Claudio Dantas

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Claudio Dantas
Nome completo Claudio Dantas Sequeira
Nascimento 16 de setembro de 1977 (46 anos)
Rio de Janeiro
Residência Brasília
Nacionalidade brasileiro
Alma mater Universidade de Brasília
Ocupação Jornalista
Prémios Esso, Embratel e Direitos Humanos.[1]

Claudio Dantas Sequeira, ou simplesmente Claudio Dantas (Rio de Janeiro, 16 de setembro de 1977), é um jornalista investigativo, apresentador e comentarista político brasileiro. Foi editor da Agência EFE, repórter e colunista do Correio Braziliense, repórter da Folha de S.Paulo e repórter, editor e diretor interino da sucursal da revista IstoÉ até 2015, quando foi contratado para atuar no site de notícias O Antagonista, tornando-se editor-chefe do portal.[2][3]

Dantas é formado em Jornalismo pela FACHA, com especialização em Relações Internacionais pela UnB. É conhecido pelo trabalho com a investigação política, sendo responsável por inúmeras denúncias de corrupção.

Com a série ‘O Serviço Secreto do Itamaraty’,[4] venceu os prêmios Esso (Centro-Oeste), Embratel (Jornais/Revistas) e Resgate Histórico (Movimento de Justiça e Direitos Humanos). Ganhou o prêmio iBest de cobertura política/opinião. Além disso, integrou a Comissão Nacional da Verdade como pesquisador sênior.

Em meados de fevereiro de 2023, passou a integrar o quadro de analistas da Jovem Pan, participando como comentarista político e em março de 2023 foi oficialmente anunciado como contratado do Grupo Jovem Pan.[5]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Dantas cursou o ensino médio na Escola Técnica Federal de Química (ETFQ/RJ), e trabalhou por alguns anos no setor, no Moinho Pena Branca e na Coca-Cola (Rio de Janeiro Refrescos). Largou a carreira na indústria e cursou Jornalismo na Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha). Posteriormente, fez pós-graduação (especialização) em Relações Internacionais na Universidade de Brasília (UnB). Na faculdade, deu aulas de copydesk, auxiliou na produção de roteiros do programa infantil Teca na TV, do Canal Futura, e fez revisões de originais para a editora Revan.[6]

Entre 2001 a 2004, integrou a primeira equipe do Serviço em Português da Agência EFE, da Espanha. De 2004 a 2008, atuou como repórter de Mundo do Correio Braziliense, tendo criado a coluna Conexão Diplomática, dedicada à cobertura da diplomacia na capital federal. De 2008 a 2009, foi repórter de Brasil da Folha de São Paulo na capital paulista. Em 2009, começou a dirigir a sucursal da Revista IstoÉ na capital federal, onde atuou por seis anos.[5]

Em 2015, associou-se ao site de notícias O Antagonista, onde foi diretor-geral por seis anos. Em 2023, assumiu a Direção de Jornalismo da TV Jovem Pan, em Brasília, e passou a integrar a bancada de comentaristas do programa Os Pingos Nos Is.[7]

Comissão da Verdade[editar | editar código-fonte]

Integrou como pesquisador sênior a Comissão Nacional da Verdade, que funcionou de 16 de maio de 2012 a 16 de dezembro de 2014, tendo desenvolvido pesquisa no arquivo do Itamaraty para os grupos de trabalho da Operação Condor e Violações de Direitos Humanos de Brasileiros no Exterior e de Estrangeiros no Brasil.[8]

Serviço secreto do Itamaraty[editar | editar código-fonte]

Em 2007, Claudio Dantas revelou, por meio de uma série de reportagens publicadas no Correio Braziliense, que o Ministério das Relações Exteriores manteve durante a ditadura um serviço secreto batizado de Centro de Informações do Exterior (CIEX). Até então, a historiografia do período não trazia qualquer referência a esse órgão, cuja sigla é muitas vezes confundida como sendo do Centro de Informações do Exército (CIE). Dantas analisou mais de 20 mil páginas de 8 mil informes de um arquivo esquecido do MRE, cruzou dados históricos e consultou dezenas de diplomatas e militares aposentados, mapeando os principais integrantes do CIEX, sua origem e o criador da iniciativa: o embaixador Manoel Pio Corrêa, que chegou a ser secretário-geral do MRE na gestão do chanceler Juracy Magalhães.[9]

O órgão foi criado por meio de uma portaria secreta, em 1966, ainda durante o governo do general Castello Branco, e não constava formalmente na estrutura funcional do Itamaraty. Era camuflado pela alcunha de Assessoria de Documentação de Política Exterior (Adoc) e até os idos de 1975 ficou abrigado na sala 410 do anexo I do MRE, o edifício conhecido como ‘Bolo de Noiva’.[10]

Dantas descobriu que o CIEX monitorou ao menos 64 brasileiros mortos ou desaparecidos, da lista de 380 que depois seria revisada pela Comissão da Verdade. A vida dos exilados era monitorada por diplomatas e oficiais de chancelaria, cooptados pelos chefes do CIEX. O jornalista conseguiu entrevistar Pio Corrêa, que admitiu ter idealizado o serviço de inteligência e se inspirado no trabalho anterior da embaixadora Odette de Carvalho e Souza, a Dona Odette, que, na condição de chefe do Departamento Político do MRE, fichou nacionais e estrangeiros durante as décadas de 1940 e 50.[11]

O CIEX também trabalhou na análise e monitoramento da política interna de países vizinhos, principalmente Argentina, Chile e Uruguai, onde muitos brasileiros se exilaram. Nos anos 1970, quando uma onda de regimes autoritários varreu a democracia no Cone Sul e muitos brasileiros exilados se transferiram para a Europa Ocidental, também as atividades de vigilância do CIEX se estenderam a países europeus, africanos e da antiga URSS.[12]

A série de reportagens rendeu a Dantas prêmios e menções honrosas, como o prêmio Esso (Centro-Oeste),[13] Imprensa Embratel (Jornais e Revistas) e Resgate Histórico do Movimento de Justiça e Direitos Humanos. Também foi tema de um documentário do canal Discovery Channel, com o jornalista entre os entrevistados. Claudio Dantas também foi homenageado pela Câmara dos Deputados e integrou a equipe de pesquisadores da Comissão Nacional da Verdade (CNV), trabalhando com a pesquisa sobre a participação da diplomacia na perseguição política durante a ditadura.[14][15]

Referências

  1. «Premiadas com Esso de Jornalismo, reportagens do Correio viram documentário». Sindicato Jornalistas. Consultado em 21 de janeiro de 2017 
  2. «O novo antagonista». O Antagonista. 3 de agosto de 2015. Consultado em 20 de janeiro de 2017 
  3. PODER360 (15 de setembro de 2022). «Pedro Cerize será o novo dono do Antagonista e da revista Crusoé». Poder360. Consultado em 24 de julho de 2023 
  4. Fabio (23 de julho de 2007). «O serviço secreto do Itamaraty - PDT». Consultado em 14 de junho de 2023 
  5. a b «Claudio Dantas sai do "Antagonista" e vai para "Jovem Pan"». 11 de março de 2023 
  6. «Claudio Dantas». IFL SP. Consultado em 24 de julho de 2023 
  7. «Claudio Dantas – Jovem Pan». Claudio Dantas – Jovem Pan. Consultado em 24 de julho de 2023 
  8. Brasil. Comissão Nacional da Verdade. Relatório / Comissão Nacional da Verdade. – Recurso eletrônico. – Brasília: CNV, 2014. 976 p. – (Relatório da Comissão Nacional da Verdade; v. 1). Consultado em 24 de julho de 2023.
  9. Fabio (23 de julho de 2007). «O serviço secreto do Itamaraty - PDT». Consultado em 24 de julho de 2023 
  10. Penna Filho, Pio (dezembro de 2009). «O Itamaraty nos anos de chumbo: o Centro de Informações do Exterior (CIEX) e a repressão no Cone Sul (1966-1979)». Revista Brasileira de Política Internacional: 43–62. ISSN 0034-7329. doi:10.1590/S0034-73292009000200003. Consultado em 24 de julho de 2023 
  11. «Nos tempos de Dona Odette». Ancelmo - O Globo. 5 de maio de 2013. Consultado em 24 de julho de 2023 
  12. Palmar, Aluizio (23 de abril de 2023). «Centro de Informações do Exterior, o serviço secreto do Itamaraty». Documentos Revelados. Consultado em 24 de julho de 2023 
  13. (24 de abril de 2013). «Vencedoras do Esso de Jornalismo, reportagens do Correio viram documentário». Acervo. Consultado em 24 de julho de 2023 
  14. «Diretores e sócios da Abraji são vencedores e finalistas do Prêmio Esso de Jornalismo». www.abraji.org.br. Consultado em 24 de julho de 2023 
  15. «Série de reportagens da Globo é grande vencedora do Prêmio Imprensa Embratel». Portal IMPRENSA - Notícias, Jornalismo, Comunicação (em inglês). Consultado em 24 de julho de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]