Usuário:DAR7/Testes/História de Curitiba/História do Alto da Glória

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O nome do bairro Alto da Glória esteve relacionado com a situação geográfica da “Chácara da Glória” segundo narrativas historiográficas de Francisco Negrão. Em meados dos anos 1850, o local denominado Glória constituía referência para solicitações em carta de foro, pedidos de terras em “braças quadradas” e demais registros oficiais. No fim do século XlX, mais precisamente nos anos 1880, a tradicional Avenida João Gualberto era delimitada por engenhos de mate e propriedades que indicavam a região. A capela da Glória também constituía uma importante referência que posteriormente, com a vinda dos padres redentoristas, se tornou santuário de invocação a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, distinguindo-se como um marco da prática de fé e devoção para os habitantes. Já que a região era observada e descrita na paisagem como consequência das maiores altitudes em confronto com o centro de Curitiba, começou a ser denominada Alto da Glória.[1]

1693[editar | editar código-fonte]

Como comprova a ata da Câmara Municipal de Curitiba, em 29 de março de 1693, na região da Praça Tiradentes, era criada oficialmente a Vila de Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais, atualmente Curitiba. Bem próximo dali, nas imediações do rio Belém e à beira do Caminho da Cachoeira (hoje Avenida João Gualberto), desenvolver-se-ia o Alto da Glória.[2]

1827[editar | editar código-fonte]

Em 1827, Jean-Baptiste Debret pintava Curitiba e via um “Alto da Glória” sem casas de campo ou choupanas. Decorreram dezesseis anos e, em 16 de abril de 1843, Vicente Manoel Coelho requeria carta de foro para erguer potreiro na povoação conhecida por “Glória”.[nota 1] Em 1857, os protestantes pediam 50 braças quadradas no “alto além da Glória” para levantar um cemitério.[3]

A região ia acolhendo seus primeiros residentes e ganhando uma denominação.[3]

1865[editar | editar código-fonte]

Quase quarenta anos decorreram e, em 1865, e a pequena Curitiba da antiga Igreja Matriz era pintada pelo inglês John Elliot. Na opinião do pintor, somente uma casa de campo no limite dos atuais bairros do Centro Cívico e Alto da Glória. Na mesma época, a família Scheffer, vindo da Alsácia-Lorena com a vontade de se dedicar à agricultura, construía onde atualmente se encontra o Estádio Major Antônio Couto Pereira, a matriz de sua chácara. O solo era fértil, os camponeses, trabalhadores e a região, “gloriosa”. Em 1875, Nicolau Melchior Scheffer era agraciado pela Corte Imperial, no Rio de Janeiro, com a “Medalha do Trabalho” pela qualidade do trigo cultivado em sua fazenda. O bairro venerava a denominação que ganhara.[4]

1886[editar | editar código-fonte]

Os tempos eram abundantes para o mercado da erva-mate e o povoado se caracterizava como um bairro de “Barões do Mate”. A planta dos terrenos colonizados pelas famílias Silva e Fontana, em 1896, mostra como era porção do hoje Alto da Glória. Conforme texto de Agostinho Veiga, nesse fim de século, o bairro tinha poucos residentes e a antiga Boulevard 2 de Julho, atual Avenida João Gualberto, era rodeada pelos engenhos de erva-mate ou propriedades das famílias Leão, Fontana e Munhoz da Rocha. Pela pequena loja de Rodolph Schwab. E pelas casas das famílias Veiga, Wedler, Tomaschek, Carneiro e do Barão de Holleben, que venderia sua fazenda para Agostinho Ermelino de Leão estabelecer a casa de sua família.[5]

1904[editar | editar código-fonte]

As consequências positivas dos excelentes empreendimentos se manifestam nas belas edificações que nasciam nos arredores. A mansão das Rosas (atualmente no território do Centro Cívico), a Capela da Glória (erguida no começo do século) e o Solar da Família Leão prevaleciam admiravelmente na paisagem do Alto da Glória. Na vida familiar, mesas cheias, educação rigorosa e o hábito de nascer, batizar, noivar, casar e falecer em casa.[6]

1916[editar | editar código-fonte]

A Escola Estadual Conselheiro Zacharias, já havia sido criada em 1911, a luz elétrica já havia vindo a Curitiba, e o Alto da Glória, meio urbano, meio rural, coexistia com bondes inovadores, produção de gado e plantações agrárias. Famílias como Bermudes, Essenfelder, Moro, Macedo, Richter, Cavalari e Garcez já moravam no bairro.[7]

1932[editar | editar código-fonte]

Decorreu a década de 1920. Vieram os anos 1930. Glórias ao bairro. Na Escola Zacharias, discentes como Jânio Quadros estudariam as primeiras letras e em seguida cursariam a história do Brasil. Não bem distante da escola, após ter adquirido, em 1927, a fazenda de 36 300 m² de Nicolau Scheffer, um grupo de aficionados por futebol, chefiados por Antônio Couto Pereira, abria, em novembro de 1932, o estádio Belfort Duarte, mais tarde conhecido por Major Antônio Couto Pereira, em honra ao ex-presidente do clube.[8]

1940[editar | editar código-fonte]

O Velho Continente ardia em guerra e a região do Alto da Glória, até essa época ocupada por casas de campo e propriedades, ia adquirindo, de maneira mais lenta, aspectos urbanos. Famílias como Ronconi, Moro, Wong, Alberti, Pospissil, Cavalari, Macedo, Bonatto, Gutmann, Pastuch, Eifler, Lambach, Schneider, Alberti, Horning, Meister, Possamai, Brandt, Schlenker, Haltrich, Kompatcher, Segalla e Dalla Stela já povoavam faziam algo extraordinário na história do bairro. Na rua Mauá, as crianças se congregavam para ver o filme do menino Osni Bermudes e promover sua travessura favorita: inserir pólvora nos trilhos do bondinho que se deslocava entre a Praça Tiradentes e o Juvevê, imitando os ruídos de um bombardeio. Os grandes quintais, as árvores, as verduras da própria horta e as diversões no quintal conferiam às enormes residências, ares de casa de campo.[9]

1950[editar | editar código-fonte]

Apesar de ter fábricas como os Pianos Essenfelder, os Biscoitos Glória e a Fábrica de Metros Haltrich, o bairro continuava tranquilo. Boa parte das famílias já era dona de suas casas e, parte das tradicionais casas de campo já haviam sido convertidas em casas como consequência da urbanização. Entre a vizinhança, o plano principal foi implantar um alto-falante para escutar o Mundial de Futebol de 1950. O “Alto da Glória” e o Brasil foram destruídos pelo “Maracanaço”. No entanto, novas felicidades surgiriam. Anos mais tarde, um sino e uma sirene, colocados por Domingos Moro, vibravam várias vezes para celebrar as vitórias do futebol brasileiro e do clube preferido dos antigos moradores da região: Coritiba F.C..[10]

1964[editar | editar código-fonte]

O bairro vivenciava as consequências positivas da agradável convivência em vizinhança e um grupo de “companheiros de rua”, que havia começado uma extraordinária amizade na década de 1950, experimentava, no “Alto da Glória” dos anos 1960, os bons tempos da “Turma do Campinho da Véia”. Dentre seus mais renomados membros, o ator Herson Capri, a ex-Miss Brasil Ângela Vasconcelos, o publicitário Ruy Werneck de Castro, o jornalista Jorge Eduardo Mosquera e seu talentoso divulgador Ronald Lopes. Tempos do bete-ombro, do pão preparado em casa, da bola de meia e das memoráveis festinhas americanas.[11]

1976[editar | editar código-fonte]

Os mais antigos edifícios despontavam e, em 1976, uma história começada em 1971, na Rua Amintas de Barros, vinha ao Alto da Glória. Em junho, 150 crianças e suas docentes se transferiam para a Rua 21 de Abril e, perto de onde há cinquenta janeiros havia morado a menina Helena Kolody, criavam o ensino pré-escolar Faz de Conta.[12]

1979[editar | editar código-fonte]

O bairro se desenvolvia em bloco com um dois mais importantes monumentos: “o campo do Coritiba F.C.”. Apesar do desenvolvimento, o ar de vizinhança, onde as pessoas falavam e se ajudavam, ainda prevalecia. Em 1978, a construtora Mauad entregaria ao clube os anéis norte e sul de um estádio que, então, já constituía cartão postal de Curitiba.[13]

1985[editar | editar código-fonte]

As antigas casas eram usadas como escritórios. As glórias perpetuavam. Em 5 de julho de 1980, Curitiba era abençoada pelo Papa João Paulo II em missa celebrada no Estádio Couto Pereira. Em 1985, fogos, foguetes e alegria. O Coritiba F.C. celebrava com seus torcedores o título de Campeão Brasileiro, vencido em pleno Maracanã. Era a vitória para o primeiro clube de futebol do Paraná. Era a vitória mais importante para o Coritiba F.C.[14]

Notas

  1. Glória: a chácara da Glória também era chamada chácara da Nhá Laura e se situava na região do atual Colégio Estadual do Paraná.

Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Fenianos, Eduardo Emílio; Lemos, Anuschka Reichmann (1996). Alto da Glória: Dos Barões aos Atletibas. Curitiba: UniverCidade