Shintō Musō-ryū
Shintō Musō-ryū ou Shindō Musō-ryū é o estilo mais conhecido de Jōjutsu. Foi criado por volta de 1605 pelo samurai Musō Gonnosuke Katsuyoshi (em japonês: 夢想 權之助 勝吉, ano da morte desconhecido).
História
[editar | editar código-fonte]A história do shintō Musō-ryū está profundamente ligada ao encontro que Musō Gonnosuke teve com o famoso samurai Miyamoto Musashi[1] (em japonês: 宮本 武蔵, 1584–1645) . Os samurais encontraram-se pela primeira vez na cidade de Edo (atualmente Tóquio) em 1605[1].
Ambos samurais vinham fazendo Musha Shugyo, peregrinação pelo Japão em busca de aperfeiçoamento técnico. Os detalhes do embate não são claros, mas é certo que Gonnosuke foi derrotado por Musashi.
Esta derrota teve um grande impacto em Gonnosuke. Resolveu se isolar em um templo, onde ficou praticando e meditando sobre como vencer a espada de Musashi. A tradição do shintō Musō-ryū conta que no 37° dia de isolamento recebeu a resposta na forma de um sonho.
Neste sonho uma criança dizia a ele “maruki wo motte, suigetsu wo shire”[2], ou seja, “segure um bastão arredondado e descubra o suigetsu”.
Suigetsu significa literalmente “a lua sobre a água” e refere-se ao plexo solar.
Como resultado, Gonnosuke criou o jō, um bastão de madeira cuja medida quatro shaku, dois sun e um bu (aproximadamente 1,28 m) é mantida até hoje nas armas usadas no estilo. Gonnosuke acreditou que com este bastão conseguiria vencer Musashi.
A tradição do shintō Musō-ryū fala sobre um segundo duelo, no qual Gonnosuke teria conseguido equilibrar forças com Musashi.
Muso Gonnosuke posteriormente se tornou um vassalo do clã Kuroda. Foi lá que o shintō Musō-ryū permaneceu até o fim da era dos Samurais. [3].
Atualmente
[editar | editar código-fonte]O estilo chegou ao século XX pelas mãos do 25° Soke, Shimizu Takagi (1896–1978), um dos mais influentes mestres de artes marciais da era moderna. Foi Shimizu Sensei quem modelou o estilo na forma que existe hoje e o difundiu pelo Japão e posteriormente pelo Ocidente. O renome de Shimizu Sensei era tamanho que foi chamado como "O homem que dominou o mundo com o bastão".
Shimizu Sensei deixou diversos discípulos Menkyo Kaiden para legar a tradição às futuras gerações.
Um de seus principais sucessores é Kaminoda Tsunemori[4]. É o mestre responsável pela Renbukan, o dojo de Shimizu Sensei e presidente da Nihon Jodokai. Foi por muitos anos o principal instrutor da polícia metropolitana de Tóquio. Ministrou cursos para a polícia francesa e FBI.
Shintō Musō-ryū no Brasil
[editar | editar código-fonte]No Brasil o shintō Musō-ryū é praticado dentro da Confederação Brasileira de Kobudo através do Instituto Cultural Niten.
O fundador do Instituto, Sensei Jorge Kishikawa, é discípulo do mestre Kaminoda Tsunemori há muitos anos.
Nos anos de 2002 e 2005 o Instituto Niten recebeu comitiva da Nihon Jodokai com Kaminoda Sensei e alguns dos mais importantes mestres da Nihon Jodokai, como Osato Kohei, sucessor designado do mestre Kaminoda.
Também é digno de nota o grupo de Ichitami Shikanai, mestre de aikido, que é aluno direto de Tsuneo Nishioka, outro importante discípulo de Shimizu Takaji. Mestre Nishioka esteve no Brasil em 2006, promovendo gashuku na cidade de Belo Horizonte.
Estilos associados
[editar | editar código-fonte]Ao longo das gerações, outros estilos de kobudo foram incluídos no shintō Musō-ryū como artes auxiliares (em Japonês: fuzoku ryuha).[5]
- Kasumi shintō-ryū kenjutsu: Acredita-se que foi o estilo de kenjutsu que Musō Gonnosuke aprendeu em sua juventude[6].
- Ishin-ryū kusarigamajutsu: Estilo de kusarigama (foice com corrente). Atribui-se sua fundação a um monge guerreiro que viveu no século XIV chamado Nen Ami Jion, o que faz desta tradição uma das mais antigas[7].
- Ikkaku-ryū jittejutsu: Arte do manuseio da jitte.
- Uchida-ryū tanjōjutsu: Adaptação das técnicas do jō para as bengalas menores, introduzidas no século XIX.
- Ittatsu-ryū hojōjutsu: Ensina técnicas de imobilização com cordas. Foi incluído no shintō Musō-ryū pelo terceiro soke, Matsuzaki Gonemon. Até hoje é ensinado para as forças policiais japonesas.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Michael Finn: The Way of the Stick Paul H Crompton, 1984, ISBN 0-901764-72-8
- Pascal Krieger: Jodô - la voie du bâton / The way of the stick (bilingüe: Francês/Inglês), Geneva (CH) 1989, ISBN 2-9503214-0-2
- Matsui: Jodo Nyuumon (Japonês, com ilustração de todos os seiteigatas, kihon) Tokyo, 2002, ISBN 4-88458-018-4
Referências
- ↑ a b Jorge Kishikawa; Sidharta Rezende. «Muso Gonnosuke» (html). O criador do Shindō Musō-ryū. Instituto Niten. Consultado em 5 de fevereiro de 2008
- ↑ Kim Taylor. «A Brief History of ZNKR Jodo» (html) (em inglês). EJMAS. Consultado em 5 de fevereiro de 2008
- ↑ Instituto Niten. «Shindō Musō-ryū - O legado de Musō Gonnosuke» (html). Instituto Niten. Consultado em 5 de fevereiro de 2008
- ↑ Instituto Niten. «Mestre Kaminoda Tsunemori» (html). Instituto Niten. Consultado em 18 de março de 2008
- ↑ Instituto Niten. «Fuzioku Ryuha - Estilos associados ao Shindo Muso Ryu» (html). Instituto Niten. Consultado em 24 de abril de 2008
- ↑ Instituto Niten. «Kasumi Shinto Ryu - Kenjutsu, de Tsukahara Bokuden a Muso Gonnosuke» (html). Instituto Niten. Consultado em 24 de abril de 2008
- ↑ Instituto Niten. «Isshin Ryu Kusarigamajutsu» (html). Instituto Niten. Consultado em 24 de abril de 2008