Boemundo II de Antioquia

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Moeda de Boemundo II de Antioquia (1126-1130)

Boemundo II de Antioquia (1108fevereiro de 1130) foi príncipe de Taranto de 1108 a 1128 e príncipe de Antioquia de 1111 até à sua morte. Era filho de Boemundo I, o fundador destes principados, com Constança, filha do rei Filipe I de França. Perdeu Taranto para Rogério II da Sicília em 1128.

O cronista Guilherme de Tiro descreveu-o como "bastante alto e de bela figura. Tinha cabelo loiro e feições bem feitas. Toda a sua postura mostrava claramente o príncipe àqueles que não o conheciam. A sua conversa era agradável e ganhava facilmente o favor daqueles que o ouviam. Era de uma natureza generosa e, como o seu pai, verdadeiramente magnífico". Usamah ibn-Munqidh chamava-o de ibn-Maymun (filho de Boemundo).

Quando o seu pai morreu, longe de Antioquia, Boemundo II ainda era uma criança, vivendo na Apúlia, pelo que o seu primo Tancredo de Altavila assumiu a regência do principado até morrer em 1112. Rogério de Salerno passou a regente, com o acordo de que quando Boemundo chegasse da Itália, assumiria o governo do seu estado cruzado. No entanto, Rogério morreu na batalha do Campo de Sangue em 1119, e os nobres de Antioquia convidaram o rei Balduíno II de Jerusalém para governar o principado.

Em 1124 Boemundo atingiu a maioridade aos dezesseis anos de idade. Passou os dois anos seguintes a resolver assuntos de estado no Mezzogiorno até que, em Outubro de 1126, após o seu décimo oitavo aniversário, saíu da Apúlia para Antioquia. Segundo Guilherme de Tiro, fez um acordo com o seu primo, o duque Guilherme II da Apúlia, em que quem morresse primeiro deixaria as suas terras na Itália ao outro. Isto entra em contradição com o abade Alexandre de Telese, que afirma que Boemundo deixou as suas terras sob o governo do papa Honório II, e ainda com o arcebispo Romualdo Guarna de Salerno, que indica que a regência de Taranto passou para um parente seu, o conde Alexandre de Conversano.

Como parte do seu acordo sobre a saída da Itália para o Levante, Boemundo também se casou com uma filha de Balduíno II de Jerusalém, Alice. Segundo o historiador Mateus de Edessa o rei também lhe terá prometido a coroa de Jerusalém, mas isto pode ser uma confusão do cronista entre as irmãs Alice e Melisende, que se casou com Fulque V de Anjou na mesma época e herdou o reino.

Os estados cruzados em 1135

Em 1127 Boemundo cercou e tomou Kafartab, matando todos os seus habitantes. Também atacou Xaizar, na Síria, e terá encontrado e fugido de Usamah ibn Munqidh em batalha, segundo o árabe. Os seguintes anos de governo foram marcados por conflitos com Joscelino I de Edessa e escaramuças na fronteira norte. Ambos estes nobres cruzados atacaram Alepo individualmente mas recusaram aliar-se para montar um cerco à cidade.

Rogério de Salerno oferecera territórios a Joscelino, mas Boemundo não considerou estas doações legítimas, uma vez que não tinham tido a sua aprovação, apesar de ser menor de idade na época. A disputa chegou a conflito aberto entre Antioquia e Edessa, com Joscelino a aliar-se aos muçulmanos contra Boemundo, pelo que o patriarca latino de Antioquia colocou um interdito (o equivalente à excomunhão, aplicado a um território) sobre o Condado de Edessa.

Em 1128 o seu primo Rogério II da Sicília invadiu Taranto, dizendo-se legítimo herdeiro de Guilherme II da Apúlia. Afastado da região, Boemundo foi incapaz de evitar a acção. No mesmo ano Balduíno II dirigiu-se a norte para mediar a disputa entre os seus vassalos e Joscelino abandonou as suas pretensões sobre Antioquia. Ao mesmo tempo o atabegue Zengui consolidou o seu poder sobre Alepo e Moçul, pelo que os cruzados não teriam nunca mais a oportunidade de impôr a sua autoridade sobre estas cidades muçulmanas.

Depois de resolverem a disputa, Boemundo juntou-se a Balduíno II para atacar Damasco, mas os cruzados foram derrotados na batalha de Marje Alçafar. Então o príncipe de Antioquia voltou a norte para recuperar alguns territórios perdidos para o Reino Arménio da Cilícia. Leão I da Arménia aliou-se com o emir danismendida Gazi Gümüshtigin e fizeram o exército cristão cair numa emboscada em Fevereiro de 1130. Boemundo morreu na batalha, a sua cabeça loira foi embalsamada, colocada numa caixa de prata e enviada como presente ao califa.

Do seu casamento com Alice só sobreviveu uma filha, Constança de Antioquia. Alice assumiu a regência de Antioquia em nome da sua filha de dois anos até Balduíno II a forçar a ceder o poder a Joscelino. Tanto Balduíno II como Joscelino morreriam poucos meses depois.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • A History of the Crusades, vol. II, Steven Runciman, Cambridge University Press, 1951-1952
  • A History of the Expedition to Jerusalem, 1095-1127, Foucher de Chartres, tradução para o inglês de Frances Rita Ryan, University of Tennessee Press, 1969
  • A History of Deeds Done Beyond the Sea, Guilherme de Tiro, tradução para o inglês de E.A. Babcock e A.C. Krey, Columbia University Press, 1943
  • An Arab-Syrian Gentleman and Warrior in the Period of the Crusades; Memoirs of Usamah ibn-Munqidh, Kitab al i'tibar, tradução para o inglês de Philip K. Hitti, Nova Iorque, 1929
  • Roger II of Sicily: Ruler between East and West, Hubert Houben, tradução para o inglês de Graham A. Loud e Diane Milburn, Cambridge University Press, 2002.
  • L'Empire du Levant: Histoire de la Question d'Orient, René Grousset, 1949
  • Encyclopædia Britannica de 1911


Precedido por:
Boemundo I
Príncipe de Taranto
1108 - 1128
Sucedido por:
Rogério II da Sicília

Príncipe de Antioquia

1111 - 1130
sob regência de
Tancredo da Galileia (1111-1112)
Rogério de Salerno (1112-1119)
Balduíno II de Jerusalém (1119-1126)
Sucedido por:
Constança de Antioquia