Degeneração

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Este artigo trata do significado social-filosófico de degeneração. Para outros significados associados ao tema, ver degenerescência.

A ideia de degeneração exerceu uma grande influência na ciência, arte e política, dos anos 1850 aos anos 1950. A teoria social desenvolveu-se em consequência à Teoria da Evolução de Charles Darwin.

A evolução significava que o desenvolvimento da humanidade não era mais algo fixo e certo, mas podia mudar e evoluir ou degenerar num futuro incerto, possivelmente um futuro sombrio que se chocaria com a analogia entre evolução e civilização como uma direção progressiva positiva. Como consequência, teóricos assumiram que a espécie humana poderia ser superada por uma espécie mais adaptável ou as circunstâncias poderiam mudar e desenvolver uma espécie mais adaptada.

A teoria da degeneração apresentava uma perspectiva pessimista para o futuro da civilização ocidental, visto acreditar que o progresso do século XIX havia começado a trabalhar contra si mesmo. Em 1890, aqueles mais preocupados com a degeneração eram os progressistas, diferentemente dos conservadores, defensores do status quo.[1]

Histórico

Georges-Louis Leclerc, conde de Buffon (1707-1788), foi o primeiro a definir "degeneração" como uma teoria da natureza. Buffon, incorretamente, argumentava que espécies inteiras "degeneravam", tornando-se estéreis, mais fracas ou menores devido a climas rigorosos. Por volta de 1890, havia um medo crescente de degeneração varrendo a Europa, criando desordens que levaram à pobreza, crime, alcoolismo, perversão moral e violência política. A degeneração levantava a possibilidade de que a Europa poderia estar criando uma classe de pessoas degeneradas que poderiam atacar as normas sociais, o que levou ao apoio da ideia de um estado forte, que excluiria os degenerados da existência com o auxílio de identificação científica.

Nos anos 1850, o médico francês Bénédict Morel argumentava vigorosamente que certos grupos de pessoas estavam degenerando, retrocedendo em termos de evolução, de forma que a cada geração, tornavam-se mais e mais fracos. Isto se baseava em ideias pré-darwinistas de evolução, particularmente aquelas de Jean-Baptiste Lamarck, que argumentava que características tais como abuso de drogas e perversões sexuais, podiam ser herdadas (embora predisposição genética tenha sido observada para alcoolismo e criminalidade).

O bestseller Degeneration de Max Nordau (1890), tentava explicar toda a arte, música e literatura modernas indicando as características degeneradas dos artistas envolvidos. Desta forma, foi desenvolvida uma completa explicação biológica para os problemas sociais.

O primeiro criminologista científico, Cesare Lombroso, trabalhando nos anos 1880, acreditava ter encontrado evidências de degeneração ao estudar os corpos de criminosos. Depois de completar a autópsia do assassino Villela, ele identificou a indentação no ponto onde a coluna vertebral encontra o pescoço como um sinal de degeneração e subsequente criminalidade. Lombroso estava convencido de ter encontrado a chave para a degeneração que estava preocupando os círculos liberais.[1]

No século XIX, erradicar a "degeneração" tornou-se uma justificativa para vários programas de eugenia, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. Eugenistas ado(p)taram o conceito, usando-o para justificar a esterilização dos supostamente incapazes. Os nazis também assumiram estes esforços eugênicos, incluindo o extermínio, para aqueles que poderiam "corromper" as gerações futuras. Também aplicaram o conceito à arte, banindo a arte e música "degeneradas" (entartete Kunst ou arte degenerada).

Ver também

Referências

  1. a b A. Herman (1997). "The Idea of Decline in Western History". 110–113.

Ligações externas