Alberto Pimenta

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Alberto Pimenta
Alberto Pimenta
Nascimento 26 de dezembro de 1937 (86 anos)
Portugal Portugal, Porto
Alma mater Universidade de Coimbra
Ocupação Escritor, poeta, ensaísta, professor universitário
Principais trabalhos O Labirintodonte (1972), Os Entes e os Contraentes (1971), Corpos Estranhos (1973)
Género literário Poesia, ficção, teatro, linguística, crítica

Alberto Pimenta (Porto, 26 de Dezembro de 1937) é um escritor, poeta e ensaísta português.[1]

Destaca-se entre os autores europeus contemporâneos pelo carácter crítico e irreverente da sua obra, bem como pela diversidade dos meios em que trabalhou: poesia, ficção, teatro, linguística, crítica, televisão, happenings e performances.

Vida e obra[editar | editar código-fonte]

Pimenta foi Leitor de Português em Heidelberg, contratado pelo governo português a partir de 1960. Devido à sua oposição ao regime fascista português e à política colonialista em África, foi demitido em 1963. Porém, não voltou ao seu país nesse momento, pois foi contratado pela Universidade de Heidelberg. Aí permaneceu até voltar a Portugal em 1977, poucos anos depois da Revolução dos Cravos.

Em 1977, publicou o livro de poesia Ascensão de dez gostos à boca, que sintetiza a combinação, típica desse autor, da experimentação formal com o inconformismo social e político. Nesse mesmo ano, realizou um histórico happening no Jardim Zoológico de Lisboa: trancou-se numa jaula (que ficava ao lado de uma outra onde estavam dois macacos) com uma tabuleta indicando "Homo sapiens". O acontecimento foi registrado no livro homónimo. Também em 1977, lançou o seu livro mais traduzido, "Discurso sobre o filho-da-puta", obra inclassificável que se avizinha do ensaio.

Entre as suas obras teóricas, destacam-se O silêncio dos poetas (1978), lançado originalmente na Itália, e A magia que tira os pecados do mundo (1995). O primeiro livro corresponde a um estudo sobre a poesia concreta (ou concretismo) e visual, principalmente a brasileira e a de língua alemã. O segundo, a uma obra de base teórica antiplatónica dividida em vinte e duas partes, cada uma delas correspondendo a um dos arcanos maiores do tarot. Mitos, arquétipos, literatura, (Dante, Camões, Shakespeare, Fernando Pessoa, António Boto, Emilio Villa, Murilo Mendes, Haroldo de Campos) e artistas plásticos (Oskar Kokoschka, Yves Klein, Pablo Picasso) estão entre os objetos desse livro invulgar.[2]

A partir da década de noventa, a sua obra passou a referir-se mais directamente aos fenómenos ligados à globalização. Ainda há muito para fazer (1998), por exemplo, é um poema longo que parodia os discursos publicitários e da internet, e trata dos efeitos sociais da Guerra de Kosovo e da União Europeia. É também nessa década que participa no programa da SIC A Noite da Má Língua.

Em 2005, lançou Marthiya de Abdel Hamid segundo Alberto Pimenta, livro de poemas a respeito da invasão do Iraque pelos Estados Unidos.

O caráter insurrecto e experimental da sua obra ainda tornam Alberto Pimenta um autor controverso no meio académico português. Actualmente é professor aposentado da Universidade Nova de Lisboa.[3]

Livros publicados[editar | editar código-fonte]

Poesia
  • 1970 - O labirintodonte (Lisboa).
  • 1971 - Os entes e os contraentes (Coimbra).
  • 1973 - Corpos estranhos (Coimbra).
  • 1977 - Ascensão de dez gostos à boca (Coimbra).
  • 1980 - Jogo de pedras (Lisboa: Appia) - Antologia.
  • 1981 - Canto nono (Lisboa).
  • 1982 - Homilíada Joyce (in Joyciana, com Ana Hatherly, E. M. de Melo e Castro e António Aragão, Lisboa: &etc).
  • 1983 - In modo di-verso (Salerno: Ripostes).
  • 1984 - Adan (Lima: Hueso número).
  • 1984 - Read Read & Mad (Lisboa: &etc).
  • 1986 - Metamorfoses do vídeo - Antologia com organização de Filipe Liz e António Pocinho (Lisboa: José Ribeiro Editor).
  • 1988 - The Rape (Lisboa: Fenda).
  • 1990 - Obra quase incompleta (Lisboa: Fenda) - Poesia reunida.
  • 1992 - Tomai, isto é o meu porco (Lisboa: Fenda).
  • 1992 - A divina multi(co)média (Lisboa: &etc).
  • 1993 - Santa copla carnal (Lisboa: Fenda).
  • 1996 - A sombra do frio na parede (Porto: Edições Mortas).
  • 1997 - Verdichtungen (Viena: Splitter).
  • 1998 - As moscas de pégaso (Lisboa: &etc).
  • 1998 - Ainda há muito para fazer (Lisboa: &etc).
  • 2000 - Ode pós-moderna (Lisboa: &etc).
  • 2001 - Grande colecção de inverno 2001-2002 (Lisboa: &etc).
  • 2002 - Tijoleira (Lisboa: &etc).
  • 2004 - A encomenda do silêncio (São Paulo: Odradek Editorial) - Antologia com organização de Pádua Fernandes e apresentação de João Alexandre Barbosa.
  • 2005 - Marthiya de Abdel Hamid segundo Alberto Pimenta (Lisboa: &etc).
  • 2006 - Imitação de Ovídio (Lisboa: &etc).
  • 2007 - Indulgência plenária (Lisboa: &etc).
  • 2007 - Tanto fogo e tanto frio: O último sonho de Olímpio (Lisboa: &etc).
  • 2007 - Planta rubra (Lisboa: &etc).
  • 2008 - Prodigioso Acanto (Lisboa: &etc).
  • 2010 - Registo de viver (Lisboa: Perve Global) - Livro-objeto artístico e filme dirigido por Carlos Cabral Nunes, com participação da soprano Manuela Moniz.
  • 2010 - Que lareiras na floresta (Porto: 7 Nós) - Antologia com organização de Júlio do Carmo Gomes e de Alberto Pimenta.
  • 2011 - Reality Show ou Alegoria das Cavernas (Mia Soave).
  • 2011 - O Desencantador (Porto: 7 Nós).
  • 2012 - Al Face-Book (Porto: 7 Nós).
  • 2012 - De nada (Lisboa: Boca) - Áudio livro.
  • 2014 - Autocataclismos (Lisboa: Pianola Editores)
  • 2016 - Nove Fabulo, o Mea Vox | De Novo Falo, a Meia Voz (Lisboa: Pianola Editores)
  • 2018 - Pensar Depois | No Caminho (Lisboa: Edições do Saguão)
  • 2019 - Zombo (Lisboa: Edições do Saguão)
  • 2021 - Ilhíada (Lisboa: Edições do Saguão)
Prosa
  • 1977 - Discurso sobre o filho-da-puta (Lisboa: Teorema)
  • 1980 - Discorso sul figliodiputtana (Milão: All'Insegna del Pesce)
  • 1980 - Bestiário Lusitano (Lisboa: Appia)
  • 1982 - Discurso sobre o filho da puta (Rio de Janeiro: Codecri)
  • 1984 - As 4 estações (Lisboa: &etc)
  • 1988 - Sex shop suey (Lisboa: &etc)
  • 1990 - Discurso sobre el hijo de puta (Valencia: Víctor Orenga)
  • 1994 - O terno feminino (Lisboa: &etc)
  • 1996 - Adresse aux fils de pute (Paris: L'insomniaque)
  • 1997 - A repetição do caos (Lisboa: &etc)
  • 1999 - Elles: um epistolado (com Ana Hatherly; Lisboa: Escritor)
  • 2000 - Discurso sobre o filho-de-deus, ao qual se segue o Discurso sobre o filho-da-puta (Lisboa: Teorema)
  • 2004 - Deusas ex-machina (Lisboa: Teorema)
  • 2010 - Discurso Sobre o Filho-da-Puta (Porto: 7 Nós)
  • 2014 - Bestiário Lusitano (2ª edição, Lisboa: Momo)
Teoria
  • 1978 - Il silenzio dei poeti (Milão: Feltrinelli)
  • 1978 - O silêncio dos poetas (Lisboa: A regra do jogo)
  • 1982 - A (más)cara diante da cara (com João Barrento, Eulália Barros e Y. K. Centeno; Lisboa: Presença)
  • 1989 - A metáfora sinistra (Lisboa: Quimera)
  • 1995 - A magia que tira os pecados do mundo (Lisboa: Cotovia)
  • 2003 - O silêncio dos poetas (edição revista e ampliada com A dimensão poética das línguas; Lisboa: Cotovia)

Outros[editar | editar código-fonte]

Livros que registam performances, atos poéticos, happenings, exposições e espetáculos
  • 1977 - Homo sapiens (Lisboa: &etc)
  • 1979 - Heterofonia (Lisboa: &etc)
  • 1982 - A visita do Papa (Lisboa: &etc)
  • 1983 - Tríptico (Homo sapiens, SPECtacULU, Conductus) (Lisboa: &etc)
  • 1983 - Uni-verso pro-Lixo (Lisboa: Escola Superior de Belas-Artes)
  • 1985 - O desafio da mundança (Lisboa: Escola Superior de Belas-Artes)
  • 1990 - Um enlace feliz (Lisboa: Destinos)
  • 1992 - IV de ouros (Lisboa: Fenda)
  • 2001 - Selos (em Selos de Waldemar Santos; Porto: Éterogémeas)
Preparação de edições

Participações em filmes

  • 2002 - Fiquem Qom a Qultura, eu fiko kom o Brazil - (Cine-performance de Alberto Pimenta Filme/Instalação de Edgar Pêra, 2002)
  • Hortense visita Lícinio - Curta-metragem/Instalação de Edgar Pêra, 2014.
  • 2018 - O Homem Pykante - Diálogos com Pimenta - Filme de Edgar Pêra.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Joana Gorjão Henriques, Ípsilon (suplemento do Público) (14 de março de 2008). «Vitor Silva Tavares descobriu o título do último livro de Alberto Pimenta» 
  2. Diário de Notícias (17 de janeiro de 2014). «50 anos da carreira de Alberto Pimenta em exposição». Arquivado do original em 16 de fevereiro de 2015 
  3. Perve Galeria. «Currículo de Alberto Pimenta» (PDF)