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Processo de industrialização no Brasil

O processo de industrialização no Brasil aconteceu de forma tardia e lenta devido ao período colonial. Teve seu início em meados do século XIX, nesse período iniciou-se a substituição, por produção interna, de alguns produtos anteriormente importados, notadamente os bens de consumo não-duráveis e deu um salto após a segunda guerra mundial quando começou a abrigar as faixas de produção de bens de consumo duráveis, intermediários e de capital. Enquanto o brasil tinha uma economia principalmente agrícola, sobretudo, na produção do café voltada para a exportação, os países centrais [1] já tinham iniciado seu processo de industrialização.


O estudo do processo de industrialização no Brasil[editar | editar código-fonte]

Não existe consenso formado entre os especialistas que estudam a história econômica do Brasil sobre como explicar e orientar os estudos acerca da origem e do desenvolvimento da industrialização no Brasil, os fatores determinantes desse ímpeto da industrialização que se instaura em terras brasileiras a partir da segunda metade do século XIX, assim como seus protagonistas, etapas, principais características e periodização do processo, necessitam serem melhores explorados por aqueles que os pesquisam dentro de um recorte histórico. De modo geral a professora Sônia Regina Mendonça define o processo de industrialização da seguinte forma:

"O processo de industrialização no Brasil e, por conseguinte da mudança de uma sociedade rural e agrária para uma urbana e industrial, iniciou-se na segunda metade do século XIX, ganhou impulso nas primeiras décadas do século XX e teve um grande salto no período pós Segunda Guerra Mundial. " Mendonça (2011)

As questões centrais que se colocam em torno do debate acerca da industrialização brasileira se apresenta em quatro perspectivas:

Crise do café[editar | editar código-fonte]

A primeira diz respeito à relação existente entre a crise cafeeira e o surgimento da indústria no Brasil. Devido a superprodução do café no século XIX, influenciada pela falta de concorrentes estrangeiros no comércio do café, centralização dos investimentos no setor da cafeicultura. Nesse período o Brasil fornecia ¾ do café mundial. Porém, a produção de café só aumentava no território nacional, e a demanda internacional se mantinha estável. Logo, o sistema gerou uma superprodução[2], onde a demanda era menor que a produção, e começou a acumular estoque de café e o futuro não apresentava mudança, exemplo foi a crise de 1893 nos EUA ou o pânico de 1893 que fez o preço do café cair. Outras crises vieram, entre 1927-1929 as exportações conseguiram absorver apenas 2/3 da quantidade produzida, existia um desequilíbrio estrutural entre oferta e procura. Para contornar essa crise foi necessário criar alternativas para os produtores de café investir o seu lucro e uma das alternativas foi o setor industrial. Portanto, a forte e consolidada cafeicultura nacional cai em declínio e sua prática fica insustentável, se tornando em uma matriz imediata do processo de industrialização.

Surgimento da indústria no Brasil[editar | editar código-fonte]

Dentre estas questões centrais se apresenta uma tese que nos oferece um outro olhar sobre esta questão. De acordo com essa perspectiva o comércio, sobretudo o de importação, estava ligado de forma intrínseca a gênese da industrialização, tirando de cena as elites cafeeiras de Rio de Janeiro e São Paulo destacam-se os papéis de certas “burguesias imigrantes”, que, inicialmente ligada a atividades comerciais, teria sido pioneira na industrialização. Nomes como Francisco Matarazzo,Antônio Pereira Inácio e Egídio Pinotti Gamba[3] só vem a confirmar a forte presença de imigrantes europeus[4], com recursos e experiências empresariais que os credenciaram a serem os pioneiros da industrialização[5].

O início da industrialização brasileira pode ser caracterizado em duas etapas básicas, uma que vai do ano de 1869 a 1914, e a outra tendo início em 1914 e findando-se em 1939. A primeira fase teria sido marcada pela substituição das importações de produtos têxteis a exemplo do algodão; calçados; produtos da indústria metalomecânica I; gêneros alimentícios a exemplo do arroz e trigo; maquinários leves para lavoura; ferramentas e utensílios domésticos; vestuário; produtos de higiene; artigos de vidro; editorial e gráfico, dentre outros produtos. A segunda fase, de 1914 a 1939, teria se dado com a substituição das importações dos seguintes ramos: ferro e aço; metalomecânica II; papel e celulose; aparelhos elétricos; máquinas industriais; equipamentos de construção e transporte; química e farmacêuticos, etc.

Nos primeiros momentos da industrialização nacional a Indústria têxtil dominou o cenário. A produção de algodão se disseminava entre as paisagens urbanas, em 1889 o algodão era responsável por 60% do setor industrial brasileiro, seguido da indústria de alimentos com 15%, da indústria química com 10%, da indústria de madeiras com 4%, da indústria de vestuário com 3,5%e da indústria metalúrgica com 3%.

Nesse período a estratégia da estrutura industrial do Brasil assim como sua produção sempre estiveram regionalizadas em estados do sul e sudeste a exemplo do Rio de Janeiro e São Paulo. Os postos de trabalho em sua maior parte eram ocupados por imigrantes estrangeiros. Movimentos associativos de trabalhadores urbanos passam a vigorar nesse período a partir de entidades criadas ainda em 1836, como é o caso da imperial sociedade de artistas mecânicos e liberais de Pernambuco[6]. Em 1858, houve a greve dos gráficos do Rio de Janeiro, a primeira greve de trabalhadores urbanos livres. Em 1890, foi criado o Partido Socialista (Brasil) , que sempre esteve afinado com os movimentos operários da época.

As lutas dos trabalhadores durante o período buscavam a redução da jornada de trabalho, o fim da exploração do trabalho infantil e feminino, o direito à sindicalização, o seguro por acidentes de trabalhos e o aumento de salários.

Nesse contexto ainda se ressalta o importante papel de alguns indivíduos e instituições na modernização da estrutura produtiva, como é o caso do barão de Mauá,Irineu Evangelista de Sousa (1813-1889). Ele protagonizou, entre 1845 e 1875, as mais importantes iniciativas empresariais em vários campos a exemplo do comércio, indústria, ferrovias, companhias de navegação, bancos, dentre outros empreendimentos.

Intervenção do estado[editar | editar código-fonte]

A terceira perspectiva busca analisar o papel do estado brasileiro na gênese daquilo que viria ser a indústria de transformação nacional. Nesse sentido o estado passa a ocupar um papel de fundamental importância após 1930, já que durante o período imperial ou império do Brasil pouca importância exerceu sobre os esforços industrializantes. A partir de 1930 o estado passa a implementar um regime de alternâncias de políticas tarifárias que passaram a estimular a industrialização e atrair o capital estrangeiro.

Investimento estrangeiro[editar | editar código-fonte]

A quarta perspectiva refere-se ao papel fundamental do capital estrangeiro nessa implementação industrial brasileira. Tanto os oligarcas cafeeiros quanto os burgueses imigrantes dependiam desse imprescindível aporte financeiro vindo do exterior para realizar suas operações em solo nacional. O crescimento e a diversificação da economia foram fatores decisivos na crescente participação do capital estrangeiro no desenvolvimento capitalista brasileiro, que passa a contar com mais um setor de especulação financeira a partir do desenvolvimento industrial iniciado na segunda metade do século XIX.

Partiram do Império as primeiras tentativas de estabelecer a industrialização no Brasil:

“Durante o Segundo Reinado, empresários brasileiros como Irineu Evangelista de Souza, o Visconde de Mauá, e grupos estrangeiros, principalmente ingleses, investem em estradas de ferro, estaleiros, empresas de transporte urbano e gás, bancos e seguradoras”. (RIBEIRO, 2019?).


Contudo, o governo de Getúlio Vargas adotou uma política protecionista[7] privilegiando as indústrias nacionais. Isso faz com que a indústria brasileira ganhe forças, e que o investimento externo não ganhe o papel de protagonista no processo do início da industrialização.

Juscelino Kubitschek ascende ao poder e passa a investir no crescimento industrial atraindo o capital estrangeiro através, por exemplo, da permissão da entrada de empresas multinacionais como a Volkswagen. de 1956 a 1961.

“Atraindo o capital estrangeiro e estimulando o capital nacional, JK implanta a indústria de bens de consumo duráveis, sobretudo eletrodomésticos e veículos, com o objetivo de multiplicar o número dessas indústrias e das fábricas de peças e componentes. Amplia os serviços de infra-estrutura, como transporte e fornecimento de energia elétrica.” (RIBEIRO, 2019?).

São as políticas de Vargas e Kubitschek que dão forma à industrialização brasileira que, a partir daí, cresceu consideravelmente com os investimentos internos e externos.

Conclusão[editar | editar código-fonte]

A industrialização, propriamente dita, é mais que a simples presença de fábricas, na medida que pressupõe transformações tanto das relações sociais quanto das forças produtivas. Assim, a partir da segunda metade do século XIX, O Brasil passou a experimentar, entre 1840 e 1870, o surto industrial, que, não configurando efetivamente o processo de industrialização, tornou-se expressão de constrangimentos decorrentes da precariedade do mercado interno brasileiro marcado pela concentração de renda, sendo consequência de uma estrutura político-econômica arcaica.

Vale ressaltar que tais empreendimentos industriais se utilizaram simultaneamente do trabalho assalariado e mão de obra escrava [8], não havendo diferenciação funcional com relação às condições de trabalho e dos próprios trabalhadores, o que contraria certas teses que pregam a incapacidade técnica de escravos com relação ao uso de tecnologias melhor aprimoradas.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

FURTADO, Celso[9]. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 251-335.

GORENDER, Jacob. A burguesia brasileira. 2. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1982. IANNI, Octávio. Industrialização e desenvolvimento social no Brasil. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 1963.

IANNI, Octávio[10]. Industrialização e desenvolvimento social no Brasil. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 1963.

LIMA, Heitor Ferreira, História política-econômica e industrial do Brasil. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1970. REGINA, Sonia. A industrialização brasileira. São Paulo: Editora Moderna, 2004.

REGO, José Márcio; MARQUES, Rosa Maria (Org.). Formação econômica do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2003.

RIBEIRO, Ana. Enem Virtual: A industrialização no Brasil. [2019?]. Disponível em: <https://www.enemvirtual.com.br/a-industrializacao-no-brasil/>. Acesso em:12/01//2019.

SILVA, Sérgio. Expansão cafeeira e origens da industrialização no Brasil. São Paulo: Alfa-Omega, 1976.

SCHWARCZ, Lilia[11] (Direção); CARVALHO, José Murilo de (Coord.). História do Brasil Nação: 1808-2010. Vol 2 – A construção nacional 1830- 1889. SP: Ed. Objetiva, 2015. PAULA, João Antônio de. O processo econômico.