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Acompanhamento médico pré-natal[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Diagnóstico pré-natal

Ao longo da gravidez, são realizados de forma periódica vários exames e consultas. Os exames de rastreio destinam-se a avaliar o grau de risco da gravidez e incluem análises ao sangue, análises à urina e ecografias Alguns são exames de rotina realizados em todas as grávidas, enquanto que outros são realizados apenas em determinado grupo de risco. Quando um exame de rastreio indica risco acrescido para determinada doença, geralmente é seguido por um exame de diagnóstico que confirma a presença dessa doença.[1]

Consultas médicas[editar | editar código-fonte]

[[:Ficheiro:|Batimento cardíaco fetal]]
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Nas consultas de acompanhamento é possível ouvir o batimento cardíaco do feto com recurso a um monitor fetal Doppler portátil.

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A primeira consulta médica durante a gravidez é geralmente realizada entre as seis e oitro semanas de gestação, ou entre duas e quatro semanas de atraso do período menstrual. Nesta primeira consulta exaustiva são calculadas a idade gestacional e a data prevista de parto e realizados diversos exames e análises para determinar o estado de saúde da grávida e potenciais riscos à gravidez. Determina-se o peso, altura e a pressão arterial e são examinados o pescoço, tiroide, mamas, abdómen, membros, coração, pulmões e os olhos. São também pedidas análises sanguíneas para a contagem de células, determinação do grupo sanguíneo, anti-RH e deteção de doenças sexualmente transmissíveis como a sífilis, hepatite, gonorreia, VIH, rubéola e clamídia. É também realizado um exame ginecológico que determina o tamanho e posição do útero e eventuais anomalias. Pode ser realizado um teste de Papanicolau para a presença de cancro do colo do útero e exames genéticos em mulheres em grupos de risco para o desenvolvimento de fetos com malformações genéticas. Em mulheres negras e de origem mediterrânica podem ser feitos testes à drepanocitose.[2]

As consultas de acompanhamento são geralmente agendadas de quatro em quatro semanas até às 32 semanas de gestação, sendo a partir daí de 2 em 2 semanas até às 36 semanas, e uma vez por semana até ao parto. Nestas consultas são anotados o peso, tensão arterial e tamanho e forma do útero. Em cada consulta é recolhida e analisada uma amostra de urina para detectar a presença de açúcar, que pode ser um sinal de diabetes, e de proteínas, que podem ser um sinal de pré-eclampsia. [2]

Análises ao sangue[editar | editar código-fonte]

Na primeira consulta são geralmente realizadas análises ao sangue de rotina a todas as grávidas. Se a grávida fizer parte de um grupo de risco, podem ser adicionalmente realizadas análises a biomarcadores específicos. Nas situações em que a grávida apresenta um risco acrescido de síndroma de Down, por volta das dez semanas são realizadas análises para determinar o nível das hormonas fetais, da proteína plasmática associada à gravidez (PAPP-A) e da gonadotrofina coriónica humana (HCG). Por volta das dezasseis semanas, algumas instituições de saúde realizam análises adicionais. Dependendo da instituição e do risco da gravidez, pode ser requisitada análises para medição da alfafetoproteína (AFP), uma análise tripla (AFP, HCG e estriol) ou análise quádrupla (também analisa a inibina-A).[1]

Um valor elevado de alfafetoproteína no sangue da grávida indica uma maior probabilidade de doenças do tubo neural como espinha bífida, anencefalia e outras anomalias no feto. Por outro lado, um valor baixo de alfafetoproteína no sangue em conjunto com um valor elevado de gonadotrofina coriónica humana e um valor baixo de estriol indicam uma maior probabilidade de síndrome de Down. No entanto, existem outras causas que explicam valores elevados: erro no cálculo da idade gestacional, a existência de mais do que um feto, ameaça de aborto ou morte do feto. Em caso de valores elevados, geralmente é recomendada a realização de uma ecografia. No entanto, em 2% dos casos a ecografia não revela a causa do aumento dos valores, situação em que se recomenda a realização de uma amniocentese para medir os valores de alfaproteína no líquido amniótico.[3]

Quando a mãe é Rh-negativa e o pai Rh-positivo, há uma probabilidade do feto ter sangue Rh-positivo. Se este sangue entrar na circulação sanguínea da mãe, ela pode produzir anticorpos anti-Rh que podem destruir os glóbulos vermelhos do feto (eritroblastose fetal), podendo causar icterícia, lesões cerebrais ou morte. Assim, quando o fator Rh do sangue da mãe é negativo, geralmente confirma-se a presença de anticorpos anti-Rh no sangue.[2]

Ecografia[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Ecografia obstétrica
Ecografia às 16 semanas de gestação. O círculo branco entre o centro e o lado direito é a cabeça do feto, estando a face voltada para a esquerda. Imaginando os ponteiros de um relógio, às 10 horas é visível a testa, às 7 horas a orelha esquerda e às 9 horas a mão direita a tapar os olhos.

A ecografia é um exame seguro que não implica nenhum risco para a grávida ou para o feto e que permite detectar algumas doenças congénitas durante a fase inicial da gravidez, estimar com maior precisão a idade gestacional e a data prevista de parto e detetar uma gravidez múltipla.[3] A partir das cinco semanas e meia de gestação já é possível observar o embrião. Quando este atinge 5mm é possível observar o batimento cardíaco por ecografia pélvica, embora em alguns casos só seja visível quando atinge os 7mm, o que acontece por volta da 7ª semana. [4] As recomendações internacionais de saúde pública recomendam que seja realizada pelo menos uma ecografia de rotina a todas as grávidas entre as 18 e as 22 semanas de gestação (ecografia do segundo trimestre) e, em países com recursos, que seja também realizada uma ecografia de rotina entre as 11 semanas e as 13 semanas e seis dias de idade gestacional (ecografia do primeiro trimestre). Em alguns países realiza-se ainda uma ecografia de rotina entre as 30 e as 32 semanas (ecografia do terceiro trimestre). Em todas as ecografias de rotina de uma gravidez de baixo risco são avaliados o número de fetos e placentas, a atividade cardíaca, os movimentos fetais, a localização da placenta, a quantidade de líquido amniótico e os valores biométricos. Para além destes parâmetros gerais, em cada trimestre são também avaliados parâmetros específicos.[5][6][7][8]

Na ecografia do primeiro trimestre são geralmente avaliados o comprimento crânio-caudal, a frequência cardíaca do feto, a medida da translucência da nuca, se gémeos partilham ou não a placenta (corionicidade) e a anatomia do feto (pólo cefálico, coluna vertebral, estômago, parede abdominal e membros).[8] O comprimento crânio-caudal permite determinar a idade gestacional com uma precisão ligeiramente superior aos cálculos com base no último período menstrual. Uma vez determinada a idade gestacional por ecografia, não será alterada até ao fim da gravidez.[9] Durante a ecografia do primeiro trimestre é também calculado o risco de trissomia 21. Este risco é calculado através da ponderação conjunta do valor de translucência da nuca medido por ecografia, da idade da mãe e, sempre que possível, do rastreio por análises clínicas da fração livre da gonadotrofina coriónica humana e da proteína A plasmática associada à gravidez. Este rastreio combinado identifica 90% dos casos de trissomia 21 e outras principais doenças congénitas.[10]

A ecografia do segundo semestre, ou ecografia morfológica, para além de confirmar alguns dados do primeiro trimestre, destina-se principalmente a identificar malformações do feto. São avaliados o contorno craniano e cérebro, face e pescoço, coração, pulmões, abdómen, coluna vertebral, membros, cordão umbilical e genitais externos. É possível distinguir o sexo do feto por ecografia a partir das 11 semanas de gestação. No entanto, só a partir das 13 semanas é que é possível fazê-lo com uma precisão entre 99% e 100%.[11] Na ecografia do terceiro trimestre são avaliados a apresentação fetal, o perímetro cefálico, perímetro abdominal, comprimento do fémur e vários parâmetros biofísicos.[8]

Exames de diagnóstico[editar | editar código-fonte]

Os exames de diagnóstico são geralmente propostos a grávidas que apresentem um risco acrescido de doenças cromossómicas. Os fatores de risco mais comuns são a idade superior a 35 anos, antecedentes familiares de doenças cromossómicas, como a síndrome de Down, ou de doenças genéticas, como a fibrose cística, um problema detectado na ecografia ou um risco elevado detectado nos exames de rastreio ou em função de um valor de translucência nucal elevado.[1]

Amniocentese[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Amniocentese
Os exames de diagnóstico invasivos, como a amniocentese ou a biópsia das vilosidades coriónicas (na imagem), permitem confirmar a presença de determinadas doenças no feto. No entanto, por implicarem um risco de aborto espontâneo, ainda que muito pequeno, só são realizados quando os exames de rotina indicam uma probabilidade elevada de doença ou malformação grave.

A amniocentese é um exame de diagnóstico utilizado para confirmar a presença de defeitos na espinal medula, de diversas anomalias cromossómicas, como a síndrome de Down, e de doenças autossómicas recessivas como a fibrose cística e a doença de Tay-Sachs. Este exame também permite determinar com 100% de certeza o sexo do bebé. No entanto, nem todas as malformações podem ser detectadas através de amniocentese.[12] O exame consiste na inserção de uma agulha no abdómen para recolha de uma amostra de líquido amniótico. Como este exame apresenta um risco de aborto espontâneo, embora muito baixo (0,06% ou 1:1600), não é um procedimento de rotina e é apenas apresentado como opção a mulheres com idade superior a 35 anos, a mulheres com resultados fora do normal nas análises triplas do primeiro trimestre e a mulheres com historial familiar de determinadas doenças ou malformações. A amnciocentese é geralmente realizada a partir das 16 semanas de gestação e os resultados demoram, no mínimo, duas semanas a ser obtidos.[13][14]

Biópsia das vilosidades coriónicas[editar | editar código-fonte]

A biópsia das vilosidades coriónicas é um exame de diagnóstico que consiste na recolha de uma amostra das vilosidades coriónicas do útero, as membranas embriónicas exteriores. Embora semelhante à amniocentese, este exame pode ser realizado bastante mais cedo, geralmente entre as oito e doze semanas de gestação, o que em caso de resultados desfavoráveis permite optar pela interrupção da gravidez numa fase precoce. Por ser realizado mais cedo, apresenta um risco de aborto espontâneo significativamente superior ao da amniocentese (1-2%).[12][1]

  1. a b c d Manual da Gravidez. Porto: Porto Editora. 2014. pp. 122–131. ISBN 9720062505 Verifique |isbn= (ajuda) 
  2. a b c Manual Merck. «Cuidados Pré-Natais». Consultado em 5 de agosto de 2014 
  3. a b Manual Merck. «Provas para o diagnóstico e detecção pré-natal». Consultado em 7 de agosto de 2015 
  4. Cunningham, F; Leveno, KJ; Bloom, SL; Spong, CY; Dashe, JS; Hoffman, BL; Casey BM; Sheffield, JS (2013). «Fetal Imaging». Williams Obstetrics, Twenty-Fourth Edition. [S.l.]: McGraw-Hill 
  5. Whitworth M, Bricker L, Neilson JP, Dowswell T (14 de abril de 2010). Whitworth, Melissa, ed. «Ultrasound for fetal assessment in early pregnancy». Cochrane database of systematic reviews (Online) (4): CD007058. PMID 20393955. doi:10.1002/14651858.CD007058.pub2 
  6. Salomon, LJ; Alfirevic, Z; Berghella, V; Bilardo, C; Hernandez-Andrade, E; Johnsen, SL; Kalache, K; Leung, K.-Y.; Malinger, G; Munoz, H; Prefumo, F; Toi, A; Lee, W (2010). «Practice guidelines for performance of the routine mid-trimester fetal ultrasound scan» (PDF). Ultrasound Obstet Gynecol. doi:10.1002/uog.8831 
  7. Salomon, LJ; Alfirevic, Z; Berghella, V; Bilardo, C; Hernandez-Andrade, E; Johnsen, SL; Kalache, K; Leung, K.-Y.; Malinger, G; Munoz, H; Prefumo, F; Toi, A; Lee, W (2013). «ISUOG Practice Guidelines: performance of first-trimester fetal ultrasound scan» (PDF). Ultrasound Obstet Gynecol. 41: 102-113. doi:10.1002/uog.12342 
  8. a b c vvaa (2011). Exames Ecográficos na Gravidez de baixo risco. [S.l.]: Direção-Geral da Saúde  Parâmetro desconhecido |dia= ignorado (|data=) sugerido (ajuda)
  9. Nguyen TH, Larsen T, Engholm G, Møller H (1999). «Evaluation of ultrasound-estimated date of delivery in 17 450 spontaneous singleton births: do we need to modify Naegele's rule?». Ultrasound in Obstetrics and Gynecology. 14 (1): 23–28. PMID 10461334. doi:10.1046/j.1469-0705.1999.14010023.x 
  10. Nicolaides, KH (2011). «Screening for fetal aneuploidies at 11 to 13 weeks». Prenat Diagn. 31 (1): 7-15. doi:10.1002/pd.2637 
  11. Odeh, Marwan; Grinin, Vitali; Kais, Mohamad; Ophir, Ella; Bornstein, Jacob (2009). «Sonographic Fetal Sex Determination». Obstetrical & Gynecological Survey. 64: 50. doi:10.1097/OGX.0b013e318193299b 
  12. a b Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome britannica
  13. Harvard Health Publications. «Amniocentesis». Universidade de Harvard. Consultado em 7 de agosto de 2015 
  14. «Mid-Trimester Amniocentesis Fetal Loss Rate» (PDF). J Obstet Gynaecol Can. 29 (7): 586–590. 2007