Anastásia Nikolaevna da Rússia: diferenças entre revisões

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Tyutcheva contou a sua história a outros membros da família.<ref>Massie (1967), p. 208</ref> Embora as visitas de Rasputine às crianças fossem de uma natureza completamente inocente, pelo menos segundo os relatos que existem, a família ficou escandalizada. Tyutcheva contou à irmã de Nicolau, a grã-duquesa Xenia Alexandrovna, que Rasputine visitava as meninas, falava com elas enquanto elas se preparavam para ir para a cama, abraçava-as e fazia-lhes festas. Disse também que as crianças tinham aprendido a não falar de Rasputine com ela e tinham o cuidado de esconder as visitas que ele lhes fazia do resto dos criados. Xenia escreveu, a 15 de Março de 1910, que não conseguia compreender "''a atitude da Alix e das crianças com aquele sinistro Gregório, que acham quase um santo, quando, na realidade, não passa de um khlyst'' [pagão]!)
Tyutcheva contou a sua história a outros membros da família.<ref>Massie (1967), p. 208</ref> Embora as visitas de Rasputine às crianças fossem de uma natureza completamente inocente, pelo menos segundo os relatos que existem, a família ficou escandalizada. Tyutcheva contou à irmã de Nicolau, a grã-duquesa Xenia Alexandrovna, que Rasputine visitava as meninas, falava com elas enquanto elas se preparavam para ir para a cama, abraçava-as e fazia-lhes festas. Disse também que as crianças tinham aprendido a não falar de Rasputine com ela e tinham o cuidado de esconder as visitas que ele lhes fazia do resto dos criados. Xenia escreveu, a 15 de Março de 1910, que não conseguia compreender "''a atitude da Alix e das crianças com aquele sinistro Gregório, que acham quase um santo, quando, na realidade, não passa de um khlyst'' [pagão]!)


Contudo, os rumores persistiram e a sociedade começou a sussurrar que Rasputine não tinha seduzido apenas a imperatriz, mas também as suas quatro filhas.<ref>Mager, Hugo. "Elizabeth: Grand Duchess of Russia," Carroll and Graf Publishers, Inc., 1998</ref> Estes rumores foram alimentados quando Rasputine revelou cartas ardentes, mas aparentemente inocentes, que lhe tinham sido escritas pela imperatriz e pelas filhas e começaram a ser espalhadas pela sociedade. "''Meu querido, precioso e único amigo''," escreveu Anastásia. "''Gostava muito de te ver novamente. Apareceste hoje no meu sonho. Estou sempre a perguntar à mamã quando vais aparecer. Penso sempre em ti, meu querido, por seres tão bom comigo (...)''".<ref>Sams, Ed. "[http://www.curiouschapbooks.com/Catalog_of_Curious_Chapbooks/Victoria_s_Dark_Secrets/body_victoria_s_dark_secrets.html Victoria's Dark Secrets]". Consultado a 19 de Abril de 2012.</ref>
=== Primeira Guerra Mundial e Revolução ===
Durante a [[Primeira Guerra Mundial]],Anastásia juntamente com a sua irmã Maria, visitava soldados feridos num hospital privado em Czarskoe Selo. As duas adolescentes, muito novas para serem enfermeiras da [[Cruz Vermelha]], como a sua mãe e as suas irmãs mais velhas, jogavam [[xadrez]] e [[bilhar]] com os soldados e tentavam animar seus espíritos. Felix Dassel, que foi tratado no hospital e conheceu Anastásia, relembra que a Grã-duquesa ''"ria como uma alegria que contagiava"'' e andava graciosamente ''"parecendo flutuar pelo caminho"''.<ref>Kurth (1983), p. 187</ref>


A este escândalo, seguiu-se a circulação de caricaturas pornográficas onde se mostrava Rasputine a ter relações com a imperatriz, as suas quatro filhas e Anna Vyrubova.<ref>Christopher, Kurth, Radzinsky (1995), p. 115</ref> Depois destes acontecimentos, Nicolau forçou Rasputine a deixar São Petersburgo durante algum tempo, algo que desagradou a Alexandra, e o camponês realizou uma peregrinação à [[Palestina]].<ref>Christopher, Kurth, Radzinsky (1995), p. 116</ref> Apesar dos rumores, a associação da família imperial com Rasputine continuou até ao assassinato dele a 17 de Dezembro de 1916. "''O Nosso Amigo está tão satisfeito com as nossas meninas, diz que passaram por "caminhos" pesados para a idade e que as almas delas desenvolveram-se muito''," escreveu Alexandra a Nicolau a 6 de Dezembro de 1916.<ref>Maylunas, Andrei, Mironenko, et al. (1997), p. 489</ref>
Em Fevereiro de [[1917]], após a abdicação do Czar [[Nicolau II da Rússia|Nicolau II]], Anastásia e a família foram colocados em prisão domiciliária no [[Palácio de Alexandre]] em Czarskoe Selo durante a [[Revolução Russa]]. À medida que os [[Bolcheviques]] se aproximavam, [[Alexander Kerensky]] do [[Governo Provisório]] mandou-os para [[Tobolsk]], na [[Sibéria]].<ref>King and Wilson (2003), pp. 57–59</ref> Pouco depois dos [[Bolcheviques]] se terem apoderado da maioria da Rússia, ela, a família, alguns servos e o médico da família foram enviados para a cidade mineira de [[Ekaterinburgo]], nos [[Montes Urais]].<ref>King and Wilson (2003), pp. 78–102</ref>


Nas suas memórias, A.A. Mordvinov disse que as grã-duquesas pareciam "frias e visivelmente muito desconcertadas" com a morte de Rasputine e sentaram-se "todas muito juntas" no sofá de um dos seus quartos, na noite em que souberam da notícia. Mordvinov recordou que as jovens estavam uma disposição sombria e que pareciam sentir agitação política que estava prestes a rebentar.<ref>Maylunas and Mironenko (1997), p. 507</ref> Rasputine foi enterrado com um ícone assinado na parte de trás por Anastásia, a mãe e as irmãs. Anastásia esteve presente no seu funeral, realizado a 21 de Dezembro de 1916, e a sua família tinha planos para construir uma igreja no local onde Rasputine tinha sido enterrado.<ref>Maylunas and Mironenko (1997), p. 511</ref> Depois de serem assassinados pelos bolcheviques, descobriu-se que Anastásia e as irmãs usavam um amuleto com uma fotografia de Rasputine e uma oração.<ref>Robert K. Massie, "The Romanovs: The Final Chapter" p.8</ref>
=== Cativeiro e execução ===
A ansiedade e a incerteza do cativeiro trouxeram sofrimento para Anastásia e para a família. ''"Adeus"'' ela escreveu a um amigo no inverno de 1917. ''"Não te esqueças de nós"''.<ref name="Kurth 1983, p. xiv">Kurth (1983), p. xiv</ref>


=== Primeira Guerra Mundial e Revolução ===
Em Tobolsk, ela escreveu uma canção para o seu tutor de Inglês, cheia de erros ortográficos sobre Evelyn Hope, um poema de Robert Browning, que falava sobre uma jovem da idade de Anastásia: ''"Quando ela morreu tinha apenas 16 anos. Havia um homem que a amava, sem alguma vez a ter visto, mas conhecia-a muito bem. E ela também tinha ouvido falar dele. Ele nunca lhe conseguiu dizer que a amava, e agora ela estava morta. Mas mesmo assim ele pensou que quando ele e ela vivessem [a sua] próxima vida, quando isso acontecesse (.)"''<ref name="Kurth 1983, p. xiv"/>
Durante a [[Primeira Guerra Mundial]], Anastásia visitava soldados feridos num hospital privado em Czarskoe Selo na companhia da sua irmã Maria. As duas adolescentes, muito novas para se tornarem enfermeiras da [[Cruz Vermelha]], como a sua mãe e as suas irmãs mais velhas, jogavam xadrez e bilhar com os soldados e tentavam animá-los. Felix Dassel, que foi tratado no hospital e conheceu Anastásia, recordou que a grã-duquesa ''"ria como um esquilo"'' e caminhava rapidamente "como se fosse sempre aos saltinhos".<ref>Kurth (1983), p. 187</ref>


Em Fevereiro de [[1917]], após a abdicação do Czar [[Nicolau II da Rússia|Nicolau II]], Anastásia e a família foram colocados sob prisão domiciliária no [[Palácio de Alexandre]] em Czarskoe Selo durante a [[Revolução Russa]]. À medida que os [[Bolcheviques]] se aproximavam, [[Alexander Kerensky]] do [[Governo Provisório]] mandou-os para [[Tobolsk]], na [[Sibéria]].<ref>King and Wilson (2003), pp. 57–59</ref> Pouco depois dos [[Bolcheviques]] se terem apoderado da maioria da Rússia, Anastásia, a família, alguns criados e o médico da família foram enviados para a cidade mineira de [[Ecaterimburgo]], nos [[Montes Urais]].<ref>King and Wilson (2003), pp. 78–102</ref>
Em Tobolsk, ela e suas irmãs costuraram jóias dentro de seus espartilhos, para elas não serem roubadas pelos seus captores.<ref>King and Wilson (2003), pp. 140–141</ref> Anastásia, Olga e Tatiana foram assediadas sexualmente por guardas procurando pelas jóias escondidas, à bordo do ''Rus'', um [[navio a vapor]] que as transportou à Ekaterimburgo para se juntarem aos pais e à irmã Maria em maio de 1918. Seu tutor inglês, Sidney Gibbes recordou ter escutado as Grã-duquesas gritando de terror, e foi assombrado pelo resto da vida pela sua inabilidade em ajudá-las.<ref>King and Wilson(2003), p. 140</ref> Menos de dois meses depois, em 14 de julho de 1918, padres locais de Ekaterimburgo conduziram um serviço religioso privado para a família, e relataram que Anastásia e sua família, contrariando o costume, caíram de joelhos durante as preces pelos mortos.<ref>King and Wilson (2003), p.276</ref>


=== Cativeiro ===
[[Ficheiro:Anamashtat1917.jpg|left|thumb|<center>Grã-duquesas Anastásia, Maria, e Tatiana Nikolaevna no cativeiro em Czarskoe Selo em [[1917]].]]
A ansiedade e incerteza do cativeiro trouxeram sofrimento para Anastásia e para a família. ''"Adeus"'' escreveu ela a um amigo no inverno de 1917. ''"Não te esqueças de nós"''.<ref name="Kurth 1983, p. xiv">Kurth (1983), p. xiv</ref> Em Tobolsk, escreveu uma canção para o seu tutor de inglês, cheia de erros ortográficos sobre ''Evelyn Hope'', um poema de [[Robert Browning]], que falava sobre uma jovem da idade de Anastásia: ''"Quando ela morreu tinha apenas dezasseis anos. Havia um homem que a amava, sem nunca a ter visto, mas conhecia-a muito bem. E ela também tinha ouvido falar dele. Ele nunca lhe conseguiu dizer que a amava, e agora ela estava morta. Mas mesmo assim ele pensou que quando ele e ela vivessem [a sua] próxima vida, quando isso acontecesse (...)"''<ref name="Kurth 1983, p. xiv"/>


Em Tobolsk, Anastásia e as suas irmãs coseram jóias nas suas roupas na esperança de as esconder dos seus carrascos, uma vez que Alexandra, que já tinha sido transferida para Ecaterimburgo com o marido e a filha Maria, enviou uma carta a avisá-las que tinham sido todos revistados quando chegaram à cidade e que lhes tinham sido confiscados objectos pessoais. Alexandra usou nomes de código como "medicamentos" e "coisas do Sednev" para se referir às jóias. As cartas enviadas de Demidova a Tegleva deram as instruções finais.<ref>Robert Wilton, "Last Days of the Romanovs", 1920, p.30</ref>
No entanto, nos seus últimos meses de vida, Anastásia procurou sempre maneiras de se divertir. Ela e outros membros da casa faziam peças de teatro para entreter os pais e os outros habitantes da casa, na [[Primavera]] de [[1918]]. As representações de Anastásia faziam todos caírem no chão de rir, lembra o tutor Sidney Gibbes. No dia [[7 de maio]] de [[1918]], numa carta de Tobolsk para sua irmã Maria em Ekaterimburgo, Anastásia descreveu um momento de alegria apesar da tristeza, solidão e medo pelo doente Alexei:


Anastásia, Olga e Tatiana foram assediadas sexualmente por guardas procurando pelas jóias escondidas, a bordo do ''Rus'', um [[navio a vapor]] que as transportou à Ekaterimburgo para se juntarem aos pais e à irmã Maria em maio de 1918. O seu tutor inglês, Sidney Gibbes recordou ter ouvido as grã-duquesas a gritar de terror, e foi assombrado pelo resto da vida por não poder ajudá-las.<ref>King and Wilson(2003), p. 140</ref>
{{quote2|''Brincamos no baloiço e foi aí que eu me perdi de riso, a queda foi tão maravilhosa! Mesmo! Eu já contei isto às nossas irmãs tantas vezes ontem que elas já estão fartas de me ouvir, mas eu podia continuar a contar a história para sempre. Que clima fantástico temos tido! Qualquer um podia simplesmente gritar de alegria.''}}<ref>Maylunas and Mironenko (1997), p. 619</ref>


Pierre Gilliard recordou a última vez que viu as crianças à chegada a Ecaterimburgo: "O marinheiro Nagorny, que estava a tratar de Alexei Nikolaevich, passou pela minha janela com o rapaz doente nos braços, atrás dele vinham as grã-duquesas, carregadas com malas e pequenos pertences pessoais. Tentei sair, mas fui empurrado bruscamente para o compartimento por um sentinela. Voltei para a janela. A Tatiana Nikolaevna vinha em último, com o seu cãozinho nos braços e a esforçar-se por arrastar uma mala castanha pesada. Estava a chover e vi os pés dela a afundar na lama a cada passo que dava. O Nagorny tentou ir ajudá-la. Foi empurrado bruscamente por um dos comissários (...).<ref>Bokhanov, Knodt, Oustimenko, Peregudova, Tyutynnik (1993), p. 310</ref> A baronesa Sophie Buxhoeven descreveu a última vez que viu Anastásia: "''Uma vez, quando estava sentada nos degraus à porta de uma casa que ficava perto, vi um braço coberto por uma manga cor-de-rosa a abrir a vidraça mais alta. Pela blusa, esse braço deve ter sido ou da grã-duquesa Maria ou da Anastásia. Elas não me conseguiam ver das janelas delas e este foi o último vislumbre que tive de algum deles.''"<ref>"[http://www.alexanderpalace.org/leftbehind/VII.html Left Behind – Chapter VII – Journey to Ekaterinburg]". Alexanderpalace.org. Consultado a 19 de Abril de 2012.</ref>
Nas suas memórias, um dos guardas da Casa Ipatiev, Alexander Strekotin relembra Anastásia como ''"muito amigável e divertida"'' enquanto outro guarda disse que Anastásia era


Contudo, mesmo nos seus últimos meses de vida, Anastásia procurou sempre maneiras de se divertir. Com outros membros da casa, fazia peças de teatro para entreter os pais e outros presentes, na primavera de 1918. As representações de Anastásia faziam todos rir, recordou o tutor Sidney Gibbes.<ref>Christopher, Kurth, Radzinsky (1995), p. 177</ref> No dia 7 de maio de 1918, numa carta de Tobolsk para sua irmã Maria em Ecaterimburgo, Anastásia descreveu um momento de alegria, apesar da tristeza, solidão e medo por Alexei, que estava doente: "''Brincamos no baloiço e foi aí que eu me perdi de riso, a queda foi tão maravilhosa! Mesmo! Eu já contei isto às nossas irmãs tantas vezes ontem que elas já estão fartas de me ouvir, mas eu podia continuar a contar a história para sempre. Que tempo fantástico temos tido! Qualquer um podia simplesmente gritar de alegria.''"<ref>Maylunas and Mironenko (1997), p. 619</ref> Nas suas memórias, um dos guardas da Casa Ipatiev, Alexander Strekotin, relembra Anastásia como ''"muito amigável e divertida"'' enquanto outro guarda disse que Anastásia era ''um demónio muito charmoso. Era travessa e penso que raramente se cansava. Era traquinas e fazia imitações hilariantes com os cães, como se fossem cães de circo''".<ref name="King and Wilson 2003, p. 250"/> Outro guarda, contudo, disse que grã-duquesa mais nova era '"ofensiva e terrorista"'' e reclamou que ocasionalmente fazia comentários provocantes que causavam tensão no grupo.<ref>King and Wilson (2003), p. 251</ref>
{{quote2|''um demónio muito charmoso. Ela era travessa e, penso que raramente se cansava. Ela era traquinas e fazia imitações hilariantes com os cães, como se fossem cães de Circo''}}.<ref name="King and Wilson 2003, p. 250"/>


Foram levadas a cabo negociações entre os [[bolcheviques]] e os parentes dos Romanov, muitos deles sendo membros proeminentes das famílias reais da Europa, mas nunca se conseguiu obter um acordo. Lenine pensou pedir favores à Alemanha em troca da vida da czarina [[Alexandra Feodorovna|Alexandra]] e do czar [[Nicolau II da Rússia|Nicolau II]], primos do kaiser alemão, mas ele não se mostrou interessado em negociar.<ref>King and Wilson (2003), p. 203</ref> À medida que o [[exército Branco]], formado por seguidores ainda leais ao czar e aos princípios da autocracia, avançava para Ecaterimburgo, os Vermelhos estavam numa situação precária. Os comunistas sabiam que Ecaterimburgo cairia perante o exército Branco, melhor comandado e equipado.<ref>Massie (1969) p.471</ref>
Outro guarda, contudo, disse que Grã-duquesa mais nova era '"ofensiva e terrorista"'' e reclamou que ela ocasionalmente fazia comentários provocantes que causavam tensão no grupo.<ref>King and Wilson (2003), p. 251</ref>


But the next day, on July 15, 1918, Anastasia and her sisters appeared in good spirits as they joked and helped move the beds in their shared bedroom so that cleaning women could clean the floors. They helped the women scrub the floors and whispered to them when the guards weren't watching. Anastasia stuck her tongue out at Yakov Yurovsky, the head of the detachment, when he momentarily turned his back and left the room.[47]
Negociações para a sua libertação foram feitas entre os [[bolcheviques]] e os seus parentes, muitos deles sendo membros proeminentes das Famílias Reais da Europa, mas demoraram-se. Lenine pensou pedir favores à [[Alemanha]] em troca da vida da [[Alexandra Feodorovna|Czarina Alexandra]] e do [[Nicolau II da Rússia|Czar Nicolau II]], primos do Kaiser Alemão, mas ele não se mostrou interessado em negociar.<ref>King and Wilson (2003), p. 203</ref> À medida que o [[exército Branco]], formado por seguidores ainda leais ao czar a aos princípios da autocracia, avançava para Ekaterimburgo os Vermelhos estavam numa situação precária. Os comunistas sabiam que Ekaterimburgo cairia perante o exército Branco, melhor comandado e equipado.<ref>Massie (1969) p.471</ref>


No verão, as privações do cativeiro, incluindo a sua reclusão cada vez mais restringida na Casa Ipatiev, afectou negativamente a família. Segundo alguns relatos, a certa altura, Anastásia ficou tão desconcertada com as janelas trancadas e caiadas a branco, que acabou por abrir uma para olhar para o lado de fora e apanhar ar fresco. Um sentinela viu-a e disparou, não lhe acertando por pouco. Anastásia nunca mais voltou a fazer o mesmo.<ref>Robert Wilton, "Last Days of the Romanovs", p.407</ref> A 14 de Julho de 1918, um grupo de padres de Ecaterimburgo celebrou uma missa privada para a família. Contaram que, ao contrário do que era costume, a família caiu de joelhos durante a oração pelos mortos e que as grã-duquesas estavam desanimadas, desesperadas e já não cantavam as respostas durante a missa. Tendo reparado nesta mudança de comportamento desde a última visita que tinham feito à casa, um padre comentou com outro que "''algo lhes deve ter acontecido ali''".<ref>Helen Rappaport, "Last Days of the Romanovs, Tragedy at Ekaterinburg," p.162-163</ref> Mas, no dia seguinte, 15 de Julho, Anastásia e as irmãs pareciam estar bem-dispostas enquanto ajudavam a arrastar as camas no quarto que partilhavam para que a criada pudesse limpar o chão. Ajudaram a mulher a esfregar o chão e sussurravam entre elas quando os guardas não estavam a olhar. Anastásia mostrou a língua a Yakov Yurovsky, o chefe do destacamento, quando ele virou as costas e saiu do quarto.<ref>Helen Rappaport, The Last Days of the Romanovs, St. Martin's Griffin, 2008, p. 172</ref>
A [[História]] sempre assumiu que Anastásia foi assassinada com o pai e o resto da sua família na madrugada do dia [[17 de Julho]], de [[1918]] numa cave na [[Casa Ipatiev]] (também chamada de 'A Casa Para Fins Especiais'), onde estiveram isolados durante a sua detenção em Ekaterimburgo. A execução extra-judicial foi feita pelas forças da polícia secreta [[Bolchevique]] sob o comando de [[Jacob Yurovsky|Yakov Yurovski]]. Encontra-se sepultada na [[Fortaleza de Pedro e Paulo]], [[São Petersburgo]] na [[Rússia]].<ref>{{findagrave|6612434}}</ref>

== Execução ==


[[Ficheiro:Otmaincaptivity1917.jpg|right|thumb| Maria, Olga, Anastásia e Tatiana, no cativeiro em Czarkoe Selo, 1917.]]
[[Ficheiro:Otmaincaptivity1917.jpg|right|thumb| Maria, Olga, Anastásia e Tatiana, no cativeiro em Czarkoe Selo, 1917.]]


De acordo com a "Nota Yurovski", um relato sobre o evento escrito por Yurovsky aos seus superiores Bolcheviques, imediatamente antes da alvorada do dia dos assassínios, a família foi acordada e foi-lhe dito para se vestir. Quando perguntaram o porquê dessa ordem, foi-lhes dito que precisariam bater algumas fotos para provar que ainda estavam vivos (existe outra explicação: há também relatos de que foi dito a família Romanov que havia um tiroteio, o que tornava os quartos superiores, onde dormiam, inseguros, e teriam que se mudar imediatamente para a cave). Uma vez vestidos, a família e o pequeno círculo de servos e profissionais da área de saúde que permaneceram com eles, foram juntados no porão e foi-lhes dito para esperarem. Anastásia seguiu a família, levando o seu cão Jimmy nos braços. Foi permitido a Nicolau, Alexandra e Alexei (no colo da mãe) que se sentassem em cadeiras providenciadas pelos guardas a pedido da imperatriz. Após vários minutos, os carrascos entraram na sala, guiados por Yurovski. Sem hesitação, Yurovski informou rapidamente o czar e a sua família que iam todos ser executados. O czar teve apenas tempo de dizer "O quê?" e de se virar para a sua família, antes de ser executado com uma bala na cabeça. A Imperatriz e a filha Olga tentaram fazer o sinal da cruz, mas foram mortas na saraivada inicial de balas, atiradas pelos executores. Ambas foram feridas por tiros na cabeça. O resto da família e comitiva, foram mortos logo depois.<ref>Radzinsky (1992), p. 380–393</ref>
Segundo a "Nota Yurovski", um relato sobre o evento escrito por Yurovsky aos seus superiores Bolcheviques, imediatamente antes da alvorada do dia dos assassinatos, a família foi acordada e foi-lhes dito para se vestirem. Quando perguntaram o porquê dessa ordem, foi-lhes dito que precisavam de tirar uma fotografia para provar que ainda estavam vivos. também relatos de que foi lhes foi dito que havia um tiroteio, o que tornava os quartos superiores, onde dormiam, inseguros, e teriam que se mudar imediatamente para a cave. Uma vez vestidos, a família e o pequeno grupo de criados e profissionais da área de saúde que permaneceram com eles, foram levados para a cave e foi-lhes dito para esperarem. Anastásia seguiu a família, levando o seu cão Jimmy nos braços. Foi permitido a Nicolau, Alexandra e Alexei (no colo da mãe) que se sentassem em cadeiras providenciadas pelos guardas a pedido da imperatriz. Após vários minutos, os carrascos entraram na sala, conduzidos por Yurovski. Sem hesitação, Yurovski informou rapidamente o czar e a sua família que iam todos ser executados. O czar teve apenas tempo de perguntar "O quê?" e de se virar para a sua família, antes de ser abatido com uma bala na cabeça. A imperatriz e a filha Olga tentaram fazer o sinal da cruz, mas foram mortas na saraivada inicial de balas, atiradas pelos executores. Ambas foram feridas por tiros na cabeça. O resto da família e comitiva, foram mortos logo depois.<ref>Radzinsky (1992), p. 380–393</ref>


As últimas vítimas, Maria, Anastásia e a criada Demidova, estavam no chão, por baixo da única janela da cave. À medida que o carrasco se aproximava, Maria levantou-se e lutou com Ermakov à medida que ele a tentava esfaquear. As jóias nas suas roupas protegiam-na, e Ermakov afirmou que a matou com um tiro na cabeça. Depois, Ermakov lutou com Anastásia, não conseguiu esfaqueá-la e disse que também a matou com um tiro na cabeça. A caveira de Maria não mostra sinais de balas e não se sabe ao certo como morreu. Ermakov estava bêbado na altura dos assassinatos e é possível que o seu tiro tinha apenas passado de raspão na cabeça de Maria, deixando-a inconsciente e causando uma grande hemorragia, mas não a matou. Depois, à medida que os corpos eram retirados da cave, duas das grã-duquesas deram sinais de vida. Uma sentou-se e gritou, levantando um braço por cima da cabeça, enquanto outra a sangrar da boca, gemeu e mexeu-se ligeiramente. Uma vez que as feridas causadas a Olga e Tatiana as mataram instantaneamente, é mais provável que tivesse sido Maria, que talvez estivesse apenas inconsciente, a gritar, enquanto Anastásia poderia ainda ter capacidade para se mexer e gemer. Apesar do testemunho escrito de Ermakov não o referir, o carrasco contou à esposa que Anastásia foi morta à baioneta, enquanto Yurovsky escreveu que, quando os corpos estavam a ser levadas, uma das grã-duquesas ou mais, gritaram, mas foram golpeadas na parte de trás da cabeça. Contudo, a caveira de Maria não mostra sinais de violência e os fragmentos queimados do corpo de Anastásia descobertos em 2009 não fornecem qualquer pista para a sua causa de morte.<ref>King and Wilson (2003), pp. 353–367</ref>
A "Nota Yurovski" diz ainda que depois do fumo de tantas armas terem sido disparadas a tão curta distância, foi descoberto que as balas dos executores tinham feito ricochete nos espartilhos das Grã-duquesas. Os espartilhos funcionaram como uma espécie de "armadura" contra as balas, o que assustou os soldados, fazendo-os crer que se tratava de alguma providênica divina. Mas mais tarde descobriram que isso era devido as jóias da família terem sido costuradas dentro dos espartilhos para serem escondidas de seus captores. Anastásia e Maria se abaixaram contra uma parede, aterrorizadas, até que foram atingidas por balas, lembrou Yurovsky. Outro guarda, Pedro Ermakov, disse à sua mulher que Anastásia foi morta com golpes de baioneta. Quando os corpos foram levados embora, uma ou mais garotas choraram e foram golpeadas na cabeça, escreveu Yurovsky.<ref>Radzinsky (1992),p. 380–393</ref>


== Falsos rumores de sobrevivência ==
== Falsos rumores de sobrevivência ==
[[Ficheiro:Lastpic.jpg|thumb|left|250px|Grã Duquesa Anastásia Nikolaevna a ler durante o cativeiro em Tobolsk na [[Primavera]] de [[1918]]. Esta é uma das suas últimas fotos.]]
[[Ficheiro:Lastpic.jpg|thumb|left|250px|Grã Duquesa Anastásia Nikolaevna a ler durante o cativeiro em Tobolsk na [[Primavera]] de [[1918]]. Esta é uma das suas últimas fotos.]]


A suposta sobrevivência de Anastásia foi um dos mistérios mais celebrados do século XX. [[Anna Anderson]], a impostora mais conhecida, apareceu publicamente pela primeira vez entre 1920 e 1922. Contou que tinha fingido estar morta quando estava entre os cadáveres da sua família e criados, e conseguiu fugir com a ajuda de um guarda que teve pena dela e a salvou depois de reparar que ela ainda estava viva. A sua batalha legal para ser reconhecida arrastou-se desde 1938 até 1970, a controvérsia durou o resto da sua vida e foi o caso mais longo dos tribunais alemães, onde foi oficialmente arquivado. A decisão final do tribunal foi a de que Anderson não tinha dado provas suficientes para poder reclamar a identidade da grã-duquesa.<ref>Kurth (1983), pp. 33–39</ref>
Foi dito por quase todas as "aspirantes" a Anastásia que a ajuda de um guarda compadecido a salvou dentre os corpos após notar que ela ainda estava viva que ela teria sido capaz de fugir. Estes rumores foram ajudados por relatórios posteriores de comboios e casas revistados por soldados [[Bolcheviques]] e pela polícia secreta, à procura de "Anastásia Romanova".

Estranhamente, também houve relatos de uma mulher que dizia ser filha do czar ser encontrada a pedir ajuda nas pequenas vilas à volta de Ekaterimburgo. Diz-se que ela alegava ter estado nas mãos de guardas que a tinham salvo após o massacre, mas que também a tinham espancado e violado. Pouco depois, diz-se que desapareceu.

Em [[1991]], corpos acreditados como sendo os da Família Imperial e os seus servos foram finalmente exumados de uma sepultura maciça que tinha sido descoberta nos bosques próximos a de Ekaterimburgo quase uma década antes – uma sepultura escondida pelos seus descobridores dos Bolcheviques que governavam a Rússia quando foi encontrada. Uma vez aberta, foi descoberto que em vez de onze conjuntos de restos (o czar Nicolau II, a czarina Alexandra, o czarevich Alexei, as quatro grã-duquesas, Olga, Tatiana, Maria e Anastásia, o médico de família, Eugene Botkin, o criado, Aleksei Trupp, o cozinheiro, Ivan Kharinotov e uma dama de companhia da imperatriz, Anna Demidova), a sepultura só tinha nove.

Alexei e, segundo o especialista forense Dr. William Maples, Anastásia, não estavam na sepultura da família. Contudo, cientistas Russos contestaram isto, alegando que a Grã-duquesa [[Maria Nikolaevna Romanova]] era a que não estava na sepultura. Em [[1998]], quando os corpos da Família Imperial foram enterrados, um corpo que media cerca de 1,70 m foi enterrado sob o nome de Anastásia, apesar do facto de Anastásia ser a mais baixa das Grã-duquesas. Alguns historiadores acreditam no relato da "Nota Yurovsky" que diz que dois dos corpos foram removidos da sepultura principal e queimados num lugar secreto para criar uma certa suspeita de que estes não eram os corpos do czar, família e empregados, caso fossem descobertos, visto que a contagem dos corpos não estaria correta. Contudo, alguns peritos forenses acreditam que a queima completa de dois corpos em tão curto espaço de tempo seria impossível. Em [[2000]], a família foi [[canonização|canonizada]] pela [[Igreja Ortodoxa Russa]]. Em Agosto de [[2007]], o anúncio por um grupo de pesquisadores do achado dos restos mortais do czarevich [[Alexei Romanov|Alexei]] e da Grã-duquesa [[Maria Nikolaevna|Maria]] - as duas únicas vítimas oficialmente ainda desaparecidas - obrigou o governo russo a reabrir o processo.<ref>Jornal ''O Globo'', 1 de setembro de 2007, sábado, p.&nbsp;43</ref>

A possível sobrevivência de Anastásia foi um dos mistérios mais celebrados do [[século XX]]. Em [[1922]], à medida que se espalhava o rumor de que a Grã-duquesa sobrevivera, uma mulher que mais tarde se auto-denominou de [[Anna Anderson]] apareceu e alegou ser Anastásia. Ela criou uma controvérsia de uma vida e foi cabeçalho de jornais durante décadas, com alguns parentes sobreviventes a vê-la como Anastásia e outros a vê-la como uma impostora. A sua batalha por reconhecimento continua a ser o caso mais longo alguma vez feito nos tribunais alemães, onde o caso foi oficialmente feito.

A decisão final dos tribunais foi que enquanto não se podia provar que Anderson era de fato Anastásia, também não podia ser provado que ela não a era. Anderson morreu em 1984 e o seu corpo foi cremado. Após se terem feitos testes de ADN (DNA) numa amostra de tecido de Anderson, e se terem feito comparações com um descendente da Imperatriz Alexandra, os testes mostraram que Anna não era, de fato, Anastásia, mas muito provavelmente Franziska Schanzkowska, uma operária polaca (polonesa) que desaparecera por volta da mesma altura em que Anderson aparecera na Alemanha. Ainda assim, algumas pessoas questionam a validez das amostras testadas.


Anderson morreu em 1984 e o seu corpo foi cremado. Foram levados a cabo testes de ADN em 1994 numa amostra de tecido de Anderson, encontrada num hospital, e o sangue do príncipe [[Filipe, Duque de Edimburgo]], sobrinho-neto da imperatriz Alexandra. Segundo Dr. Gill, que realizou estes testes, "Se for aceite que estas amostras pertencem a Anna Anderson, então ela não podia ser parente do czar Nicolau nem da czarina Alexandra." O ADN de Anderson era idêntico ao de um sobrinho-neto de Franziska Schanzkowska, uma operaria polaca desaparecida.<ref>Massie (1995), pp. 194–229</ref> Alguns apoiantes de Anna Anderson reconheceram que os testes de ADN que provaram que ela não podia ser uma das grã-duquesas tinham "vencido o dia."<ref>Christopher, Kurth, and Radzinsky (1995), p. 218</ref>
Outra "pretendente", '''Eugenia Smith''', apareceu em [[1963]], na altura da controvérsia Anastásia/Anna Anderson, mas a sua história tinha inconsistências e ela recusou mais testes.


== Achados dos Romanov ==
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Revisão das 21h22min de 19 de abril de 2012

 Nota: Se procura outra Anastásia da Rússia, veja Anastasia Mikhailovna da Rússia.


Anastásia Nikolaevna da Rússia
Grã-Duquesa da Rússia
Anastásia Nikolaevna da Rússia
Nascimento 18 de junho de 1901
  Palácio de Peterhof, São Petersburgo, Império Russo
Morte 17 de julho de 1918 (17 anos)
  Ecaterimburgo, República Socialista Federativa Soviética Russa
Pai Nicolau II da Rússia
Mãe Alexandra Feodorovna da Rússia

A grã-duquesa Anastásia Nikolaevna da Rússia (em russo Анастасия Николаевна Романова, Anastásia Nikolaevna Romanova), nascida a 18 de junho de 1901 (5 de junho de acordo com o Calendário Antigo) no Palácio de Peterhof em São Petersburgo. Era a quarta filha e segunda mais nova do czar Nicolau II da Rússia e da czarina Alexandra Feodorovna, os últimos governantes autocráticos da Rússia Imperial.

Era irmã mais nova das grã-duquesas Olga Nikolaevna, Tatiana Nikolaevna e Maria Nikolaevna, e irmã mais velha de Alexei Romanov, czarevich (Filho do Czar, em russo) da Rússia, o mais novo.

Desde a sua morte, circularam rumores persistentes sobre a sua possível sobrevivência, alimentados pelo facto de a localização da sua sepultura ter permanecido desconhecido durante as décadas do governo comunista. A vala comum que escondia os restos mortais do czar, da sua esposa e de três filhas foi descoberta perto de Ecaterimburgo em 1991, mas os corpos de Alexei Nikolaevich e de uma das irmãs, não se sabia se Maria ou Anastásia, não se encontravam no mesmo local.

Contudo, a teoria da sua possível sobrevivência foi completamente desacreditada. Em Janeiro de 2008, cientistas russos anunciaram que tinham desenterrado os restos mortais de um rapaz jovem e de uma mulher perto de Ecaterimburgo em Agosto de 2007 e que, muito provavelmente, estes pertenciam ao czarevich de treze anos e a uma das quatro grã-duquesas Romanov. Cientistas forenses russos confirmaram esta possibilidade a 30 de Abril de 2008.[1] Em Março de 2009, foram publicados os resultados finais dos testes de ADN pelo Dr. Michael Coble, do Laboratório de Identificação ADN das Forças Armadas dos Estados Unidos da América. Estes testes provaram de forma conclusiva que os restos mortais de todas as grã-duquesas tinham sido encontrados e, por isso, nenhuma tinha sobrevivido.[2]

Várias mulheres reivindicaram falsamente tratar-se de Anastásia, sendo a mais conhecida Anna Anderson. O corpo de Anderson foi cremado aquando da sua morte em 1984, mas, dez anos depois, foi possível realizar testes de ADN em pedaços de tecido e cabelo que mostraram que ela não possuía qualquer parentesco com a família imperial.[3]

Biografia

Infância

A grã-duquesa Anastásia Nikolaevna em 1904.

Quando Anastásia nasceu, os seus pais e família ficaram desapontados por terem tido uma quarta menina e não o desejado herdeiro. O czar Nicolau II deu um longo passeio para se recompor antes de visitar a czarina Alexandra e ver a bebé pela primeira vez.[4] O seu nome tem vários significados, entre eles "aquela que se liberta das correntes" ou "ela reerguer-se-á". A grã-duquesa mais nova recebeu este nome porque, para celebrar o seu nascimento, o seu pai libertou um grupo de estudantes presos no inverno anterior.[5] Outro significado do seu nome é "da ressurreição", uma coincidência que foi referida muitas vezes quando, mais tarde, muitos discutiram a sua possível sobrevivência.[6]

No dia do seu nascimento, Nicolau II escreveu no seu diário: "Exactamente às seis da manhã, uma pequena filha -Anastásia- nasceu. Foi tudo muito rápido e, graças a Deus, sem complicações! Por tudo ter começado e acabado enquanto todos ainda dormiam, ambos temos um sentimento de calma e solidão."[7] Era chamada pela versão francesa de seu nome, "Anastasie" ou pelas suas alcunhas Russas "Nastya", "Nastas" ou "Nastenka". Outras alcunhas de família eram "Malenkaya" que significa pequena ou ""Shvibzik" o equivalente russo a diabinho.[8]

Fazendo justiça às suas alcunhas, Anastásia cresceu como uma criança vivaz e energética, descrita como baixa e com tendência para o excesso de peso, com olhos azuis[9] e cabelo louro-arruivado.[10] Margaretta Eagar, a governanta das quatro grã-duquesas, disse que uma pessoa tinha comentado que Anastásia tinha a melhor personalidade e encanto que alguma vez tinha visto.[11]

Anastásia com o vestido da corte russa em 1910.

Teimosa, travessa e impertinente, Anastásia era uma admirável mímica. Com muita comicidade e de forma cortante, a menina imitava exactamente a fala e o jeito das pessoas ao seu redor.[12] Diz-se também que ela era astuta e observadora, e tinha um apurado sentido de humor. Ao contrário das irmãs, não sabia o significado da palavra timidez.[13] Descrita simultâneamente como inteligente e dotada, Anastásia, apesar de tudo, nunca se interessou muito pelas restrições da sala de aula, pelo menos segundo os relatos dos seus professores Pierre Gilliard e Sydney Gobbes. Gibbes, Gilliard e as demas-de-companhioa Lili Dehn e Anna Vyrubova, descreveram Anastásia como uma actriz vivaz, mal-comportada e talentosa. Os seus comentários aguçados e sagazes atingiam, por vezes, pontos sensíveis.[14]

Por vezes, Anastásia excedia os limites do comportamento aceitável. Gleb Botkin disse que ela bateu o recorde de castigos na família, e era um verdadeiro génio a pregar partidas.[15] Uma vez, durante uma guerra de bolas de neve na Polónia, Anastásia escondeu uma pedra dentro de uma bola de neve e atirou-a à sua irmã mais velha, Tatiana, atingindo-a no rosto e fazendo com que caísse ao chão. Finalmente, lágrimas brotaram de seus olhos.[16] Após esse incidente, Anastásia ficou aflita e horrorizada por muitos dias, e isso a curou das propensões de praticar outras brincadeiras.[17] Uma prima distante, a princesa Nina Georgievna, recordou que "a Anastásia era desagradável, ao ponto de ser má," e que fazia batota, dava pontapés e arranhava os seus adversários durante jogos. Também se sentia ofendida por Nina, que era da mesma idade, ser mais alta do que ela.[18] Também se preocupava menos com a sua aparência do que as irmãs. Hallie Erminie Rives, uma escritora americana de sucesso e esposa de um diplomata americano, descreveu como Anastásia, na altura com dez anos de idade, comia chocolates sem a preocupação de tirar as suas luvas longas e brancas na casa de ópera de São Petersburgo.[19]

Era também uma "maria-rapaz" que raramente chorava. A sua tia Olga Alexandrovna recordou que, certa vez ela estava a importuná-la tão excessivamente, que lhe deu uma bofetada. O rosto da menina ficou vermelho claro, mas ela saiu correndo silenciosamente do quarto.[12] Quando o canhão de salva do iate Imperial disparava, Anastásia fugia para um canto, metia os dedos nos ouvidos, arregalava os olhos, e pendia a língua numa expressão trocista de terror.[12]

Pierre Gilliard, o seu tutor de francês, escreveu sobre ela: " A Anastásia era muito travessa e engraçada. Tinha um sentido de humor apurado e os seus comentários sarcásticos atingiam quase sempre assuntos sensíveis. Era uma criança terrível, embora os seus defeitos tendessem a ser corrigidos com a idade. Era extremamente preguiçosa, mas era uma preguiça de criança dotada. O seu sotaque francês era excelente, e ela representava cenas de comédia com um talento notável. Era tão vivaz, e sua alegria tão contagiante, que vários membros da suíte adquiriram o hábito de chamá-la "raio de Sol", a alcunha dada à sua mãe pela corte inglesa.'[20]

Anastásia na Finlândia, cerca de 1908.

Anastásia e a sua irmã mais velha, Maria, eram conhecidas na família como "O Par Pequeno", partilhavam o mesmo quarto, usavam variações do mesmo vestido e passavam a maior parte do tempo juntas. As suas irmãs mais velhas, Olga e Tatiana, também partilhavam um quarto e eram conhecidas como "O Par Grande". As quatro irmãs assinavam as suas cartas usando a alcunha: OTMA.[12][21] Anastásia também era muito chegada ao irmão hemofílico, czarevich Alexei ou Bebé. Diz-se que um adivinhava o que o outro estava a pensar sem precisarem de dizer uma palavra, e era ela quem conseguia diverti-lo quando ele sofria ataques de hemofilia. [22]

Desde pequena, Anastásia recorria à influência que tinha sobre Maria, que tinha uma personalidade mais maleável. O quarto das duas irmãs em Czarkoe Selo ficava em cima da sala de recepção da imperatriz. Maria e Anastásia esperavam, escutando silenciosamente, até que a imperatriz levasse um convidado para dentro, e, então, as pessoas em baixo ouviam seu fonográfo o mais alto que a música podia tocar. Pulavam nas suas camas de armar e sobre o chão, dançando e gritando, e fazendo o maior barulho possível.[23]

Apesar da sua energia, Anastásia tinha vários problemas de saúde. A grã-duquesa tinha joanetes, uma condição dolorosa que afectavam ambos os seus dedos dos pés maiores.[24] Tinha também um músculo fraco nas costas, por isso tinha de receber massagens duas vezes por semana. Para fugir a estas mensagens, Anastásia escondia-se debaixo da cama ou dentro de um armário.[25] Segundo a sua tia Olga Alexandrovna, a sua irmã mais velha, Maria, terá tido uma hemorragia grave durante uma operação a que foi submetida em Dezembro de 1914 para tirar as amígdalas. O médico que realizou a cirurgia ficou tão nervoso que teve de receber ordens para prosseguir por parte da imperatriz. Olga Alexandrovna disse que acreditava que todas as suas sobrinhas sangravam mais do que o normal e que eram portadoras do gene da hemofilia, como a mãe.[26] As portadores do gene, embora não sofram da doença, podem mostrar sintomas de hemofilia, entre eles uma capacidade menor de coagular o sangue, o que pode levar a maiores sangramentos.[27] Em 2009, os testes de ADN realizados aos restos mortais da família imperial provaram, de forma conclusiva, que Alexei sofria de hemofilia B, uma vertente mais rara da doença. A sua mãe e uma das suas irmãs, identificada pelos russos como sendo Anastásia e pelos americanos como sendo Maria, era portadora do gene. Anastásia poderia ter passado a doença a um dos filhos, caso os tivesse tido.[28]

Personalidade

Anastásia com a sua tia, Olga Alexandrovna.

Anastásia tinha uma personalidade diferente das de suas femininas e bem-comportadas irmãs. Ás vezes fazia rasteiras aos empregados e pregava partidas aos seus tutores. Quando criança, subia às árvores e recusava-se a descer. O único que conseguia convencê-la a fazê-lo era o seu pai, Nicolau. Anna Vyrubova referiu-se a Anastásia como "perspicaz e esperta, uma macaca para brincadeiras."[29] Gleb Botkin recordou a simplicidade que Anastásia demonstrou certa ocasião, em que o seu pai tinha dito à grã-duquesa que ela era feita de ouro, ao que a jovem respondeu: "De forma alguma, sou feita do mais ordinário cabedal."

Mas à medida que foi crescendo, o comportamento travesso de Anastásia foi diminuindo, como observou Pierre Gilliard: "Uma ingenuidade e simplicidade totais eram as maiores características de Anastásia Nikolaevna. Quando era pequena, era muito travessa, encontrava imediatamente as características cómicas das pessoas, e em seguida imitava-os muito habilmente, e isso era uma diversão irresistível. Mas, quando cresceu, esse hábito irreverente tornou-se menos comum."[30]

A baronesa Shopie Buxhoeveden escreveu que Anastásia se "teria tornado na mais bonita das irmãs se tivesse vivido mais tempo. As suas feições eram regulares e bem delineadas. Tinha um cabelo bonito, olhos bonitos e vivos como se tivessem sempre um sorriso brincalhão escondido nas suas profundidades, e sobrancelhas negras que quase se juntavam. Tudo isto combinado, tornava a grã-duquesa mais nova diferente de todas as irmãs. Tinha um aspecto próprio e parecia-se mais com a família da mãe do que com a do pai. Era muito baixa, mesmo aos dezassete anos, e era, na altura, um pouco gorda, mas era gordura da adolescência. Ela teria-a perdido como a sua irmã Maria.<ref>«Título ainda não informado (favor adicionar)» </ref>

Gostava de passar o seu tempo livre a ouvir música no seu gira-discos, a escrever cartas, a ver filmes, a tirar fotografias (um passatempo de família), brincar às escondias com Alexei e estendida ao sol sem fazer nada.[31] O seu perfume era o Violette de Coty.[32]

A tia de Anastásia, a grã-duquesa Olga Alexandrovna recordou que levava as sobrinhas aos sábados até São Petersburgo, até ao palácio da avó, onde havia festas especialmente feitas para elas, com danças e pessoas jovens para conhecerem.[33] A grã-duquesa recordou que nestas festas, Anastásia era a que mais aproveitava. Lançava-se fervorosamente às danças, música e jogos. Anos depois, Olga escreveu que ainda conseguia ouvir seu riso, a ecoar pela sala. [34]

A Associação Com Rasputine

Anastásia com o irmão Alexei.

A mãe de Anastásia dependia dos conselhos de Gregório Rasputine, um camponês russo e staretz peregrino ou "homem santo", e acreditava que tinha sido através da influência dele que o seu filho Alexei se tinha salvado de alguns dos seus mais preocupantes ataques de hemofilia. Anastásia e as suas irmãs aprenderam a chamar Rasputine de "o nosso amigo" e a partilhar os seus segredos com ele. No outono de 1907, a tia de Anastásia, Olga, foi levada até ao berçário pelo czar para conhecer Rasputine. Quando entrou no quarto, viu as suas sobrinhas e sobrinho vestidos com as suas camisas de dormir.

"As crianças pareciam todas gostar dele," recordou Olga Alexandrovna. "Estavam completamente à vontade com ele."[35] A amizade de Rasputine com os filhos do imperador era evidente em algumas mensagens que o camponês lhes enviou. Em Fevereiro de 1909, Rasputine enviou-lhes um telegrama, onde os aconselhava a "amar toda a natureza de Deus, toda a Sua criação e, principalmente, esta terra. A Mãe de Deus estava sempre ocupada com flores e bordados."[36]

Contudo, uma das governantas das meninas, Sofia Ivanovna Tyutcheva ficou horrorizada quando, em 1910, Rasputine teve autorização para visitar o berçário quando as quatro filhas do czar estavam de camisa-de-dormir e quis expulsá-lo. Nicolau pediu a Rasputine que evitasse visitas ao berçário no futuro. As crianças estavam cientes da tensão que existia entre Rasputine e o resto dos criados e temiam que a sua mãe ficasse enfurecida com a atitude de Tyutcheva. "Tenho tanto medo que a S.I. [Sofia Ivanovna] diga (...) alguma coisa má sobre o nosso amigo," escreveu a irmã de Anastásia, Tatiana, de doze anos, à mãe a 8 de Março de 1910. "Espero que a nossa ama seja simpática com o nosso amigo agora." Eventualmente, Alexandra acabou por despedir Tyutcheva.[37]

Tyutcheva contou a sua história a outros membros da família.[38] Embora as visitas de Rasputine às crianças fossem de uma natureza completamente inocente, pelo menos segundo os relatos que existem, a família ficou escandalizada. Tyutcheva contou à irmã de Nicolau, a grã-duquesa Xenia Alexandrovna, que Rasputine visitava as meninas, falava com elas enquanto elas se preparavam para ir para a cama, abraçava-as e fazia-lhes festas. Disse também que as crianças tinham aprendido a não falar de Rasputine com ela e tinham o cuidado de esconder as visitas que ele lhes fazia do resto dos criados. Xenia escreveu, a 15 de Março de 1910, que não conseguia compreender "a atitude da Alix e das crianças com aquele sinistro Gregório, que acham quase um santo, quando, na realidade, não passa de um khlyst [pagão]!)

Contudo, os rumores persistiram e a sociedade começou a sussurrar que Rasputine não tinha seduzido apenas a imperatriz, mas também as suas quatro filhas.[39] Estes rumores foram alimentados quando Rasputine revelou cartas ardentes, mas aparentemente inocentes, que lhe tinham sido escritas pela imperatriz e pelas filhas e começaram a ser espalhadas pela sociedade. "Meu querido, precioso e único amigo," escreveu Anastásia. "Gostava muito de te ver novamente. Apareceste hoje no meu sonho. Estou sempre a perguntar à mamã quando vais aparecer. Penso sempre em ti, meu querido, por seres tão bom comigo (...)".[40]

A este escândalo, seguiu-se a circulação de caricaturas pornográficas onde se mostrava Rasputine a ter relações com a imperatriz, as suas quatro filhas e Anna Vyrubova.[41] Depois destes acontecimentos, Nicolau forçou Rasputine a deixar São Petersburgo durante algum tempo, algo que desagradou a Alexandra, e o camponês realizou uma peregrinação à Palestina.[42] Apesar dos rumores, a associação da família imperial com Rasputine continuou até ao assassinato dele a 17 de Dezembro de 1916. "O Nosso Amigo está tão satisfeito com as nossas meninas, diz que passaram por "caminhos" pesados para a idade e que as almas delas desenvolveram-se muito," escreveu Alexandra a Nicolau a 6 de Dezembro de 1916.[43]

Nas suas memórias, A.A. Mordvinov disse que as grã-duquesas pareciam "frias e visivelmente muito desconcertadas" com a morte de Rasputine e sentaram-se "todas muito juntas" no sofá de um dos seus quartos, na noite em que souberam da notícia. Mordvinov recordou que as jovens estavam uma disposição sombria e que pareciam sentir agitação política que estava prestes a rebentar.[44] Rasputine foi enterrado com um ícone assinado na parte de trás por Anastásia, a mãe e as irmãs. Anastásia esteve presente no seu funeral, realizado a 21 de Dezembro de 1916, e a sua família tinha planos para construir uma igreja no local onde Rasputine tinha sido enterrado.[45] Depois de serem assassinados pelos bolcheviques, descobriu-se que Anastásia e as irmãs usavam um amuleto com uma fotografia de Rasputine e uma oração.[46]

Primeira Guerra Mundial e Revolução

Durante a Primeira Guerra Mundial, Anastásia visitava soldados feridos num hospital privado em Czarskoe Selo na companhia da sua irmã Maria. As duas adolescentes, muito novas para se tornarem enfermeiras da Cruz Vermelha, como a sua mãe e as suas irmãs mais velhas, jogavam xadrez e bilhar com os soldados e tentavam animá-los. Felix Dassel, que foi tratado no hospital e conheceu Anastásia, recordou que a grã-duquesa "ria como um esquilo" e caminhava rapidamente "como se fosse sempre aos saltinhos".[47]

Em Fevereiro de 1917, após a abdicação do Czar Nicolau II, Anastásia e a família foram colocados sob prisão domiciliária no Palácio de Alexandre em Czarskoe Selo durante a Revolução Russa. À medida que os Bolcheviques se aproximavam, Alexander Kerensky do Governo Provisório mandou-os para Tobolsk, na Sibéria.[48] Pouco depois dos Bolcheviques se terem apoderado da maioria da Rússia, Anastásia, a família, alguns criados e o médico da família foram enviados para a cidade mineira de Ecaterimburgo, nos Montes Urais.[49]

Cativeiro

A ansiedade e incerteza do cativeiro trouxeram sofrimento para Anastásia e para a família. "Adeus" escreveu ela a um amigo no inverno de 1917. "Não te esqueças de nós".[50] Em Tobolsk, escreveu uma canção para o seu tutor de inglês, cheia de erros ortográficos sobre Evelyn Hope, um poema de Robert Browning, que falava sobre uma jovem da idade de Anastásia: "Quando ela morreu tinha apenas dezasseis anos. Havia um homem que a amava, sem nunca a ter visto, mas conhecia-a muito bem. E ela também tinha ouvido falar dele. Ele nunca lhe conseguiu dizer que a amava, e agora ela estava morta. Mas mesmo assim ele pensou que quando ele e ela vivessem [a sua] próxima vida, quando isso acontecesse (...)"[50]

Em Tobolsk, Anastásia e as suas irmãs coseram jóias nas suas roupas na esperança de as esconder dos seus carrascos, uma vez que Alexandra, que já tinha sido transferida para Ecaterimburgo com o marido e a filha Maria, enviou uma carta a avisá-las que tinham sido todos revistados quando chegaram à cidade e que lhes tinham sido confiscados objectos pessoais. Alexandra usou nomes de código como "medicamentos" e "coisas do Sednev" para se referir às jóias. As cartas enviadas de Demidova a Tegleva deram as instruções finais.[51]

Anastásia, Olga e Tatiana foram assediadas sexualmente por guardas procurando pelas jóias escondidas, a bordo do Rus, um navio a vapor que as transportou à Ekaterimburgo para se juntarem aos pais e à irmã Maria em maio de 1918. O seu tutor inglês, Sidney Gibbes recordou ter ouvido as grã-duquesas a gritar de terror, e foi assombrado pelo resto da vida por não poder ajudá-las.[52]

Pierre Gilliard recordou a última vez que viu as crianças à chegada a Ecaterimburgo: "O marinheiro Nagorny, que estava a tratar de Alexei Nikolaevich, passou pela minha janela com o rapaz doente nos braços, atrás dele vinham as grã-duquesas, carregadas com malas e pequenos pertences pessoais. Tentei sair, mas fui empurrado bruscamente para o compartimento por um sentinela. Voltei para a janela. A Tatiana Nikolaevna vinha em último, com o seu cãozinho nos braços e a esforçar-se por arrastar uma mala castanha pesada. Estava a chover e vi os pés dela a afundar na lama a cada passo que dava. O Nagorny tentou ir ajudá-la. Foi empurrado bruscamente por um dos comissários (...).[53] A baronesa Sophie Buxhoeven descreveu a última vez que viu Anastásia: "Uma vez, quando estava sentada nos degraus à porta de uma casa que ficava perto, vi um braço coberto por uma manga cor-de-rosa a abrir a vidraça mais alta. Pela blusa, esse braço deve ter sido ou da grã-duquesa Maria ou da Anastásia. Elas não me conseguiam ver das janelas delas e este foi o último vislumbre que tive de algum deles."[54]

Contudo, mesmo nos seus últimos meses de vida, Anastásia procurou sempre maneiras de se divertir. Com outros membros da casa, fazia peças de teatro para entreter os pais e outros presentes, na primavera de 1918. As representações de Anastásia faziam todos rir, recordou o tutor Sidney Gibbes.[55] No dia 7 de maio de 1918, numa carta de Tobolsk para sua irmã Maria em Ecaterimburgo, Anastásia descreveu um momento de alegria, apesar da tristeza, solidão e medo por Alexei, que estava doente: "Brincamos no baloiço e foi aí que eu me perdi de riso, a queda foi tão maravilhosa! Mesmo! Eu já contei isto às nossas irmãs tantas vezes ontem que elas já estão fartas de me ouvir, mas eu podia continuar a contar a história para sempre. Que tempo fantástico temos tido! Qualquer um podia simplesmente gritar de alegria."[56] Nas suas memórias, um dos guardas da Casa Ipatiev, Alexander Strekotin, relembra Anastásia como "muito amigável e divertida" enquanto outro guarda disse que Anastásia era um demónio muito charmoso. Era travessa e penso que raramente se cansava. Era traquinas e fazia imitações hilariantes com os cães, como se fossem cães de circo".[15] Outro guarda, contudo, disse que grã-duquesa mais nova era '"ofensiva e terrorista" e reclamou que ocasionalmente fazia comentários provocantes que causavam tensão no grupo.[57]

Foram levadas a cabo negociações entre os bolcheviques e os parentes dos Romanov, muitos deles sendo membros proeminentes das famílias reais da Europa, mas nunca se conseguiu obter um acordo. Lenine pensou pedir favores à Alemanha em troca da vida da czarina Alexandra e do czar Nicolau II, primos do kaiser alemão, mas ele não se mostrou interessado em negociar.[58] À medida que o exército Branco, formado por seguidores ainda leais ao czar e aos princípios da autocracia, avançava para Ecaterimburgo, os Vermelhos estavam numa situação precária. Os comunistas sabiam que Ecaterimburgo cairia perante o exército Branco, melhor comandado e equipado.[59]

But the next day, on July 15, 1918, Anastasia and her sisters appeared in good spirits as they joked and helped move the beds in their shared bedroom so that cleaning women could clean the floors. They helped the women scrub the floors and whispered to them when the guards weren't watching. Anastasia stuck her tongue out at Yakov Yurovsky, the head of the detachment, when he momentarily turned his back and left the room.[47]

No verão, as privações do cativeiro, incluindo a sua reclusão cada vez mais restringida na Casa Ipatiev, afectou negativamente a família. Segundo alguns relatos, a certa altura, Anastásia ficou tão desconcertada com as janelas trancadas e caiadas a branco, que acabou por abrir uma para olhar para o lado de fora e apanhar ar fresco. Um sentinela viu-a e disparou, não lhe acertando por pouco. Anastásia nunca mais voltou a fazer o mesmo.[60] A 14 de Julho de 1918, um grupo de padres de Ecaterimburgo celebrou uma missa privada para a família. Contaram que, ao contrário do que era costume, a família caiu de joelhos durante a oração pelos mortos e que as grã-duquesas estavam desanimadas, desesperadas e já não cantavam as respostas durante a missa. Tendo reparado nesta mudança de comportamento desde a última visita que tinham feito à casa, um padre comentou com outro que "algo lhes deve ter acontecido ali".[61] Mas, no dia seguinte, 15 de Julho, Anastásia e as irmãs pareciam estar bem-dispostas enquanto ajudavam a arrastar as camas no quarto que partilhavam para que a criada pudesse limpar o chão. Ajudaram a mulher a esfregar o chão e sussurravam entre elas quando os guardas não estavam a olhar. Anastásia mostrou a língua a Yakov Yurovsky, o chefe do destacamento, quando ele virou as costas e saiu do quarto.[62]

Execução

Maria, Olga, Anastásia e Tatiana, no cativeiro em Czarkoe Selo, 1917.

Segundo a "Nota Yurovski", um relato sobre o evento escrito por Yurovsky aos seus superiores Bolcheviques, imediatamente antes da alvorada do dia dos assassinatos, a família foi acordada e foi-lhes dito para se vestirem. Quando perguntaram o porquê dessa ordem, foi-lhes dito que precisavam de tirar uma fotografia para provar que ainda estavam vivos. Há também relatos de que foi lhes foi dito que havia um tiroteio, o que tornava os quartos superiores, onde dormiam, inseguros, e teriam que se mudar imediatamente para a cave. Uma vez vestidos, a família e o pequeno grupo de criados e profissionais da área de saúde que permaneceram com eles, foram levados para a cave e foi-lhes dito para esperarem. Anastásia seguiu a família, levando o seu cão Jimmy nos braços. Foi permitido a Nicolau, Alexandra e Alexei (no colo da mãe) que se sentassem em cadeiras providenciadas pelos guardas a pedido da imperatriz. Após vários minutos, os carrascos entraram na sala, conduzidos por Yurovski. Sem hesitação, Yurovski informou rapidamente o czar e a sua família que iam todos ser executados. O czar teve apenas tempo de perguntar "O quê?" e de se virar para a sua família, antes de ser abatido com uma bala na cabeça. A imperatriz e a filha Olga tentaram fazer o sinal da cruz, mas foram mortas na saraivada inicial de balas, atiradas pelos executores. Ambas foram feridas por tiros na cabeça. O resto da família e comitiva, foram mortos logo depois.[63]

As últimas vítimas, Maria, Anastásia e a criada Demidova, estavam no chão, por baixo da única janela da cave. À medida que o carrasco se aproximava, Maria levantou-se e lutou com Ermakov à medida que ele a tentava esfaquear. As jóias nas suas roupas protegiam-na, e Ermakov afirmou que a matou com um tiro na cabeça. Depois, Ermakov lutou com Anastásia, não conseguiu esfaqueá-la e disse que também a matou com um tiro na cabeça. A caveira de Maria não mostra sinais de balas e não se sabe ao certo como morreu. Ermakov estava bêbado na altura dos assassinatos e é possível que o seu tiro tinha apenas passado de raspão na cabeça de Maria, deixando-a inconsciente e causando uma grande hemorragia, mas não a matou. Depois, à medida que os corpos eram retirados da cave, duas das grã-duquesas deram sinais de vida. Uma sentou-se e gritou, levantando um braço por cima da cabeça, enquanto outra a sangrar da boca, gemeu e mexeu-se ligeiramente. Uma vez que as feridas causadas a Olga e Tatiana as mataram instantaneamente, é mais provável que tivesse sido Maria, que talvez estivesse apenas inconsciente, a gritar, enquanto Anastásia poderia ainda ter capacidade para se mexer e gemer. Apesar do testemunho escrito de Ermakov não o referir, o carrasco contou à esposa que Anastásia foi morta à baioneta, enquanto Yurovsky escreveu que, quando os corpos estavam a ser levadas, uma das grã-duquesas ou mais, gritaram, mas foram golpeadas na parte de trás da cabeça. Contudo, a caveira de Maria não mostra sinais de violência e os fragmentos queimados do corpo de Anastásia descobertos em 2009 não fornecem qualquer pista para a sua causa de morte.[64]

Falsos rumores de sobrevivência

Grã Duquesa Anastásia Nikolaevna a ler durante o cativeiro em Tobolsk na Primavera de 1918. Esta é uma das suas últimas fotos.

A suposta sobrevivência de Anastásia foi um dos mistérios mais celebrados do século XX. Anna Anderson, a impostora mais conhecida, apareceu publicamente pela primeira vez entre 1920 e 1922. Contou que tinha fingido estar morta quando estava entre os cadáveres da sua família e criados, e conseguiu fugir com a ajuda de um guarda que teve pena dela e a salvou depois de reparar que ela ainda estava viva. A sua batalha legal para ser reconhecida arrastou-se desde 1938 até 1970, a controvérsia durou o resto da sua vida e foi o caso mais longo dos tribunais alemães, onde foi oficialmente arquivado. A decisão final do tribunal foi a de que Anderson não tinha dado provas suficientes para poder reclamar a identidade da grã-duquesa.[65]

Anderson morreu em 1984 e o seu corpo foi cremado. Foram levados a cabo testes de ADN em 1994 numa amostra de tecido de Anderson, encontrada num hospital, e o sangue do príncipe Filipe, Duque de Edimburgo, sobrinho-neto da imperatriz Alexandra. Segundo Dr. Gill, que realizou estes testes, "Se for aceite que estas amostras pertencem a Anna Anderson, então ela não podia ser parente do czar Nicolau nem da czarina Alexandra." O ADN de Anderson era idêntico ao de um sobrinho-neto de Franziska Schanzkowska, uma operaria polaca desaparecida.[66] Alguns apoiantes de Anna Anderson reconheceram que os testes de ADN que provaram que ela não podia ser uma das grã-duquesas tinham "vencido o dia."[67]

Achados dos Romanov

Grã Duquesas Maria, Anastásia, Olga, Tatiana (sentada) em 1914.

No entanto, em Agosto de 2007, um arqueólogo Russo anunciou a descoberta de dois esqueletos, em um sítio perto de Ekaterimburgo. Os arqueólogos disseram que a ossada são de um garoto que está mais ou menos entre 10 e 13 anos e de uma jovem mulher, entre 18 e 23 anos. Anastásia tinha 17 anos, sua irmã, Maria tinha 19 anos e seu irmão, Alexei estava a dois meses para completar 14 anos. As duas irmãs mais velhas de Anastásia, Olga e Tatiana, tinham 22 e 21 anos respectivamente. Junto com os restos dos dois corpos foram achados "fragmentos de um recipiente contendo ácido sulfúrico, unhas, tiras de uma caixa de madeira e balas de vários calibres".

Testes preliminares indicaram "uma alta probabilidade" que os restos fossem do Czarevich Alexei e de uma de suas irmãs. No dia 30 de abril de 2008, cientistas Forenses Russos anunciaram que os testes de DNA provaram que os achados se tratavam mesmo do Czarevich Alexei e da Grã Duquesa Maria.

Canonização

Em 2000, Anastásia e sua família foram canonizados como Portadores da Paz pela Igreja Ortodoxa Russa. A família foi anteriormente canonizada em 1981 pela Igreja Ortodoxa Russa no estrangeiro como Santos Mártires. Os corpos do czar Nicolau II, da czarina Alexandra e de três filhas foram finalmente enterrados na Catedral de São Pedro e Paulo em São Petersburgo em 17 de julho de 1998, oitenta anos após seu assassinato.[68]

Influência na cultura

A possível sobrevivência de Anastásia tem sido assunto de vários filmes teatrais e televisivos. O mais antigo, feito em 1928, chamava-se Clothes Make the Woman (As Roupas Fazem a Mulher). A história é sobre uma mulher que aparece para fazer o papel de uma Anastásia salva para um filme de Hollywood, e acaba por ser reconhecida pelo soldado russo que a salvou originalmente dos seus assassinos.

O mais famoso é provavelmente o filme altamente fictício de 1956 Anastásia protagonizado por Ingrid Bergman que tinha o papel de Anna Anderson, Yul Brynner como General Bounine (uma personagem ficcional baseada num homem severo verdadeiro), e Helen Hayes como Dagmar da Dinamarca, avó paterna de Anastásia.

O filme conta a história de uma mulher de um asilo que aparece em Paris em 1928 e é capturada por emigrés russos, que lhe dão informação de maneira a enganar a avó de Anastásia e fazê-la pensar que Anderson é a sua neta, para obter a fortuna do czar. À medida que o tempo passa, eles começam a suspeitar que esta "Madame A. Anderson" é realmente a Grã-duquesa sobrevivente.

Em 1986, a NBC transmitiu uma mini-série baseada num livro publicado em 1983 por Peter Kurth, chamado Anastasia: The Riddle of Anna Anderson (Anastásia: O Enigma de Anna Anderson). O filme, Anastasia: The Mystery of Anna (Anastásia: O Mistério de Anna), era uma série de duas partes que começava com a jovem Anastásia Nikolaevna e a sua família a serem enviados para Ekaterimburgo, onde são executados por soldados bolcheviques. A história avança então para 1923, e, tomando grandes liberdades, segue ficcionalmente as alegações de uma mulher conhecida como Anna Anderson. Amy Irving faz o papel de Anna Anderson. O filme incorpora também muitos veteranos do cinema e atores de TV, mais notoriamente Olivia de Havilland como a imperatriz Maria Feodorovna e Omar Sharif como o czar Nicolau II.

O filme mais recente é Anastásia (desenho) de 1997, versão animada produzida pela 20th Century Fox da história da fuga da menina da Rússia e a sua busca subsequente por reconhecimento. Este filme toma ainda mais liberdades em relação aos fatos históricos do que o filme de 1956 do mesmo nome, a começar pelo fato de situar a Revolução Russa em 1916, não 1917.

A sobrevivência da Grã-duquesa russa também é tema a canção "Yes Anastasia" de Tori Amos. A banda Innocence Mission também canta sobre a lenda Anastásia/Anna Anderson na canção "I Remember Me." Anastásia é mencionada pelos Rolling Stones em 1968 na canção "Sympathy for the Devil" no verso "Anastasia screamed in vain" (Anastásia gritou em vão).

Anastásia aparece como uma personagem no jogo para a PlayStation 2 de 2004 Shadow Hearts: Covenant.

A Grã-Duquesa também é mencionada na série The 39 Clues, série de livros fictícios onde a personagem é dada como viva e tem uma filha, a personagem Nataliya Ruslanovna Radova, fazendo a primeira aparição no quinto livro da série O Círculo Negro, de Patrick Carman.

Genealogia

Os antepassados de Anastásia Nikolaevna da Rússia em três gerações
Anastásia Nikolaevna da Rússia Pai:
Nicolau II da Rússia
Avô paterno:
Alexandre III da Rússia
Bisavô paterno:
Alexandre II da Rússia
Bisavó paterna:
Maria de Hesse-Darmstadt
Avó paterna:
Maria Feodorovna
Bisavô paterno:
Cristiano IX da Dinamarca
Bisavó paterna:
Luísa de Hesse-Kassel
Mãe:
Alexandra Feodorovna
Avô materno:
Luís IV de Hesse-Darmstadt
Bisavô materno:
Carlos de Hesse-Darmstadt
Bisavó materna:
Isabel da Prússia
Avó materna:
Alice do Reino Unido
Bisavô materno:
Alberto de Saxe-Coburgo-Gota
Bisavó materna:
Vitória do Reino Unido

Ligações externas

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Notas e referências

  1. "DNA Confirms Remains Of Czar's Children", consultado a 19 de Abril de 2012.
  2. "Mystery Solved: The Identification of the Two Missing Romanov Children Using DNA Analysis", consultado a 19 de Abril de 2012.
  3. Massie (1995), pp. 194–229
  4. Massie (1967), p. 153
  5. Eagar, Margaret (1906). ""Six Years at the Russian Court"". alexanderpalace.org.
  6. Zeepvat, (2004), p. xiv
  7. Diários de Nicolau II de 1901
  8. Kurth (1983), p. 309
  9. Massie (1967), p. 134
  10. Vyrubova, Anna. "Memories of the Russian Court". alexanderpalace.org, consultado a 19 de Abril de 2012.
  11. Eagar, Margaret (1906). "Six Years at the Russian Court". alexanderpalace.org, Consultado a 19 de Abril de 2012.
  12. a b c d Massie (1969), p.125
  13. Buxhoeveden, Sophie. [1]. "The Life and Tragedy of Alexandra".
  14. Dehn, Lilli (1922). "The Real Tsaritsa". alexanderpalace.org, consultado a 19 de Abril de 2012.
  15. a b King and Wilson (2003), p. 250
  16. Vyrubova, Anna. ""Memories of the Russian Court"".
  17. Vyrubova, Anna. [2]"Memories of the Russian Court".
  18. King and Wilson (2003), p. 50
  19. Lovell (1991), pp. 35–36
  20. Gilliard, Pierre (1970). ""Thirteen Years at the Russian Court"".
  21. Christopher, Kurth, Radzinsky (1995), pp. 88–89
  22. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  23. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  24. Kurth (1983), p. 106
  25. Maylunas, Andrei, Mironenko, et al. (1997), p. 327
  26. Vorres (1965), p. 115
  27. Zeepvat (2004), p. 175
  28. Price, Michael (2009). "Case Closed: Famous Royals Suffered from Hemophilia". Science. Consultado a 19 de Abril de 2012.
  29. Vyrubova, Anna. "Memories of the Russian Court".
  30. Gilliard, Pierre (1970). ""Thirteen Years at the Russian Court""
  31. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  32. Massie (1969), p.127
  33. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  34. Massie (2000), p.134-135
  35. Massie (1967), pp. 199–200
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  41. Christopher, Kurth, Radzinsky (1995), p. 115
  42. Christopher, Kurth, Radzinsky (1995), p. 116
  43. Maylunas, Andrei, Mironenko, et al. (1997), p. 489
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  45. Maylunas and Mironenko (1997), p. 511
  46. Robert K. Massie, "The Romanovs: The Final Chapter" p.8
  47. Kurth (1983), p. 187
  48. King and Wilson (2003), pp. 57–59
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  50. a b Kurth (1983), p. xiv
  51. Robert Wilton, "Last Days of the Romanovs", 1920, p.30
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  55. Christopher, Kurth, Radzinsky (1995), p. 177
  56. Maylunas and Mironenko (1997), p. 619
  57. King and Wilson (2003), p. 251
  58. King and Wilson (2003), p. 203
  59. Massie (1969) p.471
  60. Robert Wilton, "Last Days of the Romanovs", p.407
  61. Helen Rappaport, "Last Days of the Romanovs, Tragedy at Ekaterinburg," p.162-163
  62. Helen Rappaport, The Last Days of the Romanovs, St. Martin's Griffin, 2008, p. 172
  63. Radzinsky (1992), p. 380–393
  64. King and Wilson (2003), pp. 353–367
  65. Kurth (1983), pp. 33–39
  66. Massie (1995), pp. 194–229
  67. Christopher, Kurth, and Radzinsky (1995), p. 218
  68. Shevchenko, Maxim (2000) "The Glorification of the Royal Family" Nezavisimaya Gazeta url=http://www.struggler.org/GlorificationOfTheRoyalFamily.html


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