Saltar para o conteúdo

Paio Peres Correia: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m informações sem fundamento histórico foram apresentados como tal (simples tradições locais sem fundamento histórico)
corrigir informações sem base factual, imprecsiões e erros
Linha 20: Linha 20:
|assinatura =
|assinatura =
}}
}}
'''D. Paio Peres Correia''', conhecido na Espanha por '''Pelayo Pérez Correa''' ([[século XIII]]) foi Mestre da [[Ordem de Santiago]], tendo conduzido uma campanha militar contra os [[islão|mouros]] no [[Algarve]], que culminou com a tomada de [[Silves (Portugal)]] e foi determinante para a conquista definitiva daquela região em [[1249]].<ref>* NUNES, António Lopes Pires. ''Dicionário de Arquitetura Militar''. Casal de Cambra: Caleidoscópio, 2005. 264p. il. ISBN 972-8801-94-7 p. 91.</ref>
'''D. Paio Peres Correia''', conhecido na Espanha por '''Pelayo Pérez Correa''' ([[século XIII]]) foi Mestre da [[Ordem de Santiago]], tendo conduzido uma campanha militar contra os [[islão|mouros]] no [[Algarve]], que culminou com a tomada de [[Silves (Portugal)]], deixando a Afonso III a tarefa de conquistar as últimas bolsas de resistência em [[1249]].<ref>* NUNES, António Lopes Pires. ''Dicionário de Arquitetura Militar''. Casal de Cambra: Caleidoscópio, 2005. 264p. il. ISBN 972-8801-94-7 p. 91.</ref>


==Biografia==
==Biografia==
D. Paio Peres Correia terá nascido no ano de [[1205]], em [[Monte de Fralães]] ([[Barcelos]]), onde ficava a tradicional casa desta [[nobre]] família. As Inquirições assinalam a presença dos seus irmãos, de uma irmã e de outros parentes em freguesias da vizinhança.
D. Paio Peres Correia terá nascido no ano de [[1205]], possivelmente na [[Honra de Farelães]] ([[Monte de Fralães]], [[Barcelos]]). As Inquirições assinalam a presença dos seus irmãos, de uma irmã e de outros parentes em freguesias da vizinhança.


No reinado de [[D. Sancho II]], encontramo-lo em [[Alcácer do Sal]]; a partir de [[1228]] vai ter como primeiro palco da sua acção o [[Alentejo]], conquistando [[Aljustrel]], [[Alvalade]], [[Juromenha]], [[Beja]] e [[Mértola]], descendo depois até ao [[Algarve]], conquistando [[Alcoutim]], [[Vaqueiros]], [[Ayamonte]], [[Cacela]] e [[Tavira]]. De acordo com a ''Crónica da Conquista do Algarve'', Tavira foi conquistada aos mouros, em Junho de [[1239]], por Dom Paio Peres Correia, como represália pela morte de sete dos seus cavaleiros.
No reinado de [[D. Sancho II]], encontramo-lo em [[Alcácer do Sal]]; a partir de [[1228]] vai ter como primeiro palco da sua acção o [[Alentejo]], conquistando [[Aljustrel]] e [[Mértola]], descendo depois até ao [[Algarve]], conquistando Silves, [[Cacela]] e [[Tavira]]. De acordo com a ''Crónica da Conquista do Algarve'', Tavira foi conquistada aos mouros, em Junho de [[1239]], por Dom Paio Peres Correia, como represália pela morte de sete dos seus cavaleiros.


Em [[1242]], torna-se em [[Mérida]] o 17º [[Ordem de Santiago|Grão-Mestre da Cavalaria de S. Tiago]] e passou então a estar ao serviço de [[Fernando III de Leão e Castela]] e de seu filho, o futuro [[Afonso X de Leão e Castela]], vivendo naturalmente no reino de castela.
Em [[1242]], torna-se em [[Mérida]] o 17º [[Ordem de Santiago|Grão-Mestre da Cavalaria de S. Tiago]] e passou então a estar ao serviço de [[Fernando III de Leão e Castela]] e de seu filho, o futuro [[Afonso X de Leão e Castela]], vivendo naturalmente no reino de castela.

Revisão das 15h40min de 12 de abril de 2016

Paio Peres Correia
Paio Peres Correia
Nascimento 1205
Monte de Fralães
Morte 8 de fevereiro de 1275 (70 anos)
Uclés

D. Paio Peres Correia, conhecido na Espanha por Pelayo Pérez Correa (século XIII) foi Mestre da Ordem de Santiago, tendo conduzido uma campanha militar contra os mouros no Algarve, que culminou com a tomada de Silves (Portugal), deixando a Afonso III a tarefa de conquistar as últimas bolsas de resistência em 1249.[1]

Biografia

D. Paio Peres Correia terá nascido no ano de 1205, possivelmente na Honra de Farelães (Monte de Fralães, Barcelos). As Inquirições assinalam a presença dos seus irmãos, de uma irmã e de outros parentes em freguesias da vizinhança.

No reinado de D. Sancho II, encontramo-lo em Alcácer do Sal; a partir de 1228 vai ter como primeiro palco da sua acção o Alentejo, conquistando Aljustrel e Mértola, descendo depois até ao Algarve, conquistando Silves, Cacela e Tavira. De acordo com a Crónica da Conquista do Algarve, Tavira foi conquistada aos mouros, em Junho de 1239, por Dom Paio Peres Correia, como represália pela morte de sete dos seus cavaleiros.

Em 1242, torna-se em Mérida o 17º Grão-Mestre da Cavalaria de S. Tiago e passou então a estar ao serviço de Fernando III de Leão e Castela e de seu filho, o futuro Afonso X de Leão e Castela, vivendo naturalmente no reino de castela.

Os habitantes da Aldeia de Paio Pires reclamam que foi ele o fundador da aldeia, no concelho do Seixal, mas sem qualquer fundamento histórico conhecido.

Segundo a Crónica da Conquista do Algarve, inserida na Crónica Portuguesa de 1419, Paio Peres voltaria ao Algarve em 1249, no reinado de D. Afonso III de Portugal, e colaborou nas conquistas de Faro e Aljezur. Um dos pontos altos da sua acção militar aconteceu na tomada de Sevilha, onde teve uma acção de grande relevo, como o testemunha, por exemplo, a Crónica Geral de Espanha de 1344.

Falecido em 1275 em Talavera de la Reina, os seus restos mortais foram levados no século XVI para Tentudia, sendo que em Tavira circula a tradição que os seus restos estão enterrados na Igreja Matriz, junto com os Sete Cavaleiros que morreram na conquista da cidade aos mouros.

Referências a Paio Peres

A Crónica Geral de Espanha de 1344 narra o conselho em que Fernando III decide a estratégia a adoptar para submeter a cidade de Sevilha - e que foi a que Paio Peres Correia defendeu:

"E a esto cada huu dava sua divisa, segundo seu entender. Mas o meestre dom Paae Correa e outros boos cavaleiros e muy sabedores de guerra disseron a el rey que fosse cercar Sevilha e que, se a cobrasse, que per ella cobrarya todo o al e que seria mais sen trabalho e con mais pequena custa e sem muyta lazeira d’alguus. Mas esto contradisseron outros, dizendo que Sevilha era logar grande e muy pobrado e que non seria muy ligeiro de cercar mas pero se el rey tal cousa quisesse cometer, que primeiro compria correr e estragar a terra per alguas vezes e, depois que a bem quebrantada tevessem e os mouros bem apremados, que entõ seria bem de a hir cercar. Mas o meestre dõ Paae Correa e os outros que primeiro conselharon o cerco de Sevilha disserõ a el rey que o tempo que posesse em corrimentos e fazer cavalgadas e cercar outros pequenos logares que melhor era de o poer sobre Sevilha e que, tomandoa, cobrava todo o al e que, por esta razon, melhor era de acabar todo per huu afam e per huu tempo que por muytos. E demais que poderia seer, se lhes dessem tal vagar, que elles se avisariã de guisa que seria depois muy forte cousa de começar e que por esto melhor seria de começar esto cedo que tarde. E, ditas estas palavras e outras muytas, acordousse el rey con todolos outros en este cõselho."

E agora este passo, que fala das façanhas de Paio Peres Correia e dos seus homens:

"(...) o meestre dom Paae Correa e os outros ricos homees que com el estavon da outra parte do ryo, segundo ja ouvistes, cavalgarom sobre Golles e cõbaterõna e entrarõna per força e mataron todollos mouros que dentro acharom e levarõ muy grande algo que hy acharom. E, em se tornando per Tyriana, sayiu a elles gram cavalarya de mouros e muitos peõoes com elles e ouverõ com elles gram batalha. E foron os mouros vencidos e mortos muytos delles e os cristãaos tornarõsse muy hõrados pera seu arreal."

Uma enciclopédia espanhola refere-se a Paio Peres Correia nestes termos:

"Fantasías aparte, es innegable que su nombradía se asienta en una vida militar llena de gloriosos hechos, como lo demuestra el que se le confiase el mando de el ejército español en aquel período verdaderamente heroico de la Reconquista.
Fue Gran Maestre de la Orden de Santiago y tanto los monarcas portugueses como los castellanos, se disputaran el honor de tenerle à su servicio."

Luís Vaz de Camões recorda-o em duas estrofes d'Os Lusíadas (canto VIII, estrofes 26-27), Almeida Garrett baseou o seu poema épico D. Branca nos seus feitos algarvios, e Lope de Vega escreveu sobre ele na sua peça El Sol Parado. No Cancioneiro da Biblioteca Nacional existe uma cantiga que o critica.

Para mais informação sobre Paio Peres Correia, consulte-se esta página que lhe é dedicada.

Herança ao nível de arruamentos e localidades

D. Paio Peres Correia é lembrado na toponímia de várias cidades e vilas como: Lisboa, Setúbal, Silves (Portugal), Tavira, Sevilha (bairro de Triana), Samora Correia, entre outras. Setúbal, por exemplo, recebeu foral[2] em Março de 1249, concedido pela Ordem de Santiago, senhora desta região, e subscrito por D. Paio Peres Correia, Mestre da Ordem de Santiago, e por Gonçalo Peres, comendador de Mértola. A terra de Paio Pires (Seixal) reclama-o como seu fundador, assim como Samora Correia (Santarém), havendo ainda uma rua e uma estátua em homenagem ao seu fundador.

Notas

  1. * NUNES, António Lopes Pires. Dicionário de Arquitetura Militar. Casal de Cambra: Caleidoscópio, 2005. 264p. il. ISBN 972-8801-94-7 p. 91.
  2. Cf. Portugaliae Monumenta Historica, Leges et Consuetudines, Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa, 1856, vol I, p. 634 (consultar o texto)