Habub

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Um habub move-se através do Llano Estacado em direção a Yellow House Canyon, próximo à comunidade residencial de Ransom Canyon, Texas (18 de junho de 2009)

Um habub (em árabe: هَبوب, translit. habūb, lit. 'destruidor/"que vagueia"') é um tipo intenso de tempestade de areia levada por uma corrente atmosférica, também conhecida como frente de ar. Os habubs frequentemente ocorrem em regiões áridas em todo mundo.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Durante a formação de trovoadas, os ventos se movem em direção contrária à da tempestade e também se movem de todas as direções rumo à tempestade. Quando cai a tempestade e a precipitação começa a ocorre, as direções do vento invertem-se, para fora da tempestade e soprando mais forte na direção seguida pela tempestade.[1][2][3]

Quando desce o ar frio, fenômeno denominado em inglês como downburst, e este atinge o chão, ele vem seco, o sedimento solto do solo é levantado com força, criando uma muralha que precede a nuvem de tempestade. Essa muralha pode chegar a 100 quilômetros de largura e a vários quilômetros de altura. Em seu momento mais forte, os ventos do habub viajam a 35 a 100 quiômetros por hora, vindo com pouco ou nenhum aviso. Frequentemente parece não haver chuva no nível do solo, uma vez que nestas condições esta evapora no ar quente e seco, um fenômeno conhecido como virga.

Ocorrência[editar | editar código-fonte]

Oriente Médio e Nordeste da África[editar | editar código-fonte]

Habubs têm sido descritos no Saara, no Sahel (tipicamente no Sudão, onde foram descritos e receberam este nome), assim em como toda a Península Arábica e regiões adjacentes, tais como o Kuwait e o Iraque.[4]

Norte da África[editar | editar código-fonte]

Os habubs originados no Deserto do Saara resultam da mudança das frentes intertropicais durante o verão em direção ao Norte da África, trazendo umidade do Golfo da Guiné.

Austrália[editar | editar código-fonte]

Na Austrália, os habubs frequentemente estão associados às frentes frias. Os desertos da Austrália Central, especialmente na região de Alice Springs, são particularmente propensos à formação de habubs, com ventos e detritos atingindo vários quilômetros de altura.

América do Norte[editar | editar código-fonte]

Tal como ocorre no Oriente Médio, as ocorrências de habub na América do Norte se dão com o colapso de uma tempestade com trovoada. Este pode ser tanto um evento local quanto de mesoscala e às vezes, durante períodos de secas extremas podem ocorrer em regiões agrícolas. Algumas das mais famosas tempestades de poeira durante o período do Dust Bowl e em condições semelhantes foram na verdade eventos de escala sinóptica tipicamente gerados pela passagem de uma frente fria muito forte, tendo como exemplos as seguintes datas: 14 de abril de 1935, 9 a 11 de maio de 1934, 19 de fevereiro de 1954 e 11 de novembro de 1911.

As regiões áridas e semiáridas da América do Norte — e, de fato, qualquer região mais seca — pode ter habubs. Nos Estados Unidos, eles ocorrem com frequência nos desertos do Arizona,[5] inclusive nas cidade de Yuma e Phoenix;[6][7] no Novo México, incluindo Albuquerque; no leste da Califórnia, e no Texas.[8] Às vezes ocorrem na bacia de Colúmbia, no leste do estado de Washington, quase sempre impactando a cidade de Spokane. Quando a força da tempestade é maior que o normal, podem chegar às localidades de Post Falls e Moscow, no norte de Idaho.

Marte[editar | editar código-fonte]

Tempestades globais de poeira em Marte têm sido comparadas a habubs na Terra.

Titã[editar | editar código-fonte]

Tempestades de poeira em Titã, observadas em 2009 e 2010 têm sido comparadas a habubs.[9][10] No entanto, as nuvens de tempestades convectivas são compostas de metano líquido e a poeira, de tolina orgânica.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Haboobs and instability in the sudan». Quarterly Journal of the Royal Meteorological Society. 63: 393–414. 1937. Bibcode:1937QJRMS..63..393F. doi:10.1002/qj.49706327111 
  2. «Haboob Structure at Khartoum». Weather. 26: 105–112. 1971. Bibcode:1971Wthr...26..105L. doi:10.1002/j.1477-8696.1971.tb07402.x 
  3. «A Gravity-Wave Haboob?». Weather. 40: 214–221. 1985. Bibcode:1985Wthr...40..214M. doi:10.1002/j.1477-8696.1985.tb06877.x 
  4. «Haboobs». Quarterly Journal of the Royal Meteorological Society. 51: 25–30. 1925. Bibcode:1925QJRMS..51...25S. doi:10.1002/qj.49705121305 
  5. «EUA: tempestade de areia atinge o Arizona; veja fotos». Terra. Consultado em 19 de abril de 2020 
  6. «An American Haboob». Bulletin of the American Meteorological Society. 53: 930–935. 1972. Bibcode:1972BAMS...53..930I. doi:10.1175/1520-0477(1972)053<0930:AAH>2.0.CO;2 
  7. «Haboobs in Arizona». Weather. 28: 154–155. 1973. Bibcode:1973Wthr...28..154I. doi:10.1002/j.1477-8696.1973.tb02253.x 
  8. «Sedimentary characteristics of a haboob dust storm». Atmospheric Research. 61: 75–85. 2002. Bibcode:2002AtmRe..61...75C. doi:10.1016/S0169-8095(01)00092-8 
  9. Keane. «Haboobs on Titan». Nature Geoscience (em inglês). 11: 705–705. ISSN 1752-0908. doi:10.1038/s41561-018-0240-3 
  10. Rodriguez. «Observational evidence for active dust storms on Titan at equinox». Nature Geoscience (em inglês). 11: 727–732. ISSN 1752-0908. doi:10.1038/s41561-018-0233-2 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]