Operação Traíra

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Operação Traíra

Área de atuação das FARC.
Data 26 de fevereiro de 1991
Local Rio Traíra, fronteira Brasil-Colômbia.
Desfecho Vitória brasileira
  • Recuperação do armamento roubado
  • Fim das operações das FARC em solo brasileiro
Beligerantes
Brasil Brasil


Colômbia Colômbia

FARC
  • Comando Simon Bolivar
Comandantes
Brasil Antenor de Santa Cruz Abreu Desconhecido
Forças
Governo Brasileiro: Efetivos da Brigada de Operações Especiais e também do 1.º Batalhão de Infantaria de Selva
16 helicópteros do Comando de Aviação do Exército
Governo Colombiano: 1 Batalhão de Infantaria.
~ 200 guerrilheiros
Baixas
~ Ocorridas antes da Operação

3 soldados brasileiros mortos
9 soldados brasileiros feridos
12 guerrilheiros mortos
150 feridos ou capturados
2 civis mortos

A Operação Traíra foi uma resposta do governo e forças armadas brasileiras, com apoio do exército colombiano, a um ataque, feito pelas FARC, contra um dos seus destacamentos no seu lado do rio Traíra, em fevereiro de 1991.[1]

Em 26 de fevereiro de 1991, um grupo de cerca de 40 guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que se autodenominava "Comando Simon Bolívar", invadiu o território brasileiro, próximo a fronteira entre Brasil e Colômbia, às margens do Rio Traíra no Estado do Amazonas, e atacou de surpresa o Destacamento Traíra do Exército Brasileiro, que estava em instalações semipermanentes e possuía apenas 17 militares, efetivo muito inferior a coluna guerrilheira que o atacara. Operações de inteligência afirmam que o ataque foi motivado pela repressão exercida pelo destacamento de fronteira ao garimpo ilegal na região, uma das fontes de financiamento das FARC. Nesse ataque morreram três militares brasileiros e nove ficaram feridos. Várias armas, munições e equipamentos foram roubados.[2]

Resposta militar[editar | editar código-fonte]

Imediatamente as Forças Armadas do Brasil, autorizadas pelo presidente Fernando Collor de Mello e com o conhecimento e apoio do Presidente colombiano César Gaviria Trujillo, deflagraram secretamente a Operação Traíra, com o objetivo de recuperar o armamento roubado e desencorajar novos ataques. Uma reunião bilateral entre representantes do Brasil e da Colômbia em caráter urgente foi realizada em Leticia, na Colômbia, no dia 9 de março, em que planos de ação foram discutidos e traçados.[2] Ambas as delegações concordaram sobre compartilhar, de imediato e também ao longo das semanas seguintes, informações sobre atividades subversivas, terroristas ou ligadas ao narcotráfico.[2]

Força Aérea Brasileira[editar | editar código-fonte]

A Força Aérea Brasileira apoiou a Operação Traíra, com seis helicópteros de transporte de tropas H-1H, seis aeronaves de ataque ao solo AT-27 Tucano e aviões de apoio logístico C-130 Hércules e C-115 Búfalo.[3]

Marinha do Brasil[editar | editar código-fonte]

A Marinha do Brasil apoiou a Operação Traíra com um Navio Patrulha Fluvial, que ficou baseado em Vila Bittencourt, cooperando com o apoio logístico e garantindo a segurança daquela região.

Exército Brasileiro[editar | editar código-fonte]

O Exército Brasileiro enviou suas principais tropas de elite, elementos de forças especiais e de comandos e do Batalhão de Forças Especiais (atuais 1.º Batalhão de Forças Especiais e 1.º Batalhão de Ações de Comandos), e também guerreiros de selva do até então 1º Batalhão Especial de Fronteira, para atacar a base guerrilheira que se encontrava em território colombiano, próxima a fronteira. Também apoiaram, militares do 1.º Batalhão de Infantaria de Selva, principal unidade do Comando Militar da Amazônia. O Comando de Aviação do Exército se fez presente fornecendo o meio de transporte utilizado pelos combatentes empregados na missão, 4 helicópteros de manobra HM-1 Pantera, 2 helicópteros de reconhecimento e ataque HA-1 Esquilo.

Atuaram como voluntários no reconhecimento o primeiro tenente Castelhano, primeiro tenente Bardaro e terceiro sargento Campos.

Exército Colombiano[editar | editar código-fonte]

O Exército Colombiano apoiou a Operação Traíra com o Batalhão Bejarano Muñoz, acredita-se que tenha bloqueado a rota de fuga dos guerrilheiros, caso tentassem fugir do ataque do Exército Brasileiro.

Consequências[editar | editar código-fonte]

O saldo da Operação Traíra foi o de 12 guerrilheiros mortos, "inúmeras" prisões entre as redes de apoio das FARC, e a recuperação da maior parte do armamento e equipamento roubados.[3]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Brooke, James (7 de março de 1991). «Brazilian Troops Kill 3 Colombian Guerrillas». The New York Times. Consultado em 19 de março de 2021 
  2. a b c de Souza Pinheiro, Álvaro; Mendel, William W. (julho de 1995). «Guerrilla in the Brazilian Amazon» (em inglês). Foreign Military Studies Office. Consultado em 16 de dezembro de 2018. Cópia arquivada em 28 de junho de 2017 
  3. a b Pinheiro, Álvaro de Souza (Novembro de 2005). «Guerrilha na Amazônia: uma experiência no passado, o presente e o futuro». DefesaNet. Parte 3 - A Experiência do rio Traíra. Consultado em 1 de dezembro de 2020. Cópia arquivada em 2 de dezembro de 2020 
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