Tao-Clarjétia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



ტაო–კლარჯეთი
Tao-Clarjétia

Principado / Reino
(Império Bizantino)


888 – 1008
Localização de Tao-Clarjétia
Localização de Tao-Clarjétia
Tao-Clarjétia em meados do século X (em laranja)
Continente Eurásia
Região Cáucaso
Capital Artanuji
Língua oficial Georgiano
Religião Cristianismo
Governo Monarquia
Príncipe presidente / rei
 • 813–ca. 826 Asócio I (primeiro príncipe)
 • 888–ca. 891 Gurgenes I (último príncipe)
 • 888–923 Adarnases IV (primeiro rei)
 • 994–1008 Gurgenes da Geórgia (último rei)
Período histórico Alta Idade Média
 • 888 Fundado por Asócio I
 • 888 Adarnases IV se declara "rei dos georgianos"
 • 1008 Pancrácio III funda o Reino da Geórgia

Tao-Clarjétia[1] ou Tao-Clarjeti[2] (em georgiano: ტაო–კლარჯეთი; romaniz.:Tao-Klarjeti), chamado também de Reino dos Georgianos (em georgiano: ქართველთა სამეფო),[3] foi um reino e principado medieval georgiano sucessor do Principado da Ibéria na região que hoje é parte das províncias de Província de Erzurum, Artvin e Kars no nordeste da Turquia.

Tao e Clarjétia eram originalmente apenas nomes das duas principais províncias do território georgiano que se estendiam do "Desfiladeiro Georgiano" (em turco: Gürcü Boğazı) no sul até o Cáucaso Menor no norte.

Historicamente, a área abrangia as seguintes províncias: para oeste dos Montes Arsiani (Yalnızçam Dağları) estavam Tao, Clarjétia, Nigali e Xavexécia; para o leste, Mesquécia, Eruxécia, Javaquécia Superior, Atona e Cola. O cenário era marcado por montanhas e pelos sistemas fluviais do Coroqui (Çoruh) e o Mtkvari (Cura).

A localização de Tao-Clarjétia entre os grandes impérios do oriente e do ocidente e a passagem de um dos trechos da Rota da Seda por seu território resultaram numa grande quantidade de influências externas na região. Entre os séculos IX e XI, Tao-Clarjétia foi governado pela dinastia Bagrationi e a região teve um papel preponderante na unificação de toda as terras georgianas num único estado, o Reino da Geórgia, em 1008.

História[editar | editar código-fonte]

Idade Média[editar | editar código-fonte]

Os principados que formavam Tao-Clarjétia emergiram do tumulto resultante da conquista muçulmana do Cáucaso nos séculos VII e VIII que destruíram o antigo Reino da Ibéria.

A nova era em Tao-Clarjétia começou em 813, quando o príncipe georgiano (erismtavari) Asócio I, dos Bagrationi, fez de Clarjétia sua base para lutar contra a ocupação árabe. Depois de reconhecer a suserania bizantina, Asócio recebeu o prestigioso título de curopalata (em grego: κουροπαλάτης). Ele lutou contra os árabes dali e foi, gradualmente, incorporando as terras vizinhas de Tao, Cola, Atona e Xavexécia (e outras menores) às suas, livrando-as do domínio árabe. Em seus domínios, Asócio passou a incentivar o reassentamento de georgianos e patrocinou a vida monástica, iniciando com proeminente clérigo Gregório de Khandzta (759–861), em Clarjétia, efetivamente transformando a região sob seu controle num abrigo da cultura georgiana e um dos mais importantes centros religiosos da Geórgia na época.

Os sucessores de Asócio continuaram a lutar pelas terras de Ibéria (Kartli), disputando ainda com o dinastia Abecásia da Geórgia ocidental (Egrisi), com o Emirado de Tbilisi e até mesmo com o Caquécia (um reino na Geórgia oriental) e monarcas armênios. Porém, disputas internas, frequentes no principado, atrapalhavam frequentemente a expansão do reino. Uma guerra civil depois do assassinato de David I (r. 876–881) resultou na vitória de Adarnases I (r. 881–923) sobre seu grande rival, Nasra, o assassino de David, permitindo que ele fosse coroado "rei dos georgianos" em 888. Durante o reinado do filho de Adranse, David II (r. 923–937), os georgianos também tiveram que se defender contra uma invasão bizantina. Porém, a dinastia Bagrationi não conseguiu manter a integridade do reino, que foi dividido entre os três principais ramos da família, com o principal dominando Tao e o título de "rei dos georgianos". Os demais passaram a controlar Clarjétia e, nominalmente pelo menos, reconheciam a soberania do rei. O reino incluía ainda diversos principados menores mais ou menos dependentes da coroa de Tao.

Em 958, Pancrácio II Regueni, "o Simples" (r. 958–994), foi coroado "rei dos georgianos" e herdou o norte de Tao ("Amier Tao"), enquanto David III (r. 961–1001) recebeu o título de curopalata e as terras do sul de Tao (Imier-Tao). Um governante justo e amigo da Igreja, David se aliou ao imperador bizantino Basílio II na Batalha de Pancaleia contra o rebelde Bardas Esclero (976–979) e foi recompensado com grandes faixas de terras que fizeram dele o mais poderoso monarca no Cáucaso Meridional: seus domínios incluíam diversas províncias georgianas e armênias e se estendiam até o Lago de Vã. Com a firme intenção de reunir todas as terras georgianas, David adotou o príncipe Pancrácio (futuro rei Pancrácio III), um neto de Pancrácio Regueni e também o herdeiro aparente da Abecásia. David o nomeou príncipe presidente na Ibéria (975), rei da Abecásia (978) e ajudou o pai dele, Gurgenes, a ser coroado rei dos georgianos depois da morte de Regueni (994), tornando assim Pancrácio monarca de dois e herdeiro aparente do terceiro estado georgiano. O único revés em sua estratégia foi o conflito fracassado entre 987 e 989 contra os bizantinos que acabou forçando David a ceder seus domínios ao imperador Basílio II como herança após sua morte. Apesar disso, Pancrácio conseguiu reunificar o território georgiano depois da morte de seu pai em 1008 e fundou o Reino da Geórgia.

História posterior[editar | editar código-fonte]

A região continuou parte do território georgiano e era administrado pelos príncipes de Samtsche-Saatabago até a conquista pelo Império Otomano em 1551. Durante o período otomano, uma política de islamização foi implementada e muitas igrejas foram convertidas em mesquitas. Depois da Guerra russo-turca de 1877-1878, a maior parte do território de Tao-Clarjétia foi cedida ao Império Russo, mas foi recuperado pelos turcos pelos termos do Tratado de Brest-Litovsk com a URSS em 1918. A derrota otomana na Primeira Guerra Mundial permitiu que a recém-criada República Democrática da Geórgia reconquistasse a região. O distrito de Olti, que foi muito disputado entre georgianos e armênios, permaneceu sob controle turco. Porém, a independência da Geórgia rapidamente foi solapada pelo avanço do Exército Vermelho em fevereiro de 1921, que abriu a oportunidade para a Turquia reconquistar a região, um fato reconhecido pelo Tratado de Moscou firmado por turcos e russos em 16 de março de 1921.

Monarcas bagrátidas de Tao-Clarjétia[editar | editar código-fonte]

Bagrátidas da linhagem ibérica (principal)[editar | editar código-fonte]

Bagrátidas da linhagem de Tao[editar | editar código-fonte]

Bagrátidas da segunda linhagem de Tao[editar | editar código-fonte]

Bagrátidas da linhagem de Clarjétia[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Nagel Travel Guide Series: Turkey. [S.l.]: McGraw-Hill. 1968 
  2. Pagnoni, F. (1857). Geografia storica moderna universale corografica, politica, statistica, industriale e commerciale scritta sulle tracce di Adriano Balbi ... [et al.]: 3, Volume 1. [S.l.: s.n.] p. 276 
  3. Silogawa & Shengelia, History of Georgia, 2007, p. 63

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Tao-Clarjétia
  • Estêvão de Taraunitis: Histoire Universelle par Étienne Asolik de Taron, transl. F. Macler, 2e partie, livre III (888-1004), Paris 1917
  • Constantino Porfirogênito: Sobre a Administração Imperial, ed. G. Moravcsik and R.J.H. Jenkins, Dumbarton Oaks 1967
  • Aristakes Lastivert: Récit des malheurs de la nation arménienne, transl. M. Canard and H. Berberian, Brussels 1973
  • João Skylitzes: Ioannis Scylitzae Synopsis historiarum, ed. I. Thurn, Berlin – New York 1973
  • Elishe: History of Vardan and the Armenian War, transl. R.W. Thomson, Cambridge, Mass. 1982
  • The Life of Kartli: Das Leben Kartlis. Eine Chronik aus Georgien. 300-1200, ed. G. Pätsch, Leipzig 1985
  • Life of John and Euthymius: B. Martin-Hisard, “La Vie de Jean et Euthyme: le statut du monastère des Ibères sur l'Athos”, Revue des Études Byzantines 49 (1991), 67-142
  • Yahyā ibn Sa‘īd al-Antākī: “Histoire de Yahya-Ibn-Sa‘ïd d’Antioche”, ed. and transl. I. Kratchkovsky and A. Vasiliev, Patrologia Orientalis 18 (1924), 700-833
    • “Histoire de Yahya-Ibn-Sa‘ïd d’Antioche”, ed. and transl. I. Kratchkovsky and A. Vasiliev, Patrologia Orientalis 23 (1932), 347-520
    • “Histoire de Yahyā ibn Sa‘īd d’Antioche”, ed. I. Kratchkovsky, transl. F. Micheau and G. Troupeau, Patrologia Orientalis 47 (1997), 373-559
  • Giorgi Merchule: Georgi Mertschule. Das Leben des Grigol von Chandsta, transl. S. Sardshweladse and H. Fähnrich, Jena 2000
  • Yovhannes Drasxanakertci: Histoire d'Arménie, transl. P. Boisson-Chenorhokian, Leuven 2004
  • Bruno Baumgartner, Studien zur historischen Geographie von Tao-Klarjeti, PhD-Dissertation, 2 Volumes, Vienna 1996 ("Studies on the historical Geography of Tao-Klarjeti", in German)