Mitomania

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O mentir patológico costuma começar por volta dos 16 anos e em igual proporção entre homens e mulheres.[1]

Mitomania, compulsão em mentir, pseudologia fantástica ou mentir patológico é um transtorno psicológico caracterizado por contar mentiras compulsivamente, sem benefícios externos e geralmente restritos a assuntos específicos, apresentando-se de maneira bem vista socialmente. Em casos considerados mais graves, podem incluir uma enorme diversidade de assuntos e a própria pessoa ter dificuldade em lembrar-se do que é verdade e do que é invenção.

O mitomaníaco pode estar parcialmente ciente de estar contando mentiras, mas há compulsão. Uma menina cujo pai é violento, por exemplo, pode começar a inventar para as colegas como sua relação com o pai é boa e divertida, contando sobre passeios e conversas que nunca existiram, podendo assim a mitomania funcionar como um processo de alívio da dor psicológica e memorial. É importante também diferenciar a mitomania de falsas memórias, pois mesmo indivíduos saudáveis costumam distorcer suas memórias e ter lembranças muito diferentes de um mesmo evento.

Causas[editar | editar código-fonte]

São diversos os motivos pelos quais a mitomania se manifesta. Primeiro, por vários fatores sociopsicológicos do contexto da pessoa afetada e, segundo, porque enfatiza uma situação social, podendo mostrar-se eventual dependendo das circunstâncias presentes na época em que o indivíduo está vivendo. Na maioria das vezes um dos motivos é o desejo de aceitação daqueles que o rodeiam. Costuma ser difícil convencê-lo a aderir a um tratamento.

Esse distúrbio tem sua origem na supervalorização de suas crenças em função da angústia subjacente. Muitas vezes se apresentam unidas à angústia profunda, transtorno obsessivo-compulsivo, depressão, transtorno ansioso ou de humor.

Sintomas[editar | editar código-fonte]

Os principais sintomas são[2]:

  • As histórias contadas não são totalmente improváveis ​​e muitas vezes têm algum elemento de verdade. Elas não são uma manifestação de delírio ou de algum tipo de psicose mais amplo: quando confrontado, o contador pode admitir que elas são falsas, mesmo que a contragosto.
  • A tendência de contar mentiras é duradoura, não sendo provocada apenas por situação imediata ou pressão social, sendo uma característica natural da personalidade.
  • A motivação definitivamente emocional (medo, vergonha, desejo por aprovação), sem benefícios externos óbvios (como vender produtos, manter um relacionamento ou escapar impune de um crime).
  • As mentiras tendem a apresentar o mentiroso favoravelmente. Por exemplo, a pessoa pode ser apresentada como sendo fantasticamente corajosa, muito esperta, feliz, bem sucedida ou bem relacionada com pessoas famosas.

Diagnóstico diferencial[editar | editar código-fonte]

Não deve ser confundida com esquizofrenia, delírios ou outras psicoses no qual o indivíduo efetivamente tem uma visão distorcida da realidade, como no caso de paranoia ou megalomania.

Deve-se diferenciar de um transtorno de personalidade, como o transtorno de personalidade narcisista (caracterizado pelo extremo autocentramento), transtorno de personalidade antissocial (caracterizado pela falta de empatia, manipulação e desprezo aos sentimentos humanos), transtorno de personalidade limítrofe (caracterizado pela extrema dramaticidade e relações amor-ódio) em que a mentira é apenas um dos sintomas de uma série de comportamentos não-saudáveis que caracterizam um padrão de personalidade.

Tratamento[editar | editar código-fonte]

O tratamento mais eficiente é a associação do tratamento psiquiátrico para tratar sintomas depressivos e ansiosos com um acompanhamento psicoterapêutico que vise a reflexão sobre os próprios comportamentos, o desenvolvimento de mais autocontrole, o aumento da autoestima e permita um treinamento do comportamento de dizer a verdade. Sem confiança, geralmente os relacionamentos sociais são muito prejudicados e o maior desafio da terapia é formar uma relação de confiança, conforto e intimidade com o mitomaníaco.[3]

Dentre os diversos tipos de psicoterapia, a Psicoterapia Centrada na Pessoa, criada por Carl Rogers, costuma ter efeitos duradouros.[carece de fontes?]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. King BH, Ford CV (January 1988). "Pseudologia fantastica". Acta Psychiatrica Scandinavica 77 (1): 1–6. doi:10.1111/j.1600-0447.1988.tb05068.x. PMID 3279719.
  2. [1]
  3. Dike, C. (2008). Pathological lying: symptom or disease? Lying with no apparent motive or benefit. Psychiatric Times, 25(7), 67–73. Retrieved from EBSCOhost.