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Novo Arcabouço Fiscal
Projeto de Lei Complementar n° 93/2023
AslamWntr/Testes
O presidente Lula entrega o projeto do marco fiscal ao presidente da Câmara, Arthur Lira, e ao vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo, ao lado do ministro da Fazenda Fernando Haddad.
Tipo Projeto de Lei Complementar
Ementa Institui regime fiscal sustentável para garantir a estabilidade macroeconômica do País e criar as condições adequadas ao crescimento socioeconômico
Situação Em tramitação no Congresso Nacional
Autoria Governo Federal, através dos ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento
Documentos afins
Revoga Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos

O Projeto de Lei Complementar nº 93/2023, também conhecido como Novo Arcabouço Fiscal ou Regime Fiscal Sustentável, é um projeto de lei apresentado ao Congresso Nacional em 2023 pelo governo Lula para instituir um novo regime fiscal, em substituição ao Teto de Gastos Públicos, em vigor desde 2016[1][2]. Trata-se de uma série de regras que visam evitar o descontrole das contas públicas, fixando uma trajetória de resultado primário para o governo central brasileiro. A necessidade de novas regras foi levantada após o regime vigente, que limita o crescimento das despesas ao ano anterior, corrigido pela inflação, gerar desconfiança por ter sido infringido seguidamente[3][2]. O envio do projeto é também uma exigência da Emenda Constitucional 126 (antiga PEC da Transição)[4][5], que condicionou a revogação do Teto de Gastos à apresentação de uma nova regra até agosto de 2023.[6]

A principal regra proposta no projeto é a limitação do crescimento da despesa primária a 70% da variação da receita dos 12 meses anteriores. Dentro desse percentual, foi proposto um limite superior e um piso. Em momentos de maior crescimento da economia, a despesa não poderá crescer mais de 2,5% ao ano acima da inflação. Em momentos de contração econômica, o gasto pode crescer pelo menos 0,6% ao ano acima da inflação. Portanto, conforme a proposta, as despesas do governo teriam crescimento real de 0,6% a 2,5%. Se o resultado primário ficar abaixo do limite mínimo da banda, o crescimento das despesas para o ano seguinte cairia de 70% para 50% do crescimento da receita como forma de punição.[7][8] No entanto, o PLP 93/2023 traz um rol de exceções, despesas que poderiam crescer acima do limite fixado na proposta[9].

Contexto[editar | editar código-fonte]

Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos[editar | editar código-fonte]

A Emenda Constitucional n.º 95, também conhecida como a Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos, alterou a Constituição brasileira de 1988 para instituir o Novo Regime Fiscal.[10][11] Trata-se duma limitação ao crescimento das despesas do governo brasileiro durante 20 anos, alcançando os três poderes, além do Ministério Público da União e da Defensoria Pública da União. Durante o processo legislativo recebeu diversas denominações: PEC do Teto, PEC 241 na Câmara dos Deputados e PEC 55 no Senado Federal. Seus opositores cunharam para ela o epíteto de PEC da Morte.[12]

As despesas primárias, tanto obrigatórias como discricionárias, e investimentos públicos ficaram limitadas aos mesmos valores gastos no ano anterior, corrigidos pela inflação[13][14] medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Tratou-se de uma proposta de alteração no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), com validade prevista para os próximos 20 anos, sendo que a partir do décimo ano, o Presidente da República que estiver em exercício poderá alterar essa correção das despesas públicas, por meio de Projeto de Lei Complementar. No ano de 2017, não houve alterações para as áreas da Saúde e Educação.[15] Ambas as áreas tinham um limite mínimo obrigatório de gastos correspondentes a um percentual da Receita Corrente Líquida da União determinada pela Constituição Federal. A partir de 2018, os pisos passaram a ser reajustados pelo valor do ano anterior corrigido pelo IPCA entre julho do ano anterior e junho do ano corrente.[16][17][18] Críticos da medida alegaram que os pisos constitucionais iriam cair ao longo do tempo caso a arrecadação passasse a crescer mais que a inflação nos próximos anos.[19]

PEC da Transição[editar | editar código-fonte]

Após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 30 de outubro de 2022, foi instalado um Gabinete de Transição, com o objetivo de manter a continuidade administrativa no país e dar subsídios para o governo que entra sobre as ações e projetos do governo que sai. O Gabinete formado por Lula e coordenado pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin elaborou um relatório final que sintetizou o legado do governo Bolsonaro a partir das informações recebidas.[20]

O documento criticou o orçamento previsto para o ano de 2023 e acusou o governo Bolsonaro de irresponsabilidade por produzir "um apagão fiscal no final de 2022" e "uma proposta orçamentária para 2023 incapaz de garantir a manutenção dos serviços públicos essenciais e o funcionamento da máquina pública", citando entre outros exemplos a redução do Auxílio Brasil de R$ 600 para R$ 405; a verba para construção de escolas de educação infantil de R$ 111 milhões para R$ 2,5 milhões; o Apoio a Obras Emergenciais de Mitigação de Desastres de R$ 2,57 milhões para R$ 25 mil; a saúde indígena de R$ 1,49 bilhão para R$ 610 milhões, e a aquisição e distribuição de alimentos da agricultura familiar de R$ 679,5 milhões para R$ 2,67 milhões. De acordo com o Gabinete, em vista do orçamento insuficiente foi necessário apresentar ao Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) a fim de prover recursos para as áreas mais criticamente desassistidas e viabilizar as propostas apresentadas por Lula na campanha eleitoral, como a manutenção do Auxílio Brasil no valor de 600 reais por família, que custaria R$ 52 bilhões, com acréscimo de 150 reais para cada criança de até 6 anos de idade, que custaria R$ 18 bilhões, o reajuste do salário mínimo acima da inflação e a correção das tabelas do imposto de renda e do SUS, dentre outras medidas, que não seriam possíveis com o orçamento ora aprovado de 2023, proposto por Bolsonaro. De acordo com o relatório, "a lista de sugestões, de revogações e revisões de atos normativos elencada demonstra o tamanho dos desafios do novo governo eleito, quanto à reconstrução do Estado brasileiro em áreas bastantes sensíveis, cujas políticas públicas são essenciais para a efetivação de direitos da população".[21][22]

Geraldo Alckmin entrega PEC da transição ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

Nesse sentido, a equipe de transição Lula propôs uma Proposta de Emenda à Constituição autorizando que as restrições ao crescimento das despesas imposta pelo teto de gastos pudessem ser ultrapassadas, de forma excepcional, inicialmente, em cerca de 200 bilhões por quatro anos.[23][24][25] Em 16 de novembro, Geraldo Alckmin entregou a minuta da "PEC da Transição" ao Senado Federal, propondo que todos os valores incluídos no Orçamento da União para custear o o auxílio brasil sejam desconsiderados do limite do teto de gastos.[26] No dia seguinte, Lula, que participava da COP27, no Egito, reiterou sua defesa ao fim do teto de gastos.[27]

Painel eletrônico do Congresso Nacional na aprovação da EC 126.

A "PEC da Transição" foi aprovada pelo plenário do Senado Federal em 7 de dezembro, em dois turnos, conseguindo o substancial apoio de 64 senadores em cada turno. O texto aprovado pelo Senado e enviado à Câmara dos Deputados eleva a base de cálculo do teto em 145 bilhões de reais para os anos de 2023 e 2024, ou seja 2 anos, e estabelece a obrigatoriedade do envio de projeto de lei complementar ao Congresso Nacional pelo Presidente da República, até o final de agosto de 2023, com o objetivo de instituir novo regime fiscal para substituir o teto de gastos.[28][29]

A Câmara aprovou a "PEC da Transição" mantendo os 145 bilhões de reais para apenas 2023, ou seja, reduzindo de 2 anos para 1 ano.[30] Em 21 de dezembro de 2022, a PEC foi promulgada pelo Congresso Nacional.[31]

Tramitação legislativa[editar | editar código-fonte]

O projeto foi protocolado na Câmara dos Deputados no dia 18 de abril de 2023 e está em tramitação na casa legislativa como PL 93/2023. O deputado Claudio Cajado (PP-BA) foi escolhido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, para ser o relator do projeto.

Referências

  1. «Portal da Câmara dos Deputados». www.camara.leg.br. Consultado em 1 de maio de 2023 
  2. a b «Confira o Perguntas e Respostas sobre o Novo Arcabouço Fiscal». Ministério da Fazenda. Consultado em 1 de maio de 2023 
  3. null. «Quantas vezes o teto de gastos já foi furado e qual o tamanho do buraco». Gazeta do Povo. Consultado em 1 de maio de 2023 
  4. «Bolsonaro furou teto de gastos em R$ 795 bi em 4 anos de governo». Época NEGÓCIOS. Consultado em 1 de maio de 2023 
  5. «Governo anuncia proposta de novo arcabouço fiscal que será enviada ao Congresso - Notícias». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 1 de maio de 2023 
  6. «Arcabouço Constitucional: modificações recentes e como isso condiciona a nova regra fiscal em preparação pelo Governo Federal | Observatório de Política Fiscal». observatorio-politica-fiscal.ibre.fgv.br. Consultado em 1 de maio de 2023 
  7. «Agência Brasil explica o que é arcabouço fiscal». Agência Brasil. 30 de março de 2023. Consultado em 1 de maio de 2023 
  8. Gonçalves', 'Rosana Hessel, Rafaela. «Entenda proposta de arcabouço fiscal apresentada pelo governo». Economia. Consultado em 1 de maio de 2023 
  9. «Novo arcabouço fiscal chega ao Congresso com limite para crescimento de gastos». Senado Federal. Consultado em 1 de maio de 2023 
  10. «Novo Regime Fiscal» 
  11. «Teto dos gastos públicos cria condições para o Brasil crescer». Brasil.gov. Consultado em 15 de Novembro de 2017 
  12. «Emenda 95, o enfraquecimento do pacto social». jornal Brasil de Fato. 3 de outubro de 2018. Consultado em 17 de março de 2020 
  13. «O que é o teto de gastos, que o governo planeja furar?». Uol. Consultado em 24 de outubro de 2021 
  14. Janeiro, Boris Herrmann, Rio de (11 de novembro de 2016). «Schüler an die Macht» – via Sueddeutsche.de 
  15. Refinetti Guardia, Eduardo (dezembro de 2018). «Teto de gastos: O gradual ajuste para o crescimento do país» (PDF). Ministério da Fazenda. Consultado em 16 de junho de 2020 
  16. «PEC 241: tire dúvidas sobre a proposta que limita gastos públicos». G1. Globo.com. 11 de outubro de 2016. Consultado em 2 de novembro de 2016 
  17. Fern; G1, a CalgaroDo; Brasília, em (4 de outubro de 2016). «Relatório da PEC dos gastos eleva piso para a saúde em 2017» 
  18. «Promulgada Emenda Constitucional do Teto de Gastos Públicos». Senado Federal. Consultado em 13 de janeiro de 2022 
  19. «PEC do teto protege gastos com saúde e educação, diz Tesouro» 
  20. Agência Estado. "Relatório final da transição critica 'herança socialmente perversa' de Bolsonaro". UOL, 22/12/2022
  21. Mortari, Marcos (16 de novembro de 2022). «Líder do PT diz que Orçamento de Bolsonaro para 2023 provocaria convulsão social e defende Bolsa Família fora do teto por pelo menos 4 anos». InfoMoney. Consultado em 9 de dezembro de 2022 
  22. «O relatório da transição e o que esperar do governo Lula». Extra Classe. 22 de dezembro de 2022. Consultado em 10 de junho de 2023 
  23. Toledo, Marina. «Entenda o caminho que a PEC do Estouro seguirá até a promulgação». CNN Brasil. Consultado em 28 de dezembro de 2022 
  24. «PEC do estouro: saiba quais são as dificuldades para a aprovação da proposta pela Câmara». R7.com. 10 de dezembro de 2022. Consultado em 28 de dezembro de 2022 
  25. «Câmara aprova PEC da Gastança e proposta espera chancela do Senado». br.noticias.yahoo.com. Consultado em 30 de dezembro de 2022 
  26. «Confira a íntegra da minuta da PEC de Transição». Congresso em Foco. 17 de novembro de 2022. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  27. «Lula defende fim do teto de gastos em reunião com sociedade civil na COP27». Valor Econômico. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  28. «PEC que garante Bolsa Família de R$ 600 e prevê nova âncora fiscal vai à Câmara». Senado Federal. Consultado em 10 de dezembro de 2022 
  29. «PEC 32/2022 - Senado Federal». www25.senado.leg.br. Consultado em 10 de dezembro de 2022 
  30. «Câmara aprova PEC da Transição em segundo turno - Notícias». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 28 de dezembro de 2022 
  31. «PEC da Transição é promulgada pelo Congresso - Notícias». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 28 de dezembro de 2022