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Bumba meu boi

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Bumba-meu-boi gigante no Paço Alfândega, Recife

Bumba-meu-boi, boi-bumbá ou pavulagem é uma dança do folclore popular brasileiro, com personagens humanos e animais fantásticos, que gira em torno da morte e ressurreição de um boi. Hoje em dia é muito popular e conhecida.

A origem

A origem do boi-bumbá remete ao século XVIII, resultante das divergências e do relacionamento entre os escravos e os senhores nas casas grandes e senzalas. Refletia as condições sociais de negros e índios.

A essência da lenda enlaça a sátira, a comédia, a tragédia e o drama, e demonstra sempre o contraste entre a fragilidade do homem e a força bruta de um boi.

A festa do boi-bumbá surgiu no nordeste do país, mas disseminou-se por quase todos os estados da Amazônia e Pará em especial o Amazonas, visitado anualmente por milhares de turistas que vão para conhecer o famoso Festival Folclórico de Parintins, realizado desde 1913.

Do ponto de vista teatral, o folguedo deriva da tradição espanhola e da portuguesa, tanto no que diz respeito ao desfile como à representação propriamente dita; tradição de se encenarem peças religiosas de inspiração erudita, mas destinadas ao povo para comemorar festas católicas nascidas na luta da Igreja contra o paganismo. Esse costume foi retomado no Brasil pelos jesuítas em sua obra de evangelização dos indígenas, negros e dos próprios portugueses aventureiros e conquistadores no catolicismo, por meio da encenação de pequenas peças.

Como dança dramática, o bumba-meu-boi adquire através dos tempos algumas características dos autos medievais, o que lhe dá o seu caráter de veículo de comunicação. Simples, emocional, direto, linguagem oral, narrativa clara e uma ampla identificação por parte do público, tomando semelhanças com a comédia satírica ou tragicomédia pela estrutura dramática dos seus personagens alegóricos, os incidentes cômicos e contextuais, a gravidade dos conflitos e o desenlace quase sempre alegre, que funciona como um processo catártico.

Ao espalhar-se pelo país, o bumba-meu-boi adquire nomes, ritmos, formas de apresentação, indumentárias, personagens, instrumentos, adereços e temas diferentes. Dessa forma, enquanto no Maranhão, Rio Grande do Norte e Alagoas é chamado bumba-meu-boi, no Pará e Amazonas é boi-bumbá ou pavulagem; em Pernambuco é boi-calemba ou bumbá; no Ceará é boi-de-reis, boi-surubim e boi-zumbi; na Bahia é boi-janeiro, boi-estrela-do-mar, dromedário e mulinha-de-ouro; no Paraná, em Santa Catarina, é boi-de-mourão ou boi-de-mamão; em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Cabo Frio é bumba ou folguedo-do-boi; no Espírito Santo é boi-de-reis; no Rio Grande do Sul é bumba, boizinho, ou boi-mamão; em São Paulo é boi-de-jacá e dança-do-boi.

Bumba-meu-boi no Maranhão

No Maranhão o bumba-meu-boi delimita um universo rico e pujante, que mistura lazer, trabalho, compromissos, festas, artes, ritos, mitos, performances, crenças e devoção. Envolve milhares de maranhenses ao longo de seu ciclo festivo, que se estende durante quase todo o ano, embora seu período de maior ebulição esteja concentrado no mês de junho. Em linhas gerais, consiste na brincadeira que faz dançar, cantar e tocar, em volta de uma carcaça de boi bailante, um agregado de pessoas que se tratam por brincantes. Esses brincantes organizam-se em grupos conhecidos localmente como bumba-meu-boi, bumba-boi ou simplesmente boi. O universo do bumba-meu-boi comporta diversos sotaques ou estilos de brincar: sotaque da ilha, sotaque de orquestra, sotaque da baixada. Cada sotaque engloba uma série de grupos com determinadas características que os aproximam entre si e os separam de outros grupos pertencentes a outro sotaque; todos os sotaques, contudo, são vistos como partes, ou aspectos, de um mesmo fenômeno cultural.

O bumba-meu-boi no Maranhão é parte integrante das festas juninas, aonde de início os grupos só se apresentavam do dia 24 de junho, dia de São joão até o dia 30 do mesmo mês, dia de São Marçal. Mas na verdade, a festa no Maranhão começa mesmo no mês de março, após as arrecadações para a brincadeira, quando começam a montar as roupas e o próprio boi, sendo este feito em fibra de buriti e seu couro é feito de veludo revestido por missangas e só termina após a morte do boi, que geralmente ocorre no mês de outubro.

Bibiliografia

  • CARVALHO, Maria Michol Pinho de. 1995. Matracas que desafiam o tempo: é o bumba-boi do Maranhão. São Luís: s/e.
  • PRADO, Regina de Paula Santos. 1977. Todo ano tem: as festas na estrutura social camponesa. Dissertação de Mestrado em Antropologia. Rio de Janeiro: PPGAS-MN/UFRJ.

Festa em Parintins

Ver artigo principal: Festival Folclórico de Parintins

Ligações externas