Eugenie Goldstern

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Eugenie Goldstern
Eugenie Goldstern
Nascimento 1 de maio de 1884
Odessa, Império Russo
Morte 14 de junho de 1942 (58 anos)
Campo de extermínio de Sobibor, Polônia
Nacionalidade russa
Alma mater
Orientador(es)(as) Paul Girardin
Campo(s) Antropologia e etnografia

Eugenie Goldstern (Odessa, 1 de maio de 1884Campo de extermínio de Sobibor, 14 de junho de 1942) foi uma antropóloga e etnógrafa russa, radicada na Áustria.

Fez estudos pioneiros sobre a cultura típicas das populações dos Alpes suíços.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Eugenie nasceu na cidade de Odessa, em 1884, em uma família judia, tendo sido a mais jovem entre os 14 filhos do casal. Em 1905, a família se mudou para a Áustria e cinco anos depois ela ingressou no curso de antropologia da Universidade de Viena. Lá pode estudar com Michael Haberlandt, o principal estudioso do folclore e de arte de povos nativos. Posteriormente, tanto Michael quanto seu filho, Arthur Haberlandt, se tornariam apoiadores do Terceiro Reich e cortariam relações com seus colegas judeus.[1][2]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Seus estudos se concentravam na cultura e nos povos dos Alpes, focando na comuna de Bessans. Sua monografia sobre a região foi uma das primeiras já escritas, onde ela detalhou aspectos sobre a vida e a economia em uma vila nas montanhas europeias.[3] Sua pesquisa começou em 1912 e ela ficou na comunidade durante o inverno de 1913 e 1914. Na Suíça, teve o apoio do etnógrafo Arnold van Gennep.

Eugenie documentou o desaparecimento da vida austera da região bem como cenas de trabalho e documentou seu artesanato e fabricação de brinquedos nos mínimos detalhes. Como refugiada, o tema escolhido e a pesquisa impecável foram informados por seu duplo senso de exílio e pertencimento. Suas pesquisas se distanciara, da opinião acadêmica típica da época, que retratava a cultura dos Alpes como idealizada e imutável. Sua saúde foi prejudicada durante sua estada e mais tarde ela teve que passar 7 meses em uma clínica.[4]

Eugenie tinha especial interesse na fabricação de brinquedos na região, feitos à mão. Seu primeiro e alguns de seus últimos artigos publicados no periódico austríaco de etnografia, Wiener Zeitschrift für Volkskunde, tratava deste assunto em especial.[5] Posteriormente ela doaria vários desses brinquedos e itens coletados em suas pesquisas de campo para o Museu de Etnologia de Viena.[6][7]

A eclosão da Primeira Guerra Mundial interrompeu seus trabalhos de campo. Assim ela retornou para a universidade, onde obteve seu doutorado pela Universidade de Friburgo, em 1920, sob a orientação de Paul Girardin. Como uma mulher em um campo dominado por homens e no clima cada vez mais anti-semita da Áustria, Eugenie lutou para encontrar uma posição permanente em sua área.[2] No final da década de 1920, Eugenie parou de publicar e retirou-se de sua pesquisa de campo. Em 1937, seu trabalho junto de von Gennep, foi apresentado em uma exposição sobre Savoie na Exposição Universal de Paris.[8]

Perseguição e morte[editar | editar código-fonte]

Após a anexação da Áustria pela Alemanha Nazista, em 1938, leis anti-semitas foram instauradas no país, fazendo com que muitos judeus fugissem do país. Vários familiares de Eugenie fugiram de Viena a tempo, mas ela permaneceu na cidade, de onde foi deportada para o Campo de extermínio de Sobibor, na Polônia, onde foi morta em 14 de junho de 1942, aos 58 anos.[3]

Homenagem póstuma[editar | editar código-fonte]

Entre 2004 e 2005, o Museu de Etnologia de Viena expôs a coleção de arte folclórica suíça de Eugenie, em uma exposição chamada "Ur-Ethnographie."[9] O Musée dauphinois e o Musée savoisien também expuseram dados sobre seu trabalho e sua vida em 2007.[10]

Publicações[editar | editar código-fonte]

  • Alpine Spielzeugtiere. Ein Beitrag zur Erforschung des primitiven Spielzeuges, em: Wiener Zeitschrift für Volkskunde, 29. Jg., Heft 3-4, Viena, 1924
  • Beiträge zur Volkskunde des Lammertales mit besonderer Berücksichtigung von Abtenau (Tännengau), em: Zeitschrift für österreichische Volkskunde, Viena, 1918
  • Bessans, Vie d'un village de haute Maurienne, tradução de Francis Tracq e Melle Schaeffer, Challes-les-Eaux 1987
  • Eine volkskundliche Erkundungsreise im Aostatale (Piemont). (Vorläufige Mitteilung), em: Wiener Zeitschrift für Volkskunde, 28. Jg., Heft 1, Viena, 1923
  • Hochgebirgsvolk in Savoyen und Graubünden. Ein Beitrag zur romanischen Volkskunde. I. Bessans, Volkskundliche monographische Studie über eine savoyische Hochgebirgsgemeinde (Frankreich). II. Beiträge zur Volkskunde des bündnerischen Münstertales (Schweiz), Viena, 1922

Referências

  1. Dow, James R. (2017). The Study of European Ethnology in Austria. [S.l.]: Taylor and Francis. ISBN 978-1351881456 
  2. a b Nöbauer, Herta; Hertzog, Esther (2008). «Racialised Gender, Gendered Race and Gendered-Racialised Academia: Female-Jewish Anthropologists in Vienna». Life, Death and Sacrifice. Women and Family in the Holocaust. [S.l.]: Gefen Publishing House. pp. 129–159 
  3. a b Albert Ottenbacher (ed.). «Biographien - Eugenie Goldstern (1884 - 1942)». Documentation Center of Austrian Resistance (DÖW). Consultado em 6 de novembro de 2021 
  4. Karen Engel (ed.). «Should a Jewish Girl Wear a Dirndl? (And Other Questions About Jews And Tracht)». Lilith Magazine. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  5. Le Bouar, Françoise (2015). «Collecter ou collectionner des jouets par de sombres temps: Eugénie Goldstern et Walter Benjamin». Strenæ. 8. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  6. Paver, Chloe (2018). Exhibiting the Nazi past: museum objects between the material and the immaterial. [S.l.]: Springer. ISBN 978-3319770840 
  7. Oliver Hochadel (ed.). «The Elementary in Culture». Jewish News From Austria. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  8. Luquet, Jean (2012). «L'action culturelle est-elle l'avenir des archives?». La Gazette des Archives. 226: 278. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  9. «UR-ETHNOGRAPHIE Auf der Suche nach dem Elementaren in der Kultur». Volkskundemuseum Wien. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  10. «Eugénie Goldstern». Musée dauphinois. Le Journal des Expositions. 12. 2007