Saltar para o conteúdo

Ópera do Malandro

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, veja Ópera do Malandro (desambiguação).

A Ópera do Malandro é uma peça brasileira de 1978 de Chico Buarque, do gênero musical, dirigida por Luís Antônio Martinez Corrêa.

A Ópera do Malandro é inspirada nos clássicos Ópera dos Mendigos, de John Gay, e A Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht e Kurt Weill. É dedicado à lembrança de Paulo Pontes.

Resumo e análise

A Ópera do Malandro está atualíssima, ou seja, continua fazendo parte de um Brasil conhecido pela maioria dos brasileiros.

Um cafetão de nome Duran, que se passa por um grande comerciante, e sua mulher Vitória, que do nome nada herdou. Vitória era uma cafetina que, na realidade, vivia da comercialização do corpo. A sua filha Teresinha era apaixonada por uma patente superior, Max Overseas, que vive de golpes e conchavos com o chefe de polícia Chaves. Outras personagens são as prostitutas, apresentadas como vendedoras de uma butique, e o travesti Geni, que só serve para apanhar, cuspir e dar para qualquer um.

A peça se passa na década de 1940, tendo como pano de fundo a legalidade do jogo, a prostituição e o contrabando. Mostra um contexto bem parecido com nosso terceiro milênio, em que temos o jogo do bicho, entre outros tantos; as prostitutas do calçadão de Copacabana, o contrabando nas ruas de CDs, DVDs.

Qual seria o significado do nome Overseas? (ultramar) Se analisarmos o nome "overseas" lexicalmente, veremos que "over" significa sobre e "seas" oceanos. Logo, aglutinando as duas palavras, teremos como conclusão sobre os oceanos, ou seja, sobre os mares, sobre as fronteiras. Reparem que no final ele se lança em transações além mar, ultrapassando as fronteiras, inclusive da legalidade, espalhando a sua malha de negócios, agora legais, com dois grandes ex-amigos: o gigolô Duran e o delegado Chaves, cognominado Tigrão.

Todas as músicas são da autoria de Chico Buarque que, por sua genialidade, consegue harmonizá-las com o texto. Na música Geni e o Zepelim, Geni, que só serve para apanhar, levar uma cuspida e dar para qualquer um, é um travesti, fato que só descobrimos assistindo à peça. Geni, a princípio, não serve para nada. Todavia, quando o comandante de um zeppelin reluzente resolve bombardear a cidade, mudando de idéia apenas se tiver uma noite de amor com o travesti, todos resolvem pedir-lhe para ceder aos caprichos do comandante. As músicas seguem os compassos binário (2/4), terciário (3/4) e quaternário (4/4).[1]

Ficha técnica e elenco (primeira montagem)[2]

Ficha técnica
  • Direção: Luís Antônio Martinez Corrêa
  • Assistente de direção: João Carlos Motta
  • Cenografia e figurinos: Maurício Sette
  • Assistência de figurinos: Rita Murtinho
  • Direção musical: John Neschling
  • Assistente de direção musical: Paulo Sauer
  • Arranjos: John Neschling, Paulo Sauer
  • Direção vocal interpretativa: Glorinha Beutenmuller
  • Direção corporal: Fernando Pinto
  • Iluminaçãos: Jorge Carvalho
  • Programa: Maurício Arraes
Elenco (por ordem de entrada)

Trilha sonora[3]

  • O malandro (Die Moritat Von Mackin Messer) (Bertolt Brecht, Kurt Weill)
  • Hino de Duran (Chico Buarque)
  • Viver de amor (Chico Buarque)
  • Uma canção desnaturada (Chico Buarque)
  • Tango do Covil (Chico Buarque)
  • Dez anos (Chico Buarque)
  • O casamento dos pequenos burgueses (Chico Buarque)
  • Teresinha (Chico Buarque)
  • Homenagem ao malandro (Chico Buarque)
  • Folhetim (Chico Buarque)
  • Ai, se eles me pegam agora (Chico Buarque)
  • O meu amor (Chico Buarque)
  • Se eu fosse o teu patrão (Chico Buarque)
  • Geni e o Zepelim (Chico Buarque)
  • Pedaço de mim (Chico Buarque)
  • Ópera do Malandro (Adaptação e texto de Chico Buarque sobre trechos de "Rigoletto" de Verdi, "Carmen" de Bizet, "Aida" de Verdi, "La traviata" de Verdi e "Tannhäuser" de Wagner)
  • O malandro nº 2 vem aí (Chico Buarque)

Cortes

A censura exigiu que a primeira montagem fosse exibida com cortes. Por exemplo, a letra cantada pela personagem Terezinha teve de ser adaptada. O texto era: Meu amor tem um jeito de me beijar o sexo, e o mundo sai rodando, e tudo vai ficando solto e desconexo, e passou a ser (como hoje é conhecida pelo grande público): O meu amor tem um jeito de me beijar o ventre e me deixar em brasa/ desfruta do meu corpo como se o meu corpo fosse a sua casa.

Crítica

Em geral, as fontes pesquisadas denotam uma crítica positiva, reportando um retrato da sociedade brasileira dos anos 1940-1970, com suas hipocrisias[4][5][6].

Ver também

Referências

  1. Machado, Paulo (1 de janeiro de 2003). «A Ópera do Malandro de Chico Buarque de Holanda». Usina das Letras. Consultado em 02 de dezembro de 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  2. Chico Buarque (1 de junho de 1978). «Ópera do Malandro». Site oficial de Chico Buarque. Consultado em 02 de dezembro de 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  3. «Ópera do Malandro - Trilha Sonora da Peça Teatral». Ciquemusic. Consultado em 02 de dezembro de 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  4. Castro, Ruy. «Só Deus sabe até onde o Chico acertou». Site Oficial de Chico Buarque. Consultado em 02 de dezembro de 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  5. «O que é a Ópera do Malandro». Universidade Estácio de Sá. 5 de setembro de 2003. Consultado em 02 de dezembro de 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  6. Monteiro, Rodrigo (9 de fevereiro de 2009). «Ópera do Malandro». TeatroPoa. Consultado em 02 de dezembro de 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
Ícone de esboço Este artigo sobre teatro (genérico) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.