Lucas 6

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Jesus convidando os doze apóstolos, um dos principais eventos deste capítulo.
1481. Por Domenico Ghirlandaio, na Capela Sistina, Vaticano.

Lucas 6 é o sexto capítulo do Evangelho de Lucas no Novo Testamento da Bíblia. Os ensinamentos de Jesus sobre o sabá (geralmente chamado de "sábado" nas Bíblias em português) enfurecem as autoridades religiosas e amplia o conflito. Jesus completa o completa o grupo dos doze e realiza um de seus mais famosos sermões.

Conflito do sabá[editar | editar código-fonte]

Lucas relata dois eventos que revelam as diferenças entre as doutrinas de Jesus sobre o sabá e a doutrina tradicional, o que leva a uma escalada no conflito entre Jesus e as autoridades religiosas.

Senhor do Sabá[editar | editar código-fonte]

Jesus curando o homem com a mão atrofiada, o único milagre de Jesus neste capítulo.
1000-1020. Iluminura no Codex Hitda, em Darmstadt, Alemanha.
Jesus e seus discípulos colhendo o trigo num sabá, um evento que provocou a fúria das autoridades religiosas.
1840. Por Ferdinand Olivier, em coleção particular.
"O cego levando o cego", uma parábola de Jesus para mostrar que o discípulo deve ouvir o mestre.
Entre 1886 e 1894. Por James Tissot, atualmente no Brooklyn Museum, em Nova Iorque.
Ver artigo principal: Senhor do Sabá

Esta história aparece em todos os evangelhos sinóticos (Marcos 2:23–28, Mateus 12:1–8 e Lucas 6:1–5). Os discípulos de Jesus são acusados de quebrarem a Lei Mosaica (neste caso, Êxodo 20:8–11) pelas autoridades judaicas quando são vistos colhendo trigo e moendo-o para comer durante o sabá. Jesus responde que seus atos são permitidos pois o sabá é feito para os homens e não o inverso. Ele lembra o ato de David e seus homens que, quando estavam famintos, receberam pão da proposição (uma referência a I Samuel 21:1–6). Jesus indica que ele — o Filho do Homem — é o «Senhor do Sábado» (Lucas 6:5).

Cura durante o sabá[editar | editar código-fonte]

Esta história também aparece nos três evangelhos sinóticos (Marcos 3:1–6, Mateus 12:9–13 e Lucas 6:6–11). Na sinagoga, Jesus chama um homem com a mão atrofiada num sabá e cura-o comandando que ele a esticasse, enfrentando novamente as autoridades religiosas. Eles não argumentam diretamente, mas ficaram furiosos e, segundo Lucas, «...falavam uns com os outros, para ver o que fariam a Jesus.» (Lucas 6:6)

Escolha dos doze apóstolos[editar | editar código-fonte]

Depois de se retirar para suas orações numa montanha, Jesus escolhe seus doze apóstolos que, segundo Lucas, são: «Simão, a quem deu ainda o nome de Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão chamado zelote; Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, que se tornou traidor.» (Lucas 6:14–16) Este mesmo evento aparece ainda em Mateus 10 (Mateus 10:1–4) e Marcos 3 (Marcos 3:13–19).

Sermão da Planície[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Sermão da Planície

Logo em seguida, Lucas passa a relatar um sermão de Jesus que revela todos os principais aspectos da doutrina de Jesus.

Ele começa com uma série de ensinamentos sobre quatro bem-aventuranças e quatro lamentações, um relato que pode ser comparado com o mais amplo Sermão da Montanha, relatado no Evangelho de Mateus. Ambos parecem ter ocorrido logo depois do convite aos doze apóstolos, quanto Jesus estava numa montanha. Em Lucas, ele realiza o sermão no caminho de volta, num lugar plano. Alguns estudiosos defendem que trata-se do mesmo sermão, enquanto outros afirmam que Jesus frequentemente pregava temas similares em lugares diferentes.[1] Mais tarde, Lucas irá relatar suas críticas aos fariseus.

Em seguida, Lucas relata um dos mais importantes ensinamentos de Jesus. Ele expande o tema das beatitudes indicando que amar pessoas que já te amam não é nada especial e desafia seus ouvintes a amarem os que os odeiam, oferecendo a outra face. Ele pede ainda que sejam misericordiosos como o Pai. Trata-se da versão cristã da chamada "Regra de Ouro".

Jesus continua afirmando que não se deve julgar os outros e fala sobre a necessidade de que os que se propõem a ensinar precisam ser adequadamente treinados, uma metáfora que ficou conhecida como "O cego liderando o cego", também em Mateus 15 (Mateus 15:13–14). Ele refuta os que vêem faltas nos outros e não vêem em si próprios e conta a parábola do "Cisco e a Trave", um trecho que aparece também em Mateus 7 (Mateus 7:1–5).

Em seguida, Jesus conta mais duas parábolas: "A Árvore e seus Frutos", sobre testar uma pessoa, e de teor similar a Mateus 7:15–20, e a "Casa Edificada na Rocha", um ensinamento sobre posicionar a vida de cada sobre a fundação sólida provida por Jesus (também em Mateus 7:24–27).

Ver também[editar | editar código-fonte]


Precedido por:
Lucas 5
Capítulos do Novo Testamento
Evangelho de Lucas
Sucedido por:
Lucas 7

Referências

  1. Ehrman 2004, p. 101 (em inglês)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]