Reserva Ecológica do IBGE
Reserva Ecológica do IBGE | |
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Localização | |
País | Brasil |
Unidade federativa | Distrito Federal |
Região administrativa | Jardim Botânico |
Dados | |
Área | 1 391 hectares (13,9 km2) |
Criação | 22 de dezembro de 1975 (48 anos) |
Gestão | IBGE |
Sítio oficial | https://recor.ibge.gov.br/ |
Coordenadas | |
A Reserva Ecológica do IBGE[1] é uma área protegida (Unidade de Conservação) no Distrito Federal. É um importante sítio de pesquisas em ecologia do bioma cerrado com inúmeros artigos científicos produzidos em função de pesquisas na área. A Reserva é uma das áreas de preservação permanente do Distrito Federal, juntamente com o Parque Nacional de Brasília, a Estação Ecológica de Águas Emendadas e a Estação Ecológica do Jardim Botânico de Brasília. É uma das áreas nucleares da Reserva da Biosfera do Cerrado, criada pela UNESCO no Distrito Federal, em 1993. É também parte da Área de Proteção Ambiental do Planalto Central.[3] O acesso é restrito a pesquisadores.
A Reserva Ecológica do IBGE cobre uma área de 1.391 hectares sendo localizada a 25 km ao sul do centro de Brasília, fazendo limites a oeste com a Fazenda Água Limpa (FAL), fazenda experimental de 4.500 hectares da Universidade de Brasília, e com a Estação Ecológica do Jardim Botânico de Brasília (EEJBB) de 5.000 hectares ao norte e leste.[2] Estas formam a Área de Proteção Ambiental Gama-Cabeça de Veado (unidade de conservação distrital), com 10.000 hectares de área protegida contígua.[3]A reserva é uma área com características representativas do Brasil central, apresentando a maioria das formações vegetais típicas do cerrado.
História[editar | editar código-fonte]
Até 1956, a área ocupada pela reserva tinha sido ocupada por criadores de gado e agricultores de subsistência.[1]O Distrito Federal requisitou a terra naquele ano, doando-a para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1961. O IBGE criou a Reserva Ecológica do Roncador (RECOR) em 22 de dezembro de 1975, como uma reserva ecológica para a pesquisa científica no cerrado brasileiro, sendo rebatizada Reserva Ecológica do IBGE em 1978. O Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) reconheceu em 1978 a Reserva como uma área de preservação permanente de interesse científico.Em todo este tempo, vários trabalhos científicos foram publicados sobre temas como ecologia de insetos, crescimento das árvores e poluição por metais pesados na reserva. O IBGE criou uma brigada de incêndio, uma biblioteca especializada e edifícios administrativos.Uma estação meteorológica foi criada em 1979-80, e um viveiro foi iniciado para estudos sobre a propagação das plantas.[2]A reserva tem laboratórios para a ecologia animal e vegetal.[3] Em meados da década de 1980, a reserva era uma das principais áreas de pesquisas sobre o cerrado no Distrito Federal. A Reserva Ecológica do IBGE continua a ser um centro de pesquisas extremamente ativo .[2]
O Cerrado é o mais rico ecossistema de savana no mundo.[4]Apenas 2,2% é totalmente protegido no Brasil. A partir de 2009, o bioma foi sendo destruído em cerca de 14,200 de quilômetros quadrados (de 5.500 sq mi) anualmente, por isso a necessidade de documentar a ecologia é urgente.[5]Os pesquisadores estudaram plantas, peixes, pássaros, mamíferos e insetos de cerrado, e o impacto do fogo.[3]A partir de 2011, mais de 1.000 trabalhos científicos usaram dados da reserva, incluindo 177 dissertações e teses de doutorado.[6]
Características naturais[editar | editar código-fonte]
Geografia[editar | editar código-fonte]
[4]O terreno é constituído de um planalto levemente inclinado dividido por vales, situado em altitudes que variam de 1.048 a 1.160 metros.[5]Ele é drenado em direção ao noroeste pelo rio Taquara, pelo afluente do Taquara, Roncador, e pelos afluentes do Roncador , Escondido, Monjolo e Pitoco.[6] A área inclui rochas Precâmbricas metassedimentares do Grupo Paranoá da orogenia Brasiliana (550 a 900 milhões de anos atrás), mas a maior parte da terra é coberta por material detrítico de laterita do Terciário .[7]
Clima[editar | editar código-fonte]
Existe uma estação chuvosa, a partir de outubro até abril, e uma estação seca de maio a setembro. O índice pluviométrico anual é de 1 417 milímetros (mm). A temperatura média compensada anual é de 21 °C, variando desde 11 °C de mínima em junho e julho, os dois meses mais secos, a 30 °C em setembro e outubro. O tempo médio de insolação é de aproximadamente 2 500 horas/ano.[7]
Segundo dados da estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) na reserva, referentes ao período de 1994 a 2017, a menor temperatura registrada no local foi de 3 °C em 18 de julho de 2000, e a maior atingiu 35,7 °C em 2015,[8] em três ocasiões, a primeira em 25 de setembro e as outras duas em outubro, nos dias 17 e 18.[9] O maior acumulado de precipitação em 24 horas atingiu 163,3 milímetros (mm) em 31 de dezembro de 2000. Outros acumulados iguais ou superiores a 100 mm foram 107,8 mm em 14 de dezembro de 2007 e 100,4 mm em 2 de fevereiro de 2005.[10] Março de 2014, com 441,1 mm, foi o mês de maior precipitação.[11]
Dados climatológicos para Roncador | |||||||||||||
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Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez | Ano |
Temperatura máxima recorde (°C) | 32,8 | 32,5 | 31,5 | 31,4 | 30,7 | 29,6 | 30,5 | 33,8 | 35,7 | 35,7 | 34,2 | 33,7 | 35,7 |
Temperatura máxima média (°C) | 27,6 | 28 | 27,6 | 27,4 | 26,6 | 25,9 | 26,3 | 28,2 | 29,9 | 29,8 | 27,7 | 27,4 | 27,7 |
Temperatura média compensada (°C) | 21,5 | 21,6 | 21,3 | 20,8 | 19,3 | 18 | 18,1 | 19,8 | 21,8 | 22,4 | 21,4 | 21,4 | 20,6 |
Temperatura mínima média (°C) | 16,8 | 16,7 | 16,5 | 15,5 | 13,2 | 11,2 | 11,1 | 12,3 | 14,9 | 16,3 | 16,7 | 16,9 | 14,8 |
Temperatura mínima recorde (°C) | 11,2 | 9,8 | 11,3 | 9,6 | 6,1 | 4,5 | 3 | 6,1 | 8,1 | 11,2 | 11,2 | 10,6 | 3 |
Precipitação (mm) | 210,4 | 190,2 | 228,5 | 116 | 28,3 | 4,8 | 0,5 | 13,1 | 41,3 | 122,8 | 217,5 | 243,6 | 1 417 |
Dias com precipitação (≥ 1 mm) | 17 | 14 | 15 | 8 | 3 | 1 | 0 | 1 | 4 | 10 | 15 | 18 | 106 |
Umidade relativa compensada (%) | 79,4 | 78,3 | 80,1 | 76,5 | 71,8 | 65,5 | 59,4 | 50 | 51,8 | 63,3 | 77,9 | 80,2 | 69,5 |
Horas de sol | 161,2 | 169,6 | 178,1 | 213,4 | 240,5 | 262,1 | 276 | 288,8 | 228,6 | 197 | 137,1 | 141,8 | 2 494,2 |
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) (normal climatológica de 1981-2010;[7] recordes de temperatura: 01/04/1994 a 31/07/2017)[8][9] |
Ecologia[editar | editar código-fonte]
Existem dois tipos distintos de zonas de vegetação, uma cobrindo as bem drenadas áreas de interflúvio e o outra nas áreas mais úmidas e férteis ao longo dos cursos de água.[12] As florestas de galeria cobrem cerca de 104 hectares, são ricas em espécies e desempenham um importante papel na proteção da água e da biodiversidade.[13] A partir de 2004, 1,829 espécies de plantas vasculares foram coletadas na Reserva Ecológica do IBGE, incluindo 1,503 espécies nativas e 326 espécies exóticas.[14] A vegetação fanerogâmica tem sido chamada de "a mais diversificada flora arbórea do Brasil Central."[13] 18 espécies de hepáticas foram coletadas, de oito famílias.[15]A reserva tem gramíneas nativas, tais como Tristachya leiostachya, Olyra ciliatifolia e Olyra taquara e várias espécies de micro orquídeas.[16]
Um número de novas espécies de anfíbios e répteis foram identificadas na reserva.[17] No total, 101 espécies de herpetofauna foram encontradas, incluindo 37 sapos, 20 lagartos e 37 cobras. Isso bem pode subestimar a diversidade, especialmente de cobras.[5] Existem mais de 250 espécies de aves.[16] Dois grupos de aves migratórias frequentes a reserva "espécies de inverno" e " espécies de primavera", ambas as quais chegam durante os períodos em que os insetos são abundantes, assim, o alimento é farto.[18] A reserva tem diversos animais selvagens,[19] alguns ameaçados de extinção, como o tamanduá-bandeira, o lobo-guará e o veado-campeiro.[20]
Outras espécies raras ou ameaçadas incluem o pássaro tapaculo-de-brasília (Scytalopus novacapitalis), o peixe Cynolebias boitonei, e o cachorro-vinagre.[16]
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Voyria aphylla na Reserva Ecológica do IBGE
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Geonoma brevispatha na Reserva Ecológica do IBGE
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Estrada cruzando Cerrado sensu stricto na Reserva Ecológica do IBGE
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Vereda na Reserva Ecológica do IBGE
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Brigada de incêndio da Reserva realizando trabalho preventivo no início da estação seca
Notas[editar | editar código-fonte]
- ↑ Gelli 2004, p. 10.
- ↑ a b Nossa história – RECOR.
- ↑ a b Reserva Ecológica do IBGE – Ecoturismo no Brasil.
- ↑ Marquete 2001, p. 6.
- ↑ a b Lambert Ribeiro 2011, p. 13.
- ↑ Lambert Ribeiro 2011, p. 8.
- ↑ a b «NORMAIS CLIMATOLÓGICAS DO BRASIL». Instituto Nacional de Meteorologia. Consultado em 11 de junho de 2018
- ↑ a b «BDMEP - série histórica - dados diários - temperatura mínima (°C) - Roncador». Instituto Nacional de Meteorologia. Consultado em 11 de junho de 2018
- ↑ a b «BDMEP - série histórica - dados diários - temperatura máxima (°C) - Roncador». Instituto Nacional de Meteorologia. Consultado em 11 de junho de 2018
- ↑ «BDMEP - série histórica - dados diários - precipitação (mm) - Roncador». Instituto Nacional de Meteorologia. Consultado em 11 de junho de 2018
- ↑ «BDMEP - série histórica - dados mensais - precipitação total (mm) - Roncador». Instituto Nacional de Meteorologia. Consultado em 11 de junho de 2018
- ↑ Gelli 2004, p. 14.
- ↑ a b Aguiar Saraiva Câmara & Pinheiro da Costa 2006, p. 80.
- ↑ Gelli 2004, p. 7.
- ↑ Aguiar Saraiva Câmara & Pinheiro da Costa 2006, p. 79.
- ↑ a b c Lineu Schwartz 1986.
- ↑ Lambert Ribeiro 2011, p. 12.
- ↑ Negret 1988.
- ↑ Áreas de Estudo – PELD.
- ↑ Reserva Ecológica do Roncador – Brasil Escola.
Fontes[editar | editar código-fonte]
- Aguiar Saraiva Câmara, Paulo Eduardo; Pinheiro da Costa, Denise (2006), «Hepáticas e antóceros das matas de galeria da Reserva Ecológica do IBGE, RECOR, Distrito Federal, Brasil» (PDF), Hoehnea (em Portuguese), 33 (1), consultado em 6 de março de 2016
- «Áreas de Estudo», Programa Ecológico de Longa Duração (CNPq) - sítio Brasília (em Portuguese), consultado em 6 de março de 2016
- Conheça a RECOR (em Portuguese), RECOR, consultado em 6 de março de 2016, cópia arquivada em
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(ajuda) 🔗 - Gelli, Guido (2004), Reserva Ecológica do IBGE Ambiente e plantas vasculares (PDF) (em Portuguese), Rio de Janeiro: IBGE, consultado em 6 de março de 2016[ligação inativa]
- Lambert Ribeiro, Mauro (2011), Reserva Ecológica do IBGE: Biodiversidade Terrestre, ISBN 978-85-240-4186-0 (em Portuguese), Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, consultado em 6 de março de 2016
- Library of Congress (2002), Library of Congress Subject Headings, Library of Congress, Cataloging Distribution Service, consultado em 6 de março de 2016
- Lineu Schwartz, Deni (3 de dezembro de 1986), RESOLUÇÃO/CONAMA N.º 27 (em Portuguese), consultado em 6 de março de 2016
- Marquete, Ronaldo (2001), «Reserva Ecológica do IBGE, Brasília, DF): Flacourtiaceae» (PDF), Rodriguésia (em Portuguese), 52 (80), consultado em 6 de março de 2016
- Negret, Álvaro (1988), «Fluxos migratórios na avifauna da reserva ecológica do IBGE, Brasília, DF, Brasil», Curitiba, Revista Brasileira de Zoologia, ISSN 0101-8175 (em Portuguese), 5 (2), consultado em 6 de março de 2016
- Nossa história (em Portuguese), RECOR, consultado em 6 de março de 2016, cópia arquivada em
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(ajuda) 🔗 - «Reserva Ecológica do Roncador», Rede Omnia, Brasil Escola (em Portuguese), consultado em 6 de março de 2016
- «Reserva Ecológica do IBGE», Ecoturismo no Brasil (em Portuguese), consultado em 6 de março de 2016, cópia arquivada em
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(ajuda) 🔗