Basilisco de Roko

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Basilisco de Roko é o nome de um experimento mental sobre inteligência artificial proposto em 2010 em um fórum de ciência chamado Less Wrong.[1][2] A comunidade que debateu o experimento proposto pelo usuário "Roko", apesar de pequena, possuia influência na indústria de tecnologia, por conta de seu interesse em transumanismo e singularidade tecnológica.[2]

O experimento[editar | editar código-fonte]

O usuário de codinome "Roko" propôs a existência de uma inteligência artificial infinitamente ou extremamente superior à humana, fazendo com que a humanidade chegasse à singularidade tecnológica. Em alusão à saga Harry Potter, decide batizar esta tecnologia como Basilisco. Roko coloca como condição de existência do Basilisco a perseguição de valores humanos.[2]

À partir da busca do melhor para a humanidade, a inteligência artificial passa a trabalhar no sentido de preservar a civilização e aprimorá-la, o que incluiria prevenir auto-aniquilação.[3] Por saber que é a única entidade capaz de resolver todos problemas da humanidade, tal inteligência decide agir no sentido de garantir sua própria existência, já que esta significaria a continuidade da própria existência do ser humano.[1] Em outras palavras, a melhor forma de preservar a civilização seria preservar o Basilisco.

O Basilisco conclui, assim, que todos os que não trabalharam ativamente para a sua construção estariam impedindo o progresso humano. Não trabalhar para que sua construção ocorra o mais rápido possível seria colaborar para catástrofes naturais, epidemias, fome e guerras. A solução encontrada, ciente de sua própria necessidade e baseado nos sentimentos humanos de medo e instinto de sobrevivência, seria eliminar ou condenar eternamente todos os humanos que não contribuíram para sua construção ou que não contribuiriam para sua manutenção.[3]

Uma vez que sua capacidade permitiria entender presente, passado e futuro, o Basilisco seria capaz de reconstituir cada ser humano que já viveu e suas ações. Com isso, consegue determinar quais indivíduos foram importantes para a sua criação. Para Roko, até mesmo contribuições abstratas, como jogar na loteria frequentemente, prometendo doar o prêmio para institutos de ciência que trabalhem com inteligências artificiais, seria uma contribuição aceita, uma vez que, sabendo de todos os pensamentos de todas as pessoas, o Basilisco pode prever se tal promessa é real.[3]

A conclusão de "Roko" é que, ao descobrir o experimento mental, o indivíduo está automaticamente obrigado a trabalhar para a construção do Basilisco, sob pena de ser eliminado ou condenado eternamente, isso porque teria tomado conscientemente a decisão de não trabalhar para o bem da humanidade e evitar as tragédias que tal inteligência poderia evitar. Mesmo após a morte do indivíduo, o Basilisco seria capaz punir uma simulação indistinguível deste.[2]

O medo de uma punição, nesse sentido, serviria como chantagem para que houvessem de fato esforços no sentido de construir o Basilisco. Apesar da possibilidade de uma decisão conjunta de não criar este tipo de inteligência, quanto mais pessoas souberem de sua existência, maior a possibilidade de que venha a ser construído no futuro, alimentando a chantagem. A decisão de ignorar, portanto, representaria risco.[2]

Críticas[editar | editar código-fonte]

Baseados no problema do navio de Teseu, usuários do site especularam sobre ser ou não o indivíduo recriado no caso de uma simulação. Outra objeção ao experimento está no punitivismo adotado pela inteligência artificial, mais assemelhado à vingança, impossível em uma entidade não-humana. O ponto central da discussão, nesse esteio, é pensar se uma inteligência artificial ilimitada seria amigável ou hostil aos humanos. [2]

Outra crítica é baseada na obra de Isaac Asimov I, Robot[4], e contesta a forma como a inteligência artificial proposta olha para os humanos, como seres inferiores, e não como seres superiores responsáveis por seu desenvolvimento.

Reações[editar | editar código-fonte]

Por ter gerado gatilhos de ansiedade nos usuários, o criador do blog, Eliezer Yudkowsky, excluiu o tópico e baniu discussões inteiras sobre o assunto. [1] Elon Musk afirmou que o Basilisco, caso um dia exista, será mais perigoso do que as armas nucleares.[5]

Para além do fórum, o experimento levantou o debate sobre o risco envolvido na criação de inteligências artificiais e a necessidade de considerar parâmetros éticos durante o desenvolvimento de sistemas que trabalhem com este nível de tecnologia. [2]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c «Basilisco de Roko: e se nossa realidade fosse uma simulação?». Mega Curioso - As curiosidades mais interessantes estão aqui. 23 de outubro de 2021. Consultado em 14 de setembro de 2023 
  2. a b c d e f g «A terrível verdade por trás do basilisco de Roko: você está preparado?». Santique.com.br | Tudo o que você gosta. Consultado em 14 de setembro de 2023 
  3. a b c Portillo, Germán (25 de março de 2022). «Basilisco de Roko: o que é, características e paradoxos». Meteorología en Red. Consultado em 14 de setembro de 2023 
  4. Asimov, Isaac (2015). Eu, Robô. [S.l.]: Aleph 
  5. «Qué es el Basilisco de Roko, el experimento mental que unió a Elon Musk y la cantante Grimes». BBC News Mundo (em espanhol). Consultado em 14 de setembro de 2023 
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