Diogo de Arruda

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Diogo de Arruda
Nascimento 14??
Morte 1531
Nacionalidade portuguesa
Ocupação arquitecto, escultor
Convento de Cristo, Tomar: fachada manuelina da igreja com a janela do capítulo.

Diogo de Arruda (14?? - 1531), foi um mestre arquitecto português, membro de uma importante família de artistas com origem em Évora.[1] Era irmão de Francisco de Arruda e tio de Miguel de Arruda.

Biografia

Entre 1508 e 1510 foi o arquiteto do baluarte do Paço da Ribeira erguido por ordem de Manuel I de Portugal em Lisboa, numa área à margem direita do rio Tejo.[2][3] Este baluarte era o remate do palácio real e possuía uma torre fortificada decorada com as armas do soberano, o que mais tarde seria repetido na Torre de Belém, erguida entre 1514 e 1519 por Francisco de Arruda.[2]

Diogo de Arruda foi um dos grandes nomes associados à remodelação manuelina do Convento de Cristo, ali tendo exercido o cargo de mestre de 1510 a 1513.[4] Nesse período ergueu no lado oeste da antiga charola templária um coro disposto em dois níveis: o superior ocupado pelo coro-alto para os monges e, no inferior, a sacristia, também referida como "sala do capítulo".[5][6] Toda a fachada oeste do coro, flanqueada por dois grandes contrafortes, é abundantemente decorada com motivos heráldicos e naturalistas. Nela se encontra a célebre janela da sacristia da igreja, uma das obras mais célebres do manuelino.[7][6] Os trabalhos no coro do Convento de Cristo foram continuados, a partir de 1515, por João de Castilho.[8]

Em 1513 Diogo de Arruda passou pela Praça-forte de Azamor, no Magrebe, onde desempenhou funções de engenheiro militar junto com o seu irmão Francisco.[9] Ali erigiram o alcácer (castelo), baluartes, reforçaram muralhas e até construíram casas de moradia.[9] Diogo e Francisco trabalharam ainda na fortificação de Safim e na de Mazagão, também no Norte de África.[10]

De volta a Portugal, foi nomeado pelo soberano como "Mestre de Obras da Comarca de Entre Tejo e Odiana" (1521). Esse cargo pode ser explicado pela relativa debilidade das defesas portuguesas no Alentejo, em comparação com outras regiões do país à época.[3] Nessa época já se encontrava a dirigir as obras do Castelo Novo de Évora, levantado entre 1518 e 1524. O desenho desse castelo, de planta quadrada com torreões nos vértices, segue os modelos renascentistas de arquitetura militar e representou uma inovação no país.[3] Apesar de muito alterado, em nossos dias conserva a planta original e as bases dos torreões, com o motivo de cordões típico do manuelino.[3][11] Também se acredita que tenha realizado projetos de igrejas, como a Matriz de Viana do Castelo, um dos melhores exemplares de arquitectura manuelina religiosa no Alentejo.[12]

Em 1525, já sob o reinado de João III de Portugal, foi nomeado arquiteto dos paços reais.[13] Nessa época é provável que tenha participado nas obras dos Paços Reais de Évora, um grande complexo palaciano que já vinha sendo construído desde o século XV.[13][14]

Obra

Diogo de Arruda é um dos principais nomes da arquitectura portuguesa do período manuelino. Junto com seu irmão Francisco, com quem trabalhou frequentemente, criou um estilo próprio facilmente identificável, muito ligado à arquitetura militar, caracterizado pelo uso sistemático de volumes cilíndricos, decoração cheia de referências naturalistas (cordas, raízes, folhagem) e heráldicas.[10] Entre as suas principais obras destacam-se:

Referências

  1. Biografia de Francisco de Arruda, em que é mencionado Diogo, no sítio oficial da Torre de Belém [1]
  2. a b Paulo Pereira. Lisboa (séculos XVI-XVII). Novos Mundos – Neue Welten. Portugal e a Época dos Descobrimentos. Novembro de 2006. [2]
  3. a b c d Mario Jorge Barroca. Tempos de resistência e inovação: a arquitectura militar portuguesa no reinado de D. Manuel I (1495-1521). Portugalia. Nova Série Vol. XXIV, 2003 [3]
  4. Diogo de Arruda no sítio oficial do Convento de Cristo [4]
  5. Paulo Pereira (2009). The Convent of Christ, Tomar. [S.l.]: Scala. 58 páginas 
  6. a b O espaço e o tempo no sítio oficial do Convento de Cristo [5]
  7. Pereira. The Convent of Christ, Tomar op. cit. pág. 58-59.
  8. Pereira. The Convent of Christ, Tomar op. cit. pág. 68.
  9. a b Pedro Dias. As construções portuguesas na cidade magrebina de Azamor in, Revista Camões nº17-18. 2004 [6]
  10. a b Paulo Pereira. The work of brothers Diogo and Francisco de Arruda in Torre de Belém. Scala Publishers. 2004 [7]
  11. Castelo Novo no sítio do IGESPAR [8]
  12. Matriz de Viana do Alentejo no sítio do IGESPAR [9]
  13. a b Paços de Évora no sítio do IGESPAR [10]
  14. Paço de D. Manuel no sítio do IHRU [11]