João Davi Ferreira Lima

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João Davi Ferreira Lima
Conhecido(a) por Fundador e primeiro reitor da UFSC
Nascimento 1910
Tubarão
Morte 2001 (91 anos)
Florianópolis
Nacionalidade brasileiro
Progenitores Mãe: Carolina Collaço Cabral de Lima
Pai: Joaquim Davi Ferreira Lima
Cônjuge Carolina Collaço Cabral de Lima
Filho(a)(s) Davi Ferreira Lima Filho
Alma mater UFRJ
Ocupação professor
Profissão advogado
Empregador(a) UFSC
Filiação Partido Social Democrático (1945)
Cargo professor e reitor

João Davi Ferreira Lima (Tubarão, 1910Florianópolis, 2001) foi um advogado, professor universitário e reitor brasileiro.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho de Joaquim Davi Ferreira Lima e Carolina Collaço Cabral de Lima, a qual era filha de João Cabral de Melo e de Minervina Collaço (sendo esta, filha do Coronel João Luís Collaço).[1]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.[2]

Em 1941, foi designado para o cargo de Procurador Fiscal do Estado de Santa Catarina.[3] Durante os anos 1945-1947, foi membro do conselho e da comissão de disciplina da Ordem dos Advogados de Santa Catarina.[4]

Nas eleições de 1950, foi suplente para a candidatura de Nereu Ramos.[5]

Ainda na década de 50, participou da fundação da primeira empresa de aviação comercial de Santa Catarina (a TAC, Tansportes Aéreos Catarinense) junto de Luiz Fiuza Lima e Sidney Nocetti.[6]

Fundada em 1932, a Faculdade de Direito de Santa Catarina contou com grandes nomes da sociedade catarinense em seus quadros de docentes, entre os quais se encontraram José Artur Boiteux (fundador da referida faculdade), Henrique Fontes, João Bayer Filho e o próprio João Davi Ferreira Lima. Nos anos que antecederam a fundação da UFSC, a futura instituição era defendida por duas vertentes, uma idealizava a criação de uma instituição estadual, enquanto a segunda lutava para colocação em nível federal.[7] O Professor Ferreira Lima foi um dos representante da vertente que idealizava a criação de uma intituição federal. Ele foi, portanto, um dos fundadores da Universidade Federal de Santa Catarina, em 1960, tendo sido também o seu primeiro reitor (1961 - 1972).[1][8] Neste ofício, teve como vice-reitores os senhores Luiz Osvaldo D’Acâmpora (a partir de 1962) e Roberto Mündel de Lacerda (a partir de 1968).

Representação na cultura[editar | editar código-fonte]

  • O campus Florianópolis da UFSC é nomeado em sua homenagem;[9]
  • Medalha Professor João Davi Ferreira Lima (Resolução nº 750/2001) é concedida anualmente pela Câmara de Florianópolis;[10]
  • O nome oficial do Parque Ecológico do Córrego Grande é Parque Ecológico Municipal Prof. João Davi Ferreira Lima;

Relação com a ditadura militar[editar | editar código-fonte]

Durante o período da Ditadura Militar no Brasil, João Davi Ferreira Lima desempenhou um papel controverso como reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Em meio ao contexto de repressão e autoritarismo, sua gestão na universidade foi marcada por decisões que levantaram questionamentos sobre seu posicionamento em relação ao regime militar. Ferreira Lima adotou uma postura alinhada aos interesses do governo militar, respaldando ideologicamente a perseguição e a denúncia de estudantes, professores e servidores considerados subversivos. Sua gestão foi marcada por medidas autoritárias, como a cassação de mandatos estudantis e a instauração de uma Comissão de Inquérito para atender às demandas do Ato Institucional N.º 1 (AI-1), que suspendeu garantias constitucionais e legais.[11]

Além disso, a administração de Ferreira Lima na UFSC colaborou ativamente com os órgãos de repressão, como a Assessoria Especial de Segurança e Informações (AESI), responsável por colher informações e realizar vigilância sobre professores, estudantes e servidores considerados "perigosos" para o regime. Essa colaboração se estendeu mesmo após o fim oficial da ditadura, com relatórios sendo enviados às autoridades militares até 1992.[11]

A atuação de João Davi Ferreira Lima durante a Ditadura Militar na UFSC permanece como objeto de investigação e reflexão, destacando-se a importância de compreender o papel desempenhado por diferentes atores políticos em um período marcado por arbitrariedades e violações dos direitos humanos, e sendo objeto de investigação pela Comissão Memória e Verdade (CMV-UFSC), criada pelo Conselho Universitário, dando continuidade aos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (CNV), em dezembro de 2014, que utilizou-se de depoimentos e de fontes primárias para realizar a investigação.[12]

Referências

  1. a b «Joaquim Davi Ferreira Lima / Biografias / Memória Política de Santa Catarina». memoriapolitica.alesc.sc.gov.br. Consultado em 6 de setembro de 2020 
  2. Unisul, Portal (16 de março de 2016). «Professor recebe Medalha de Mérito Educacional na capital». Unisul Hoje. Consultado em 6 de setembro de 2020 
  3. «Notícias dos Estados - Santa Catarina» (PDF). Diário de Notícias. 17 de janeiro de 1941. Consultado em 5 de setembro de 2020 
  4. «Ordem dos Advogados do Brasil: Secção de Eslado de Santa Catarina» (PDF). Jornal Correio do Povo. 31 de março de 1945. Consultado em 5 de setembro de 2020 
  5. «Partido Trabalhista Brasileiro: Como devem votar nas eleições de 3 de outubro? - Explicação aos trabalhistas -» (PDF). O Estado. 30 de setembro de 1950. Consultado em 6 de setembro de 2020 
  6. «50 anos do golpe militar p 411 881 final». Issuu (em inglês). Consultado em 6 de setembro de 2020 
  7. Gerber, Luiza Maria Lorenzini (24 de outubro de 2012). «A formação dos assistentes sociais em Santa Catarina: um estudo sobre o primeiro curso de Serviço Social do estado (1958-1983)». Consultado em 6 de setembro de 2020 
  8. SeTIC-UFSC. «Estrutura UFSC». Consultado em 6 de setembro de 2020 
  9. SeTIC-UFSC. «Estrutura UFSC». Consultado em 6 de setembro de 2020 
  10. «MEDALHA PROFESSOR JOÃO DAVI FERREIRA LIMA - Câmara Municipal de Florianópolis». www.cmf.sc.gov.br. Consultado em 6 de setembro de 2020 
  11. a b Farines, Jean-Marie (6 de dezembro de 2018). «Descobrindo um passado que atravessa o presente». Le Monde diplomatique Brasil. Consultado em 16 de fevereiro de 2024. Cópia arquivada em 1 de fevereiro de 2023 
  12. Comissão da Memória e Verdade (fevereiro de 2018). «Relatório Final da Comissão Memória e Verdade» (PDF). UFSC. 1: 421. Consultado em 16 de fevereiro de 2024 

Precedido por
Reitor da UFSC
Fundador

1961 — 1972
Sucedido por
Roberto Mündel de Lacerda