Cerco de Badajoz (1658)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Cerco de Badajoz (1658)
Guerra da Restauração

Mapa do Cerco a Badajoz de João Nunes Tinoco
Data Julho a Outubro de 1658
Local Badajoz, Espanha
Desfecho
  • Vitória espanhola
Beligerantes
Portugal Espanha
Comandantes
Joanne Mendes de Vasconcelos Francisco de Tuttavilla
Rodrigo de Múgica
Luis de Haro
Forças
14 000 de infantaria,
3000 de cavalaria,
20 peças de artilharias,
2 morteiros[1]
4000 de infantaria,
2000 de cavalaria
(guarnição)[2]
12 000 de infantaria,
4000 de cavalaria
(exército de reforço)[2]
Baixas
6200: mortos (por peste e combate) ou desertores [3] Desconhecido

O quarto cerco de Badajoz ocorreu entre julho e outubro de 1658 durante a Guerra da Restauração Portuguesa. Foi uma tentativa das forças portuguesas, comandadas pelo governador do Alentejo, Joanne Mendes de Vasconcelos, de capturarem a cidade espanhola de Badajoz, onde estava instalado o quartel-general do Exército Expanhol da Extremadura. As fortificações da cidade eram de construção medieval e consideradas, pelos portugueses, como vulneráveis; durante o período da Guerra da Restauração, já tinham sido atacadas por três vezes.[4]

Em 1658, Mendes de Vasconcelos juntou um exército em Elvas e avançou para Badajoz. A cidade estava fracamente defendida e as tropas espanholas, lideradas por Francisco de Tuttavilla, duque de San Germán, estavam principalmente preocupadas com a sua sobrevivência até que que uma força expedicionária espanhola os viesse substituir. As tropas portuguesas lançaram um ataque directo à cidade esperando capturar, logo desde o início, um ponto-chave – o Forte de San Cristóbal – mas, após 22 dias de ataques mal-sucedidos, os portugueses abandonaram o seu plano de construir uma circunvalação em redor de Badajoz por forma a isolar a cidade. Os planos voltaram a ser reequacionados depois da tomada de uma grande instalação defensiva espanhola, fora da cidade, o Forte de San Miguel, mas foram incapazes de usar esta conquista como meio de chegar até Badajoz.

O cerco manteve-se durante quatro meses, período em que cerca de um terço das tropas portuguesas morreu (principalmente de peste) ou desertou.[3] A chegada de um exército de reforço, comandado pelo favorito do rei Filipe IV de Espanha, D. Luis de Haro, em Outubro, levantou o cerco. A Mendes de Vasconcelos, o comandante português, foi-lhe retirado o seu posto e preso pelo seu fracasso.

Aproveitando a vantagem deste fracasso, D. Luis de Haro, invadiu Portugal e cercou o Castelo de Elvas, o principal sistema defensivo de Portugal - onde o exército português que tinha cercado Badajoz se tinha refugiado e estava a ser vítima de uma nova onda de peste. Um pequeno exército de reforço português foi organizado e infligiu uma pesada derrota ao exécito espanhol na Batalha das Linhas de Elvas (14 de Janeiro de 1659).[5] Deste modo, a independência portuguesa pode ser garantida enquanto os espanhóis conseguiam ganhar vantagem militar numa frente secundária: Minho e Galiza.

Referências

  1. Ericeira, p. 97
  2. a b Madoz, p. 259
  3. a b O conde da Ericeira - cronista contemporâneo e militar de topo que participou no cerco - escreveu que o exército português no cerco a Badajoz era constituído por 17 000 homens (História de Portugal Restaurado, 1657-1662, p. 97-98 na edição de 1751, ou p. 90 na edição de 1698) e acrescenta que, depois do cerco, o exército que regressou tinha 9000 homens de infantaria mais 1800 cavaleiros (p. 135 na edição de 1751, ou p. 133 na edição de 1946). A diferença é de 6200 desaparecidos (mortos por peste, mortos em combate e desertores). A maioria dos mortos não pereceu em combate mas por doenças (peste): …o exército derrotado pela força das doenças…, em Ericeira, História de Portugal Restaurado, (1657-1662), p. 133 na edição de 1751 ou p. 124 na edição de 1698. Habitualmente, os homens doentes não são considerados como "baixas" pois é impossível determinar quantos sobreviveram e quantos morreram.
  4. White, p. 68
  5. Face à chegada iminente de um exército liderado por D. Luis de Haro, as tropas portuguesas optaram por retirar para Elvas e aguardar pelos espanhóis. O confronto teve lugar em Janeiro de 1659 e representeou uma pesada derrota para D. Luis…este contratempo militar que, juntamente à situação desatrosa dos Países Baixos, forçou Madrid a propôr a paz com a França. em Valladares, Rafael- La Rebelión de Portugal 1640-1680, Junta de Castilla Y León, Consejería de Educación y Cultura, 1998, p. 163

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Aldama, Dionisio S.; García González, Manuel (1863). Historia general de España desde los tiempos primitivos hasta fines del año 1860: inclusa la gloriosa guerra de Africa (em espanhol). 10. [S.l.]: M. Tello 
  • Ericeira (conde da), Luis de Menezes (1751). Historia de Portugal restaurado ...: 1657-1662. Lisbon, Portugal: Domingos Rodrigues 
  • Gebhardt, Victor; Librería Española (Madrid), Plus Ultra (Barcelona) (1864). Historia general de España y de sus Indias: desde los tiempos más remotos hasta nuestros días (em espanhol). 5. [S.l.]: Libreria española 
  • González López, Emilio (1973). El águila caída: Galicia en los reinados de Felipe IV y Carlos II (em espanhol). [S.l.]: Editorial Galaxia. ISBN 84-7154-166-1 
  • Halliday, Andres (1812). The present state of Portugal, and of the Portuguese army: with an epitome of the ancient history of that kingdom. Edinburgh: G. R. Clarke 
  • Madoz, Pascual (1845). Diccionario geográfico-estadístico-histórico de España y sus posesiones de ultramar (em espanhol). 2. Madrid, Spain: Est. tip. de P. Madoz y L. Sagasti 
  • Ribeiro de Macedo, Duarte (1767). Obras. Lisbon, Portugal: A. Rodrigues Galhardo 
  • Sánchez Marcos, Fernando (1983). Cataluña y el Gobierno central tras la Guerra de los Segadores, 1652-1679: el papel de don Juan de Austria en las relaciones entre Cataluña y el Gobierno central, 1652-1679 (em espanhol). [S.l.]: Edicions Universitat Barcelona. ISBN 84-7528-069-2 
  • Villalon, Cruz, María (1988). Las murallas de Badajoz en el Siglo XVII, in Norba - arte, Nº 8 (em espanhol). [S.l.: s.n.]  ISSN 0213-2214
  • Valladares, Rafael (1998). La Rebelión de Portugal (1640-1680) (em espanhol). Spain: Junta de Castilla y León, Consejería de Educación y Cultura 
  • White, Lorraine (2003). Strategic geography and the Hispanic Monarchy's failure to reconquer Portugal, 1640-1668, in Studia historica. Historia moderna, Nº 25 (em espanhol). [S.l.: s.n.]  ISSN: 0213-2079

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Ícone de esboço Este artigo sobre batalhas (genérico) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.
Ícone de esboço Este artigo sobre História de Portugal é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.