Poço de Petróleo de Candeias (C-1)

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Poço de Petróleo de Candeias (C-1)
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bem tombado pelo IPAC (d) ()Visualizar e editar dados no Wikidata
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Poço de Petróleo de Candeias (C-1) é um poço petrolífero descoberto em 13 de dezembro de 1941, no município de Candeias, no interior do estado da Bahia.[1][2]

Contexto e descoberta[editar | editar código-fonte]

Em 13 de dezembro de 1941 com a perfuração do Poço Candeias 1 (C-1) jorrou o 'Ouro Negro'.[3] Segundo SANTOS (2008), foi a descoberta do primeiro poço comercial em terras brasileiras e do primeiro campo de petróleo do Brasil.[4] O poço que foi descoberto em Lobato, bairro de Salvador, em 21 de Janeiro de 1939, não foi aproveitado comercialmente.[5][6][7][8]

Ainda de acordo com o historiador, o sonho da descoberta do petróleo no Brasil vem sendo idealizado desde o governo de D. Pedro II, quando o imperador decretou ao inglês Thomas Denny Sargent concedendo a permissão para extração de petróleo e demais minerais, no sul da Bahia.[9][10] Posteriormente, no período republicano em 1892, foi feita uma perfuração realizada por Eugênio Camargo, que apenas conseguiu extrair areia argilosa.[11] Ainda nesse processo, em 1907, o Serviço Mineralógico do Brasil entrou nas pesquisas aumentando as áreas de investigação.[12]

A mesma sonda utilizada na perfuração em Lobato foi utilizada para a perfuração em Candeias.[4] O trabalho foi iniciado em 2 de abril de 1941, porém a perfuração ocorreu somente em 30 de junho e teve sua complementação em 31 de dezembro de 1941.[7][13]

Bem tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - Poço de Petróleo C1 em Candeias/BA.

Refinaria Landulpho Alves[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Refinaria Landulpho Alves

O Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro) registrou que "a partir da descoberta e do desenvolvimento do Campo de Candeias, surgiu a necessidade de construção de uma refinaria.[14] Foi assim que em 1950 surgiu a primeira refinaria de petróleo da Petrobrás, a Refinaria Landulpho Alves, localizada no município de São Francisco do Conde, cidade vizinha de Candeias.[7][14][15][16][17]

Com a descoberta do petróleo houve o crescimento da atividade petrolífera e a criação da empresa estatal Petrobras.[7][16][18] Até o ano de 1965, a Bahia foi o único estado nacional a produzir petróleo.[19][20]

Posteriormente a descoberta do primeiro poço, outros foram encontrados em Candeias e nas proximidades.[15][7] Como exemplo o C-2 (achado dois meses após a entrega do C-1), sua produção chegava há 80 barris por dia. Em 1951, já havia produzido 22.768,03 barris de óleo e 75,515 de gás.[21]

É importante ressaltar que o estabelecimento do monopólio e a própria criação da estatal vieram juntos com uma forte campanha popular denominada o “Petróleo é Nosso”, que teve muita força em todo o Brasil, e principalmente na Bahia.[16][22] No dia 23 de Junho de 1952, o presidente Getúlio Vargas visitou Candeias onde foi homenageado com um almoço, aproveitando a ocasião, bem na zona petrolífera fez seu discurso oficial em defesa do monopólio estatal do petróleo e da criação da Petrobras, que repercutiu em todo o Brasil, e retornou novamente a Candeias em 3 de Outubro de 1953 para tratar de assuntos sobre a decisão da criação da Petrobras, que hoje está espalhada por todo o Brasil como Empresa de Alto Nível.[4][23][24]

Monumento[editar | editar código-fonte]

O C-1 produziu óleo e gás até março de 1966, quando ocorreu seu fechamento.[21] A Petrobrás construiu um monumento para a comemoração no jubileu de prata e também como forma de homenagem aos primeiros petroleiros.[21] Nele observa-se as seguintes frases:

Este marco foi erigido em comemoração ao Jubileu de Prata do poço C-1 Ba., primeiro produtor comercial de petróleo em território brasileiro. Candeias, 10-12-65. Cadeias 1. Onde o sonho começou a se transformar em realidade. Homenagem aos pioneiros da Petrobras e aos 62 anos de Produção Comercial no Brasil. Candeias, 14-12-2003

Dada a sua importância histórica para construção da Petrobras e a difusão do petróleo no país, o poço passou pelo processo de tombamento histórico junto ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), órgão baiano responsável pela preservação da memória e da cultura baiana.[25][26]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Petrobras comemora 70 anos do poço Candeias-1 em Salvador». TN Petróleo. 19 de dezembro de 2011. Consultado em 27 de julho de 2021 
  2. «Candeias (BA) | Cidades e Estados | IBGE». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 27 de julho de 2021 
  3. Ruy, Carolina (10 de novembro de 2010). «Petrobras 55 anos. O ouro negro do Brasil». Força Sindical. Consultado em 27 de julho de 2021 
  4. a b c SANTOS, Jair Cardoso dos (2008). Candeias: História de Terra do Petróleo. Salvador: Gráfica Salesiano. p. 120 
  5. Cruz, Leonardo (4 de Outubro de 2019). «O óleo de Lobato: a primeira jazida de petróleo brasileira». Brasil de Fato. Consultado em 27 de julho de 2021 
  6. «Há 75 anos era descoberto petróleo em Lobato, bairro de Salvador (BA)». Rede Globo. 21 de janeiro de 2014. Consultado em 27 de julho de 2021 
  7. a b c d e Oliveira, Alessandra (21 de outubro de 2019). «Poço de incertezas: da origem do petróleo à insegurança sobre a atuação da Petrobras na Bahia». A Tarde. Consultado em 17 de agosto de 2023 
  8. «Briga de vizinhos no Lobato deu início à saga do petróleo no Brasil». Correio 24 horas. 7 de abril de 2019. Consultado em 17 de agosto de 2023 
  9. «Bandeirantes do petróleo | Agência Petrobras». Agência Petrobras. 20 de abril de 2006. Consultado em 27 de julho de 2021 
  10. Lucchesi, Celso Fernando (agosto de 1998). «Petróleo». Estudos Avançados: 17–40. ISSN 0103-4014. doi:10.1590/S0103-40141998000200003. Consultado em 27 de julho de 2021 
  11. «Fazendeiro paulista fez primeira tentativa de achar petróleo no Brasil». Empresa Brasil de Comunicação. 21 de abril de 2006. Consultado em 27 de julho de 2021 
  12. «Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil». Memória da Administração Pública Brasileira. 5 de Dezembro de 2019. Consultado em 27 de julho de 2021 
  13. SANTOS, Jair Cardoso dos (2008). Candeias: História da Terra do Petróleo. Salvador: Gráfica Salesiano. p. 125 
  14. a b «Vendida por US$ 1,65 bilhão, Landulpho Alves é a 1ª refinaria nacional». G1. 8 de fevereiro de 2021. Consultado em 27 de julho de 2021 
  15. a b «O primeiro Campo comercial de petróleo do Brasil e o sonho da independência econômica e da soberania nacional». Sindipetro - Sindicato dos petroleiros da Bahia. 2019. Consultado em 25 de julho de 2021 
  16. a b c Vasconcelos, Levi (6 de novembro de 2020). «E a Petrobras começa dar adeus à Bahia, onde o petróleo era nosso». A Tarde. Consultado em 17 de agosto de 2023 
  17. «Rlam: 50 anos cada vez mais refinados». Revista Petro & Química. 2000. Consultado em 17 de agosto de 2023. Cópia arquivada em 12 de julho de 2023 
  18. «Trajetória | Petrobras». Petrobras. Consultado em 27 de julho de 2021 
  19. «Com fechamento de campos terrestres, Castello Branco acelera efeito dominó para destruição da Petrobrás». Frente Única dos Petroleiros. 12 de maio de 2020. Consultado em 27 de julho de 2021 
  20. MORAIS, José Mauro (2013). Petróleo em águas profundas : uma história tecnológica da Petrobras na exploração e produção offshore. Brasília: [s.n.] OCLC 958370644 
  21. a b c SANTOS, Jair Cardoso dos (2008). Candeias: História da Terra do Petróleo. Salvador: Gráfica Salesiano. p. 123 
  22. «O primeiro Campo comercial de petróleo do Brasil e o sonho da independência econômica e da soberania nacional». Sindicato dos Petroleiros da Bahia. 31 de julho de 2019. Consultado em 27 de julho de 2021 
  23. «História». Prefeitura Municipal de Candeias. Consultado em 27 de julho de 2021 
  24. Amado, Aécio (21 de abril de 2016). «Foto de Vargas com mão suja de óleo foi símbolo da campanha O Petróleo é Nosso». Empresa Brasil de Comunicação. Consultado em 27 de julho de 2021 
  25. «Poço de Petróleo de Candeias (C-1)». Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia. Consultado em 27 de julho de 2021 
  26. «Institucional». Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. Consultado em 27 de julho de 2021