Iroco

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Irocô
Iroco
símbolo gameleira (Ficus insipida) . Milicia excelsa
sincretismo Locô . Tempo

Iroco ou Irocô[1] (em iorubá: Iroko) é um orixá do candomblé Queto. No Brasil, é associado à árvore conhecida como gameleira (Ficus insipida),[2] enquanto que, na África, é associado à árvore Milicia excelsa.[3][4] Corresponde ao vodum Locô no candomblé jeje e ao inquice Tempo no candomblé banto.

História[editar | editar código-fonte]

No Brasil, Irocô é considerado um orixá e tratado como tal, principalmente nas casas tradicionais de nação Queto. É tido como orixá raro, ou seja, possui poucos filhos. Raramente se vê Irocô manifestado. Para alguns, possui fortes ligações com os orixás chamados Iji, de origem daomeana: Nanã, Obaluaiê e Oxumarê. Para outros, está estreitamente ligado a Xangô. Irocô também guarda estreita ligação com as ajés, as senhoras do pássaro. Seja num caso ou noutro, o culto a Irocô é cercado de cuidados, mistérios e muitas histórias.

No Brasil, Irocô habita principalmente a gameleira (|Ficus insipida). Na África, sua morada é a árvore irocô (Milicia excelsa), que não existia no Brasil. Atualmente, foi constatada a existência de nove exemplares dessa espécie no Brasil, primeira localizada na Serra da Barriga no antigo Quilombo dos Palmares em Alagoas, um no Terreiro de Pai Carlos de Irocô, em Da Palhada, Nova Iguaçu (Rio de Janeiro). Terreiro do Gantois, em Salvador; um no Ilê Obá Nila, no Rio de Janeiro; um no Terreiro Caxuté, em Valença (Bahia); um na Casa Branca do Engenho Velho, no Ilê Axé Maroialaji Alaqueto (Terreiro de Olga do Alaqueto), situado no bairro Luís Anselmo, onde existia a gameleira centenária, que caiu em 2 de dezembro de 2016. Salvador; três nas matas do Ilê da Oxum Apará, fundado e cuidado pelo Babalorixá Jair de Ogum, no município de Itaguaí, Estado do Rio de Janeiro - é o único Ilê, no Brasil, a ter três pés de Irocô plantados, existe um também bem antigo na área interna do Departamento de Polícia Técnica de Salvador, na frente do IML que apesar de não ser atualmente um cento espiritual essa árvore é tida como sagrada e cuidada rigorosamente pelos filhos de santos que constantemente visitam e dar todo o tratamento que a merece.

Gameleira branca

Para os iorubás, Irocô é uma de suas quatro árvores sagradas normalmente cultuadas em todas as regiões que ainda praticam a religião dos orixás. No entanto, originalmente, Irocô não é considerado um orixá que possa ser feito na cabeça de ninguém.

Para os iorubás, a árvore Irocô é a morada de espíritos infantis conhecidos ritualmente como abicu e tais espíritos são liderados por Oluerê. Quando as crianças se veem perseguidas por sonhos ou qualquer tipo de assombração, é normal que se façam oferendas a Oluerê aos pés de Irocô, para afastar o perigo de que os espíritos abicu levem embora as crianças da aldeia. Durante sete dias e sete noites, o ritual é repetido, até que o perigo de mortes infantis seja afastado.

O culto a Irocô é um dos mais populares na terra iorubá e as relações com esta divindade quase sempre se baseiam na troca: um pedido feito, quando atendido, sempre deve ser pago pois não se deve correr o risco de desagradar Irocô, pois ele costuma perseguir aqueles que lhe devem.

Irocô está ligado à longevidade, à durabilidade das coisas e ao passar do tempo pois é árvore que pode viver por mais de 200 anos.

Citações de pesquisadores[editar | editar código-fonte]

Le Hérissé, em 1910, deu indicações mais pertinentes sobre essa devoção. Uma das principais árvores cultuadas era Locô (Milicia excelsa), que, em si, não é uma árvore sagrada, apenas o sendo quando serve de assento a uma divindade. Seu nome no Daomé está sempre ligado ao do vodum que lhe deu este caráter.

Melville J. Herskovits, t.II:108 situa seu estudo particularmente em Abomé e encara Locô sob o estrito ponto de vista dos integrantes do "Panteão do céu", onde, diz ele:

Alexandre Adandê indica que, no bairro de Tenji, em Abomé, Alantã Locô seria o Ocô dos iorubás.

Referências

  1. Castro, Yeda Pessoa de (2001). Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras. p. 256 
  2. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 969.
  3. Pierre Verger, Iroko, Loko, Notas Sobre o Culto aos Orixas e Voduns na Bahia de Todos
  4. Nei Lopes, Diáspora africana, Irocô