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Catarina de Eça

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Catarina de Eça (c. 1444 - 1521)[1] foi uma religiosa portuguesa.

D. Catarina de Eça era filha de D. Fernando de Eça, Senhor de Eça, e de sua terceira mulher Isabel de Ávalos.

Foi famosa 17.ª Abadessa do Mosteiro de Lorvão em 1472, cargo que exerceu até 1521.[1][2]

Foi amante de Pedro Gomes de Abreu, Senhor de Regalados e sobrinho-neto do Bispo adiante referido, do qual teve uma filha. Sobre estas religiosas, Anselmo Braamcamp Freire escreve: "foi característico o porte desregrado das senhoras das primeiras gerações dos Eças, e bem revelador do atavismo, ou melhor, da hereditariedade, a que se mostraram sujeitas". É curioso que várias pessoas da sua família, igualmente religiosas, se celebrizaram também por ilícitos amores com parentes do Bispo. Uma meia-irmã, D. Beatriz de Eça, Abadessa do Mosteiro de Celas, teve ilícitos amores com o Bispo de Viseu, D. João Gomes de Abreu, do qual teve dois filhos. Joana de Eça, filha duma irmã e meia-irmã, respectivamente, das duas anteriores, e também Abadessa do Mosteiro de Celas, teve amores com Vasco Gomes de Abreu, Poeta dos Cancioneiros e sobrinho do Bispo. Finalmente, D. Filipa de Eça, prima-irmã da anterior e filha de D. Pedro de Eça, irmão e meio-irmão, respectivamente, das duas primeiras, Abadessa do Mosteiro de Vale de Madeiros e do Mosteiro de Lorvão, foi amante do Poeta João Gomes de Abreu. Anselmo Braamcamp Freire, que estudou este assunto, diz que as Freiras da família de Eça "parece terem tomado a peito procriarem bastardos dos Abreus".[3][2] A terminar, acrescenta que, em Carta do Rei D. João III de Portugal datada de 31 de Agosto de 1543 para o Embaixador de Portugal nos Estados Pontifícios junto do Papa Paulo III, o Rei pede ajuda para combater o comportamento dissoluto das Eças no Mosteiro de Lorvão.[4]

Entre 1479 e 1484 teve um amor ilícito com Pedro Gomes de Abreu, do qual teve uma filha sacrílega, Margarida de Eça, Abadessa do Mosteiro de Lorvão.[5]

A 28 de Setembro de 1497, Fernão Nunes, criado de D. Catarina de Eça, Abadessa do Mosteiro de Lorvão, teve mercê do ofício de Escrivão das Sisas e Dízimo do pescado de Esgueira, na vaga de Pero Vasques, que perdeu o ofício por erros graves, nomeadamente quando, a troco de pescado dado pelos pescadores de Esgueira, de livre vontade ou sob coacção, não cobrava o Dízimo devido com prejuízo dos Siseiros. Estas situações passaram-se, por exemplo, com Álvaro Gil, arraz (?), e João Giraldes. Também quando João Gil e Maria Martins eram Siseiros dos vinhos e dos azeites de Esgueira e requereram ao Escrivão que fizesse varejo com o porteiro aos vendeiros e regatães, este comportou-se como se fosse Procurador dos comerciantes. Também recebeu vinho dum almocreve que o ia vender a um Afonso Pires.

A 24 de Novembro de 1519, D. Catarina de Eça, Abadessa do Mosteiro do Lorvão, passou recibo a João Vaz de 460 reais que D. Manuel I de Portugal mandava dar em cada ano ao Mosteiro.

Está sepultada na Casa do Capítulo do Convento de Lorvão, com o seguinte epitáfio: «Sepultura de D. Catarina de Eça neta delRey D. Pedro 1ª Abbadeça perpetua».

Na Exposição de Arte Ornamental, celebrada em Lisboa em 1882, admirava-se uma artística pedra de ara de serpentina verde, guarnecida de folha de prata dourada, que pertencera àquele Convento, e fora mandada fazer por esta Abadessa, conforme constava da respectiva inscrição.[2]

Referências e Notas

  1. a b Braga, Isabel M. R. Mendes Drumond (1996). «D. João III e D. Filipa de Eça, abadessa do Mosteiro de Lorvão: um conflito resultante da intervenção régia» (Num:31): 512. ISSN 0870-4147. doi:10.14195/0870-4147_31-1_20. Consultado em 13 de novembro de 2022 
  2. a b c Vários. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. [S.l.]: Editorial Enciclopédia, L.da. pp. Volume IX. 385 
  3. Fortunato de Almeida. História da Igreja em Portugal. [S.l.: s.n.] pp. Tomo II. 436 
  4. Anselmo Braamcamp Freire. Brasões da Sala de Sintra. [S.l.: s.n.] pp. Volume I. 98 
  5. As genealogias tardias dão vários filhos a D. Catarina de Eça, Abadessa de Lorvão, havidos de Pedro Gomes de Abreu. Há, no entanto, dúvidas sobre esta alegada procriação. D. Catarina foi Abadessa de Lorvão em 1472. Mesmo aceitando que podia ser abadessa com cerca de 22 anos de idade, não nasceu depois de 1447, e certamente nasceu antes, cerca de 1444. Não sendo muito crível que tivesse filhos depois dos 40 anos de idade, isso quer dizer que a sua alegada geração só pode ter nascido o mais tardar até 1484. Ora, Pedro Gomes de Abreu era menor em 1469. Tendo em conta a cronologia envolvente, não teria então mais de 10 anos de idade, tendo portanto nascido cerca de 1459. Ou seja, mesmo nos limites acima referidos, seria cerca de 12 anos mais novo do que a alegada amante. Se este "caso" aconteceu, ter-se-ia verificado entre 1479 e 1484. Ora, alguns dos filhos atribuídos pelas genealogias a estes dois são absurdamente tardios, como é o caso daquele Diogo Gomes de Abreu que Manuel José da Costa Felgueiras Gaio diz que foi servir para a Índia em 1546. Outro alegado filho, Jorge de Abreu, documento-o como o "Senhor Jorge de Abreu, Fidalgo", a viver com sua mulher D. Beatriz de Magalhães na sua Quinta de Briteiros em 1556, ainda com filhos solteiros, o que também parece muito tardio para alguém que não podia ter nascido depois de 1484. O único que cronologicamente podia ser filho de D. Catarina é o António de Abreu referido por Damião de Góis na sua Crónica de D. Manuel I (falecido em 1521). Sendo que parece existir grande confusão nas biografias entre este António de Abreu (que deve ser o Capitão-Mor de Malaca) e o outro António de Abreu, o Navegador, natural da Madeira, certamente filho de João Fernandes do Arco. E filha de D. Catarina de Eça e Pedro Gomes de Abreu pode também ser a D. Margarida de Eça que sucedeu como Abadessa de Lorvão. Em suma, não quer dizer que os outros não sejam filhos de Pedro Gomes de Abreu. Mas não de D. Catarina de Eça.