Saltar para o conteúdo

Caravela: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Desfeita(s) uma ou mais edições de Ronantdin, com Reversão e avisos
Etiqueta: Reversão manual
Acréscimo de informações e imagem ilustrativa
Linha 2: Linha 2:
{{mais notas|data=abril de 2017}}
{{mais notas|data=abril de 2017}}
{{Ver desambiguação}}
{{Ver desambiguação}}
[[Ficheiro:Caravela Vera Cruz no rio Tejo.jpg|thumb|[[Caravela Vera Cruz]] a navegar no [[rio Tejo]], [[Lisboa]].]]
[[Ficheiro:Caravela Vera Cruz no rio Tejo.jpg|thumb|[[Caravela Vera Cruz]] a navegar no [[rio Tejo]], [[Lisboa]].|300x300px]]
A '''caravela''' é um tipo de embarcação usada pelos [[Portugal|portugueses]] durante a [[Era dos Descobrimentos]], nos séculos XV e XVI.
A '''caravela''' é um tipo de embarcação usada pelos [[Portugal|portugueses]] durante a [[Era dos Descobrimentos]], nos séculos XV e XVI.


Linha 9: Linha 9:


==Descrição==
==Descrição==
[[Imagem:Caravela Latina - Museu Arte Antiga.jpg|thumb|right|Caravela Latina no [[Museu de Arte Antiga]]. Crê-se que a mais fidedigna representação da caravela Latina.]]
[[Imagem:Caravela Latina - Museu Arte Antiga.jpg|thumb|right|Caravela Latina no [[Museu de Arte Antiga]]. Crê-se que a mais fidedigna representação da caravela Latina.|288x288px]]
A caravela foi aperfeiçoada durante os séculos [[século XV|XV]] e [[século XVI|XVI]]. Tinha inicialmente pouco mais de 20 tripulantes. Era uma embarcação rápida, de fácil manobra, capaz de [[bolina]]r e que, em caso de necessidade, podia ser movida a [[remo]]s. Com cerca de 25 m de comprimento, 7 m de boca (largura) e 3 m de [[calado]] deslocava cerca de 50 [[tonelada]]s, tinha 2 ou 3 [[mastro]]s, convés único e [[popa]] sobrelevada. As [[Vela latina|velas latinas]] (triangulares) permitiam-lhe bolinar (navegar em ziguezague contra o vento). [[Gil Eanes]] utilizou um barco de [[Tipos de velas (náutica)|vela redonda]], mas seria numa caravela (tipo [[carraca]]) que [[Bartolomeu Dias]] dobraria o [[Cabo da Boa Esperança]] em [[1488]]. É de salientar que a caravela é um desenvolvimento dos portugueses.
A caravela foi aperfeiçoada durante os séculos [[século XV|XV]] e [[século XVI|XVI]]. Tinha inicialmente pouco mais de 20 tripulantes.
Era uma embarcação rápida, de fácil manobra, capaz de [[bolina]]r e que, em caso de necessidade, podia ser movida a [[remo]]s. Com cerca de 25 m de comprimento, 7 m de boca (largura) e 3 m de [[calado]] deslocava cerca de 50 [[tonelada]]s, tinha 2 ou 3 [[mastro]]s, convés único e [[popa]] sobrelevada. As [[Vela latina|velas latinas]] (triangulares) permitiam-lhe bolinar (navegar em ziguezague contra o vento). [[Gil Eanes]] utilizou um barco de [[Tipos de velas (náutica)|vela redonda]], mas seria numa caravela (tipo [[carraca]]) que [[Bartolomeu Dias]] dobraria o [[Cabo da Boa Esperança]] em [[1488]]. É de salientar que a caravela é um desenvolvimento dos portugueses.


A caravela foi desenvolvida por volta de 1450, com base em barcos de pesca existentes na época. Seu desenvolvimento foi patrocinado por [[Infante Dom Henrique|D. Henrique o Navegador]], e logo se tornou a embarcação preferida de exploradores portugueses como [[Diogo Cão]], Bartolomeu Dias ou [[Gaspar Corte Real|Gaspar]] e [[Miguel Corte Real|Miguel Corte-Real]], e por [[Cristóvão Colombo]].
Se bem que a caravela latina se tenha revelado muito eficiente quando utilizada em mares de [[ventos]] inconstantes, como o [[Mediterrâneo]], devido às suas velas triangulares, com as viagens às [[Índia]]s, com ventos mais calmos, tal não era uma vantagem, já que se mostrava mais lenta que na variação de '''velas redondas'''. A necessidade de maior tripulação, [[armamento]]s, espaço para mercadorias fez com que fosse substituída por navios maiores.


Se bem que a caravela latina se tenha revelado muito eficiente quando utilizada em mares de [[ventos]] inconstantes, como o [[Mediterrâneo]], devido às suas velas triangulares, com as viagens às [[Índia]]s, com ventos mais calmos, tal não era uma vantagem, já que se mostrava mais lenta que na variação de '''velas redondas'''.
==Caravela Latina e Caravela Redonda==

Há que considerar dois tipos de caravelas, a '''caravela latina''' e a '''caravela redonda'''. A caravela latina é a original, relativamente à qual não há unanimidade na proveniência. É, no entanto, uma evolução do que já existia, provavelmente um navio de pesca do Algarve. A caravela redonda é que se poderá considerar a invenção dos Portugueses já que resultou dos conhecimentos recolhidos e das propostas de [[Bartolomeu Dias]] depois de regressar do [[Cabo da Boa Esperança]], com objetivos de melhoramento das suas qualidades de navegação face aos ventos que encontrou. Tratar-se-ia, assim, de resultado de investigação e de saber adquirido, aplicado cientificamente, podendo portanto considerar-se uma [[invenção portuguesa]].
O uso das caravelas, nas explorações marítimas, possibilitou o comércio de [[Especiaria|especiarias]] por portugueses e espanhóis. Porém, no transporte de mercadorias, a caravela acabou sendo posteriormente substituída pela [[carraca]] (''nau''), que era maior e mais lucrativa para o comércio.

==A Caravela Redonda==
[[Ficheiro:Caravela de armada of Joao Serrao.jpg|miniaturadaimagem|248x248px|''Caravela Redonda,'' do inicio do século XVI.]]
Há que considerar os dois tipos de caravelas, a '''caravela latina''' e a '''caravela redonda'''. A caravela latina é a original, e não há muita certeza sobre sua origem. É, no entanto, uma evolução do que já existia, provavelmente um navio de pesca do Algarve. A caravela redonda é que se poderá considerar a invenção dos Portugueses já que resultou dos conhecimentos recolhidos e das propostas de [[Bartolomeu Dias]] depois de regressar do [[Cabo da Boa Esperança]], com objetivos de melhoramento das suas qualidades de navegação face aos ventos que encontrou. Tratar-se-ia, assim, de resultado de investigação e de saber adquirido, aplicado cientificamente, podendo portanto considerar-se uma [[invenção portuguesa]].

Por ser uma combinação da [[Nau|''nau'']] e de ''caravela'', a Caravela Redonda tem esse nome por usar velas quadradas no mastro dianteiro. Essas velas, quando sopradas pelo vento, criavam uma "barriga" arredondada no meio, vindo daí o nome de "''caravela redonda''". Diferenciava-se das outras embarcações pelo seu sistema misto de velas (latinas e redondas), tendo quatro ou mais mastros, geralmente três mastros com velas latinas e um com duas velas quadradas, e pelo desenho do casco que era cada vez mais estreito e comprido. A caravela redonda era proporcionalmente mais estreita e mais comprida que a caravela comum, diferenciando-se também pelo [[Popa|castelo de popa]], mais alongado e geralmente mais projetado para trás, mais complexo e com dois andares. Distingue-se também da caravela latina pela existência de um [[castelo de proa]] e por ter um focinho ou cabeça - um bico longo, projetando-se para a frente (ambos ausentes na caravela ''latina'').

Acredita-se que o [[galeão]] português tenha sido o resultado da evolução da caravela redonda.


{{Referências}}
{{Referências}}

Revisão das 22h55min de 6 de novembro de 2021

 Nota: Para outros significados, veja Caravela (desambiguação).
Caravela Vera Cruz a navegar no rio Tejo, Lisboa.

A caravela é um tipo de embarcação usada pelos portugueses durante a Era dos Descobrimentos, nos séculos XV e XVI.

Etimologia

O vocábulo parece ter origem em cáravo ou cárabo, aportuguesamento do grego κάραβος, um barco ligeiro usado no mediterrâneo.[1][2] Segundo alguns historiadores, o vocábulo é de origem árabe carib ou "qârib" [3] (embarcação de porte médio e de velas triangulares — velame latino). A sua primeira utilização documentada na língua portuguesa data de 1255 e última referência em documentos impressos data de 1766, o que leva a pensar que o termo terá sido aplicado a várias embarcações ao longo do tempo.[4]

Descrição

Caravela Latina no Museu de Arte Antiga. Crê-se que a mais fidedigna representação da caravela Latina.

A caravela foi aperfeiçoada durante os séculos XV e XVI. Tinha inicialmente pouco mais de 20 tripulantes. Era uma embarcação rápida, de fácil manobra, capaz de bolinar e que, em caso de necessidade, podia ser movida a remos. Com cerca de 25 m de comprimento, 7 m de boca (largura) e 3 m de calado deslocava cerca de 50 toneladas, tinha 2 ou 3 mastros, convés único e popa sobrelevada. As velas latinas (triangulares) permitiam-lhe bolinar (navegar em ziguezague contra o vento). Gil Eanes utilizou um barco de vela redonda, mas seria numa caravela (tipo carraca) que Bartolomeu Dias dobraria o Cabo da Boa Esperança em 1488. É de salientar que a caravela é um desenvolvimento dos portugueses.

A caravela foi desenvolvida por volta de 1450, com base em barcos de pesca existentes na época. Seu desenvolvimento foi patrocinado por D. Henrique o Navegador, e logo se tornou a embarcação preferida de exploradores portugueses como Diogo Cão, Bartolomeu Dias ou Gaspar e Miguel Corte-Real, e por Cristóvão Colombo.

Se bem que a caravela latina se tenha revelado muito eficiente quando utilizada em mares de ventos inconstantes, como o Mediterrâneo, devido às suas velas triangulares, com as viagens às Índias, com ventos mais calmos, tal não era uma vantagem, já que se mostrava mais lenta que na variação de velas redondas.

O uso das caravelas, nas explorações marítimas, possibilitou o comércio de especiarias por portugueses e espanhóis. Porém, no transporte de mercadorias, a caravela acabou sendo posteriormente substituída pela carraca (nau), que era maior e mais lucrativa para o comércio.

A Caravela Redonda

Caravela Redonda, do inicio do século XVI.

Há que considerar os dois tipos de caravelas, a caravela latina e a caravela redonda. A caravela latina é a original, e não há muita certeza sobre sua origem. É, no entanto, uma evolução do que já existia, provavelmente um navio de pesca do Algarve. A caravela redonda é que se poderá considerar a invenção dos Portugueses já que resultou dos conhecimentos recolhidos e das propostas de Bartolomeu Dias depois de regressar do Cabo da Boa Esperança, com objetivos de melhoramento das suas qualidades de navegação face aos ventos que encontrou. Tratar-se-ia, assim, de resultado de investigação e de saber adquirido, aplicado cientificamente, podendo portanto considerar-se uma invenção portuguesa.

Por ser uma combinação da nau e de caravela, a Caravela Redonda tem esse nome por usar velas quadradas no mastro dianteiro. Essas velas, quando sopradas pelo vento, criavam uma "barriga" arredondada no meio, vindo daí o nome de "caravela redonda". Diferenciava-se das outras embarcações pelo seu sistema misto de velas (latinas e redondas), tendo quatro ou mais mastros, geralmente três mastros com velas latinas e um com duas velas quadradas, e pelo desenho do casco que era cada vez mais estreito e comprido. A caravela redonda era proporcionalmente mais estreita e mais comprida que a caravela comum, diferenciando-se também pelo castelo de popa, mais alongado e geralmente mais projetado para trás, mais complexo e com dois andares. Distingue-se também da caravela latina pela existência de um castelo de proa e por ter um focinho ou cabeça - um bico longo, projetando-se para a frente (ambos ausentes na caravela latina).

Acredita-se que o galeão português tenha sido o resultado da evolução da caravela redonda.

Referências

Ícone de esboço Este artigo sobre tópicos navais é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.