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Como ler uma infocaixa de taxonomiaGeophagus brasiliensis
Geophagus brasiliensis
Geophagus brasiliensis
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Família: Cichlidae
Subfamília: Geophaginae
Género: Geophagus
Nome binomial
Geophagus brasiliensis
Quoy & Gaimard, 1824



O Geophagus brasiliensis, também conhecido como cará, papa-terra e acará topete, o acará é um peixe de água doce, que habita ambientes de água parada, mas pode ser encontrado também em rios, nas margens com vegetação abundante e remansos. Eles se adaptam muito bem em reservatórios. Distribuídos nas Bacias do Rio Doce, Rio São Francisco e do Rio Paraíba do Sul. [1] Apresenta atividade diurna e orientação visual.[2] Também apresenta maior movimentação na presença de luz. A temperatura mínima letal para o acará é 9 graus e a máxima é 36 graus. Quanto mais próximo desses valores menor é o conforto desses peixes. [3] Sua expectativa de vida é aproximadamente 8 anos. Seu pH varia entre 6 e 7,6.[4]

O acará tem uma coloração bastante característica quando está alimentado e aclimatado corretamente. Ele possui cores vermelho vinho, azul petróleo e cinza, além de pontos fosforescentes. O corpo e as nadadeiras variam do castanho claro ao escuro, apresentando uma pinta no meio do corpo. Possui também pintas claras pela extensão do corpo. Há espécies que apresentam diferenças na forma do corpo, que são causadas pelo ambiente que habitam. É uma espécie resistente, e pode viver até em lagoas salinizadas. O acará é utilizado como bioindicador de qualidade da água. A quantidade de parasitas presentes no peixe revelam as condições dos rios em que habitam.[4]

Criação em cativeiro[editar | editar código-fonte]

Para abrigar um casal de acará é necessário um aquário de 200 litros, já um comunitário pode ter de 300 litros para mais. Seu substrato deve possuir iluminação fraca, ser arenoso e macio. Para diminuir a agressividade e o territorialismo podem ser colocados troncos e rochas no aquário. Comparada com as outras espécies de Geophagus, o brasiliensis é muito territorialista e agressivo, chegam a agredir outros peixes, já que não se intimidam facilmente. Ao olhar de quem observa eles são tímidos, resistentes e bonitos. Suas cores chamam bastante atenção.[4]

Reprodução[editar | editar código-fonte]

Na época de se reproduzirem, os machos apresentam uma protuberância na testa. Eles botam ovos no substrato, durante o acasalamento a fêmea colocará os ovos. No habitat natural os ovos são postos entre rochas. O macho defende o território de predadores, enquanto a fêmea cuida dos ovos, que eclodem em 3 ou 4 dias. Após o eclodirem  os pais levam os alevinos para crateras escavadas na areia. [4]

Alimentação[editar | editar código-fonte]

O comportamento alimentar depende do tamanho do acará. Fazer testes de alimentação revelam que, conforme o tamanho das presas, o acará mudava de alimentação visual para filtrar a alimentação em pequenas presas.[5]

Em seu habitat natural ele se alimenta diversificadamente, não possui somente o hábito bentófago como outros do gêneros. São vistos se alimentando longe de sua base, mas alimentam-se principalmente peneirando ela.[4]

A alimentação dos adultos de Geophagus brasiliensis foi investigada, por análises de vários conteúdos gráficos, feitas por trimestres no reservatório de Capivari. A avaliação foi feita por métodos de freqüência volumétrica e de ocorrência. Os resultados mostraram uma dieta predominantemente de frutos e sementes. A composição da dieta apresentou oscilação espaço temporal, já que o consumo foi de recursos mais disponíveis, o que caracteriza o oportunismo trófico da espécie. [6]

Quando estão em cativeiro, eles aceitam alimentos secos, congelados e vivos. [4]

Fisiologia[editar | editar código-fonte]

Foram coletados os fígados de Geophagus brasiliensis de um local contaminado e de um local não contaminado, e foram analisados quanto a defesas oxidantes, níveis de acido e seu dano histológico. Os níveis de tiobarbitúrico foram aumentados no local contaminado, e também o consumo de oxigênio. O maior dano observado nos peixes do local contaminado é a infiltração lipídica intensa. O maior consumo de O2 foi apresentado nos peixes coletados no final da primavera. Os peixes que foram expostos a níveis altos de poluição parecem ser incapazes de estabelecer defesas antioxidantes adequadas. As defesas antioxidantes mais altas encontradas no final da primavera provavelmente estão relacionadas às atividades aprimoradas durante períodos de altas temperaturas em organismos termo conformadores.[7]

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

O histórico de vida entre duas populações de Geophagus brasiliensis apresenta variações, comparando lacustres e ribeirinhas. Na lagoa o comprimento médio foi maior. Na população ribeirinha apresenta maior fecundidade e reprodução. Na lagoa houve desova apenas na primavera e no verão, já no rio ocorreu o ano inteiro. [8]

Parasitismo[editar | editar código-fonte]

Há pouquíssimos trabalhos relacionados à variação temporal em parasitos de peixes de água doce. A maior parte destes estudos tratam-se da prevalência ou abundância de infra populações de parasitas. As condições do ambiente e do habitat podem causar variações na composição das comunidades de parasitas. Um local que tem sofrido muitos impactos por despejo de esgoto doméstico na natureza ultimamente, é o Rio Guandu, que é o maior tributário da bacia hidrográfica de Sepetiba, no Rio de Janeiro. Outro fator que causa problemas é a extração de areia. O acará é uma espécie amplamente distribuída geograficamente, pode ser encontrado tanto em rios Amazonas quanto no Rio da Prata. Apesar de ser uma espécie territorialista tem preferencia por ambientes morosos e com um cenário onívoro oportunista. Estudos apontam o acará como hospedeiro de crustáceos, hirudíneos, larvas de moluscos, acantocéfalos, monogenéticos, nematoides e digenéticos.[9]

200 espécimes de acará foram coletados. A primeira coleta ocorreu no outono, a segunda no inverno, a terceira na primavera e a quarta no verão. Todos os peixes tiveram o sexo determinado, foram medidos e pesados. Para ver as diferenças no estado dos peixes machos e fêmeas e de acordo com a estação do ano foi calculado o fator alométrico para todos os peixes. Os testes foram feitos para verificar a influencia do sexo dos hospedeiros. A conclusão da analise foi que em pelo menos uma das coletas as especies de parasitos que apresentaram a prevalência superior ou igual a 10%. Calculou-se a prevalência, a intensidade média e a abundância média. Testes de comparação múltiplas de propor cores viabilizaram os valores totais e por coleta.[9]

O teste qui quadrado apontou as diferenças entre as prevalências, em especies presentes em duas coletas. O teste de Anova mostrou os valores totais médios e por coleta na abundância de parasitas. Noventa e dois por cento de Geophagus brasiliensis estavam infectados por pelo menos uma especie de parasita. Os peixes mostraram maior comprimento total e peso na coleta realizada no verão e menor na coleta de outono. Na amostra total que era composta por 120 machos e 80 fêmeas, os machos apresentaram peso e comprimento total maiores, porem não foram observadas diferenças dos fatores de condição entre ambos os sexos. Considerando os valores pelas estações do ano os machos e as fêmeas apresentaram diferenças no peso e no comprimento total. O estudo não observou influencia do sexo na abastança parasitária. O sexo do hospedeiro também não é algo que influencie ativamente.[9]

Controle biológico[editar | editar código-fonte]

No sul do Brasil o arroz é cultivado em lavouras inundadas. Com essa prática ocorreu o aumento de pragas como caramujos Pomacea canaliculata. O gavião caramujeiro Rostheamus sociabilis é seu predador natural, mas não tem sido suficiente para o controle da praga. O cará Geophagus brasiliensis foi usado para o controle biológico da praga. [3]

Um possível método para controle biológico da esquistossomose é utilizar o acará para interromper o ciclo de vida do caramujo Biomphalaria tenagophila. Estudos laboratoriais mostraram que 97,6% dos caramujos menores foram eliminados, já os grandes apenas 9,2%. Estes resultados são promissores e foram obtidos em um ambiente seminatural. Devem ser encorajados estudos deste peixe em habitats naturais de caracóis.[10]

Meio ambiente[editar | editar código-fonte]

Durante um ano foram estudadas mutilações de nadadeiras em acarás feitas por piranhas, no Rio Atibaia em São Paulo. A variação foi de pequenos cortes a perda total da nadadeira. A regeneração variou de uma a seis semanas, sendo parcial ou total. Se estiver machucado pode ter dificuldade de se alimentar. A mutilação prejudica o desempenho do peixe afetado. [11]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «Peixes de água doce do Brasil - Acará (Geophagus brasiliensis)». CPT. Consultado em 8 de agosto de 2019 
  2. Stefani; Reis; Rocha. «CARACTERIZAÇÃO ALIMENTAR DO ACARÁ (Geophagus brasiliensis) NA LAGOA DOS TROPEIROS, MINAS GERAIS.» 
  3. a b Silva, Ariany (2013). «Viabilidade do controle biológico do caramujo Pomacea canaliculata (Lamarck 1822), pelo Cará Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard 1824) sob influência da temperatura» 
  4. a b c d e f «Acará Papa Terra (Geophagus brasiliensis)». Aquarismo Paulista. 11 de junho de 2016. Consultado em 15 de agosto de 2019 
  5. Lazzaro, Xavier (1 de julho de 1991). «Feeding convergence in South American and African zooplanktivorous cichlids Geophagus brasiliensis and Tilapia rendalli». Environmental Biology of Fishes (em inglês). 31 (3): 283–293. ISSN 1573-5133. doi:10.1007/BF00000693 
  6. Goulart, Erivelto; Abelha, Milza Celi Fedatto (1 de abril de 2008). «Oportunismo trófico de Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) (Osteichthyes, Cichlidae) no reservatório de Capivari, Estado do Paraná, Brasil - DOI: 10.4025/actascibiolsci.v26i1.1657». Acta Scientiarum. Biological Sciences. 26 (1): 37–45. ISSN 1807-863X. doi:10.4025/actascibiolsci.v26i1.1657 
  7. Soares, C. H. L.; Pedrosa, R. C.; Tribess, T. B.; Torres, M. A.; Wilhelm Filho, D. (2001). «Influence of season and pollution on the antioxidant defenses of the cichlid fish acará (Geophagus brasiliensis)». Brazilian Journal of Medical and Biological Research (em inglês). 34 (6): 719–726. ISSN 0100-879X. doi:10.1590/S0100-879X2001000600004 
  8. Mazzoni, R.; Iglesias‐Rios, R. (2002). «Environmentally related life history variations in Geophagus brasiliensis». Journal of Fish Biology (em inglês). 61 (6): 1606–1618. ISSN 1095-8649. doi:10.1111/j.1095-8649.2002.tb02501.x 
  9. a b c Carvalho; Tavares; Luque. «Variação sazonal dos metazoários parasitos de Geophagus brasiliensis (Perciformes: Cichlidae) no rio Guandu, Estado do Rio de Janeiro, Brasil» (PDF). Acta Scientiarum. Biological Sciences, vol. 32, núm. 2, 2010, pp. 159-167 Universidade Estadual de Maringá .png, Brasil 
  10. Jurberg, Pedro; Weinzettl, Marcia; Jurberg, Pedro; Weinzettl, Marcia (1990). Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. 85 (1): 35–38. ISSN 0074-0276. doi:10.1590/S0074-02761990000100005 
  11. Sazima, Ivan; Pombal. «MUTILAÇÃO DE NADADEIRAS EM ACARÁS , GEOPHAGUS BRASILIENSIS, POR PIRANHAS, SERRASALMUS SPILOPLEURA» (PDF). MUTILAÇÃO DE NADADEIRAS EM ACARÁS , GEOPHAGUS BRASILIENSIS, POR PIRANHAS, SERRASALMUS SPILOPLEURA