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Vardanes II Mamicônio

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(Redirecionado de Vartan II Mamikonian)
 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Vardanes.
Vardanes II Mamicônio
Vardanes II Mamicônio
Medalha comemorativa com efígie de Vardanes
Nascimento 393
Morte 26 de maio de 451 (58 anos)
Avarair
Veneração por Igreja Apostólica Armênia
Portal dos Santos
Uma iluminura medieval armênia representando a batalha de Avarair

Vardanes II Mamicônio (em armênio: Վարդան, em latim: Vardanes; em grego: Βαρδάνης, Bardánēs; Vardan; em parta: *Vardān; m. 26 de maio de 451) também conhecido como São Vardanes foi um chefe militar armênio. Estrategista, é reverenciado por sua coragem e é um dos maiores líderes militares e espirituais da Armênia antiga. Filho de Amazaspes I Mamicônio e Isaacanus, da família dos gregóridas (descendentes de Gregório, o Iluminador, o evangelizador da Armênia), e irmão de Maictes e Amazaspiano II.[1][2]

Vardanes (Βαρδάνης, Bardánēs) ou Vardânio (em latim: Vardanius; em grego: Βαρδάνιος, Bardánios[3]) é a forma latina do persa médio Vardã (*Wardān),[4] que pode ter derivado do parta vard- (em iraniano antigo *vr̥da-[5]), "rosa", ou do iraniano antigo vard-, "virar".[6] Foi registrado em grego como Ordanes (Ὀρδάνης, Ordánēs), Ordones (Ὀρδωνης, Ordōnēs)[7] e Uardanes (Οὐαρδάνες, Ouardánēs),[8] em aramaico de Hatra como Vardã (wrdn), em armênio como Vardã (Վարդան, Vardan),[7] em georgiano como Vardã (em georgiano: ვარდან, Vardan) e Vardém (ვარდენ, Varden).[4] Durante o Império Bizantino, por vezes foi usado como sinônimo do aparentado Bardas,[9][10] a helenização do armênio Varde.[11]

Desde seu advento, o Isdigerdes II (r. 438–457) começou a converter a Armênia ao zoroastrismo. Cerca de 449, emitiu um decreto obrigando os armênios a renunciar sua fé. Em contrapartida, a nobreza e o clero enviaram um manifesto em que eles forneciam sua obediência absoluta, mas recusaram qualquer ideia de apostasia e negaram ao rei o direito de intervir em assuntos religiosos. O rei então convocou os principais nacarares intimamente e forçou-os a escolher entre a conversão ou a morte. Eles correram, alguns como Vardanes relutantemente, mas usaram um subterfúgio envolvendo as prostrações rituais completas para o sol, enquanto respondiam às suas orações a Deus.[12]

Os nacarares, ao voltarem para a Armênia, estavam acompanhados pelos padres masdeístas e comprometeram-se a fechar as igrejas e construir templos. Os nobres que apostataram, mesmo que em cerimônia falsa, reagiram lentamente ao descontentamento, e levaram as massas nos tumultos. Vardanes, desconfortável com a conversão simulada que teve que praticar e por não querer pegar em armas contra o rei, que permaneceu seu senhor, pretendia refugiar-se no Império Bizantino. O marzobã Vasaces I, preocupado com a deserção de um clã poderoso, enviou mensageiros que com sucesso fizeram-no abandonar seu projeto. Vardanes levou a cabo a insurreição contra os persas e reuniu a maior parte da nobreza armênia. Para não ficar isolado, Vasaces não teve outra escolha senão juntar-se a insurgência, apesar de sua fidelidade inabalável aos sassânidas.[13][14]

Consciente de que estavam em menor número, enviou embaixada a Constantinopla, composta por seu irmão Maictes, Atão Genúnio, Vaanes II Amatúnio e Meruzanes Arzerúnio, porém não logrou resultados.[15] Em maio de 451, Isdigerdes enviou à Armênia um exército que esmagou Vardanes em 26 de maio na Batalha de Avarair.[16][17]

Segundo Cyril Toumanoff, Vardanes era pai de:[18]

Magno é mencionado por uma fonte tardia, a Crônica de Miguel, o Sírio (século XIII), que afirma que governou a Armênia por 20 anos. A ausência de tal referência em crônicas armênias contemporâneas demonstra a improbabilidade, e Magno é considerado uma duplicata de seu primo Vaanes I, o Grande (em latim: Magnus) que foi efetivamente marzobã da Armênia de 485 a 505. Cyril Toumanoff considera que Magno teria existido, tendo morrido jovem, enquanto Christian Settipani não o menciona em suas reconstituições.[19]

Christian Settipani menciona apenas duas meninas:

  • Vardanucte[2] ou Susana, esposa de Vasgeno, vitaxa de Gogarena;[20]
  • Vardanuces,[2] esposa de Arsabero II.[21]

Referências

  1. Toumanoff 1990, p. 330.
  2. a b c Settipani 2006, p. 132.
  3. Lilie 2013, #770 Bardanios.
  4. a b Ačaṙyan 1942–1962, p. 74.
  5. Martirosyan 2021, p. 16.
  6. Fausto, o Bizantino 1989, p. 425.
  7. a b Marcato 2018, p. 55.
  8. Martindale 1992, p. 1365.
  9. Ana Comnena 1882, p. 70.
  10. Lilie 2013, #773 Bardas.
  11. Justi 1895, p. 350-351.
  12. Grousset 1973, p. 189-193.
  13. Grousset 1973, p. 193-196.
  14. Dédéyan 2007, p. 189.
  15. Grousset 1973, p. 196-199.
  16. Grousset 1973, p. 202.
  17. Dédéyan 2007, p. 190.
  18. Toumanoff 1990, p. 330-331.
  19. Settipani 1991, p. 39.
  20. Settipani 2006, p. 387; 535.
  21. Settipani 2006, p. 372.
  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Վարդան». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians] (in Armenian). Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Ana Comnena (1882). Hovgård, O. A., ed. Alexíada. Copenhague: Karl Schønsberg 
  • Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard 
  • Grousset, René (1973) [1947]. Histoire de l'Arménie: des origines à 1071. Paris: Payot 
  • Justi, Ferdinand (1895). «Wardān». Iranisches Namenbuch. Marburgo: N. G. Elwertsche Verlagsbuchhandlung 
  • Lilie, Ralph-Johannes; Ludwig, Claudia; Zielke, Beate et al. (2013). Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit Online. Berlim-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften: Nach Vorarbeiten F. Winkelmanns erstellt 
  • Marcato, Enrico (2018). Personal Names in the Aramaic Inscriptions of Hatra. Veneza: Edizioni Ca' Foscari. ISBN 9788869692314 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Vardan Mamokonian». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 0-521-20160-8 
  • Martirosyan, Hrach (2021). «Faszikel 3: Iranian Personal Names in Armenian Collateral Tradition». In: Schmitt, Rudiger; Eichner, Heiner; Fragner, Bert G.; Sadovski, Velizar. Iranisches Personennamenbuch. Iranische namen in nebenüberlieferungen indogermanischer sprachen. Viena: Academia Austríaca de Ciências 
  • Settipani, Christian (1991). Nos ancêtres de l'Antiquité : étude des possibilités de liens généalogiques entre les familles de l'Antiquité et celles du haut Moyen-Âge européen. Paris: Christian 
  • Settipani, Christian (2006). Continuité des élites à Byzance durant les siècles obscurs. Les princes caucasiens et l'Empire du vie au ixe siècle. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8 
  • Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle : Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila