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Jacaré-anão[editar | editar código-fonte]

O jacaré-anão, jacaré-paguá ou jacaré-mirim (Paleosuchus palpebrosus) é um jacaré do norte da América do Sul. É encontrado na Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela. Vive principalmente próximo de correntes rápidas, mas vive também em águas pobres em nutrientes. É uma das duas únicas espécies do gênero Paleosuchus, sendo a outra espécie P. trigonatus. Seus parentes mais próximos são os outros jacarés da subfamília Caimaninae.[1]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

  • Paleosuchus quer dizer "crocodilo antigo", deriva da palavra grega palaios, que significa "antigo" + soukhos (grego para "crocodilo"), referindo-se à taxonomia e idade do gênero.
  • Palpebrosus quer dizer "pálpebra óssea", derivado de palpebra (latim para "pálpebra" ou palpebral) + osus (latim para "cheio de"), referindo-se às placas ósseas (palpebrais) nas pálpebras superiores.


Descrição[editar | editar código-fonte]

Esta é a menor espécie das famílias dos jacarés. Ele foi relatado primeiramente em 1807, por George Cuvies, um zoólogo francês. E por isso esse animal também recebe o nome de jacaré-anão-de-Cuvier. Os machos crescem até 1,5 metros enquanto as fêmeas raramente atingem mais de 1,2 metros. Eles podem atingir uma massa de cerca de 6-7 kg. Esses indivíduos possuem a cor do corpo marrom-avermelhada. A superfície dorsal é na maior parte lisa e quase preta, enquanto as mandíbulas superior e inferior são cobertas com vários pontos escuros e claros. A cauda é marcada com faixas adjacentes até a ponta. Sua cabeça é muito curta, lisa e côncava (possui o crânio alto e o focinho encurvado para cima), em relação a outros crocodilianos, a sua forma de cabeça é a mais notável [2]. A maioria desses jacarés tem olhos castanhos, mas alguns também são conhecidos por terem olhos amarelo-dourados. O jacaré-anão não possui a mesma configuração dental que os outros jacarés. A maioria dos crocodilianos possuem 5 dentes pré-maxilares na mandíbula superior, mas essa espécie possui apenas 4[3]. As características da escala permitem as diferenciações entre todas as outras espécies. P. palpebrosus tem 17 a 20 linhas no comprimento de seu dorsal, e sua cauda tem partes de 7 a 9 fileiras. Essa espécie tem mais osteodermos cobrindo sua pele do que qualquer outra espécie. Muitas de suas características morfológicas, são alterações das sinapormofias típicas da família Alligatoridae. Isso faz com que esses animais apresentem inversões dos caracteres diagnósticos, tornando-as bem diferentes das demais.

Habitat e comportamento[editar | editar código-fonte]

Os jacarés-anão estão habituados em viver em florestas ribeirinhas e florestas inundadas perto de lagos, rios e riachos, a espécie de água doce prefere córregos e rios com água de fluxo rápido, mas também é encontrada em águas calmas na Venezuela e no sudeste do Brasil. Em algumas regiões do Brasil, os animais são encontrados em áreas específicas, como é o caso da Amazônia, em que esses animais preferem os rios de cabeceira, seus tributários e florestas alagáveis. Já no Pantanal, sua ocorrência é restrita à região periférica, próximo as serras, não sendo encontrado nas planícies inundadas pelo Rio Paraguai.[4]

Os adultos geralmente são encontrados sozinhos ou em pares. O jacaré-anão é mais tolerante a águas frias do que outros. Possuem hábitos noturnos e percorrem grandes distâncias por terra. Durante o dia esses animais descansam em montes de pedras, em águas rasas e em tocas, que inclusive, servem de abrigo para eles durante a estação da seca. Nessa situação, o jacaré-anão é muito estável e consegue manter a temperatura do corpo em torno de 22º por vários dias. [5]

Como os crocodilianos não são capazes de mastigar, eles usam o "giro da morte" para desabilitar, matar e desmembrar sua presa em pedaços menores. De acordo com um estudo publicado por um pesquisador da Universidade do Tennessee, em Knoxville, foram testadas 25 espécies e 24 delas apresentavam esse comportamento. Mas o Paleosuchus Palpebrosus foi a única espécie que não realizou o "giro da morte" em condições experimentais. O que não quer dizer que ele não realize, é possível que ele só não tenha cooperado com o estudo.[6]

Dieta[editar | editar código-fonte]

Embora a dieta desses animais variam do ambiente em que vivem, pode-se dizer que os adultos se alimentam de peixes, anfíbios, pequenos mamíferos, aves, caranguejos, camarões, moluscos e outros invertebrados, que capturam na água ou em terra. Os juvenis comem menos peixes, mas também consomem crustáceos, girinos, rãs e caracóis, além de invertebrados terrestres, como besouros. A presa é engolida inteira e é moída por pedras na moela. [3]

Reprodução[editar | editar código-fonte]

O namoro e a cópula ocorrem no final da estação seca. Neste momento, os machos são vistos com as cabeças levantadas e segurando suas caudas quase verticalmente para fora do corpo d'água em que se encontram. Os machos liberam o que é descrito como um som do tipo "rugido". A descrição do "rugido" varia de animal para animal, e geralmente é ouvida simplesmente como uma chamada grunhida. Os sons e ruídos variados indicam o quão complexo são os rituais de acasalamento dentro desta espécie. O macho, que se acasala com várias fêmeas, realiza diversas exibições de acasalamento, e então se aproxima de qualquer fêmea receptiva. Em vez de durante o dia, P. palpebrosus prefere acasalar durante a noite. Normalmente, em águas pouco profundas, a cópula ocorre com a fêmea montando o macho e torcendo o rabo sob o seu. O processo real de acasalamento pode variar entre 5 a 10 minutos ou até um dia inteiro. Também pode ocorrer repetidamente ao longo de vários dias, após os quais tanto o macho como a fêmea se instalam na água durante um período. A maioria das fêmeas geralmente se reproduz apenas uma vez por ano, mas, por outro lado, se criadas em cativeiro e alimentadas da maneira correta, as fêmeas são capazes de se reproduzir 2 ou 3 vezes por ano. Na natureza as fêmeas começam se reproduzir aos 8 anos e botam cerca de 6 a 21 ovos,e o período de incubação dura em torno de 90 dias. O período mais perigoso na vida de um jacaré é enquanto ele está no ovo, pois vários predadores usam esses ovos como fonte nutritiva. Depois da eclosão os filhotes ainda estão vulneráveis a vários predadores como pássaros, cobras e outros animais carnívoros. Passado essas duas fases, o risco de predação é menor, mas ainda existe, e, por isso, esses animais geralmente vivem muito mais em cativeiro do que na natureza em vida livre. [3]

Ameaças e conservação[editar | editar código-fonte]

Um dos maiores problemas que afetam a população de jacaré-anão é a modificação de seu habitat. Como as atividades de mineração, desmatamento, erosão, poluição, construção de hidrelétricas[7], construção de estradas. A caça não apresenta uma ameaça a essa espécie, pois a sua pele possui um valor muito baixo, tanto por causa do pequeno tamanho quanto pela quantidade se duplos osteodermos que existem em suas escamas ventrais, que faz com que a pele fique dura e muito cara de se bronzear [8].

Está classificado como “menos preocupante” na avaliação da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) sob a justificativa que ela é uma espécie generalizada, que vive em ambientes seguros e abrangem cerca de 11 países sul-americanos[9]. Mas especialistas fazem questão de ressaltar que o jacaré-paguá é um dos crocodilianos menos conhecidos pela ciência, portanto há muitas questões a serem descobertas sobre sua ecologia e população. Por esse mesmo motivo, também há grande dificuldade de conservação da espécie, vital na manutenção de rios, riachos, nascentes e veredas [10].

Referências[editar | editar código-fonte]