CHIVA

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Cirurgia hemodinâmica de varizes que evita destruição do capital venoso do membro. Nao são eliminadas nem queimadas as safenas.

 Nota: Para o município espanhol, veja Chiva.

Introdução[editar | editar código-fonte]

A Cirurgia de Varizes CHIVA é uma técnica cirúrgica desenvolvida pelo professor Claude Franceschi em 1985 e publicada em 1988,[1] para tratamento da insuficiência venosa, habitualmente chamada "varizes". CHIVA é um acrônimo de Cura Conservadora e Hemodinâmica da Insuficiência Venosa em Ambulatório. “Cure conservatrice et hemodynamique de l’insufficience veineuse en ambulatoire” do Francês. Tem por objetivo resolver a doença venosa crônica sem destruir o capital venosa da perna do doente[1].

A técnica parte da premissa que o fator que leva ao aumento de tamanho das veias para se transformarem em varizes e todos seus sintomas é o aumento da pressão dentro da veia (pressão transmural). Logo, se for resolvida a comunicação venosa que está aumentando essa pressão será resolvido o caso clínico do paciente[2][1].

Inicialmente a técnica surgiu com ideia de manter a safena para pontes de safena, o que permanece importante até hoje. Ao longo dos anos se viu que a safena mantida facilita a circulação da perna em caso se desenvolva uma Trombose Venosa Profunda no futuro, caso o paciente tenha um trauma na perna e caso desenvolva outras fontes de varizes que não a inicialmente tratada. A vida da pessoa é longa após cirurgia de varizes e existem diversos fatores que podem levar a novas fontes de varizes - gestação, ganho de peso, cirurgias, propensão genética para varizes entre outros fatores[2].

As veias mais profundas estão envolvidas em músculos e fáscia fortes, a safena em fáscia fraca e as veias da pele não tem fáscia. Quanto mais forte a fáscia e musculatura ao redor da veia, mais facilidade ela tem em manter seu tamanho e enviar o sangue em direção ao coração. As veias que mais dilatam são as mais superficiais como se vê na imagem da ecografia[3]. [1]

Cartografia venosa

Como funciona[editar | editar código-fonte]

Trata-se de uma técnica com base na Hemodinâmica Venosa, cuja finalidade é a de restabelecer a drenagem do sistema venoso superficial para o profundo,[1] eliminando vazamentos de sangue venoso profundo para superficial, e consequentemente diminuição na pressão e tamanho das veias afetadas. A integridade do sistema venoso é assim respeitada e as veias safenas não são destruídas.[3]

O estudo do paciente deverá ser feito com um ecodoppler venoso dos membros inferiores, executado por ecografista com formação hemodinâmica e presença do cirurgião[4]. A presença e formação hemodinâmica do cirurgião vascular também é fundamental para o sucesso da técnica [4] . O conhecimento aprofundado da Hemodinâmica venosa é essencial para a eficácia do método. Uma cartografia, complementa o exame e servirá de base à decisão cirúrgica[5].

É assim uma técnica de difícil expansão no mundo pois necessita de conhecimento e interação ecodoppler/cirurgião. No Brasil o EcoDoppler usualmente não é feito pela equipe cirúrgica, mas existem algumas equipes cirúrgicas que realizam o CHIVA de rotina com resultados similares aos resultados na Europa[2]. Antes da cirurgia deverá ser efetuada uma marcação na pele (marcação pré-operatória), com a ajuda da aparelhagem de ecodoppler, a qual mostra cirurgião da localização dos locais de refluxo para serem resolvidos[4].

A cirurgia consiste na ligadura de determinadas colaterais e/ou crossa escolhidas durante o ecodoppler, de modo a impedir o sangue de seguir um determinado caminho (inundando as regiões de declive) e, através de colaterais e sobretudo das veias perfurantes, drenar para as veias saudáveis de modo a restabelecer a drenagem no sentido fisiológico, ou seja, em direcção ao coração.[6]

O doente é operado sob anestesia local, e, dependendo da localização das colaterais ligadas poderá fazer a sua vida normal dentro de 2-3 dias. Quando é necessário a intervenção a nível da crossa das veias safenas, o retorno à vida normal tem lugar uns 5-7 dias depois da cirurgia[3].

Resultados[editar | editar código-fonte]

O risco cirúrgico é mínimo. A anestesia local diminui o risco de lesão de nervo periférico comum em cirurgia de varizes pois o paciente avisa se um nervo é tocado antes da lesão[6]. A veia safena e colaterais são mantidas e em eventuais recidivas de varizes ou Trombose/trauma no futuro o caminho de drenagem está mantido[7]. Alguns ensaios clínicos randomizados foram realizados para comparar a CHIVA com a cirurgia que retira a safena, sendo que a CHIVA apresentou menos lesões em nervos, menos hematomas e menor recidiva nos estudos realizados[7][6]. Raros casos de complicações do tipo tromboflebite superficial estão relacionados com o grau de experiência da equipa cirúrgica e com a correcta marcação pré-operatória[7].

Referências

  1. a b c d Franceschi C. Théorie et Pratique de la Cure Conservatrice et Hémodynamique de l’ Insuffisance Veineuse en Ambulatoire. Precy-sous-Thil, France: Editions de l’ Armancon, 1988
  2. a b c Faccini, Felipe Puricelli; Ermini, Stefano; Franceschi, Claude (7 de fevereiro de 2019). «CHIVA to treat saphenous vein insufficiency in chronic venous disease: characteristics and results». Jornal Vascular Brasileiro. 18 (0). ISSN 1677-7301. doi:10.1590/1677-5449.009918 
  3. a b c Franceschi, Claude; Cappelli, Massimo; Ermini, Stefano; Gianesini, Sergio; Mendoza, Erika; Passariello, Fausto; Zamboni, Paolo (1 de fevereiro de 2016). «CHIVA: hemodynamic concept, strategy and results». International Angiology: A Journal of the International Union of Angiology. 35 (1): 8–30. ISSN 1827-1839. PMID 26044838 
  4. a b c Franceschi, Claude; Ermini, Stefano (22 de dezembro de 2014). «The evaluation of essential elements defining varicose vein mapping». Veins and Lymphatics. 3 (5). ISSN 2279-7483. doi:10.4081/vl.2014.4922 
  5. Principles of Venous Hemodynamics, Claude Fraceschi, Paolo Zamboni, 2009, ISBN 9781606924853
  6. a b c Parés, Josep Oriol; Juan, Jordi; Tellez, Rafael; Mata, Antoni; Moreno, Coloma; Quer, Francesc Xavier; Suarez, David; Codony, Isabel; Roca, Josep (1 de abril de 2010). «Varicose Vein Surgery: Stripping Versus the CHIVA Method: A Randomized Controlled Trial». Annals of Surgery (em inglês). 251 (4): 624–631. ISSN 0003-4932. doi:10.1097/SLA.0b013e3181d0d0a3 
  7. a b c Bellmunt-Montoya, Sergi; Escribano, Jose Maria; Dilme, Jaume; Martinez-Zapata, Maria José (15 de fevereiro de 2012). The Cochrane Collaboration, ed. «CHIVA method for the treatment of varicose veins». Chichester, UK: John Wiley & Sons, Ltd (em inglês). doi:10.1002/14651858.cd009648 
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