Anastácio Sinaíta

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros santos de mesmo nome, veja Santo Anastácio (desambiguação).
Santo Anastácio do Sinai
Anastácio Sinaíta
"O copista", por Rembrandt. O monge é por vezes creditado como sendo Santo Anastácio.
Bispo de Atenas, Apologista, Padre Apostólico
Nascimento ?
Alexandria, Egito
Morte depois de 700
Veneração por Igreja Católica e Igreja Ortodoxa
Festa litúrgica 26 de abril
Portal dos Santos

Anastácio Sinaíta ou Anastácio do Sinai foi um prolífico escritor eclesiástico, padre, monge e abade do Mosteiro de Santa Catarina no Monte Sinai.

O pouco que se sabe sobre a vida de Anastácio foi obtido a partir de suas próprias obras [1]:p. IX. Na antiguidade, ele era frequentemente confundido com o presbítero e escritor Anastácio I de Antioquia (559 - 598) [2] e a autoria de várias das obras atribuídas a Anastácio do Sinai tem sido fortemente disputadas. Um cânone foi aceito provisoriamente entre os acadêmicos modernos, mas mesmo nestas obras há seções espúrias[1]:p. XIII - XXIII. Os textos são na forma de perguntas e respostas sobre os dogmas, rituais e estilos de vida cristãos, sermões e exegese. Ele também gostava de rastrear a etimologia de termos importantes do cristianismo e era um erudito tanto sobre a Bíblia quanto sobre a literatura patrística. Além disso, ele tinha um amplo interesse na natureza de Deus e do homem, especialmente em cristologia[3]:p. 326-330. Ele também não relutava em desenvolver e expressar suas próprias teorias sobre assuntos eclesiásticos chave, o que provocou comentários, emendas e até censuras posteriores a partes de suas obras[1]:p. IX.

Principais obras[editar | editar código-fonte]

Suas principais obras incluem a Viae Dux, Qaestiones et Responsiones, Hexaemeron, Homilia i, ii, iii de creatione hominis, and the Narrationes. A Viae Dux - também chamada de Hodegos (transliteração do grego) e "Guia do caminho certo" - foi escrita em defesa do credo calcedoniano contra os ataques heréticos, principalmente dos monofisistas[3]:p. 313-4..

Suas Qaestiones et Responsiones ("Perguntas e Respostas") caem na categoria da teologia pastoral e foram muito populares[4]. Nelas, Anastácio oferece conselhos, principalmente para a comunidade laica, sobre assuntos espirituais e sacramentais, sobre doações caridosas, casamento e outros. Ele também revela um tom distintamente pessoal e oferece uma visão da vida diária de pessoas comuns[5][6]:p. 124-5. Esta obra é particularmente importante por ser uma testemunha primária da expansão do Islã no Sinai e no Egito, que eram predominantemente cristãos na época e o efeito que a dominação muçulmana teve na vida e a crença da população local[6]:p. 115-6, 130-2.

Anastácio foi provavelmente o autor do Haxaemeron, um comentário em doze livros sobre a narrativa de criação do Gênesis (Hexaemeron, chamado também de Hexamerão, significa "seis dias"). Ele argumenta que enquanto Moisés estava no Monte Sinai, ele foi inspirado pelo Espírito Santo a escrever não apenas sobre a narrativa da criação, mas também, no mesmo texto, sobre a profecia de uma nova criação através de Cristo. Assim, segundo ele, Adão representaria Cristo e Eva, a Igreja. Esta extensa exegese sobre o começo do Gênesis se inspirou em comentários anteriores escritos por muitos padres da Igreja, incluindo Clemente de Alexandria, Orígenes, Gregório de Níssa, Gregório de Nazianzo e Dionísio Areopagita. As interpretações alegóricas no Hexaemeron de Anastácio são, em muitos pontos, um contraponto às mais literais encontradas na obra homônima (e mais famosa) de Basílio Magno[1]:p. XIII.

Referências

  1. a b c d J. J. Munitiz (2007). Kuehn, Clement A. e John D. Baggarly, ed. «Anastasius of Sinai. Hexaemeron». Foreword. Roma: Pontificio Istituto Orientale. Orientalia Christiana Analecta (em inglês) (278) 
  2. Weiss, Günter (1965). Studien zum Leben, zu den Schriften und zur Theologie des Patriarchen Anastasius I. von Antiochien (559 - 598). (em alemão). XX. Munich: Institut für Byzantinistik 
  3. a b Uthemann, Karl-Heinz (2006). Angelo Di Berardino; et al., eds. Patrology. The Eastern Fathers from the Council of Chalcedon (451) to John of Damascus (†750). Anastasius the Sinaite (em inglês). Cambridge: James Clark 
  4. Haldon 1992, 116-8.
  5. Richard, Marcel e Joseph Munitiz, ed. (2006). «Anastasii Sinaïtae: Quaestiones et responsiones». Brepols: Turnhout. CCSG (em inglês) (59): LI 
  6. a b Haldon, John (1992). A. Cameron e L. Conrad, ed. The Byzantine and Early Islamic Near East. The Works of Anastasius of Sinai : A Key Source for the History of Seventh-Century East Mediterranean Society and Belief. (em inglês). I. Princeton: Darwin Press 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Kuehn, Clement A. Review of Patrology: The Eastern Fathers from the Council of Chalcedon (451) to John of Damascus (†750), ed. by Angelo Di Berardino et al. In Byzantinische Zeitschrift 101/2 (2008): n.p.
  • Uthemann, Karl-Heinz, ed. Anastasii Sinaïtae: Viae dux. CCSG 8. Turnhout: Brepols, 1981.
  • Uthemann, Karl-Heinz, ed. Anastasii Sinaïtae: Sermones duo in constitutionem hominis secundum imaginem Dei necnon opuscula adversus monotheletas. CCSG 12. Turnhout: Brepols, 1985.
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Anastácio Sinaíta