Ilwad Elman

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Ilwad Elman
Ilwad Elman
Nascimento 1990 (34 anos)
Mogadíscio
Cidadania Somália
Progenitores
Irmão(ã)(s) Almas Elman, Iman Elman
Ocupação ativista dos direitos humanos
Prêmios
  • OkayAfrica 100 Women (2018)
  • OkayAfrica 100 Women (2017)
  • 100 Mulheres (2020)
  • German Africa Prize (2020)
  • Prêmio Right Livelihood (Fartuun Adan, For promoting peace, demilitarisation and human rights in Somalia in the face of terrorism and gender-based violence., 2022)

Ilwad Elman (em somali: Ilwaad Elman, nascida em 1989, na Somália) é uma ativista social somali-canadense. Ela trabalha no Elman Peace and Human Rights Center, em Mogadíscio, na Somália, ao lado de sua mãe, Fartuun Adan, fundadora da ONG. Ela foi eleita a Jovem Personalidade Africana (Feminina) do Ano durante os Prêmios da Juventude Africana de 2016 e de 2019.[1]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Ilwad Elman nasceu entre 1989, em Mogadíscio, Somália.[2] Uma das quatro filhas do falecido empresário e ativista pela paz Elman Ali Ahmed e da ativista social Fartuun Adan.[3][4] Em 1990, seus pais fundaram a Organização Elman Peace. Sua iniciativa "Largue a arma, pegue a caneta" (Drop the Gun, Pick Up the Pen) contribuiu para o desarmamento e a reabilitação de milhares de jovens membros da milícia do Clã.[5]

Seu pai era um empresário local e ativista pela paz, que trabalhou em projetos de paz após a eclosão da guerra civil da Somália.[6][7] Em seu negócio de venda de geradores elétricos, ele empregou muitos jovens que salvou de servirem como soldados dos senhores da guerra locais.[8] Em 1996, durante o auge da guerra civil da Somália, ele foi morto perto da casa da família, no sul da cidade de Mogadíscio, capital da Somália.[9] Em 1999, para proteger a família da crescente violência na Somália, sua mãe emigrou para o Canadá com ela e suas irmãs.[10][11]

Sua mãe voltou para a Somália em 2007 para continuar o trabalho de Elman Peace e defender a paz e os direitos humanos.[12] Ela voltou em 2010, para ajudar sua mãe na Organização Elman Peace. Naquele momento, o conflito ainda era intenso e a maioria das regiões de Mogadíscio e do Centro-Sul da Somália haviam sido perdidas para o controle do grupo terrorista Al-Shabaab, ligado à Al-Qaeda. Gradualmente, a organização foi pioneira em toda a Somália nas prioridades temáticas sobrepostas de paz e justiça, clima e segurança, direitos humanos e proteção, questões de gênero e igualdade, educação, meios de subsistência e criação de empregos.[13]

Em 20 de novembro de 2019, as autoridades locais confirmaram que uma de suas irmãs, Almaas Elman, que também havia retornado à Somália como trabalhadora humanitária, foi morta a tiros em um carro, perto do Aeroporto Internacional Aden Adde, em Mogadíscio.[14][15]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Em homenagem a seu pai, Elman Ali Ahmed, a família estabeleceu o Elman Peace & Human Rights Center (EPHRC), em Mogadíscio. A mãe Fartuun Adan é a Diretora Executiva da ONG,[16] e ela é a Diretora de Programas e Desenvolvimento. Ela é responsável por projetar e supervisionar os programas do Centro, que tem um amplo portfólio focado em:[17]

  • Direitos humanos
  • justiça de gênero
  • Proteção de Civis
  • Paz e Segurança
  • Empreendedorismo Social

Ela e sua mãe também fundaram e administram a Sister Somalia, uma subsidiária do Elman Peace and Human Rights Center, que oferece assistência a sobreviventes de violência sexual e de gênero.[18][19][20] Primeiro programa de atendimento a vítimas de violência de gênero do país, oferece aconselhamento, apoio de saúde e moradia para mulheres carentes. O trabalho de Elman ajudou a aumentar a conscientização local sobre o assunto e encorajou mudanças na política governamental. Ela também realizou workshops educacionais para membros vulneráveis da sociedade e projetou e implementou projetos que promovem oportunidades alternativas de subsistência para jovens e idosos.[21] Em 2022, existem centros em oito regiões da Somália, que oferecem aconselhamento psicossocial e atendimento médico de emergência. Para o grande número de bebês abandonados nas ruas de Mogadíscio logo após o nascimento, as duas mulheres criaram um lar que oferece um ambiente acolhedor. Fartuun Adan e Ilwad Elman continuam comprometidas com a reintegração de ex-combatentes, incluindo crianças soldados. Um dos focos são as atividades destinadas a restaurar a saúde mental, usando novas formas de terapia.[13]

Em 2011, ao lado de outros 76 ativistas de 36 nações diferentes da África, Ilwad Elman representou a Somália durante a campanha "Climb Up, Speak OUT", no Monte Kilimanjaro, montanha mais alta da África. O evento foi organizado pela UNite Africa sob a UNwomen e terminou com os participantes se comprometendo a acabar com a violência contra mulheres e meninas.[21]

Em meados de 2012, Mogadíscio realizou sua primeira conferência de Tecnologia, Entretenimento e Design (TEDx). O evento foi organizado pelo First Somali Bank para mostrar melhorias nos negócios, desenvolvimento e segurança para potenciais investidores somalis e internacionais.[22] Ilwad Elman foi apresentada como palestrante convidada, onde explicou o papel da Sister Somália no processo de reconstrução do país pós-conflito.[21]

Em 2013, Ilwad Elman também foi destaque no documentário Through the Fire, junto com Hawa Abdi e Edna Adan Ismail.[23] Ela também apareceu no filme Live From Mogadishu, de 2014, que se concentra no Mogadishu Music / Peace Festival, de março de 2013.[24] Organizado pelo conjunto Waayaha Cusub e pelo filantropo Bill Brookman, foi o primeiro festival internacional de música a ser realizado na capital da Somália em anos.[24][25]

Além de suas funções na Elman Peace,[19] Ilwad Elman é uma defensora da mais recente iniciativa da fundação Kofi Annan chamada Extremely Together, onde ela e outros 9 líderes jovens sob a orientação do Sr. Kofi Annan estão prevenindo o extremismo violento inspirando, envolver e capacitar jovens globalmente.[26]

Ilwad Elman também atua como presidente do Grupo de Gerenciamento de Casos de Violência de Gênero para Proteção à Criança em Mogadíscio; é membro fundadora do Comitê Consultivo para Pesquisa de Normas Sociais de Violência Baseada em Gênero na Somália e no Sudão do Sul, é membro da rede internacional de profissionais para registro de vítimas civis, especialista na Women Waging Peace Network for Inclusive Security e consultora estratégica membro do grupo na área de responsabilidade global de proteção à criança.[2]

Ela serve como embaixadora do One Young World na Somália desde 2013; concluiu a principal bolsa de estudos do presidente Barack Obama na Casa Branca para jovens líderes africanos em 2014 e, no mesmo ano, foi nomeada embaixadora da juventude na Somália para acabar com a violência sexual em conflitos.[2]

Em um relatório exclusivo, em maio de 2016, o The Washington Post descreveu o papel de Elman e do Elman Center na reabilitação de meninos, que haviam sido libertados de servir como crianças-soldados, para senhores da guerra, apenas para serem recrutados secretamente para servir como espiões da nova agência de inteligência da Somália.[27]

Ilwad Elman informou o debate do Conselho de Segurança da ONU sobre a Proteção de Civis em 2015; foi a primeira vez que uma representante da sociedade civil foi convidada a falar sobre o assunto perante o Conselho de Segurança, bem como a primeira vez que o debate temático anual enfocou o empoderamento e a participação das mulheres. Mais tarde, ela co-escreveu a Agenda de Ação da Juventude no Combate ao Extremismo Violento, que foi citada na histórica Resolução 2.250 do Conselho de Segurança da ONU sobre juventude, paz e segurança (UNSCR 2250). Em agosto de 2016, Ilwad Elman foi nomeada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, consultora especialista em Juventude, Paz e Segurança e foi encarregada de aconselhar um estudo para desenvolver uma estratégia sobre a UNSCR 2250.[2]

Da linha de frente do conflito e muitas vezes diante de inseguranças extremas; Ilwad Elman continua a inovar os esforços de defesa do EPHRC. Através do efeito combinado das intervenções programáticas de base que ela projeta, bem como sua defesa global; ela desencadeou movimentos nacionais internamente e atraiu a atenção internacional externamente para produzir ações em direção a soluções duradouras para o sofrimento humano e a crise prolongada na Somália.[2]

Atuação[editar | editar código-fonte]

Atuação de Ilwad Elman:[2]

  • Membro do Conselho Global da UNICEF para “Generation Unlimited” sobre emprego, treinamento e educação;
  • Presidente do Grupo de Gestão de Casos de Proteção à Criança e Violência de Gênero, em Mogadíscio;
  • Membro fundador do Advisory Committee for Researching Gender-Based Violence Social Norms, na Somália e no Sudão do Sul;
  • Membro fundadora e membro do comitê gestor do Tratado de Toda Mulher – uma campanha global para acabar com a violência contra mulheres e meninas;
  • Um membro da rede internacional de profissionais para registro de vítimas civis;
  • Especialista na Women Waging Peace Network for Inclusive Security;
  • Consultora do Hedayah Center, com sede nos Emirados Árabes Unidos;
  • Jovem embaixadora mundial na Somália desde 2013;
  • Principal bolsista da Casa Branca do presidente Barack Obama para jovens líderes africanos;
  • Bolsista do Programa de Líderes Internacionais, do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, de 2018 a 2019.

Prêmios e reconhecimento[editar | editar código-fonte]

Veja também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Full List: 2016 Africa Youth Awards Winners - Ameyaw Debrah» 
  2. a b c d e f g h i j «Ilwad Elman». Kofi Annan Foundation (em inglês). Consultado em 17 de janeiro de 2023 
  3. «Documento - Somalia: Amnistia Internacional condena el asesinato de un pacifista». Amnesty International. Consultado em 9 de fevereiro de 2014 
  4. Shephard, Michelle (23 de maio de 2013). «Canadian sisters on front lines of rebuilding Somalia». Toronto Star. Consultado em 8 de abril de 2014 
  5. Fartuun Adan und Ilwad Elman, Right Livelihood (abgerufen am 30. September 2022).
  6. Nima Elbagir; Lillian Leposo. «Rape and injustice: The woman breaking Somalia's wall of silence». CNN. Consultado em 8 de fevereiro de 2014 
  7. «Documento - Somalia: Amnistia Internacional condena el asesinato de un pacifista». Amnesty International. Consultado em 9 de fevereiro de 2014 
  8. «My Husband Was Murdered -- But It Gave Me the Strength to Save My Country's Girls». HuffPost (em inglês). 29 de janeiro de 2015. Consultado em 17 de janeiro de 2023 
  9. «Documento - Somalia: Amnistia Internacional condena el asesinato de un pacifista». Amnesty International. Consultado em 9 de fevereiro de 2014 
  10. Nima Elbagir; Lillian Leposo. «Rape and injustice: The woman breaking Somalia's wall of silence». CNN. Consultado em 8 de fevereiro de 2014 
  11. «Fartuun Adan und Ilwad Elman». Right Livelihood (em alemão). Consultado em 17 de janeiro de 2023 
  12. Nima Elbagir; Lillian Leposo. «Rape and injustice: The woman breaking Somalia's wall of silence». CNN. Consultado em 8 de fevereiro de 2014 
  13. a b «Fartuun Adan und Ilwad Elman». Right Livelihood (em alemão). Consultado em 17 de janeiro de 2023 
  14. «'May God have mercy on her': Somali-Canadian aid worker shot dead in Mogadishu compound». nationalpost (em inglês). Consultado em 17 de janeiro de 2023 
  15. Somali-Canadian activist Almaas Elman killed in Mogadishu, CBC, 20-11-2019.
  16. «Canadian sisters on front lines of rebuilding Somalia». Hiiraan. 23 de maio de 2013. Consultado em 9 de fevereiro de 2014 
  17. a b «YALI Fellow - Ilwad Elman». U.S. Department of State. Consultado em 3 de fevereiro de 2015. Arquivado do original em 3 de fevereiro de 2015 
  18. Nima Elbagir; Lillian Leposo. «Rape and injustice: The woman breaking Somalia's wall of silence». CNN. Consultado em 8 de fevereiro de 2014 
  19. a b «Elman Peace». elmanpeace.org 
  20. Hamad, Ruby (2 de março de 2014). «Human rights a family tradition for Sister Somalia founder Ilwad Elman». Daily Life. Australia. Consultado em 8 de abril de 2014 
  21. a b c «Ilwad Elman: Architect of Her Own Legacy Through Sister Somalia». Keydmedia. Somalia. 15 de setembro de 2012. Consultado em 8 de abril de 2014. Arquivado do original em 30 de outubro de 2016 
  22. «War-torn Somalia stages TEDx conference». Phys.org. 17 de maio de 2012. Consultado em 24 de janeiro de 2014 
  23. «Through the Fire». 2013. Consultado em 8 de abril de 2014 
  24. a b Rush, Richard (6 de abril de 2014). «Bill Brookman film premiere». Loughborough Echo. Consultado em 8 de abril de 2014. Arquivado do original em 9 de abril de 2014 
  25. «Mogadishu music festival helps city move past sounds of war». Fédération internationale des coalitions pour la diversité culturelle. Consultado em 11 de setembro de 2013. Arquivado do original em 2 de fevereiro de 2014 
  26. «Extremely Together - Young people coming together...». www.kofiannanfoundation.org 
  27. «Exclusive: U.S.-funded Somali intelligence agency has been using kids as spies - The Washington Post». web.archive.org. 8 de maio de 2016. Consultado em 17 de janeiro de 2023 
  28. Mulholland, Quinn (2015). «Gleitsman Award Celebrates Somali Humanitarians Fartuun Adan and Ilwad Elman». Harvard Kennedy School for Public Leadership (em inglês). Consultado em 11 de fevereiro de 2020 
  29. «Ilwad Elman named 2016 African Female Youth of the Year». www.hiiraan.com (em inglês). Consultado em 17 de janeiro de 2023 
  30. «2017 Most Influential Young Africans List Announced». 1 de setembro de 2017. Cópia arquivada em 1 de setembro de 2017 
  31. «Celebrities, Music, News, Entertainment, TV Shows & Videos». BET 
  32. «Speech by UK ambassador during the Queen's Birthday Party in Mogadishu». GOV.UK (em inglês). 31 de julho de 2018. Consultado em 11 de fevereiro de 2020 
  33. «2017 Aurora Prize Finalists». auroraprize.com 
  34. «BBC 100 Women 2020: Who is on the list this year?». BBC News (em inglês). 23 de novembro de 2020. Consultado em 23 de novembro de 2020