à Conservação, Restauração e Uso Sustentável do Antílope Saiga" foi concluído e entrou em vigor 24 de setembro de 2006. O declínio do saiga é um dos mais rápidos colapsos populacionais de grandes mamíferos recentemente observado, sendo que o "Memorando de Entendimento" visa a reduzir os níveis de exploração atuais e a restaurar a população desses animais nômades, que vivem nas estepes da Ásia Central.[6]

Detalhe da cabeça de um saiga.

Em junho de 2014, funcionários de alfândega chineses que trabalhavam na fronteira com o Cazaquistão descobriram 66 caixas contendo 2 351 chifres de antílope saiga, carga estimada em 11 milhões de dólares. A esse preço, cada chifre custaria mais de 4 600 dólares.[7]

Pandemia de 2015[editar | editar código-fonte]

Em maio 2015 um grande número de saigas começaram a morrer de uma doença misteriosa suspeita de ser a pasteurelose.[8] A mortalidade do rebanho é de 100% depois de infectado, sendo que estima-se que 40% da população total da espécie já esteja morta.[9] Mais de 120 mil carcaças haviam sido encontradas no fim de maio, enquanto que a população total estimada era de apenas 250 mil indivíduos no mundo todo.[10] Em novembro de 2015 estimava-se que mais de 70% dos indivíduos da espécie morreram e as causas não haviam sido descobertas.[11]

O mesmo fenômeno também tinha sido observado em maio de 1998, quando 270 mil animais morreram. Em Maio de 2010, o mesmo problema aconteceu, de forma menos intensa, com a morte de 12 mil antílopes de um rebanho de 26 mil. O facto de os três surtos terem acontecido na mesma época do ano chamou a atenção dos investigadores. A causa da morte foi a infecção pelas bactérias Pasteurella multocida tipo B, que causa septicemia hemorrágica, mas não se sabia como é que uma bactéria que vivia dentro dos próprios antílopes, sem causar problemas, de repente os matava a um ritmo assustador. É que a união de vários fatores que, individualmente, não trariam problemas para os animais, causou a mortalidade observada. Os investigadores conseguiram determinar a principal condição para que a bactéria se torne mortal: um clima mais quente e úmido do que o habitual. Isto causa uma invasão das bactérias na corrente sanguínea dos animais e, consequentemente, a morte. Além disso, o mês de maio é quando estes animais têm as suas crias que nascem com o maior tamanho, em proporção à mãe, entre todos os mamíferos com cascos. Isso significa que as mães estão exaustas fisicamente, devido à gestação e ao parto, e que os recém-nascidos são mais vulneráveis à doença.[12]

Referências

  1. IUCN SSC Antelope Specialist Group. (2018). «Saiga tatarica». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2018: e.T19832A50194357. doi:10.2305/IUCN.UK.2018-2.RLTS.T19832A50194357.enAcessível livremente. Consultado em 24 de novembro de 2023 
  2. Strabo (25 de setembro de 2012). «Book VII, Chapter 4, Paragraph 8». Geography. Consultado em 19 de dezembro de 2012 
  3. Ellis, Richard (2004). No Turning Back: The Life and Death of Animal Species. New York: Harper Perennial. p. 210. ISBN 0-06-055804-0. Consultado em 19 de dezembro de 2012 
  4. «Welcome to the Saiga Conservation Alliance». Saiga Conservation Alliance. Consultado em 19 de dezembro de 2012 
  5. «Emergency appeal: saigas of the pre-Caspian region of Russia under extreme threat». Saiga Conservation Alliance. 18 de março de 2010. Consultado em 19 de dezembro de 2012 
  6. «Memorandum of Understanding concerning Conservation, Restoration and Sustainable Use of the Saiga Antelope (Saiga spp)» (PDF). Convention on Migratory Species. 25 de setembro de 2011. Consultado em 19 de dezembro de 2012 [ligação inativa]
  7. (Chinês) 新疆霍尔果斯海关破获一起羚羊角走私案 天山网 23 de junho de 2014. Acessado em 31 de maio de 2015.
  8. «Endangered saiga antelope mysteriously dying in vast numbers in Kazakhstan». The Independent. Associated Press. Consultado em 29 de maio de 2015 
  9. «Mass deaths hit Kazakhstan's endangered Ice Age antelope species». reuters.com. Reuters. 27 de maio de 2015 
  10. Taylor, Adam. «Kazakhstan's econological mystery». Washington Post. Worldviews. Consultado em 29 de maio de 2015 
  11. «70 Percent of the World's Saiga Antelopes Mysteriously Wiped Out». blogs.scientificamerican.com. Consultado em 4 de novembro de 2015 
  12. «Desvendado o mistério dos 200 mil antílopes que caíram mortos em 2015» 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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