Ernesto Faria

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Ernesto Faria
Nascimento 23 de maio de 1906
Morte 14 de março de 1962
Alma mater
Ocupação filólogo
Empregador(a) Universidade Federal do Rio de Janeiro

Ernesto Faria ou Ernesto de Faria Júnior(Rio de Janeiro, em 23 de maio de 1906 - Rio de Janeiro 14 de março de 1962),[1][2] foi um professor de latim e filólogo brasileiro.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Foi filho de Ernesto de Faria e Aurora Barbosa de Faria. Fez o curso primário em uma escola pública no antigo Distrito Federal do Rio de Janeiro: Colégio Ateneu Brasileiro. Depois estudou no Colégio Salesiano de Santa Rosa em Niterói.[3] Posteriormente, em 1919, estudou no Colégio Anchieta em Nova Friburgo, onde permaneceu até 1921. Ainda adolescente, começou a oferecer aulas particulares de latim. Prestou vestibular para Direito abandonando este curso mais tarde para se dedicar ao magistério.[2][4]

Foi professor de latim em vários colégios, incluindo o Colégio Pedro II, o antigo Lycée Français do Rio de Janeiro e o Colégio Amaro Cavalcanti. No ano de 1946, prestou concurso para cátedra de Língua e Literatura Latina da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, obtendo louvável êxito. Em 1947, foi nomeado professor de latim do Instituto de Educação e, em 1955, obteve o posto de professor catedrático da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Federal do Distrito Federal - atual UERJ, onde permaneceu até 1959.[4] No ano de 1951, proferiu conferências na Universidade de Coimbra e na Universidade de Sorbonne. Em 1959, foi delegado do Brasil, e representante da Associação de estudos Clássicos do Brasil, no III Congresso Internacional de Estudos Clássicos, realizado em Londres. Escreveu vários livros de Latim e um portentoso dicionário Latino-Português, considerado um dos melhores no Brasil.[1] Foi convidado para dar palestras de Estudos Clássicos no Brasil e no exterior, como em Lausanne, na Suíça.[4] Foi casado com D. Nair Pereira de Faria, que faleceu em 1949, deixando-lhe quatro filhos: Dulce Faria (morreu de acidente em 1946) ,Paulo Faria, engenheiro civil, casado com Maria Lúcia Prado Faria, Roberto Faria, Professor de Matemática e Doutor em Educação, casado com Lia Faria e Augusto Celso de Faria, Professor de Literatura Brasileira. Casou-se em 1950, em segundas núpcias, com Ruth Junqueira de Faria, antiga professora titular de Língua e Literatura Latinas na UFRJ, com quem teve os filhos Maria Helena Faria Ornellas de Souza, médica e professora da Faculdade de Medicina da UERJ, casada com o urologista Antônio Augusto Ornellas de Souza[5], Maria Dulce de Faria, bibliotecária e historiadora[2][6], Regina Lúcia de Faria, Professora Adjunta de Literatura Brasileira do Departamento der Letras e Ciências Sociais da UFRRJ e Francisco Eduardo de Faria, engenheiro florestal e casado com Maria Madalena Coelho Faria. Paulo e Roberto Faria faleceram em 1970 e 2011[7].

Escola e Academia[editar | editar código-fonte]

Ernesto Faria trabalhou no ensino médio e superior, sendo um grande defensor da permanência do ensino de latim nos cursos primário e secundário. Sua defesa do ensino do latim, como base para que os alunos aprendessem a língua portuguesa, era reconhecida no Brasil e em Portugal.[8] Foi um paladino da "Pronúncia Restaurada" do latim. Publicou em 1933, aos vinte e sete anos, a tese de concurso para a Cadeira de Latim do Colégio Pedro II, com o título: A Pronúncia do Latim. Novas Diretrizes do Ensino do Latim. Obteve diversos cargos de administração na Universidade, com destaque ao de Vice-Diretor da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, atual UFRJ, empossado em abril de 1946, tendo sido reeleito várias vezes e nele permanecendo até sua morte, em 14 de março de 1962.[6]

Entre os seus inúmeros alunos, destacam-se Antônio Houaiss, Walmírio Macedo, Serafim da Silva Neto, Rosalvo do Valle, Paulo Maia de Carvalho, Alice Franca Leite.

Títulos e Honrarias[editar | editar código-fonte]

Foi membro da Société des Études Latines, de Paris, a convite de Jules Marouzeau (1932); foi fundador da Sociedade Brasileira de Estudos Latinos, sendo eleito seu administrador perpétuo (1939) e presidente do Departamento de Lingüística da Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia (1943). Ademais, foi membro efetivo da Academia Brasileira de Filologia (1944); membro correspondente da Sociedade de Estudos Filológicos de São Paulo; membro perpétuo da Société des Études Latines (1947) e membro fundador da Association Guillaume Budé (1947). Foi conselheiro da Associação de Estudos Clássicos do Brasil (1959), eleito seu presidente em 1960 e recebeu a Medalha Anchieta conferida pelo Governo do Estado da Guanabara (1960).[2]

Obras[editar | editar código-fonte]

  • A pronúncia do Latim — Rio de Janeiro, 1933
  • Manual de pronúncia do Latim — Rio de Janeiro: F. Briguiet, 1938.
  • Síntese de gramática latina — 2.a ed., Rio de Janeiro: F. Briguiet, 1940 (1a. ed., 1934).
  • O Latim pelos textos — 3a. ed., Rio de Janeiro: F. Briguiet, 1940 (1a. ed., 1935).
  • O Latim e a cultura contemporânea — Rio de Janeiro: F. Briguiet, 1941.
  • Vocabulário Latino-Português — Rio de Janeiro: F. Briguiet, 1943.
  • Gramática Elementar da Língua Latina. São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1943.
  • A renovação atual dos estudos latinos — Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1945.
  • Pérsio. Estudo literário e léxicográfico. — Rio de Janeiro: tese de consurso, 1945.
  • Curso de Latim. 3a. e 4a. Séries dos Cursos Ginasiais. São Paulo: Cia. Edit. Nacional, 1945.
  • Fonética histórica do Latim — Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1955.
  • & FARIA, Ruth. Novo Curso de Latim. 1a. e 2a. Séries do Curso Ginasial. Rio de Janeiro: Ed. da Org. Simões, 1955.
  • Dicionário Escolar Latino-Português — 2a. ed., Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1956.
  • Gramática Superior da Língua Latina — Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1958.
  • Introducão à didática do Latim — Rio de Janeiro: Universidade do Brasil, 1959.


Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]