Massacre da Escola Politécnica de Montreal: diferenças entre revisões

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==O atirador==
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O atirador, Marc Lépine é o filho de uma mãe franco-canadense e de um pai [[Argélia|argelino]] e seu nome de batismo era Gamil Gharbi. Seu pai, um vendedor de fundos mútuos, era [[misoginia|desdenhoso para com as mulheres]]. Ele era fisicamente e verbalmente abusivo com a esposa e o filho, desencorajando uma relação amorosa entre ambos.<ref name="Citizen" /><ref name="mother">{{cite news | last =CTV.ca News Staff|title =Mother of Marc Lepine finally breaks her silence |publisher =CTV| date = 18 de setembro de 2006| url =http://www.ctv.ca/servlet/ArticleNews/print/CTVNews/20060925/lepine_mother_060925/20060925/?hub=Canada&subhub=PrintStory| accessdate =17 de janeiro de 2017}}</ref> Quando Gamil tinha sete anos de idade seus pais se separaram; ele nunca mais teve contato com o pai.<ref name="Citizen" /> Sua mãe voltou a trabalhar como [[enfermeira]] para sustentar a família e, devido às longas horas de trabalho, seus filhos moravam com outra família durante a semana. Aos 14 anos, Gamil mudou seu nome para "Marc Lépine", citando o ódio pelo pai como razão pela adoção do sobrenome materno.<ref name="Citizen">{{cite news | last1 =Weston| first1 =Greg| last2 = Aubry |first2 = Jack| title = The making of a massacre: The Marc Lepine story Part I|work=The Ottawa Citizen | date =7 de fevereiro de 1990}}</ref> Lépine tentou se juntar ao [[Comando das Forças Terrestres Canadenses|Exército Canadense]] no inverno de 1980–1981, mas teria sido recusado, segundo sua carta de suicídio, por ser "antissocial".<ref name="malarek">{{cite news| last =Malarek| first =Victor| title =Killer Fraternized with Men in Army Fatigues|work=[[The Globe and Mail]] |location=Canada | date = 9 de dezembro de 1989| url =https://books.google.com/books?id=FHZJxbjlHsgC&pg=RA1-PA41&lpg=RA1-PA41&dq=%22killer+fraternized+with+men+in+army+fatigues%22&source=web&ots=BCcpaVbwAv&sig=qvo9cTTu89_ywX5a-2EzlnN7TRs#PRA1-PA41,M1| accessdate =17 de janeiro de 2017}} In: "The Montreal Massacre: A Story of Membership Categorization Analysis", eds., P. Eglin and S. Hester (2003).</ref> A breve biografia que a polícia fez de Lépine no dia seguinte ao massacre descrevia-o como inteligente e problemático.<ref name="Chun" /> Ele não gostava do feminismo, de mulheres em cargos de comando e de mulheres em carreiras tradicionalmente masculinas, como a policial.<ref name="malarek" /> Ele começou um curso pré-universitário na CEGEP em ciências puras em 1982, mas logo transferiu-se para um programa vocacional de três anos em tecnologia eletrônica. Ele abandonou este programa no seu último semestre sem explicações.<ref name="McDonnell">{{cite news | last1=McDonnell| first1=Rod| last2=Thompson|first2=Elizabeth|last3=McIntosh|first3=Andrew|last4=Marsden|first4=William| title = Killer's father beat him as a child; A brutal man who didn't seem to have any control of his emotions| page =A1| newspaper = The Gazette |location = Montreal | date = 12 de dezembro de 1989}}</ref><ref name="Citizen2">{{cite news | last =Weston| first =Greg|author2=Aubry, Jack | title = The making of a massacre: The Marc Lepine story Part II|page =A1|work=The Ottawa Citizen | date =8 de fevereiro de 1990}}</ref><ref name="CEGEP">{{cite news | last =Colpron | first =Suzanne |title =Marc Lépine était un premier de classe |publisher =La Presse| date =9 de dezembro de 1989| url =}}</ref> Lépine tentou entrar na Escola Politécnica em 1986 e em 1989, mas estava precisando de dois cursos do CEGEP requisitados para a admissão.<ref>{{harvnb|Lépine|Gagné|2008|pp=170–71}}</ref> Ele terminou um deles no inverno de 1989.<ref name="coroner" /><ref name="Dec6">{{cite book| last =Rathjen| first =Heidi|author2=Charles Montpetit | title =December 6: From the Montreal Massacre to Gun Control| publisher =McClelland & Stewart| year =1999 |location =Toronto| isbn = 0-7710-6125-0}}</ref>
O atirador, Marc Lépine é o filho de uma mãe franco-canadense e de um pai [[Argélia|argelino]] e seu nome de batismo era Gamil Gharbi. Seu pai, um vendedor de fundos mútuos, era [[misoginia|desdenhoso para com as mulheres]]. Ele era fisicamente e verbalmente abusivo com a esposa e o filho, desencorajando uma relação amorosa entre ambos.<ref name="Citizen" /><ref name="mother">{{cite news | last =CTV.ca News Staff|title =Mother of Marc Lepine finally breaks her silence |publisher =CTV| date = 18 de setembro de 2006| url =http://www.ctv.ca/servlet/ArticleNews/print/CTVNews/20060925/lepine_mother_060925/20060925/?hub=Canada&subhub=PrintStory| accessdate =17 de janeiro de 2017}}</ref> Quando Gamil tinha sete anos de idade seus pais se separaram; ele nunca mais teve contato com o pai.<ref name="Citizen" /> Sua mãe voltou a trabalhar como [[enfermeira]] para sustentar a família e, devido às longas horas de trabalho, seus filhos moravam com outra família durante a semana. Aos 14 anos, Gamil mudou seu nome para "Marc Lépine", citando o ódio pelo pai como razão pela adoção do sobrenome materno.<ref name="Citizen">{{cite news | last1 =Weston| first1 =Greg| last2 = Aubry |first2 = Jack| title = The making of a massacre: The Marc Lepine story Part I|work=The Ottawa Citizen | date =7 de fevereiro de 1990}}</ref> Lépine tentou se juntar ao [[Comando das Forças Terrestres Canadenses|Exército Canadense]] no inverno de 1980–1981, mas teria sido recusado, segundo sua carta de suicídio, por ser "antissocial".<ref name="malarek">{{cite news| last =Malarek| first =Victor| title =Killer Fraternized with Men in Army Fatigues|work=[[The Globe and Mail]] |location=Canada | date = 9 de dezembro de 1989| url =https://books.google.com/books?id=FHZJxbjlHsgC&pg=RA1-PA41&lpg=RA1-PA41&dq=%22killer+fraternized+with+men+in+army+fatigues%22&source=web&ots=BCcpaVbwAv&sig=qvo9cTTu89_ywX5a-2EzlnN7TRs#PRA1-PA41,M1| accessdate =17 de janeiro de 2017}} In: "The Montreal Massacre: A Story of Membership Categorization Analysis", eds., P. Eglin and S. Hester (2003).</ref> A breve biografia que a polícia fez de Lépine no dia seguinte ao massacre descrevia-o como inteligente e problemático.<ref name="Chun" /> Ele não gostava do feminismo, de mulheres em cargos de comando e de mulheres em carreiras tradicionalmente masculinas, como a policial.<ref name="malarek" /> Ele começou um curso pré-universitário na CEGEP em ciências puras em 1982, mas logo transferiu-se para um programa vocacional de três anos em tecnologia eletrônica. Ele abandonou este programa no seu último semestre sem explicações.<ref name="McDonnell">{{cite news | last1=McDonnell| first1=Rod| last2=Thompson|first2=Elizabeth|last3=McIntosh|first3=Andrew|last4=Marsden|first4=William| title = Killer's father beat him as a child; A brutal man who didn't seem to have any control of his emotions| page =A1| newspaper = The Gazette |location = Montreal | date = 12 de dezembro de 1989}}</ref><ref name="Citizen2">{{cite news | last =Weston| first =Greg|author2=Aubry, Jack | title = The making of a massacre: The Marc Lepine story Part II|page =A1|work=The Ottawa Citizen | date =8 de fevereiro de 1990}}</ref><ref name="CEGEP">{{cite news | last =Colpron | first =Suzanne |title =Marc Lépine était un premier de classe |publisher =La Presse| date =9 de dezembro de 1989| url =}}</ref> Lépine tentou entrar na Escola Politécnica em 1986 e em 1989, mas estava precisando de dois cursos do CEGEP requisitados para a admissão.<ref>{{harvnb|Lépine|Gagné|2008|pp=170–71}}</ref> Ele terminou um deles no inverno de 1989.<ref name="coroner" /><ref name="Dec6">{{cite book| last =Rathjen| first =Heidi|author2=Charles Montpetit | title =December 6: From the Montreal Massacre to Gun Control| publisher =McClelland & Stewart| year =1999 |location =Toronto| isbn = 0-7710-6125-0}}</ref>

===Motivos===
Devido ao choque gerado pelo massacre, agentes políticos e judiciários temiam que uma ampla discussão pública sobre o massacre geraria dor às famílias das vítimas e incentivaria a violência [[antifeminismo|antifeminista]].<ref name="Chun" /> Como resultado, um inquérito público não foi realizado<ref>{{cite news| last =Malarek| first =Victor| title =More Massacre Details to be Released by Police, but an Inquiry Ruled Out| page =A14|work=The Globe and Mail |location=Canada | date = 12 de dezembro de 1989}}</ref> e a carta de suicídio de Marc Lépine não foi divulgada à imprensa. Embora uma extensiva investigação policial sobre os motivos de Marc Lépine tenha sido feita,<ref>{{cite news | last =Canadian Press| title = Police scour the life of mass killer| page = B9| newspaper = Edmonton Journal| date =12 de janeiro de 1990}}</ref> seu relatório não foi divulgado para o público, embora uma cópia deste tenha sido usado pela legista como fonte de sua investigação.<ref name="coroner" /><ref>{{cite news| last =Poirier| first =Patricia| title =Police can't find cause for Lepine's rampage on Montreal campus| page =A17|work=The Globe and Mail |location=Canada | date = 1° de março de 1990}}</ref> A imprensa, acadêmicos, organizações feministas e familiares das vítimas protestaram contra a falta de um inquérito público e a escassez das informações divulgadas.<ref name="cernea" /><ref name="Chun" /><ref>{{cite news| last =Canadian Press| title =Parents fear coverup over murdered 14| page = A15| newspaper =[[Toronto Star]]| date =30 de maio de 1990}}</ref>

[[File:MintoParkMemorial.JPG|thumb|left|Memorial em Minto Park, [[Ottawa]].]]

Apesar disso, o sexo das vítimas de Lépine, assim como suas declarações durante o massacre levaram rapidamente à caracterização do evento como um exemplo da [[violência contra a mulher]] predominante na sociedade.<ref name="Fox">{{Cite journal | last = Fox| first = James Alan| last2 = Levin| first2 = Jack| author2-link = | title = Mass Murder: An Analysis of Extreme Violence| journal = Journal of Applied Psychoanalytic Studies | volume = 5 | issue = 1| pages = 47–64 | date = Janeiro de 2003| doi = 10.1023/A:1021051002020 }}</ref><ref name="young5961">{{cite book |author1=Young, Katherine K. |author2=Nathanson, Paul |title=Legalizing Misandry: From Public Shame to Systematic Discrimination Against Men |publisher=McGill-Queen's University Press |location=Montreal |year=2006 |pages= 59–61|isbn=0-7735-2862-8 |oclc= |url=https://books.google.com/?id=cqKxhhu55SMC&pg=PA59}}</ref><ref name="conway1634">{{cite book |last=Conway |first=John Frederick |title=The Canadian Family in crisis |publisher=James Lorimer and Company|year=2003 |pages=163–64|isbn= 978-1-55028-798-1 |url=https://books.google.com/?id=-Spqsukv9aQC&pg=PA163}}</ref><ref name="Day">{{cite news | last =Fitzpatrick| first =Meagan| title =National day of remembrance pays tribute to victims of Montreal massacre| publisher =CanWest News Service| date = 6 de dezembro de 2006 | url =http://www.canada.com/topics/news/national/story.html?id=dcb98c06-2c4f-46f1-bc6f-6a147308a252&k=33060| accessdate =17 de janeiro de 2017}}</ref>{{sfn|Eglin|Hester|2003|pp=65–88}} Acadêmicas feministas argumentaram que as ações de Lépine encontram fundamento na [[misoginia]] difundida na sociedade, que leva à naturalização da violência contra a mulher.<ref name="young5961" /><ref>{{cite book|last1= Mancini Billson|first1=Janet|title=Female well-being: toward a global theory of social change|editor=Janet Mancini Billson |editor2=Carolyn Fluehr-Lobban|publisher=Zed Books|pages=104–05|isbn= 978-1-84277-009-2 |chapter= After the Montreal massacre: gender and the pervasiveness of violence | url=https://books.google.com/?id=a_2eWZK63_8C&pg=PA104|year= 2005}}</ref><ref name="Curry">{{cite book |chapter= Female lives, Feminist deaths|last=Brickman|first= Julie|editor=Curry, Renée R. |editor2=Allison, Terry L. |title=States of rage: emotional eruption, violence, and social change |publisher=New York University Press |location=New York |year=1996 |isbn=0-8147-1530-3 |oclc= |url= https://books.google.com/?id=kp0EjoLkmssC&pg=PA27 }}</ref> Estudiosos descreveram o evento como um caso de assassinato seguido de suicídio "pseudo-comunitário", em que o atirador tem como alvo um grupo específico de pessoas, geralmente num local público e quer morrer num "arroubo de glória".<ref>{{cite book |last=Byard |first=Roger W. |title=Forensic Pathology Reviews |editor=Tsokos, Michael|publisher=Humana Press |year=2005 |volume=3 |page=343 |chapter=Murder-Suicide |url=https://books.google.com/?id=323vT9cEaSoC&pg=PA343|isbn=978-1-58829-416-6}}</ref> Criminologistas citam o massacre como exemplo de [[feminicídio]], uma vez que as vítimas foram escolhidas pelo simples fato de serem mulheres e os alvos do atirador pertenciam a este mesmo grupo.<ref>{{cite book|last=Gerstenfeld|first=Phyllis B.|title=Hate crimes: causes, controls, and controversies |publisher=SAGE |year=2004 |pages=48–49 |isbn= 978-0-7619-2814-0 |url= https://books.google.com/?id=sJ7OkVzwVMEC&pg=PA49}}</ref><ref>{{cite book |editor-last=Perry |editor-first=Barbara |title=Hate and Bias Crime: A Reader |publisher=Routledge |year=2003 |page=271 |chapter=Gender-bias hate crimes- a review |isbn= 978-0-415-94408-3 |url=https://books.google.com/?id=zLtnNmAt9dwC&pg=PA271}}</ref><ref>{{cite book |last= Lawrence |first=Frederick M.| title=Punishing Hate: Bias Crimes Under American Law |publisher=Harvard University Press |year=2002 |pages=15–17 |isbn= 978-0-674-00972-1 |url=https://books.google.com/?id=959sKkDoLhoC&pg=PT31#v=onepage&q=}}</ref> A mãe de Lépine viu o ataque como um ato de vingança contra ela, uma vez que ela poderia ser considerada como feminista pelo filho por ser uma mãe solteira que trabalhava fora de casa.<ref name="mother" /> Quando ele afirma na carta de suicídio que o feminismo estragou sua vida, poderia estar se referindo à mãe que via pouco durante a infância. Outros, como a jornalista televisiva Barbara Frum, suplicaram para que o crime não fosse visto como um ataque às mulheres, o que "diminuiria" a tragédia ao "sugerir que ela ocorreu apenas contra um determinado grupo".<ref name="conway164">{{cite book|url=https://books.google.com/?id=-Spqsukv9aQC&pg=PA164 |title=The Canadian family in crisis |last=Conway |first=John Frederick |publisher=James Lorimer and Company |year=2003 |isbn=978-1-55028-798-1 |page=164}}</ref><ref>{{cite web| last =Ruddy | first =Jenny|author2=Elizabeth Curry | title =Reframing violence against women| work =The Commonwealth| publisher =Saskatchewan New Democrat Party|date=Dezembro de 2004| url =http://www.saskndp.com/cw/64.5/reframingviolencewomen.html| archiveurl =https://web.archive.org/web/20070208161214/http://www.saskndp.com/cw/64.5/reframingviolencewomen.html| archivedate =8 de fevereiro de 2007|accessdate =17 de janeiro de 2017}}</ref>

Como previsto por Marc Lépine em sua carta de suicídio,<ref name="citynews" /> muitos interpretaram o evento como o ato isolado de um louco.<ref name="Chun" /><ref name="conway164" />{{sfn |Eglin |Hester |2003 |pp=54–55}} Um psiquiatra entrevistou amigos e familiares do atirador e examinou suas cartas como parte da investigação policial. Segundo ele, o motivo principal de Lépine era suicidar-se, mas ele escolheu um método específico – matar a si mesmo após matar outras pessoas –, que seria um sinal de [[transtorno de personalidade]].<ref name="coroner" /> Outros psiquiatras enfatizaram os eventos traumáticos de sua infância, sugerindo que os golpes que recebeu de seu pai provocaram-lhe danos cerebrais ou que ele fosse [[psicótico]], tendo perdido contato com a realidade ao tentar apagar as memórias de seu brutal e ausente pai, identificando-se com uma [[masculinidade]] violenta que subjuga as mulheres.<ref name="foxbook">{{Cite book | last = Fox | first = James Alan| last2 = Levin | first2 = Jack |title = Extreme killing: Understanding serial and mass murder | publisher = Sage Publications |pages = 227–230 |year = 2005 | isbn = 0-7619-8857-2}}</ref><ref name="poly" /> Uma teoria diferente argumenta que as experiências de Lépine na infância levaram-no a se sentir vitimizado conforme ele tinha que lidar com perdas e rejeições na vida.<ref name="poly">{{cite news | last =Lortie | first = Marie-Claude |title = Poly un an après : Psychose? Blessures au cerveau? Les spécialistes n'ont pas encore résolu l'énigme Marc Lépine | page = B7|newspaper =La Presse| date =1° de dezembro de 1990}}</ref> Segundo sua mãe, Lépine poderia sofrer de [[transtorno de apego reativo]] devido ao abuso e ao sentimento de abandono que ele experimentou na infância.<ref>{{harvnb|Lépine|Gagné|2008|pp=138, 161–62}}</ref>

Outros defendem uma análise mais ampla, enquadrando as ações de Lépine como resultado de políticas governamentais que levaram ao aumento da pobreza, à falta de perspectivas, ao isolamento individual,<ref name="Valpy">{{cite news |title=Litany of social ills created Marc Lepine |last=Valpy |first=Michael |date=11 de dezembro de 1989 |work=The Globe and Mail|location=Canada|page=A8}}</ref> e à polarização entre homens e mulheres.<ref>{{cite book |author1=Young, Katherine K. |author2=Nathanson, Paul |title=Legalizing misandry: from public shame to systematic discrimination against men |publisher=McGill-Queen's University Press |location=Montreal |year=2006 |page= 62|isbn=0-7735-2862-8 |oclc= |url= https://books.google.com/?id=cqKxhhu55SMC&pg=PA62}}</ref><ref name="Wong">{{cite news | last =Wong | first =Jan |title = Get under the desk |work=The Globe and Mail |location=Canada | date =16 de setembro de 2006| url =}}</ref> Citando o interesse de Lépine em filmes de ação, alguns sugeriram que a glamourização da violência pela mídia pode ter influenciado suas ações.<ref name="cernea" /> Após um tiroteio no Dawson College, na mesma cidade, em 13 de setembro de 2006, [[Jan Wong]], colunista do jornal ''[[The Globe and Mail|Globe and Mail]]'', sugeriu que Marc Lépine pode ter se sentido alienado da sociedade quebequense por ser filho de um imigrante argelino.<ref name="Wong" /> Sua hipótese gerou controvérsia.


==O massacre==
==O massacre==

Revisão das 05h43min de 17 de janeiro de 2017

Placa em memória às vítimas do Massacre da Escola Politécnica de Montreal.

O Massacre da Escola Politécnica de Montreal, também conhecido como Massacre de Montreal foi um evento ocorrido em 6 de dezembro de 1989 na Escola Politécnica de Montreal, Quebec, no Canadá. Armado com uma espingarda Ruger Mini-14 e uma faca de caça, Marc Lépine, de 25 anos, atacou 28 pessoas, matando 14 mulheres antes de cometer suicídio. O ataque começou numa sala de aula no segundo andar da faculdade, onde ele separou os alunos por gênero. Afirmando estar "lutando contra o feminismo", ele atirou em todas as nove alunas que se encontravam na sala de aula, matando seis delas. Ele então andou pelos corredores, pelo refeitório e entrou em outra sala de aula, alvejando principalmente mulheres. No todo ele matou 14 mulheres e feriu dez outras e quatro homens no decorrer de 20 minutos antes de dar um tiro na cabeça. Sua carta de suicídio afirmava que o ataque tinha motivações políticas e que as feministas destruíram sua vida. A nota incluía uma lista de 19 mulheres que Lépine considerava ser feministas e que ele desejava matar.

Desde o ataque, os canadenses têm debatido sobre os eventos, sua importância e os motivos de Lépine. Muitos políticos e grupos feministas caracterizaram o evento como um caso de feminicídio representativo da violência contra a mulher presente de forma extensa na sociedade. Em 1991, o Parlamento do Canadá estabeleceu o aniversário do massacre como Dia Nacional de Memória e Combate à Violência contra a Mulher.[1] Outros enfatizam o abuso sofrido por Lépine na infância e interpretam o massacre como ação isolada de um louco, desconexa de maiores questões sociais. Há ainda quem culpe a mídia, por glamourizar a violência, e o governo, pela pobreza, segregação e alienação da sociedade a quais estão submetidas as comunidades de imigrantes.

O massacre, o maior realizado numa instituição educacional em território canadense, levou à adoção de leis de porte de arma mais restritivas no país. Também levou à introdução de mudanças nas medidas téticas adotadas pela polícia em casos de tiroteios, mudanças que foram creditadas como responsáveis pelo baixo número de mortes no tiroteio da Dawson College em 2006.

O atirador

O atirador, Marc Lépine é o filho de uma mãe franco-canadense e de um pai argelino e seu nome de batismo era Gamil Gharbi. Seu pai, um vendedor de fundos mútuos, era desdenhoso para com as mulheres. Ele era fisicamente e verbalmente abusivo com a esposa e o filho, desencorajando uma relação amorosa entre ambos.[2][3] Quando Gamil tinha sete anos de idade seus pais se separaram; ele nunca mais teve contato com o pai.[2] Sua mãe voltou a trabalhar como enfermeira para sustentar a família e, devido às longas horas de trabalho, seus filhos moravam com outra família durante a semana. Aos 14 anos, Gamil mudou seu nome para "Marc Lépine", citando o ódio pelo pai como razão pela adoção do sobrenome materno.[2] Lépine tentou se juntar ao Exército Canadense no inverno de 1980–1981, mas teria sido recusado, segundo sua carta de suicídio, por ser "antissocial".[4] A breve biografia que a polícia fez de Lépine no dia seguinte ao massacre descrevia-o como inteligente e problemático.[5] Ele não gostava do feminismo, de mulheres em cargos de comando e de mulheres em carreiras tradicionalmente masculinas, como a policial.[4] Ele começou um curso pré-universitário na CEGEP em ciências puras em 1982, mas logo transferiu-se para um programa vocacional de três anos em tecnologia eletrônica. Ele abandonou este programa no seu último semestre sem explicações.[6][7][8] Lépine tentou entrar na Escola Politécnica em 1986 e em 1989, mas estava precisando de dois cursos do CEGEP requisitados para a admissão.[9] Ele terminou um deles no inverno de 1989.[10][11]

Motivos

Devido ao choque gerado pelo massacre, agentes políticos e judiciários temiam que uma ampla discussão pública sobre o massacre geraria dor às famílias das vítimas e incentivaria a violência antifeminista.[5] Como resultado, um inquérito público não foi realizado[12] e a carta de suicídio de Marc Lépine não foi divulgada à imprensa. Embora uma extensiva investigação policial sobre os motivos de Marc Lépine tenha sido feita,[13] seu relatório não foi divulgado para o público, embora uma cópia deste tenha sido usado pela legista como fonte de sua investigação.[10][14] A imprensa, acadêmicos, organizações feministas e familiares das vítimas protestaram contra a falta de um inquérito público e a escassez das informações divulgadas.[15][5][16]

Memorial em Minto Park, Ottawa.

Apesar disso, o sexo das vítimas de Lépine, assim como suas declarações durante o massacre levaram rapidamente à caracterização do evento como um exemplo da violência contra a mulher predominante na sociedade.[17][18][19][20][21] Acadêmicas feministas argumentaram que as ações de Lépine encontram fundamento na misoginia difundida na sociedade, que leva à naturalização da violência contra a mulher.[18][22][23] Estudiosos descreveram o evento como um caso de assassinato seguido de suicídio "pseudo-comunitário", em que o atirador tem como alvo um grupo específico de pessoas, geralmente num local público e quer morrer num "arroubo de glória".[24] Criminologistas citam o massacre como exemplo de feminicídio, uma vez que as vítimas foram escolhidas pelo simples fato de serem mulheres e os alvos do atirador pertenciam a este mesmo grupo.[25][26][27] A mãe de Lépine viu o ataque como um ato de vingança contra ela, uma vez que ela poderia ser considerada como feminista pelo filho por ser uma mãe solteira que trabalhava fora de casa.[3] Quando ele afirma na carta de suicídio que o feminismo estragou sua vida, poderia estar se referindo à mãe que via pouco durante a infância. Outros, como a jornalista televisiva Barbara Frum, suplicaram para que o crime não fosse visto como um ataque às mulheres, o que "diminuiria" a tragédia ao "sugerir que ela ocorreu apenas contra um determinado grupo".[28][29]

Como previsto por Marc Lépine em sua carta de suicídio,[30] muitos interpretaram o evento como o ato isolado de um louco.[5][28][31] Um psiquiatra entrevistou amigos e familiares do atirador e examinou suas cartas como parte da investigação policial. Segundo ele, o motivo principal de Lépine era suicidar-se, mas ele escolheu um método específico – matar a si mesmo após matar outras pessoas –, que seria um sinal de transtorno de personalidade.[10] Outros psiquiatras enfatizaram os eventos traumáticos de sua infância, sugerindo que os golpes que recebeu de seu pai provocaram-lhe danos cerebrais ou que ele fosse psicótico, tendo perdido contato com a realidade ao tentar apagar as memórias de seu brutal e ausente pai, identificando-se com uma masculinidade violenta que subjuga as mulheres.[32][33] Uma teoria diferente argumenta que as experiências de Lépine na infância levaram-no a se sentir vitimizado conforme ele tinha que lidar com perdas e rejeições na vida.[33] Segundo sua mãe, Lépine poderia sofrer de transtorno de apego reativo devido ao abuso e ao sentimento de abandono que ele experimentou na infância.[34]

Outros defendem uma análise mais ampla, enquadrando as ações de Lépine como resultado de políticas governamentais que levaram ao aumento da pobreza, à falta de perspectivas, ao isolamento individual,[35] e à polarização entre homens e mulheres.[36][37] Citando o interesse de Lépine em filmes de ação, alguns sugeriram que a glamourização da violência pela mídia pode ter influenciado suas ações.[15] Após um tiroteio no Dawson College, na mesma cidade, em 13 de setembro de 2006, Jan Wong, colunista do jornal Globe and Mail, sugeriu que Marc Lépine pode ter se sentido alienado da sociedade quebequense por ser filho de um imigrante argelino.[37] Sua hipótese gerou controvérsia.

O massacre

Pouco depois das 16:00 de 6 de dezembro de 1989 (horário local), Marc Lépine chegou no prédio da Escola Politécnica, uma escola de engenharia aliada à Universidade de Montreal, portando uma espingarda semiautomática e uma faca de caça.[10] Ele havia comprado sua Ruger Mini-14 em 21 de novembro de 1989 na loja Checkmate Sports de Montreal, informando ao vendedor que iria usá-la numa caçada.[38] Lépine estava familiarizado com o interior do prédio, uma vez que esteve dentro e nos arredores da Escola Politécnica pelo menos sete vezes nas semanas que antecederam o ataque.[10]

Exterior da Escola Politécnica de Montréal.

Lépine sentou-se por algum tempo no escritório do arquivista no segundo andar. Ele foi visto mexendo numa sacola plástica e não conversou com ninguém, nem mesmo quando um funcionário perguntou se poderia ajudá-lo. Ele deixou o escritório e foi visto em outras partes do edifício antes de entrar numa sala de aula de engenharia mecânica com cerca de sessenta alunos no segundo andar por volta das 17:10.[10] Após se aproximar de um aluno que apresentava um trabalho, ele pediu a todos que parassem o que estavam fazendo e ordenou que homens e mulheres ficassem em lados opostos da sala. Ninguém atendeu a seu pedido, achando se tratar de uma brincadeira, até que ele atirou no teto da sala.[39]

Lépine então pediu que os 50 homens presentes deixassem a sala de aula; as nove mulheres deveriam permanecer.[15] Falando em francês, ele perguntou às mulheres se elas sabiam porque estavam ali e, quando uma estudante disse que não, ele respondeu: "Estou lutando contra o feminismo". Uma das estudantes, Nathalie Provost, disse: "Olha, somos apenas mulheres que estudam engenharia, não somos feministas que marcham na rua gritando que somos contra os homens, somos apenas estudantes que levam uma vida normal". Lépine respondeu: "Vocês são mulheres, vocês serão engenheiras. Vocês são um bando de feministas. Eu odeio feministas". Ele então abriu fogo contra as estudantes da esquerda para a direita, matando seis delas e ferindo outras três, incluindo Provost.[10][5] Antes de sair da sala, ele escreveu a palavra merda duas vezes no trabalho de um aluno.[15]

Lépine continuou andando pelo corredor do segundo andar e feriu três estudantes antes de entrar em outra sala de aula onde tentou, por duas vezes, atirar numa aluna. Sua arma falhou, então ele se refugiou na escada de incêndio para recarregar sua arma. Ele então retornou à sala na qual havia acabado de sair, mas os alunos haviam trancado a porta; Lépine atirou na porta três vezes, mas não conseguiu entrar na sala. Andando pelo corredor, ele atirou em outras pessoas, ferindo uma delas, antes de se aproximar do escritório de assuntos financeiros, onde ele deu um tiro fatal numa mulher através da janela da porta que ela havia acabado de trancar uma porta.[10]

A sala de aula no terceiro andar da Escola Politécnica, onde o massacre acabou.

Ele então foi para o refeitório, no primeiro andar, onde se encontravam cerca de cem pessoas. A multidão se dispersou após ele matar uma mulher que estava perto da cozinha e ferir outro estudante. Entrando num depósito destrancado no final do refeitório, Lépine matou mais duas mulheres que estavam se escondendo lá. Ele também disse a um casal de alunos, um homem e uma mulher, que saíssem debaixo da mesa onde estavam se escondendo; eles obedeceram e foram poupados.[10]

Lépine então seguiu para o terceiro andar numa escada rolante; lá, ele atirou e feriu uma mulher e dois homens no corredor. Ele entrou em outra sala de aula e ordenou aos três estudantes que apresentavam um trabalho lá que saíssem, ferindo Maryse Leclair, que estava num palco na frente da sala de aula. Ele atirou nos alunos que estavam na primeira fileira e matou duas mulheres que tentavam sair da sala. Alguns alunos esconderam-se embaixo de suas mesas. Lépine se dirigiu às alunas, ferindo três e matando uma. Ele trocou o carregador de sua arma e se dirigiu à frente da sala de aula, atirando em todas as direções. Nesse momento, Leclair pediu clemência; Lépine desembainhou sua faca de caça e esfaqueou-a três vezes, matando-a. Ele retirou seu boné, embrulhou a espingarda com seu casaco, exclamou "Ah, merda" e cometeu suicídio dando um tiro na própria cabeça, vinte minutos antes de dar início ao massacre.[40] Cerca de sessenta cartuchos permaneceram nos carregadores que ele carregava consigo. Ele matou quatorze mulheres no total – doze alunas de engenharia, uma estudante de enfermagem e uma funcionária da universidade – e feriu outras quatorze pessoas, incluindo quatro homens.[10][40]

Após falar com a imprensa do lado de fora, o diretor de relações públicas da Polícia de Montreal, Pierre Leclair, entrou no edifício e encontrou o corpo esfaqueado de sua filha Maryse.[41][42]

Os governos da província de Quebec e da cidade de Montreal declararam três dias de luto.[41] Um funeral coletivo para nove das quatorze vítimas de Lépine foi realizado na Basílica de Notre-Dame em 11 de dezembro de 1989, sendo frequentado por autoridades como a governadora-geral Jeanne Sauvé, o primeiro-ministro Brian Mulroney, o premier do Quebec Robert Bourassa, o prefeito de Montreal Jean Doré, e centenas de outros enlutados.[42]

Carta de suicídio

O bolso de dentro do casaco de Marc Lépine continha uma carta de suicídio e duas cartas para amigos, todas elas datadas do dia do massacre.[10] Alguns detalhes da carta foram revelados pela polícia à imprensa dois dias após o evento,[43][44] mas o texto completo não foi revelado. Órgãos da imprensa acionaram a Lei de Acesso à Informação para obrigar a polícia a revelar o conteúdo integral da carta, mas foram mal-sucedidos na empreitada judicial.[45] Um ano após o ataque, a carta de três páginas vazou para a jornalista feminista

A year after the attacks, Lépine's three-page statement was leaked to journalist and feminist Francine Pelletier. Ela continha a lista de dezenove mulheres proeminentes do Quebec que Lépine desejava matar por serem, em sua visão, feministas.[5][46] A lista incluía a própria Pelletier, assim como uma sindicalista, uma política, uma celebridade televisiva e seis policiais que chamaram a atenção de Lépine por estarem num mesmo time de vôlei.[47] A carta foi publicada, sem o nome das mulheres que Lépine desejava assassinar, no jornal La Presse, onde Pelletier escrevia como colunista na época.[48] Lépine escreveu que se considerava racional e que ele culpava as feministas por estragarem sua vida. Ele destacou seus motivos para o ataque, incluindo sua raiva contra as feministas, que buscavam transformações sociais que "mantinham as vantagens de ser mulher (...) enquanto tentava tirar as dos homens".[30] Ele também mencionou o cabo das Forças Armadas Denis Lortie, que matou três funcionários do governo e feriu outros treze num ataque armado à Assembleia Nacional do Quebec em 7 de maio de 1984.[49]

Vítimas

Marco da Mudança, memorial da artista Beth Alber em Vancouver que se consiste de 14 bancos de praça que lembram caixões.
  • Geneviève Bergeron (n. 1968), estudante de engenharia civil
  • Hélène Colgan (n. 1966), estudante de engenharia mecânica
  • Nathalie Croteau (n. 1966), estudante de engenharia mecânica
  • Barbara Daigneault (n. 1967), estudante de engenharia mecânica
  • Anne-Marie Edward (n. 1968), estudante de engenharia química
  • Maud Haviernick (n. 1960), estudante de engenharia de materiais
  • Maryse Laganière (n. 1964), secretária do orçamento no departamento de finanças da École Polytechnique
  • Maryse Leclair (n. 1966), estudante de engenharia de materiais
  • Anne-Marie Lemay (n. 1967), estudante de engenharia mecânica
  • Sonia Pelletier (n. 1961), estudante de engenharia mecânica
  • Michèle Richard (n. 1968), estudante de engenharia de materiais
  • Annie St-Arneault (n. 1966), estudante de engenharia mecânica
  • Annie Turcotte (n. 1969), estudante de engenharia de materiais
  • Barbara Klucznik-Widajewicz (n. 1958), estudante de enfermagem

Referências

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