Arene Candide

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Arene Candide
Grotta dei Frati or Armassa
Caverna delle Arene Candide
Arene Candide
Fósseis descobertos, agora no museu arqueológico de Pegli.
Localização atual
Arene Candide está localizado em: Itália
Arene Candide
Localização da Arene Candide
Coordenadas 44° 9' 42.48" N 8° 19' 35" E
País Itália
Região Ligúria
Província Savona
Comuna Finale Ligure

A Arene Candide (em italiano: Caverna delle Arene Candide) é uma caverna situada na comuna italiana Finale Ligure, considerada um relevante sítio arqueológico que propiciou uma sequência estratigráfica detalhada de evidências do paleolítico ao período Bizantino.

Seu nome deriva da duna epônima de areia (candida) branca (arene) que podia ser encontrada na base do penhasco até a década de 1920, mais especificamente no promontório Caprazoppa, onde fica a caverna. O local situa-se a noventa metros acima do nível do mar, na margem superior da antiga pedreira de Ghigliazza e tem três aberturas amplas que apontam para o mar. Graças à sua posição e a essas aberturas, a caverna é bem iluminada e relativamente seca.

História[editar | editar código-fonte]

A caverna é localmente conhecida como Grotta dei Frati or Armassa e recebeu seu nome popular em 1864 numa visita de Arturo Issel, que foi um grande arqueólogo reconhecido por seu trabalho na codificação de informações dentro da antropologia e etnologia.[1] Issel também é considerado pela literatura o marco inicial duma longa série de explorações realizadas no local.[2]

As escavações lideradas por Luigi Bernabò Brea e Luigi Cardini nos períodos de 1940-1942 e 1948-1950 provocaram uma significativa repercussão internacional.[3] Nas ocasiões, a parte sudeste da caverna foi explorada e descobriu-se uma sequência estratigráfica detalhada de evidências do paleolítico ao período Bizantino.[4] As condições ambientais favoráveis da caverna provaram ser a chave para o bom estado de conservação da matéria orgânica como fósseis de ossos e fragmentos de carvão. Devido à sua extraordinária condição de preservação, as dezenove sepulturas paleolíticas descobertas na Arene Candide foram classificadas entre os complexos funerários mais importantes do mundo, pois o material permitiu aos pesquisadores realizar estudos antropológicos extensos e abrangentes no âmbito dos métodos científicos contemporâneos disponíveis. Outras escavações foram realizadas nas décadas de 1970 e 2000.[5]

O enterro mais notável e cientificamente valioso é o chamado "jovem príncipe" (Giovane), um jovem do sexo masculino, por volta dos quinze anos, datado de cerca de 23.500 anos AP e atribuído à cultura gravetiana.[6] O corpo foi posicionado sobre uma camada de ocre vermelho, sete metros abaixo do sedimento da superfície, voltado para o sul e acompanhado por um conjunto extremamente rico de sepulturas com uma tampa semelhante a uma cesta, joias feitas de mariscos, ossos de animais, chifre de veado e uma ferramenta de sílex comprida (23 cm) na mão. A lâmina foi confeccionada a partir do material originário da bacia de Forcalquier, no sudeste da França. O fóssil apresenta uma ferida mortal abaixo do queixo, que foi arrumada com ocre amarelo antes do enterro. A análise isotópica dos dentes revelou que aproximadamente um quarto da dieta dos juvenis consistia em proteína marinha.[7]

Nota[editar | editar código-fonte]

Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]