TUE Série 400 (EFCB)

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TUE Série 400 (EFCB)
Wanderley Cardoso[1]

Trem Série 400 operando na EFCB (1965).
Arquivo da Rede Ferroviária Federal
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Fabricante Cobrasma, Fábrica Nacional de Vagões, Santa Matilde e GE Transportation
Fábrica Osasco, Cruzeiro e Conselheiro Lafaiete
Período de construção 1964–1967
Entrada em serviço 1965-2017 (RJ)-2018 (SP)
Período de renovação 1981 e 2004
Total construídos 100
Total em serviço 0
Total desmanchados 72
Formação 3 carros (RC-M-RC1)/ 6 carros - 1965
Operador Estrada de Ferro Central do Brasil (1965-1975)

RFFSA (1975-1984)

CBTU (1984-1994)

Flumitrens (1994-1998)

SuperVia (1998-2017)

CPTM (1994-2018)

Especificações
Corpo aço carbono
Comprimento do veículo com cabine: 22,00 m
intermediário: m
Largura 2,97 m
Altura m
Altura do Piso m
Altura da plataforma mm
Portas 8 por carro (4 de cada lado)
Velocidade máxima 90 km/h
Peso 151,3 toneladas
Aceleração 0,55 m/s2
Desaceleração 0,70 m/s2
Tipo de tração elétrica
Motor motores DC
Potência 1.004 kW
Tipo de transmissão elétrica
Tipo de climatização ventiladores e exaustores
Alimentação 3000 Vcc
Captação de energia Catenária
Classificação UIC Bo'Bo' + 2'2' + 2'2' + Bo'Bo'
Truque ferroviário Commonwealth
Freios Sapatas fenólicas
Acoplamento Alliance
Bitola 1.600 mm

O TUE Série 400 (EFCB) foi um trem unidade elétrico fabricado para a Estrada de Ferro Central do Brasil entre 1964-67, tendo circulado até 2017 no Rio de Janeiro e em 2018 em São Paulo, quando o último trem unidade foi aposentado.

História[editar | editar código-fonte]

Projeto e fabricação[editar | editar código-fonte]

Truque ferroviário do tipo Commonwealth, empregados no trem Série 400.

O crescimento da demanda nos subúrbios da Estrada de Ferro Central do Brasil obrigou a RFFSA a investir em um programa emergencial de remodelação dos subúrbios do Rio e de São Paulo. Dessa forma, foi projetada a aquisição de 100 trens unidade de 3 carros (300 carros). Após empresas da Grã Bretanha, Polônia, Japão e do Brasil apresentarem propostas, a vitória foi concedida a um consórcio formado pelas empresas brasileiras Cobrasma, Fábrica Nacional de Vagões e Santa Matilde e pela americana General Electric,em uma encomenda com o valor total de 12 bilhões de cruzeiros.[2] A Mafersa acabou excluída da concorrência por estar em concordata nessa época (fruto dos desdobramentos Caso Mafersa), embora tenha protestado contra essa decisão da estatal e acusado as empresas rivais de conluio contra ela, formação de cartel e subornos.[3][4]

Enquanto os projetos mecânicos foram entregues para a Cobrasma (33 trens), Fábrica Nacional de Vagões (34 trens ) e Santa Matilde (33 trens), os equipamentos elétricos foram encomendados junto a General Electric. Os trens unidades foram projetos para circular em formação M-R-M, isto é Carro Motor-Reboque-Carro Motor, com um índice de motorização de 33%.[5] Os trens unidade receberam os primeiros truques Commonwealth fabricados pela Cobrasma. O uso desses truques, aliado ao projeto da suspensão tornou esse trem com um movimento transversal (sacolejo) incômodo aos passageiros. Apesar de duas modernizações, o defeito jamais fora sanado.[6] [7]

A previsão de entrega dos primeiros trens era junho de 1965.[8] Por conta de atrasos, as primeiras entregas foram feitas em:

  • FNV – 6 de novembro de 1965, em cerimônia presidida pelo ministro dos transportes Juarez Távora ; [9]
  • Cobrasma – 13 de novembro de 1965; [10]
  • Santa Matilde - 15 de dezembro de 1965; [11]

Após a entrega dos 8 primeiros trens unidade em 1965, a RFFSA previa a entrega de outros 60 trens unidade em 1966 e os demais 32 em 1967. No entanto, novos atrasos nas encomendas fizeram com que apenas 45 trens unidades fossem entregues em 1966 e os restantes 47 em 1967.[8][12]

Operação[editar | editar código-fonte]

EFCB/RFFSA[editar | editar código-fonte]

Os 100 trens unidade (300 carros) receberam a denominação Série 400, sendo distribuídos entre os subúrbios do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em 1983, haviam 86 trens unidades em circulação, dos quais apenas 22 circulando em São Paulo (que optou por empregar trens de aço inox das séries 401-431 fabricados pela Mafersa em aço inox entre 1976 e 1978). [13]

Nós anos 1970, alguns trens foram pintados de laranja com uma faixa azul e receberam os logos da RFFSA e da EBTU (Empresa Brasileira de Transportes Urbanos) em suas máscaras, o que fez com que eles fossem chamados de Sukita em referência ao refrigerante por causa da cor.

CBTU[editar | editar código-fonte]

Após serem integrados a CBTU em 1984, a frota de trens foi divida durante a estadualização dos subúrbios do Rio e de São Paulo. A frota paulista, de 32 trens, foi entregue para a CPTM em 1992 e a frota do Rio foi entregue para a Flumitrens e posteriormente concedida para a SuperVia.

Frota Série 400
Fontes: RFFSA, CBTU e Revista Ferroviária

TUE Série 400 M (RFFSA)[editar | editar código-fonte]

TUE Série 400 M (RFFSA)/

Série 4400 (CPTM)


série 4400 no padrão vermelho da CPTM
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Fabricante
Fábrica Osasco, São Paulo, Rio de Janeiro, Cruzeiro e Conselheiro Lafaiete
Família Série 400
Período de construção
  • 1981–1984 (RFFSA)
  • 1991 (CBTU)
  • 1999-2007 (CPTM)
Entrada em serviço 1982-2017 (RJ) 1984-2018 (SP)
Período de desmanche 2018-2022 (SP)
Total construídos 100
Total em serviço 0
Total desmanchados 72
Formação 3 carros (RC-M-RC1)/ 6 carros - 1965
Operador RFFSA (1965-1983)

CBTU (1984-1994) (SP)/(1984-1998) (RJ)

Flumitrens (1994-1998)

SuperVia (1998-2017)

CPTM (1994-2018)

Linhas Coral

Safira

Especificações
Corpo aço carbono
Comprimento do veículo com cabine: 22,00 m
intermediário: m
Largura 2,97 m
Altura m
Altura do Piso m
Altura da plataforma mm
Portas 8 por carro (4 de cada lado)
Velocidade máxima 90 km/h
Peso 151,3 toneladas
Aceleração 0,55 m/s2
Desaceleração 0,70 m/s2
Tipo de tração elétrica
Motor motores DC
Potência 1.004 kW
Tipo de transmissão elétrica
Tipo de climatização ventiladores e exaustores
Alimentação 3000 Vcc
Captação de energia Catenária
Classificação UIC Bo'Bo' + 2'2' + 2'2' + Bo'Bo'
Truque ferroviário Commonwealth
Freios Sapatas fenólicas
Acoplamento Alliance
Bitola 1.600 mm


A Série 400 recebeu duas extensas modernizações em seu tempo de operação. Uma ocorrida em 1981 e outra na década de 2000.

Em 1981 foram selecionados 58 trens unidade para modernização com equipamentos eletroeletrônicos fornecidos pela Hitachi.[14] As 10 primeiras foram entregues naquele ano. [15]

Unidades modernizadas (1981)[editar | editar código-fonte]

Ano Quantidade
1981 10
1982 18 [16]
1983 16 [17]
1984 14 [13]
Total 58

Em 1985, já repassada para a CBTU, ocorreram estudos para a modernização de mais trens da Série 400. Apesar da modernização,a falta de recursos imobilizou parte da frota além de derrubar os índices de disponibilidade da mesma, de 94% em 1984 para 63% em 1989. Entre 1988 e 1989, 13 trens unidades modernizados foram canibalizados e tiveram de ser recuperados pela CBTU.

Em 1991 a CBTU-SP moderniza mais 6 trens;

Disponibilidade da frota[editar | editar código-fonte]
Ano Disponibilidade - Rio(%) Disponibilidade - S.Paulo(%)
1983 94,1 56 (400)/
1984 [18] 93,5 93 (400M)/78 (400)[19]
1985 [20] 90,1 81 (400M)/ 61 (400)
1986 [21] 86,1 79 (400M)/ 72 (400)
1987 [22] 89 61 (400M)/ 68 (400)
1988 [23] 75 63 (400M)/ 39 (400)
1989 [24] 63 74 (400M)/ 35 (400)

Unidades Modernizadas em São Paulo - Série 4400 (2004)[editar | editar código-fonte]

Em meados de 1998, a CPTM (sucessora da CBTU-SP) realizou a última grande reforma da Série 400 em São Paulo. Naquela época, haviam 32 trens unidade Série 400 em São Paulo. Dentro do Plano Qüinqüenal de Material Rodante (PQMR I), 3 unidades foram as primeiras reformadas, pela empresa Companhia Comercio e Construções-CCC (sucessora da FNV) em Cruzeiro, São Paulo, ao valor de R$ 6.754.535,33. Após a conclusão desses trabalhos, a CPTM rebatiza a série de 4400.[25]

Após o término do programa, a CPTM lança o PQMR II (também chamado com a marca fantasia de Projeto Boa Viagem) em 2004. Até aquele momento, toda a frota de 32 trens da Série 4400 estava com suas revisões de equipamentos vencidas e 29 trens em mau estado, principalmente em suas caixas (carrocerias) de aço carbono (muitas com avançado estado de corrosão).

Assim foram assinados 2 contratos. O primeiro versava sobre a revisão geral e reforma de 22 trens unidade e o segundo se concentrava em uma remobilização de 10 trens unidade (dentro do lote de 22 trens unidade) que estavam em piores condições [26]:

  • 1º Contrato – 22 trens unidade- Vencido pelas empresas MPE e T’Trans, no valor de R$ 84.618.515,71;
  • 2º Contrato – 10 trens unidade – Vencido pelas empresas Siemens e MGE, no valor de R$ 54.926.364,08;

Em 2009, todos os trens haviam sido entregues. Com a aquisição de novos trens, a Série 4400 foi sendo lentamente baixada até a sua completa desativação em 31 de dezembro de 2018.[27]

Na cultura popular[editar | editar código-fonte]

Por um problema de projeto da Cobrasma, fabricante dos truques do tipo Commonwealth, os trens da Série 400 balançavam muito. Apesar de não causar grandes transtornos, esse defeito fez os passageiros apelidaram os trens Série 400 de Wanderley Cardoso, popular cantor da Jovem Guarda conhecido por dançar muito durante seus shows.[1]

Referências

  1. a b Maria Helena Malta (11 de dezembro de 1979). «Destruído mais um trem no Rio». Jornal da República, ano I, edição 91, página 10/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 17 de julho de 2020 
  2. «300 novos carros para a Central». Jornal do Brasil, ano LXXIII, edição 154, página 11. 4 de julho de 1963. Consultado em 29 de abril de 2019 
  3. «Concordata da Mafersa impediu-lhe o fornecimento à Central e à RFFSA». Jornal do Brasil, ano LXXIII, edição 44, página 5. 21 de fevereiro de 1963. Consultado em 29 de abril de 2019 
  4. «Mafersa acusa cartel de explorar a RFF e a Cia, Vale do Rio Doce». Jornal do Brasil, ano LXXIII, edição 42, página 11. 19 de fevereiro de 1963. Consultado em 29 de abril de 2019 
  5. Informe publicitário FNV (14 de setembro de 1965). «Dirigentes e técnicos ferroviários - RFFSA, CTFS, , EFCB,EFL,CVRD e CPEF- visitam a "FNV" em Cruzeiro». Jornal do Brasil, ano LXXV, edição 215, página 3. Consultado em 29 de abril de 2019 
  6. «Máquinas Motores e equipamentos-Várias». Jornal do Brasil, ano LXXIV, edição 282, 5º Caderno, página 12. 29 de novembro de 1964. Consultado em 29 de abril de 2019 
  7. Antonio Augusto Gorni (11 de março de 2003). «1933:Os Subúrbios do Rio de Janeiro». A Eletrificação nas Ferrovias Brasileiras-Estrada de Ferro Central do Brasil. Consultado em 29 de abril de 2019 
  8. a b Rede Ferroviária Federal S. A. (1965). «Relatório Anual». Memória Estatística do Brasil/disponível no Internet Archive. Consultado em 29 de abril de 2019 
  9. «Juarez recebe o primeiro dos carros adquiridos pela Rede Ferroviária Federal». Jornal do Brasil, Ano LXXV, edição 261, página 36. 7 de novembro de 1965. Consultado em 29 de abril de 2019 
  10. Cobrasma (13 de novembro de 1965). «Anúncio publicitário». Jornal do Brasil, Ano LXXV, edição 266, página 3. Consultado em 29 de abril de 2019 
  11. «Panorama Econômico-Trem Unidade». Diário Carioca, Ano XXXVII, edição 11673, página 6. 14 de dezembro de 1965. Consultado em 29 de abril de 2019 
  12. Rede Ferroviária Federal S. A. (1967). «Relatório Anual». Memória Estatística do Brasil/disponível no Internet Archive. Consultado em 29 de abril de 2019 
  13. a b CBTU (1984). «Relatório Anual» (PDF). Companhia Brasileira de Trens Urbanos. Consultado em 29 de abril de 2019 
  14. Benício Guimarães (1987). «Trem-unidade série 400». Centro Oeste. Consultado em 30 de abril de 2019 
  15. Rede Ferroviária Federal S. A. (1981). «Relatório Anual». Memória Estatística do Brasil/disponível no Internet Archive. Consultado em 29 de abril de 2019 
  16. Rede Ferroviária Federal S. A. (1982). «Relatório Anual». Memória Estatística do Brasil/disponível no Internet Archive. Consultado em 30 de abril de 2019 
  17. Rede Ferroviária Federal S. A. (1983). «Relatório Anual». Memória Estatística do Brasil/disponível no Internet Archive. Consultado em 30 de abril de 2019 
  18. CBTU (1984). «Relatório Anual» (PDF). Companhia Brasileira de Trens Urbanos. Consultado em 1 de maio de 2019 
  19. 400 refere-se aos trens não modernizados; 400M refere aos trens modernizados
  20. CBTU (1985). «Relatório Anual» (PDF). Companhia Brasileira de Trens Urbanos. Consultado em 1 de maio de 2019 
  21. CBTU (1986). «Relatório Anual» (PDF). Companhia Brasileira de Trens Urbanos. Consultado em 1 de maio de 2019 
  22. CBTU (1987). «Relatório Anual» (PDF). Companhia Brasileira de Trens Urbanos. Consultado em 1 de maio de 2019 
  23. CBTU (1988). «Relatório Anual» (PDF). Companhia Brasileira de Trens Urbanos. Consultado em 1 de maio de 2019 
  24. CBTU (1989). «Relatório Anual» (PDF). Companhia Brasileira de Trens Urbanos. Consultado em 1 de maio de 2019 
  25. Secretaria de Transportes Metropolitanos (15 de junho de 2004). «2.2. CPTM - Cia Paulista de Trens Metropolitanos» (PDF). Diário Oficial do estado de São Paulo, Caderno Suplemento, página 85. Consultado em 30 de abril de 2019 
  26. Corregedoria Geral da Administração do estado de São Paulo (2013). «Procedimento CGA-191» (PDF). Assembléia Legislativa de São Paulo. Consultado em 30 de abril de 2019 
  27. «CPTM retira trens da série 4400 de operação». Portal Metrô-CPTM. 4 de janeiro de 2019. Consultado em 30 de abril de 2019 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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