Nossa bandeira jamais será vermelha
Nossa bandeira jamais será vermelha é um bordão utilizado pelo político brasileiro Jair Bolsonaro, especialmente durante sua campanha nas eleições brasileiras de 2018 e em seu subsequente mandato nos quatro anos seguintes.[1] A repercussão do bordão implicou no lançamento de um documentário dirigido por Pablo López Guelli intitulado de forma homônima - A Nossa Bandeira Jamais será Vermelha[2][3] - bem como a viralização de um episódio no qual uma manifestante que ocupou o Congresso Nacional do Brasil confunde a bandeira do Japão como se fosse a bandeira do Brasil retratada como um símbolo comunista.[4] Em manifestações bolsonaristas, manifestantes gritam o bordão, em referência às bandeiras vermelhas do Partido dos Trabalhadores e dos símbolos do comunismo.[5][6] Em uma dessas manifestações, a então primeira-dama Michelle Bolsonaro se juntou a apoiadores do presidente que gritavam frases contra governos de esquerda, dizendo 'A nossa bandeira jamais será vermelha'.[6]
Intepretações[editar | editar código-fonte]
De acordo com especialistas ouvidos em reportagem publicada pela BBC Brasil, a retórica utilizada por Jair Bolsonaro e seus apoiadores de que quem não concorda com seus ideais não é "verdadeiramente brasileiro" fica evidente no referido bordão.[1] De acordo com Mateus Gamba Torres pontualmente, professor na Universidade de Brasília, o uso exacerbado do patriotismo e dos símbolos nacionais é algo típico de momentos autoritários no país.[1] Torres afirma que as cores da bandeira foram utilizadas e propagandeadas por governos e movimentos organizados em contraposição ao que classificam como "ameaça vermelha".[1]
“ | Essa ideia foi muito utilizada especialmente durante a ditadura militar e a Guerra Fria. Dizia-se que quem era comunista ou 'vermelho' não era brasileiro de verdade, pois estava a serviço do governo da União Soviética".[1] | ” |
— Mateus Gamba Torres, professor do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB) |
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Edilson Almeida da Silva, antropólogo e ex-coordenador de curso de pós-graduação na Universidade Federal Fluminense, afirma por sua vez que nos momentos em que haveria a necessidade de confrontar algo que ficou conhecido como "perigo vermelho", haveria também uma tendência de recuperar alguns símbolos também cromáticos que possam fazer frente ao "vermelho".[1] Nesse contexto, durante o período eleitoral do ano de 2022, Bolsonaro ordenou a instalação de versões gigantes da bandeira nacional no Palácio do Planalto e no Palácio da Alvorada, muito embora o pavilhão colocado no Planalto tenha chegado a rasgar por causa de fortes ventos.[7] A esquerda política no Brasil, por sua vez, chegou a organizar protestos a fim de "resgatar" a bandeira do Brasil, uma vez que esta estava sendo utilizada como um símbolo do bolsonarismo.[8]
Veja também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ a b c d e f «'Resgatar o orgulho de ser brasileiro': o movimento para ressignificar o verde e amarelo antes da eleição e da Copa». BBC News Brasil. Consultado em 5 de fevereiro de 2023
- ↑ «A nossa bandeira jamais será vermelha e A verdade da mentira». Observatório da Imprensa. 17 de novembro de 2020. Consultado em 5 de fevereiro de 2023
- ↑ Rio, Festival do. «A nossa bandeira jamais será vermelha». Festival do Rio. Consultado em 5 de fevereiro de 2023
- ↑ «Manifestante confunde bandeira do Japão com símbolo comunista; veja as melhores reações». Estadão. Consultado em 5 de fevereiro de 2023
- ↑ Poder360 (6 de janeiro de 2023). «Bolsonaristas fazem carreata no centro de São Paulo contra Lula». Poder360. Consultado em 5 de fevereiro de 2023
- ↑ a b Minas, Estado de (7 de setembro de 2022). «Michelle Bolsonaro em desfile: 'A nossa bandeira jamais será vermelha'». Estado de Minas. Consultado em 5 de fevereiro de 2023
- ↑ Minas, Estado de (19 de novembro de 2022). «'Jamais será vermelha' e 'não tem dono': políticos celebram Dia da Bandeira». Estado de Minas. Consultado em 5 de fevereiro de 2023
- ↑ «Esquerda usa protesto para 'resgatar' bandeira do Brasil do bolsonarismo | Maquiavel». VEJA. Consultado em 5 de fevereiro de 2023