SMS S36

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SMS S36
 Alemanha
Operador Marinha Imperial Alemã
Fabricante Schichau-Werke, Elbing
Lançamento 17 de outubro de 1914
Comissionamento 4 de janeiro de 1915
Estado Desmontado
Destino Deliberadamente afundado no
dia 21 de junho de 1919
Características gerais
Tipo de navio Barco torpedeiro
Classe Tipo 1913
Deslocamento 971 t
Maquinário 2 turbinas a vapor
3 caldeiras
Comprimento 79,6 m
Boca 8,3 m
Calado 2,8
Propulsão 2 hélices
- 23 500 cv (17 300 kW)
Velocidade 33,5 nós (62 km/h)
Autonomia 1 100 milhas náuticas a 20 nós
(2 000 km a 37 km/h)
Armamento 3 canhões SK L/4 de 88 mm
6 tubos de torpedo de 500 mm
24 minas
Tripulação 83

O SMS S36 foi um barco torpedeiro operado pela Marinha Imperial Alemã durante a Primeira Guerra Mundial, a décima segunda embarcação da classe Tipo 1913. Foi construído pela Schichau-Werke em Elbing, lançado em outubro de 1914 e comissionado na frota em janeiro seguinte. O navio participou da Batalha do Golfo de Riga em 1915 e da Batalha da Jutlândia em 1916, depois disso servindo no Canal da Mancha e participando de diversas operações. O S36 esteve presente na Batalha do Estreito de Dover em 1916, em que um contratorpedeiro e um navio mercante britânicos foram afundados. O torpedeiro foi internado em Scapa Flow na Escócia ao final da guerra e deliberadamente afundado em junho de 1919. Era armado com três canhões de 88 milímetros e seis tubos de torpedo de quinhentos milímetros, podendo ainda carregar até 24 minas.

Características[editar | editar código-fonte]

O S36 tinha 79,2 metros de comprimento de fora a fora e 79 metros de comprimento da linha de flutuação, possuindo uma boca de 8,3 metros e um calado de 2,8 metros.[1] Seu deslocamento padrão era de 802 toneladas, enquanto seu deslocamento carregado com suprimentos ficava em 971 toneladas.[2] Seu sistema de propulsão era formado por duas turbinas a vapor Schichau alimentadas por três caldeiras a óleo, que giravam duas hélices e impulsionavam a embarcação até uma velocidade máxima de 33,5 nós (62 quilômetros por hora). Ele podia carregar 220 toneladas de óleo combustível, o que lhe dava um alcance de 1,1 mil milhas náuticas (dois mil quilômetros) a vinte nós (37 quilômetros por hora) e potência de 23,5 mil cavalos-vapor (17,5 mil quilowatts).[1] O armamento consistia de três canhões SK L/45 de 88 milímetros, complementados por seis tubos de torpedo de quinhentos milímetros, com dois localizados na proa e os restantes na popa. Podia carregar até 24 minas.[1][2] Sua tripulação era de 83 oficiais e marinheiros.[1]

História[editar | editar código-fonte]

O SMS S36 foi o último de uma meia-flotilha de seis barcos torpedeiros encomendados pela Marinha Imperial Alemã sob seu programa de construção naval de 1913 para a Schichau-Werke.[1] Ele, junto com seu irmão SMS S35, foram vendidos para a Grécia em junho de 1914 enquanto ainda estavam em construção, porém foi tomados de volta em 10 de agosto pela Alemanha após o início da Primeira Guerra Mundial. O navio foi lançando ao mar em Elbing em 17 de outubro de 1914 e foi comissionado em 4 de janeiro de 1915.[3] O "S" em S36 se refere ao estaleiro em que foi construído, no caso a Schichau-Werke.[4]

Riga e Jutlândia[editar | editar código-fonte]

O S36, como parte da 17ª Meia-Flotilha, participou em agosto de 1915 da Batalha do Golfo de Riga.[5] Esta era uma tentativa alemã, com o apoio da Frota de Alto-Mar, para entrar no Golfo de Riga, destruir as forças russas e minar as entradas do norte do golfo para impedir a chegada de reforços inimigos. A operação terminou em fracasso com a Alemanha perdendo os torpedeiros SMS S31 e SMS V99, o caça-minas SMS S46 e também falhando em destruir os navios de guerra russos ou estabelecer o campo minado planejado.[6]

O torpedeiro participou da Batalha da Jutlândia em 31 de maio, ainda como parte da 17ª Meia-Flotilha da 9º Flotilha.[7] Ele operou em suporte ao I Grupo de Reconhecimento, que era formado por cruzadores de batalha. Estes, junto com o II Grupo de Reconhecimento e a 2ª e 7ª Flotilhas de Contratorpedeiros, estavam todo sob o comando do vice-almirante Franz Hipper.[8][9] A 9ª Flotilha participou de um ataque de torpedos às 17h26min contra cruzadores de batalha do Reino Unido. O ataque foi atrapalhado pelos contratorpedeiros britânicos, com o SMS V29 sendo afundado por um torpedo do HMS Petard, enquanto o SMS V27 foi inutilizado e depois deliberadamente afundado pelo SMS V26. O S36 foi danificado por estilhaços, que temporariamente reduziu sua velocidade e feriu quatro tripulantes. Pelo outro lado, o o contratorpedeiro britânico HMS Nomad foi inutilizado e depois afundado.[10] A 9ª Flotilha, mais tarde no mesmo dia, por volta das 19h, tentou outro ataque de torpedo contra os cruzadores de batalha, que foi encurtado por pouca visibilidade e por um ataque de contratorpedeiros britânicos, com o S36 lançando um torpedo contra o inimigo, mas errando o alvo.[11] O torpedeiro participou às 20h15min de um ataque em grande escala contra a frota do Reino Unido com o objetivo de cobrir os couraçados alemães no oeste. Ele novamente disparou um torpedo que errou o alvo.[12]

Barragem de Dover[editar | editar código-fonte]

A 3ª e 9ª Flotilha receberam ordens em outubro de 1916 para que reforçassem as frotas alemãs em Flandres. O objetivo era desfazer a Barragem de Dover, uma série de campos minados submarinos e redes que tentavam impedir a atividade de u-boots no Canal da Mancha, e também atacar navios mercantes na área. 22 barcos torpedeiros das duas flotilhas, incluindo o S36, partiram de Wilhelmshaven em 23 de outubro, chegando na Bélgica no dia seguinte.[13][14] A 9ª Flotilha participou da Batalha do Estreito de Dover no Canal da Mancha na noite do dia 26 para o 27 de outubro, sendo depois disso designada para atacar navios mercantes britânicos enquanto outros torpedeiros cuidavam da Barragem de Dover, com a 17ª Meia-Flotilha operando no Banco de Varne. As embarcações afundaram o cargueiro TSS The Queen e, na jornada de volta, encontraram o contratorpedeiro britânico HMS Nubian, que foi um de seis navios enviados de Dover em resposta aos ataques contra a barragem. O comandante do Nubian desafiou a 17ª Meia-Flotilha, sem saber a identidade deles. O contratorpedeiro foi alvejado por canhões e foi atingido por um torpedo, que o deixou inoperante. A 17ª Meia-Flotilha algum tempo depois encontrou o contratorpedeiro HMS Amazon, que novamente não tinha certeza sobre a identidade dos torpedeiros alemães, sendo igualmente muito danificado pelo fogo inimigo. Outras unidades da alemãs afundaram várias traineiras que eram parte da barragem, incluindo o contratorpedeiro HMS Flirt.[15][16]

Outras ações[editar | editar código-fonte]

A 9ª Flotilha participou nos dias 1 e 2 de novembro de uma incursão contra navios mercantes entre o Reino Unido e os Países Baixos,[17] com outro ataque do mesmo tipo ocorrendo na noite de 23 e 24 de novembro, que neste último caso resultou em uma troca de fogo breve e inconclusiva contra traineiras armadas britânicas perto da entrada do Canal da Mancha antes dos alemães recuarem.[18][19] O S36 junto com o resto da 9ª Flotilha retornaram para a Alemanha em 30 de novembro depois de mais uma incursão mau sucedida no canal quatro dias antes.[20] No período final da guerra, a 17ª Meia-Flotilha era composta pelo S36, SMS S51, SMS S52, SMS S60 e SMS V80.[21]

Scapa Flow[editar | editar código-fonte]

Após a rendição da Alemanha em novembro de 1918 com o Armistício de Compiègne, o S36 foi internado na base britânica de Scapa Flow nas Ilhas Órcades, Escócia, junto com a maior parte da Frota de Alto-Mar. Os barcos torpedeiros rendidos foram deixados no Estreito de Gutter.[3][21] As embarcações permaneceram em cativeiro durante as negociações que resultaram no Tratado de Versalhes. O contra-almirante Ludwig von Reuter, comandante da frota internada, acreditava que os britânicos tentariam tomar seus navios após a assinatura dos termos de paz, assim ordenou às 11h20min de 21 de junho de 1919 que todas as embarcações fossem deliberadamente afundadas.[22] O S36 afundou, porém foi levantado do fundo de Scapa Flow em 18 de abril de 1925 pela empresa Cox & Danks e desmontado.[3][21]

Referências

  1. a b c d e Gardiner & Gray 1985, p. 168
  2. a b Gröner 1983, p. 53
  3. a b c Gröner 1983, p. 54
  4. Gardiner & Gray 1985, p. 164
  5. Rollmann 1929, p. 270
  6. Halpern 1994, pp. 196–198
  7. Campbell 1998, p. 25
  8. Barnett 1963, p. 129
  9. Campbell 1998, p. 13
  10. Campbell 1998, pp. 50, 56, 341
  11. Campbell 1998, p. 113
  12. Campbell 1998, pp. 210–211
  13. Newbolt 1928, p. 52
  14. Karau 2014, p. 75
  15. Newbolt 1928, pp. 55–64
  16. Karau 2014, pp. 75–79
  17. Karau 2014, p. 80
  18. Newbolt 1928, pp. 69–70
  19. Bacon 1919, pp. 344–345
  20. Karau 2014, p. 81
  21. a b c «Sms S36: Gutter Sound, Scapa Flow, Orkney». Historic Environment Scotland. Consultado em 25 de janeiro de 2019 
  22. Herwig 1998, p. 256

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bacon, Reginald (1919). The Dover Patrol 1915–1917. II. Londres: Hutchinson & Co. OCLC 609286588 
  • Barnett, Correlli (1963). The Sword Bearers. Londres: Eyre and Spottiswoode. OCLC 750443358 
  • Campbell, John (1998). Jutland: An Analysis of the Fighting. Londres: Conway Maritime Press. ISBN 0-85177-750-3 
  • Gardiner, Robert; Gray, Randal, eds. (1985). Conway's All the World's Fighting Ships: 1906–1921. Londres: Conway Maritime Press. ISBN 0-85177-750-3 
  • Gröner, Erich (1983). Die Deutschen Kriegsschiffe 1815–1945: Torpedoboote, Zerstörer, Schnelleboote, Minensuchboote, Minenräumboote. 2. Coblença: Bernard & Graefe Verlag. ISBN 3-7637-4801-6 
  • Halpern, Paul G. (1994). A Naval History of World War I. Londres: UCL Press. ISBN 1-85728-498-4 
  • Herwig, Holger (1998) [1980]. "Luxury" Fleet: The Imperial German Navy 1888–1918. Amherst: Humanity Books. ISBN 978-1-57392-286-9 
  • Karau, Mark K. (2014). The Naval Flank of the Western Front: The German MarineKorps Flandern 1914–1918. Barnsley: Seaforth Publishing. ISBN 978-1-84832-231-8 
  • Newbolt, Henry (1928). History of the Great War: Naval Operations. IV. Londres: Longmans, Green & Co. OCLC 669033099 
  • Rollmann, Heinrich (1929). Der Krieg in der Ostsee: Zweiter Band: Das Kreigjahr 1915. Col: Der Krieg zur See: 1914–1918. Berlim: Verlag von E. S. Mittler und Sohn. OCLC 752288088