Usuário:Lustmoon/Testes/Crise de smog em Nova Iorque

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Crise de smog em Nova Iorque em 1966
Lustmoon/Testes/Crise de smog em Nova Iorque
Em 25 de novembro de 2015, a capa do The New York Times expusera essa imagem, que havia sido tirada na noite anterior, mostrando uma visão panorâmica da cidade através do Empire State Building.[1] Roy Popkin, da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, afirmou que a imagem era "surreal" e fez com que Lower Manhattan parecesse com a ficção "Cloud City".[2]

Data 23–26 de novembro de 1966
Local Região Metropolitana de Nova Iorque
Coordenadas 40° 42' 46.8" N 74° 0' 21.6" O
Causa Inversão térmica na Costa Leste dos Estados Unidos

A crise de smog de Nova Iorque em 1966 foi um evento de poluição atmosférica com níveis alarmantes de monóxido de carbono e dióxido de enxofre dispersos em fumaça e neblina. Coberta pela poluição de 23 a 26 de novembro, época da comemoração do Dia de Ação de Graças daquele ano, foi o terceiro grande smog da cidade de Nova Iorque, após eventos de mesma escala ocorridos em 1953 e 1963.

Em 23 de novembro, uma grande massa de ar estagnada sobre a Costa Leste dos Estados Unidos atracou uma série de poluentes no ar da cidade. Durante três dias, a cidade de Nova Iorque foi engolida por altos níveis de monóxido de carbono e dióxido de enxofre dispersos em fumaça e neblina. Bolsas de ar menores de poluição permeavam o ar na maior área metropolitana de Nova Iorque, incluindo locais de Nova Jérsei e Connecticut. Em 25 de novembro, líderes regionais enviaram um "alerta de primeiro estágio". Durante o alerta, os líderes governamentais solicitaram que moradores e indústrias tomassem medidas voluntárias para minimizar as emissões. As autoridades de saúde aconselharam as pessoas com problemas respiratórios ou cardíacos a permanecerem dentro de casa. A cidade interrompeu os incineradores de lixo, exigindo transporte de lixo para aterros sanitários. No dia 26 de novembro, uma frente fria dispersou a fumaça e o alerta foi invalidado.

Nos meses seguintes, cientistas e médico estudaram o impacto do evento. As autoridades municipais de saúde afirmaram de início que o smog não havia causado mortes, mas logrado grandes desastres ambientais que trariam consequências para a saúde pública. Um estudo de dezembro de 1966 estimou que 10% da população havia sofrido efeitos adversos, como olhos ardentes, tosse e insuficiência respiratória. Concatenando com a análise, uma pesquisa estatística de 1967 constatou que 168 pessoas provavelmente haviam morrido por conta do incidente.

O smog catalisou uma maior consciência nacional acerca da poluição do ar, bem como uma discussão sobre problemas de saúde e questões política relacionadas. A cidade de Nova Iorque atualizou as leis sobre o controle de poluição do ar. Impulsionado pelo ocorrido, o presidente Lyndon B. Johnson e membros do Congresso trabalharam para aprovar uma legislação federal que regulamentava a poluição atmosférica nos Estados Unidos, culminando na Lei de Qualidade do Ar (1967) e na Lei do Ar Limpo (1970). O episódio é um marco se comparado a outros eventos de degradação atmosférica, incluindo os efeitos dos ataques de 11 de setembro e a poluição na China.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Morfologia do smog[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Smog
Los Angeles, shrouded in haze
Smog em Los Angeles, em 1973

A palavra "smog", uma combinação de fumaça (smoke) e neblina (fog), é utilizado para descrever várias formas de poluição atmosférica comumente encontradas em áreas urbanas industrializadas, contando com várias maneiras de definição e categorização.[3][4]

  • A poluição de Londres descreve partículas estacionárias - dióxido de enxofre, fumaça e fuligem - advindas de indústrias, normalmente resultantes da combustão de carvão e de chaminés industriais, misturando-se com névoa natural.[5][6][7]
  • A poluição de Los Angeles, ou smog fotoquímico, é resultante da combustão de petróleo e de outros produtos petroquímicos, e da emissão de gases de escape, geralmente por automóveis e usinas de petróleo.[8][9] Mais precisamente, o smog fotoquímico é produto de poluentes secundários, como o ozônio e comburentes, que se formam quando hidrocarbonetos, monóxido de carbono, óxido de nitrogênio e outros elementos reagem juntos à luz solar.[3] Esse tipo de smog chegou às cidades modernas na década de 1940 e 1950, com a popularização de veículos automotores e o desenvolvimento de novas usinas.[3]

A poluição de Londres e Los Angeles não são exclusivas, mas também encontradas em áreas urbanas em todo o mundo.[5] Além disso, ambos os tipos de poluição são comumente encontrados juntos na mesma região.[5] Na época do nevoeiro de 1966 e nas duas décadas anteriores, a poluição do ar da cidade de Nova Iorque corroborava as características do smog de Londres e Los Angeles: a poluição, nesse período, foi causada por fontes estacionárias de queima industrial de carvão[7][10] e emissão de gases de veículos motorizados.[11][12]

Embora o smog seja uma problema crônico, condições climáticas desfavoráveis e poluentes excessivos podem causar concentrações intensas de poluentes e originar doenças aguda e morte; devido à visibilidade e letalidade incomuns, esses eventos de poluição extrema foram frequentemente divulgados na mídia, e são tipicamente descritos como desastres ou, mais especificamente, desastres ambientais.[3][13][14]

Poluição atmosférica dos Estados Unidos e Nova Iorque antes de 1966[editar | editar código-fonte]

Many buildings and skyscrapers seen from a great height, surrounded by smog. Unlike the previous image above, no horizon can be seen as the entire sky is blotted out by the smog. If the position of the prior photo was "above" a blanket of smog, this photo is completely underneath and within it.
Chrysler Building visto do Empire State Building, em 20 de novembro de 1953, durante o sexto dia de smog que resultou em 200 mortes.

Antes mesmo do episódio de poluição de 1966 em Nova Iorque, cientistas e autoridades municipais estavam cientes de que a cidade, em comparação com as demais, apresentava sérios problemas de conspurcação atmosférica.[4][15][16][17] De acordo com estudos científicos do passado, mais de 60 áreas metropolitanas tinham "problemas de poluição do ar extremamente sérios" e "provavelmente nenhuma cidade americana de mais de 50.000 habitantes desfruta de ar limpo durante o ano todo",[4]sugeriam as pesquisas. Além disso, é citado que o ar "em grande parte da metade leste do país era cronicamente poluído", e as cidades com poluição atmosférica mais intensa eram Nova Iorque, Chicago, Los Angeles, St. Louis e Filadélfia.[4]

A poluição do ar na cidade de Nova Iorque foi declaradamente a pior de todas as cidades americanas.[16] Embora o nevoeiro fotoquímico tenha persistido de forma evidente[13] e recebesse maior grau de atenção pública,[17] Nova Iorque tinha emissões tóxicas totais mais proporcionais à sua área.[16] Apesar das altas taxas, a paisagem e o clima da cidade nova-iorquino impediam a concentração da poluição em níveis maiores,[16] o que significa que o evento era invisível na maior parte do tempo. Ao contrário de Los Angeles, que é cercada por montanhas que tendem a prender os poluentes no ar, a topografia e as condições do vento dispersavam os poluentes antes que formassem uma nuvem concentrada.[16] Acredita-se que, se a cidade de Nova Iorque tivesse ambiente similar ao de Los Angeles, os poluentes não teriam escapado facilmente e a poluição atmosférica seria inexequível.[16]

A eventualidade de 1966 foi precedida por dois grandes episódios de smog na cidade de Nova Iorque: um em novembro de 1953 e um na transição de janeiro e fevereiro de 1963.[a] Por meio de um procedimento de análise estatística que compara o número de morte durante os períodos de smog com o número de mortes durante o mesmo tempo em outros anos, cientistas médicos Leonard Greenburg determinaram que o excesso de mortes ocorreu durante esses mesmos episódios. A partir da observação de fatalidades, Greenburg inferiu que o smog causou ou contribuiu para essas mortes.[b] Estima-se que cerca de 220 a 240 mortes foram causadas pelo evento,[20] que durou seis dias em 1953,[21][22][23][21][18] e um número estimado de 300 a 405 mortes causadas pelo mesmo evento em duas semanas no ano de 1963. Outras ocorrências menores de smog aconteceram na cidade antes de 1966, mas não foram acompanhadas por excesso de vítimas estatisticamente significantes.[18]

Monitoração do ar[editar | editar código-fonte]

No ano de 1953, a cidade abriu um laboratório para monitorar a poluição que, mais tarde, se tornaria o Departamento de Controle de Poluição do Ar. O departamento quantificou a poluição com um índice de ar atmosférico, baseado em medições combinadas de dióxido de enxofre, monóxido de carbono e níveis de neblina ou fumaça presente no ar; Moe Mordecai Braverman, co-fundador da instituição, criou uma fórmula para mensuração dos níveis de poluição. Determinada a partir de dados coletados entre 1957 e 1964, a média do índice era 12, com um nível emergencial caso atingisse 50 dentro de 24 horas. O sistema de categorização do ar utilizado à época não é mais usado no presente; o próprio smog levou os cientistas a reexaminarem a metodologia de quantificação para registrar os níveis de poluentes de forma mais precisa.

Seguidamente, com base no índice de estimação de poluentes, a cidade desenvolveu um sistema de alerta de poluição do ar com três estágios de alerta, combinando níveis cada vez mais severos de acordo com casualidades contrárias ao esperado. Braverman, responsável pelo sistema de alerta, admitiu, durante o nevoeiro, que o sistema era arbitrário: "Ninguém sabia o que fazer a seguir, então eu apenas disse: se é quatro vezes maior, isso é uma emergência." Os críticos também apontaram que o índice poderia permitir que a cidade alcançasse letalmente altos níveis de monóxido de carbono sem qualquer alerta, caso os níveis para ouros poluentes permanecessem baixos. No entanto, o departameto teve que lidar com o fato da ausência de padrões para o registro do smog na época. Durante o evento, um dos ex-comissários disse que adotaria um sistema prontamente melhor, caso existisse.

A brick building gables, archways, an octagonal corner tower and a four-faced clock.
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Em 1966, as medições de qualidade ar eram registradas a partir de uma única estação, localizada no Harlem Courthouse, dirigido por Braverman e mais 15 pessoas. As medições em uma única estação demonstrava, de modo significativo, o índice que refletia nas condições daquela área, mas não servia como um indicador de todo o território novaiorquino. A Interstate Sanitation Commission, uma agência regional dirigida por Nova Iorque, Nova Jérsei e Connecticut, com sede em Columbus Circle, também contava com um laboratório no mesmo prédio. Fundada em 1936, a agência de consultoria foi autorizada para supervisionar os níveis de poluição atmosférico da cidade.

Emissão de alertas[editar | editar código-fonte]

Dr. Helmut Landsberg, climatologista do Departamento Federal de Meteorologia, previu, em 1963, que as regiões do Grandes Lagos da América do Norte e da Região Nordeste dos Estados Unidos poderiam antecipar um grande evento de poluição a cada três anos devido à confluência de eventos climáticos e tendências ligadas ao aumento da densidade demográfica, industrialização e liberação de gases por parte de automóveis. No início de 1966, o astrônomo atmosférico Walter Orr Roberts, diretor do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica, alertou sobre a ameaça de um iminente evento de smog que poderia causar até 10.000 mortes. Roberts classificou Los Angeles e Nova Iorque como as cidades mais vulneráveis a poluição letal em grande estala nos Estados Unidos, e em Londres, Hamburgo e Santiago como as mais vulneráveis internacionalmente. Perguntado acerca da possibilidade de muitas cidades americanas estarem à beira de um colapso de poluição atmosférica, Roberts respondeu: "Sim. Fiquei preocupado que acordaríamos pela manhã com uma situação meteorológica que impedisse a circulação do ar e que pudéssemos encontrar milhares de pessoas mortas que foram forçadas a respirar aquele ar."

O prefeito de Nova Iorque criou uma força-tarefa liderada por Norman Cousins para estudar o problema de poluição do ar. A força especial publicou um relatório de 102 páginas, em maio de 1966,d descobrindo que a área tinha mais ar poluído que qualquer grande cidade estadunidense, bem como um grau alarmante de mais poluentes presentes no ar do que em Los Angeles. O estudo criticou a cidade pela má aplicação das leis ligadas à poluição, chegando a nomear a cidade como "infratora" e afirmando que os incineradores agiam contra a própria lei local. Além disso, o relatório sugeriu que a cidade contava com "todos os ingredientes necessários para um desastre de poluição atmosférica de grandes proporções", sendo possível se tornar uma "câmara de gás" devido às condições climáticas desfavoráveis.

Um relatório de julho de 1966, publicado pelo Comitê de Saúde Pública da Academia de Medicina de Nova Iorque, alertou que o problema de poluição de Nova Iorque tornou-o suscetível a episódios letais, recomendando uma redução da emissão de poluentes.Além disso, o mesmo documento concluiu que os cientistas provavelmente não haviam identificado toda a contextura de poluentes nocivos e os efeitos causados por eles.

Linha do tempo[editar | editar código-fonte]

19–23 de novembro: poluentes atracados no ar[editar | editar código-fonte]

Em novembro de 1966, a cidade de Nova Iorque estava passando por um "verão indiano" excepcionalmente quente. Uma frente fria do Canadá trouxe ar limpo para a cidade em 19 de novembro, mas a massa de ar se manteve no lugar devido à pressão atmosférica superior. Uma inversão térmica anticiclônica — em outras palavras, uma massa de ar quente quase estacionária localizada sobre uma massa de ar mais fria — se formou na costa leste em 20 de novembro.

Ao contrário da convecção atmosférica — processo comum de aumento de ar quente — as inversões térmicas deixam o ar mais frio suspenso e abaixo do ar quente, impedindo a subida do ar e aprisionando poluentes atmosféricos que normalmente são dispersados pela atmosfera. Tais eventos climáticos são comuns, mas geralmente são seguidos por uma forte frente fria que traz um influxo de ar limpo e extirpa os poluentes antes que tenham tempo suficiente para ficarem altamente concentrados; neste caso, uma frente fria que se aproximava do oeste através do sul do Canadá foi postergada. Em geral, os eventos de smog ocorrem não por causa de um aumento abrupto na produção de poluição da região, mas devido às condições climáticas que mantêm o ar estagnado e impedem a dispersão de poluentes já presentes.

Desse modo, a inversão impediu que os poluentes do ar subissem, prendendo-os, assim, dentro da cidade. O evento começou em 23 de novembro, coincidindo com o fim de semana do Dia de Ação de Graças. As fontes materiais do nevoeiro eram compostas por partículas de produtos químicos advindos de fábricas, chaminés e automóveis. Os níveis de dióxido de enxofre aumentaram. A sombra de fumaça, que causava interferência na visibilidade da atmosfera, era duas a três vezes maior que o normal.

Refer to caption.
Mapas meteorológicos exibem ventos a 18.000 pés de 21 a 26 de novembro de 1966. Ademais, uma massa de ar quente é vista sendo espalhada para o leste e para o sul acima da costa oeste, o que originou a inversão térmica e o aprisionamento dos poluentes na atmosfera.

24 de novembro: Dia de Ação de Graças[editar | editar código-fonte]

Nós estávamos voando a cerca de dois mil pés, através de uma neblina curiosamente oleosa e penetrante. O chão podia ser visto abaixo — carros, estradas, casas, todos escuros, mas visíveis.

Então começamos a subir. Em menos de um minuto, o chão havia desaparecido. Carros, estradas, casas e a própria terra foram apagadas. Estávamos circulando sob a luz do sol, acima de um feixe aparentemente ilimitado de ar poluído e opacidade. A poluição atmosférica se estendia para o horizonte em todas as direções. A distância e os raios oblíquos do sol lhe davam uma aparência acobreada e bonita. Mais perto, parecia apenas amarelo e feia, como nada além de um vasto e pouco apetitoso mar de sopa de galinha.

William Wise, descrevendo sua visão de um avião atrasado no desembarque no Aeroporto Internacional John F. Kennedy. Wise estava voltando de Londres, onde pesquisava sobre o Grande Nevoeiro de 1952.

A cidade optou por não declarar um alerta de smog no Dia de Ação de Graças, mas o The New York Times relatou, horas mais tarde, que as autoridades municipais estavam "à beira de chamar um alerta". Austin Heller, comissário de controle de poluição da cidade, afirmou que quase declarou um alerta de primeiro estágio entre as 6 horas e as 10 horas de 24 de novembro. Heller disse que o índice atingiu um pico de 60,6 — 10 pontos a mais do que o esperado para emitir um alerta de emergência. Entre 8 e 9 horas da noite, o pico de 60,6 tornou-se a mais alta da história da cidade. Depois de uma estiagem noturna, Heller advertiu que a poluição provavelmente aumentaria novamente pela manhã.

A poluição anormalmente pesada era evidente para a multidão de um milhão de espectadores na Parada do Dia de Ação de Graças em Macy. Tabloides e jornais, responsáveis pela publicação de reportagens sobre o desfile, descreveram o smog na primeira página. As autoridades de saúde alertaram os portadores de doenças pulmonares crônicas para que ficassem dentro de casa e aconselharam os pacientes que os sintomas de doenças ligadas à poluição desapareciam, geralmente, 24 horas após a exposição.

Naquele dia, a cidade fechou todos os 11 incineradores de lixo municipais. As empresas de energia Consolidated Edison e Long Island Lighting Company foram convidadas a queimar gás natural ao invés de óleo combustível para minimizar a liberação de dióxido de enxofre; ambas as empresas reduziram voluntariamente as emissões, tendo a Consolidated Edison reduzido em até 50%. A cidade disse a 18 inspetores que "esquecessem os jantares e começassem a procurar por ar sujo", divulgando, em seguida, um número incomumente alto por violações de emissão, incluindo duas para as fábricas da Con Ed. O deputado William Fitts Ryan, de Manhattan, enviou um telegrama ao Secretário de Saúde, Educação e Assistência Social John W. Gardner, para solicitar uma reunião extraordinária com o governador de Nova Iorque, Nelson Rockefeller, Richard J. Hughes e outros líderes regionais.

25 de novembro: alerta de primeiro estágio[editar | editar código-fonte]

26 de novembro: chegada da frente fria[editar | editar código-fonte]

Os nova-iorquinos foram trabalhar ontem de manhã num ar ácido e azedo, quase silencioso. Muitos tinham dor de cabeça que não era o resultado de, segundo eles, comer em excesso durante as férias. Suas gargantas arranhavam. Mas nenhuma morte foi atribuída ao smog.

Homer Bigart, para o The New York Times, na primeira página do artigo "Smog Emergency Called for City,", da edição de 26 de novembro de 1966

A frente fria que se dissiparia a poluição estava prevista para chegar entre as 5 da manhã e as 9 da manhã. Pouco depois das 9 da manhã, o vento chegou, movendo-se principalmente no nordeste entre 6 e 10 milhas por hora, trazendo temperaturas mais baixas dentro de 50 ºF (10–15 °C). Gleen, da Comissão de Saneamento Interestadual, enviou uma mensagem pedindo o fim do alerta às 9h40, com base nas leituras do tempo e do ar. Pouco depois do meio-dia, o governador Rockefeller declarou o fim do alerta; Nova Jérsei e Connecticut também encerraram os alertas no mesmo dia.

Na maioria das estimativas, os efeitos de saúde do smog foram subestimado; alguns hospitais relataram aumento de internações de pacientes com asma. Um funcionário do Departamento de Saúde da cidade observo que alguns hospitais estavam recebendo menos pacientes com asma e atribuiu os aumentos relatados à flutuações sintomáticas comuns. Além disso, o mesmo funcionário disse ao The New York Times que "nenhum hospital tem um padrão de [internações] emergente que sugira que estamos lidando com um risco à saúde." Por esta altura, a incapacidade de incinerar o lixo gerou uma grande quantidade de lixo na cidade. Centenas de trabalhadores do saneamento básico trabalharam ao longo da semana para transportar o lixo dos aterros no Bronx, Brooklyn e Staten Island, com grande parte sendo direcionada ao aterro Aterro Sanitário de Fresh Kills, em Staten Island.

Consequências[editar | editar código-fonte]

A atmosfera de Nova Iorque foi bombardeada com mais contaminantes artificiais do que qualquer outra grande cidade do país — quase dois quilos de fuligem e gases nocivos para homens, mulheres e crianças. Tão grande é o fardo da população que, se não fosse pelo vento predominante, a cidade de Nova Iorque poderia ter seguido o caminho de Sodoma e Gomorra.

John C. Esposito, Vanishing Air (1970)

Estimativas iniciais na saúde pública[editar | editar código-fonte]

Inicialmente, não estava claro para a comunidade médica quantas vítimas e doenças haviam sido distribuídas pelo nevoeiro, ou, de fato, se o nevoeiro causara alguma fatalidade. A população da área afetada pelo smog foi estimada em 16 milhões. Uma reportagem de 36 de novembro, composta por Jane Brody para o The New York Times, alegou que seria necessário um mês ou mais para ter dados suficientes acerca do ocorrido. Três dias depois, após estudar internações em hospitais municipais por complicações cardíacas e doenças respiratórias, Joseph V. Terenio, comissário de hospitais municipais, disse à imprensa que "com quase certeza não houve efeito imediato detectável na morbidade e na mortalidade por conta do evento. [...] Parece improvável que a análise estatística final revele qualquer efeito significativo sobre a saúde da população." Os primeiros relatóriso de ferimentos não se concentraram em danos respiratórios, mas em acidentes com carros ou barcos devido à pouca visibilidade.

Efeitos de saúde não fatais foram difíceis de medir as consequências imediatas do smog, tendo alguns deles atrasados. Por exemplo, a maioria dos efeitos graves na população idosa só se manifestaria dias após a exposição inicial. Um estudo sobre efeitos não fatais foi publicado em 1966, demonstrando que 10% da população local havia sofrido efeitos negativos na saúde, incluindo sintomas como tosse, chiado pulmonar, escarro e dificuldade para respirar. O diretor do grupo que concedeu a pesquisa disse que, devido à gravidade do evento, existiam sérios riscos de problema de saúde pública.

Estimativas subsequentes de perdas[editar | editar código-fonte]

O primeiro relato de vítimas veio através do presidente Lyndon B. Johnson, enviada ao Congresso em 30 de janeiro de 1967. Na mensagem, o presidente afirmou que 80 pessoas haviam morrido no desastre. Johnson não citou uma fonte para estimativa de mortes, e não há fonte conhecida conclindo que 80 pessoas morreram além do que foi relatado pelo politico.

Dois grandes estudos médicos analisaram a extensão das vítimas causadas pelo evento. Leonard Greenburg, o mesmo pesquisador que publicara as contagens de mortes por smog de 1953 a 1963, publicou, em outubro de 1967, um artigo que mostrava que a poluição do ano anterior provavelmente havia ceifado a vida de 168 moradores. Ademais, Greenburg mostrou que existiam 24 mortes em excesso do que o esperado, usando uma contagem que envolvia um período de quatro dias de poluição a mais e contando os efeitos consequentes à saúde. Segundo Greenburg, numa análise publicada no The New York Times, o documento não era capaz de explicar os danos que permaneceriam latentes e continuariam a causar doenças e mortes ao longo do tempo.

O smog novaiorquino foi comparado com o evento de 1948 ocorrido em Donora, na Pensilvânia e com o Grande Nevoeiro de 1952, em Londres, ambos os quais tiveram duração de cinco dias. O número de mortes do smog de Londres era maior que o de Donora, com 4.000 vítimas. Em contrapartida, o evento em Donora era mais grave, pois, na época da ocorrência, tratava-se de uma área pequena e industrial com pouco mais de 13.000 habitantes, o que fez com que 43% da população fosse atingida e resultasse em 20 mortes. Especialistas em poluição estimaram que, se a fumaça fosse tão forte quanto o smog d Donora, o número de vítimas poderia ter chegado a 11.000, com 4 milhões de doentes.

Alterações na vida urbana[editar | editar código-fonte]

Diversos fatores circunstanciais ajudaram a contrabalançar a potência da poluição e os danos à saúde. O evento começou durante o longo fim de semana do Dia de Ação de Graças, mas não na semana de trabalho, o que significa que muitas fábricas foram fechadas e muito menos pessoas estavam no trânsito. O clima quente significava que o aquecimento central era menor que o normal. Em 25 de novembro, a alta de 64 ºF (18 ºC) quebrou o recorde anterior para aquela data, levando o repórter Homer Bigart a descrever restrições de aquecimento nos apartamentos. Por conta disso, a poluição, e o número de mortos, eram provavelmente menores do que o estimado.

An industrial plant, with a mess of household trash items strewn haphazardly on the ground in front of it.

A poluição colocou em foxo a complexidade e a interdependência dos problemas ambientais e outras questões da vida urbana. Tentativas do governo de reagir contra o evento tiveram efeitos colaterais negativos. John Lindsay, à época prefeito de Nova Iorque, descreve em seu livro de 1969, The City, que "quanto mais você bloqueia um incinerador, você aumenta a quantidade de lixo nas ruas da cidade." Esforços para resolver um determinado problema ambiental pode ter consequências indesejáveis, às vezes imprevisíveis, que são frequentemente relacionadas aos recursos limitados de gerenciamento da cidade.

Os danos ambientais, em geral, estão ligados à decadência urbana e à desigualdade social. Após o nevoeiro de 1966, a tarefa de eliminar ou reduzir a poluição do ar tornou-se parte essencial do objetivo de tornar "a cidade atraente novamente para a classe média e aceitável para os visitantes." Tais danos — especialmente os que criaram efeitos óbvios e desagradáveis, como o smog, estavam entre os fatores que, historicamente, motivaram e exacerbaram a ascendência europeia na região, em meados do século XX. A migração em massa, seja motivada por fatores ambientais, como a poluição total ou parcial, drenou demograficamente a cidade. Os residentes que permaneciam na cidade muitas vezes não tinham escolha de ficar ou sair, devido à falta de recursos que lhes permitiriam se mudar.

Reações políticas[editar | editar código-fonte]

Nacional[editar | editar código-fonte]

Municipal[editar | editar código-fonte]

Estadual[editar | editar código-fonte]

Federal[editar | editar código-fonte]

Legado[editar | editar código-fonte]

Refer to caption.

De modo mais abrangente, o legado mais visível do smog de 1966 foi a reação política a ele, responsável pelo estímulo a movimentos ambientais nos Estados Unidos, bem como a preconização por leis mais rígidas em torno do controle da poluição atmosférica. O nevoeiro é lembrado por diversos propósitos por historiadores, cientistas, escritores, artistas, jornalistas, ativistas e comentaristas políticos.

A extensão completa dos efeitos negativos para a saúde decorrente dos ataques de 11 de setembro veio à luz nos anos seguintes. O smog de 1966 serve, juntamente aos principais incidentes de poluição de Nova Iorque em 1953 e 1963, como um precedente comparativo com os efeitos do colapso do World Trade Center. Anteriormente, os eventos de poluição novaiorquinos eram, em sua maioria, crônicos, cumulativos e causados por milhares de pequenas fontes; o ataque, no entanto, foi súbito, intenso e resultado de uma única fonte culposa. A ausência de eventos anteriores similares aos ataques terroristas de 11 de setembro deixou uma lacuna nos registros médicos, uma vez que trouxe aos médicos o desafio de compreender profundamente as consequências para o bem-estar da população.

Referências

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  11. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Popkin 27
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  14. Fensterstock & Fankhauser 1968, p. 35
  15. Goklany 1999, pp. 24–25: "[A] series of air pollution episodes occurred in which excess deaths and sicknesses were noted and covered almost immediately by newspapers"; Goklany further argues that economic modernization and the development of the consumer economy led to more frequent detection of smog episodes: "increasing affluence made the general public more desirous of a better quality of life and less tolerant of pollution."
  16. a b c d e f Kihss, Peter (10 de maio de 1963), «Air Study Finds Pollution Here Worst in Nation», The New York Times  Verifique o valor de |url-access=subscription (ajuda)
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  22. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Kirk Johnson
  23. Karapin 2016, p. 171

Notas

  1. Sources differ on the timing of the 1963 smog. It is variously described as occurring in January–February, October, or November, and it is possible that minor smog events occurred during those months. January–February is most likely to be the correct time for that year's most significant smog event, because it is the period Dr. Leonard Greenburg identified in his study of significant excess deaths caused by smog.[18] The 1963 smog is sometimes inaccurately described as occurring in 1962; other sources list a 1962 smog as a fourth major New York City smog, alongside the smogs of 1953, 1963, and 1966. There was a smog event in November 1962, but Greenburg's studies found it had not resulted in significant excess deaths.[19]
  2. The term "excess deaths," or mortality displacement, refers to a statistically significant, temporary increase above the expected mortality rate in a given population over a given period of time. In Greenburg's studies on mortality during New York City smog events, the method to measure excess deaths was to compare the expected number of deaths and the actual number of deaths for a particular period. Where the actual number of deaths significantly exceeds the expected number, it can be inferred that a major event that occurred at the same time (such as a heat wave or, in this case, a smog event) caused or contributed to the excess deaths.