Centro histórico de Pontevedra

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Espanha Centro histórico de Pontevedra

Casco antiguo de Pontevedra

 
  Bairro  
Museu de Pontevedra, na cidade velha
Museu de Pontevedra, na cidade velha
Museu de Pontevedra, na cidade velha
Localização
Centro histórico de Pontevedra está localizado em: Espanha
Centro histórico de Pontevedra
Localização de Centro histórico de Pontevedra na Espanha
Coordenadas 42° 25' 58" N 8° 38' 44" O
País Espanha
Comunidade autónoma Galiza
Província Pontevedra
Comarca Pontevedra
Município Pontevedra
Administração
Bairro Pontevedra
Características geográficas
População total (2022) [1] · [2] 2 100 hab.

O centro histórico de Pontevedra (Espanha) é a parte mais antiga da cidade. É a segunda cidade velha mais importante da Galiza depois de Santiago de Compostela,[3][4] e foi declarada conjunto histórico-artístico a 23 de Fevereiro de 1951.[5]

O centro histórico tem uma grande riqueza arquitectónica e preserva muitos vestígios do período medieval, moderno e contemporâneo.

Localização[editar | editar código-fonte]

O centro histórico de Pontevedra é delimitado principalmente pelas ruas que coincidem com a linha da antiga muralha da cidade, estando a sua parte norte localizada na margem esquerda do rio Lérez que atravessa a cidade.[6] A cidade velha é delimitada pela rua Sierra ao norte, pela rua Arzobispo Malvar a leste, pela rua Michelena a sul e pelas ruas Cobián Roffignac e Padre Amoedo a leste. A Alameda e a Gran Vía de Montero Ríos com as Ruínas do Convento de San Domingo e os edifícios institucionais oficiais do final do século XIX podem ser considerados como uma extensão do centro histórico a oeste.

História[editar | editar código-fonte]

Foi provavelmente no século IX que a população de Pontevedra começou a reunirs-se à volta da velha ponte e enclave romanos. Em 1169, o rei Fernando II de Leão concedeu-lhe o estatuto de vila.[7] Iniciou-se a construção da nova ponte medieval (hoje Ponte do Burgo) e a população instalou-se gradualmente no que é hoje o centro histórico.[8]

Pontevedra foi dotada de uma muralha fortificada que se desenvolveu em três etapas sucessivas a partir do núcleo original localizado nas proximidades da Basílica de Santa Maria Maior, a zona mais alta e mais facilmente defendida. O plano da primeira muralha é o de um assentamento pré-planejado, organizado em três ruas paralelas (Platería Vella, Amargura-San Martiño e Alta-Sor Lucía) e uma rua transversal central correspondente à parte superior da rua Isabel II.[9]

No século XIII, o recinto amuralhado foi ampliado devido ao progressivo desenvolvimento económico e demográfico gerado pelos privilégios reais concedidos à cidade (em 1229, Afonso IX concedeu-lhe um privilégio exclusivo para a transformação e distribuição de peixe em todo o reino, e em 1238, Fernando III concedeu-lhe a fabricação de gordura de sardinha).[10] Nos últimos anos do século XIII, chegaram as ordens mendicantes dos Dominicanos, Clarissas[11] e Franciscanos, estes últimos construindo o seu convento no outro ponto alto da cidade velha, a leste.

Centro histórico de Pontevedra em 1669

No século XIV, teve lugar uma segunda fase de expansão da muralha, que se estendeu ao longo da rua Pasantería e da Praça da Ferraria até a sua confluência com a rua Michelena. No século XV, o crescimento da cidade tornou necessária uma ampliação final da muralha. Em 1452, João II de Castela concedeu a Pontevedra o título de porto de carga e descarga da Galiza e, em 1467, Henrique IV premiou-a com a autorização para estabelecer uma feira livre anual de 30 dias.[12] Era necessário um espaço suficientemente amplo e controlado para realizar a feira (correspondente à actual Praça da Ferraria).[13] A nova muralha foi concluída em 1480.[14]

Mapa de Pontevedra e o seu centro histórico em 1856

No século XVI, o poder económico do Grémio dos Marinheiros levou à construção da Basílica de Santa Maria Maior. Ao longo do século XVI, o conjunto de ruas, praças e edifícios cobriu parte dos espaços vazios no interior das muralhas de Pontevedra. Em 1719, a invasão inglesa causou grandes danos à cidade.[15] Durante este século, foram feitas renovações urbanas com novas praças e ruas e foram construídos novos edifícios religiosos, como a Igreja de São Bartolomeu e o Colégio da Companhia de Jesus, bem como novos palácios urbanos como o de Mugartegui e a remodelação do dos Condes de Maceda. Perto do recinto amuralhado, a Igreja da Virgem Peregrina foi construída em 1792.

No século XIX, a muralha medieval foi demolida, começando em 1852 com a porta de Trabancas e terminando com o troço da Rua Rouco e da Rua Cobián Roffignac em 1875.[16] As torres arquiepiscopais e a fortaleza dos Churruchaos foram também demolidas e foi construída o palacete das Mendoza.[17]

A nova Câmara Municipal foi construída em 1880, a Praça de Espanha foi urbanizada e a Alameda (o antigo pomar dominicano) foi ampliada, em frente da qual foram construídos os edifícios administrativos, sede das instituições da capital provincial, concedida em 1833. Em 1951, o centro histórico de Pontevedra foi declarado conjunto histórico-artístico.[18] Em 1999, tornou-se pedonal e foi levada a cabo uma profunda renovação urbana,[19][20]

Planeamento urbano[editar | editar código-fonte]

A Basílica de Santa Maria Maior e o Convento de São Francisco marcam os pontos estratégicos de oeste a leste da cidade velha em duas colinas. Entre eles, formou-se a cidade medieval com o seu labirinto de ruas e praças medievais. As ruas foram estruturadas em torno de um eixo principal que corresponde às actuais ruas Sarmiento e Isabel II, e a partir daí o resto das ruas foi desdobrado, formando um exemplo clássico de uma cidade medieval com um plano de espinha de peixe, onde as ruas são estruturadas a partir de um único eixo central no qual as ruas secundárias são enxertadas.[5] A Rua Real atravessa uma parte do centro histórico de norte a sul. Entre as ruas, o centro histórico é pontilhado de praças de proporções regulares, quadradas ou rectangulares, com muitas casas nobres com brasões de pedra, que arejam o tecido urbano e lhe conferem elegância.

A principal área verde na cidade velha é o jardim Casto Sampedro anexo à igreja e antigo convento de São Francisco, no centro do qual se encontra a fonte renascentista da Ferraria. A oeste está o Campillo de Santa María com os restos da antiga muralha e a sudoeste do centro histórico está a Alameda de Pontevedra, o antigo pomar dos dominicanos.

Espaços urbanos e monumentos[editar | editar código-fonte]

Praças de origem medieval[editar | editar código-fonte]

As praças medievais da cidade velha de Pontevedra destacam-se como pequenos salões de proporções regulares e geométricas.[8] Muitos deles evocam com os seus nomes comerciais as actividades que aí tiveran lugar há séculos: a praça da lenha, a praça das hortaliças, a pedreira, a ferraria...[21] As praças mais importantes são: a praça da Verdura, a praça da Ferraria, a praça da Lenha, a praça do Teucro, a praça da Pedreira e a praça de Méndez Núñez. Outras praças importantes na cidade velha são: Cinco Ruas, Cais, Curros Enríquez ou Alonso de Fonseca e no limite do centro histórico: praça da Peregrina e praça de Espanha.

Edifícios religiosos[editar | editar código-fonte]

Os edifícios religiosos mais representativos da cidade velha foram construídos por ordens mendicantes (dominicanos, franciscanos),[22] pelo poderoso grémio dos marinheiros, pelos jesuítas e pela irmandade de Nossa Senhora do Refúgio e Divina Mãe dos Peregrinos. Estes edifícios são: as ruínas do convento gótico de São Domingos, a igreja gótica de São Francisco, a basílica gótico-renascentista de Santa Maria Maior, a igreja barroca de São Bartolomeu, o Colégio da Companhia de Jesus e a igreja barroca da Virgem Peregrina. Na cidade velha há também várias capelas, como a Capela do Nazareno e a Capela das Almas e o santuário das Aparições, e no exterior, a poucos metros a leste das antigas muralhas, encontra-se o convento gótico de Santa Clara.

Edifícios civis[editar | editar código-fonte]

Pontevedra foi um lugar privilegiado de residência para a nobreza e para as poderosas famílias galegas.[23] Nenhuma outra cidade galega tem uma tal riqueza de brasões nas fachadas de muitas casas nobres e paços. No centro histórico existem mais de 200 brasões esculpidos em pedra.[24]

Edifícios civis importantes são: a Casa dos Sinos, a Casa dos Vaamonde, a Casa do Correio Velho, o Palácio dos Condes de Maceda, o Paço de Gago e Montenegro, o Paço de Mugartegui, o Paço de García Flórez, o Paço de Castro Monteagudo, a Casa das Caras, o Teatro Principal de Pontevedra e o Liceo Casino, o Paço do Marquês de Aranda, a Câmara Municipal de Pontevedra, a Mansão Mendoza, o Palácio da Deputação de Pontevedra, a escola secundária Valle-Inclán, o Edifício da associação oficial de agrimensores de quantidades e arquitectos técnicos de Pontevedra, o Mercado Central de Pontevedra e o Edifício Castelao.

Estátuas[editar | editar código-fonte]

As estátuas do centro histórico prestam homenagem a figuras importantes da história da cidade: o Fiel Contraste, o Monumento aos Heróis de Puente Sampayo ou a estátua de Valle-Inclán, bem como a figuras populares como o papagaio Ravachol ou as mulheres galegas (Mulher com galinhas).

Pontes[editar | editar código-fonte]

A ponte do Burgo é a ponte em arco que dá acesso ao centro histórico a partir do norte e que deu o seu nome à cidade (Pontis Veteris).

Museus[editar | editar código-fonte]

Os seguintes museus estão localizados no centro histórico da cidade:

Festas e eventos culturais[editar | editar código-fonte]

O centro histórico da cidade é o local da cidade onde se realizam a Feira Franca de Pontevedra, o enterro do Papagaio Ravachol, Os Maios e vários eventos das festividades da padroeira da cidade, a Virgem Peregrina.

Galeria[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «El casco histórico recupera la cifra de vecinos de hace una década y supera los 2.100 "entremuros"». Faro (em espanhol). 28 de agosto de 2022 
  2. «El casco histórico encadena tres años consecutivos manteniendo su número de vecinos, cerca de 2.000». Faro (em espanhol). 26 de maio de 2019 
  3. «Pontevedra». Xunta de Galicia. 14 setembro de 2019 
  4. Pombo, Antón, 2012, Un corto viaje a Galicia, Madrid, Anaya Touring, p. 61
  5. a b Saavedra, Segundo, 2011, Un corto viaje a Rías Bajas, Madrid, Anaya Touring, p. 37
  6. «La arqueología manda en las obras de rehabilitación del entorno de O Burgo». La Voz de Galicia (em espanhol). 23 de setembro de 2006 
  7. «Pontevedra celebrará los 850 años de su «fuero de ciudad»». La Voz de Galicia (em espanhol). 11 de abril de 2019 
  8. a b Aganzo, Carlos, 2010, Ciudades con encanto.
  9. «Pontevedra redescubre su muralla». La Voz de Galicia (em espanhol). 2 de março de 2002 
  10. «Os foros do Portus Apostoli no medievo». La Voz de Galicia (em galego). 23 de março de 2018 
  11. «Santa Clara y Pontevedra, 750 años mirándose». La Voz de Galicia (em espanhol). 5 de dezembro de 2021 
  12. «Sin impuestos en la Pontevedra bendecida por Enrique IV». El Mundo (em espanhol). 3 de setembro de 2011 
  13. «La ciudad empieza a engalanarse para la Feira Franca». La Voz de Galicia (em espanhol). 27 de agosto de 2014 
  14. Durán Villa, Francisco, 2000, Provincia de Pontevedra, Madrid, Editorial Mediterráneo, p. 78
  15. «La virgen de Quitapesares, el pirata Drake y la invasión de 1719». Pontevedra Viva (em espanhol). 15 de abril de 2016 
  16. «1852-2012: Del derribo de la muralla a su recuperación». La Voz de Galicia (em espanhol). 30 de dezembro de 2012 
  17. «Las Torres Arcebispais entran en el siglo XXI». La Voz de Galicia (em espanhol). 2 de setembro de 2014 
  18. «Mismas fórmulas, pero con unos resultados dispares». La Voz de Galicia (em espanhol). 31 de março de 2005 
  19. «1999: Peatonalización del casco histórico». La Voz de Galicia (em espanhol). 19 de julho de 2019 
  20. «Apenas restan diez calles por rehabilitar en el centro histórico». La Voz de Galicia (em espanhol). 17 de novembro de 2019 
  21. Pombo, Antón, 2012, Un corto viaje a Galicia, Madrid, Anaya Touring, p. 62
  22. Riveiro Tobío, Elvira, 2008, Descubrir Pontevedra, Pontevedra, Edicións do Cumio, p. 8
  23. Saavedra, Segundo, 2011, Un corto viaje a Rías Bajas, Madrid, Anaya Touring, p. 36 et 44
  24. ««Todos estamos emparentados con la nobleza»». La Voz de Galicia (em espanhol). 14 de fevereiro de 2011 
  25. Aganzo, Carlos, 2010, Ciudades con encanto. Pontevedra, Madrid, El País-Aguilar, p. 50
  26. «Las Torres Arzobispais abren sus entrañas a la ciudad por primera vez». La Voz de Galicia (em espanhol). 13 de agosto de 2010 

Ver também[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Centro histórico de Pontevedra

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Aganzo, Carlos (2010). Pontevedra. Ciudades con encanto (em espanhol). Madrid: El País-Aguilar. ISBN 978-8403509344 
  • Durán Villa, Francisco (2000). Provincia de Pontevedra (em espanhol). Madrid: Editorial Mediterráneo. ISBN 8471563371 
  • Pombo, Antón (2012). Un corto viaje a Galicia (em espanhol). Madrid: Anaya Touring. ISBN 978-84-9935-331-9 
  • Riveiro Tobío, Elvira (2008). Descubrir Pontevedra (em espanhol). Pontevedra: Edicións do Cumio. ISBN 9788482890852 
  • Saavedra, Segundo (2011). Un corto viaje a Rías Bajas (em espanhol). Madrid: Anaya Touring. ISBN 978-84-9776-890-0 

Artigos relacionados[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]