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Conferência de Berlim: diferenças entre revisões

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No congresso, que foi proposto por [[Reino de Portugal|Portugal]] e organizado pelo Chanceler [[Otto von Bismarck]] da [[Império Alemão|Alemanha]] — país anfitrião, que não possuía colônias na África, mas tinha esse desejo e viu-o satisfeito, passando a administrar o “Sudoeste Africano” (atual [[Namíbia]]) e o [[Tanganhica]] — participaram ainda a [[Reino Unido de Grã-Bretanha e Irlanda|Grã-Bretanha]], [[Terceira República Francesa|França]], [[Reino da Espanha (1874-1931)|Espanha]], [[Reino de Itália|Itália]], [[Bélgica]], [[Países Baixos|Holanda]], [[Reino de Dinamarca|Dinamarca]], [[Estados Unidos da América]], [[Suécia]], [[Áustria-Hungria]], [[Império Otomano]].
No congresso, que foi proposto por [[Reino de Portugal|Portugal]] e organizado pelo Chanceler [[Otto von Bismarck]] da [[Império Alemão|Alemanha]] — país anfitrião, que não possuía colônias na África, mas tinha esse desejo e viu-o satisfeito, passando a administrar o “Sudoeste Africano” (atual [[Namíbia]]) e o [[Tanganhica]] — participaram ainda a [[Reino Unido de Grã-Bretanha e Irlanda|Grã-Bretanha]], [[Terceira República Francesa|França]], [[Reino da Espanha (1874-1931)|Espanha]], [[Reino de Itália|Itália]], [[Bélgica]], [[Países Baixos|Holanda]], [[Reino de Dinamarca|Dinamarca]], [[Estados Unidos da América]], [[Suécia]], [[Áustria-Hungria]], [[Império Otomano]].


Os Estados Unidos possuíam uma colônia na África, a [[Libéria]], só que muito tarde, mas eram uma potência em ascensão e tinham passado recentemente por uma [[Guerra Civil Americana|guerra civil]] ([[1861]]-[[1865]]) relacionada com a [[abolicionismo|abolição]] da [[escravatura]] naquele país; a Grã-Bretanha tinha-a abolido no seu [[império]] em [[1834]]. A Turquia também não possuía colónias na África, mas era o centro do [[Império Otomano]], com interesses no norte de África. Os restantes países europeus que não foram “contemplados” na [[partilha de África]], também eram potências comerciais ou industriais, com interesses indirectos naquele continente.
Os Estados Unidos possuíam uma colônia na África, a [[Libéria]], só que muito tarde, mas eram uma potência em ascensão e tinham passado recentemente por uma [[Guerra Civil Americana|guerra civil]] ([[1861]]-[[1865]]) relacionada com a [[abolicionismo|abolição]] da [[escravatura]] naquele país; a Grã-Bretanha tinha-a abolido no seu [[império]] em [[1834]]. A Turquia também não possuía colónias na África, mas era o centro do [[Império Otomano]], com interesses no norte de África. Os restantes países europeus que não foram “contemplados” na [[partilha de África]], também eram potências comerciais ou industriais, com interesses indiretos naquele continente.


Num momento desta conferência, [[Reino de Portugal|Portugal]] apresentou um projecto, o famoso [[Mapa cor-de-rosa]], que consistia em ligar [[Angola]] a [[Moçambique]] para haver uma comunicação entre as duas colônias, facilitando o comércio e o transporte de mercadorias. Sucedeu que, apesar de todos concordarem com o projecto, a [[Reino Unido de Grã-Bretanha e Irlanda|Inglaterra]], à margem do [[Tratado de Windsor (1386)|Tratado de Windsor]], surpreendeu com a negação face ao projecto e fez um [[ultimato]], conhecido como [[Ultimato britânico de 1890]], ameaçando guerra se Portugal não acabasse com o projecto. Portugal, com medo de uma crise, não criou guerra com Inglaterra e todo o projecto foi-se abaixo.
Num momento desta conferência, [[Reino de Portugal|Portugal]] apresentou um projeto, o famoso [[Mapa cor-de-rosa]], que consistia em ligar [[Angola]] a [[Moçambique]] para haver uma comunicação entre as duas colônias, facilitando o comércio e o transporte de mercadorias. Sucedeu que, apesar de todos concordarem com o projeto, a [[Reino Unido de Grã-Bretanha e Irlanda|Inglaterra]], à margem do [[Tratado de Windsor (1386)|Tratado de Windsor]], surpreendeu com a negação face ao projeto e fez um [[ultimato]], conhecido como [[Ultimato britânico de 1890]], ameaçando guerra se Portugal não acabasse com o projecto. Portugal, com medo de uma crise, não criou guerra com Inglaterra e todo o projeto foi-se abaixo.


Como resultado desta conferência, a Grã-Bretanha passou a administrar toda a [[África Austral]], com excepção das colónias portuguesas de [[Angola]] e [[Moçambique]] e o Sudoeste Africano, toda a [[África Oriental]], com excepção do Tanganica e partilhou a costa ocidental e o norte com a França, a Espanha e Portugal ([[Guiné-Bissau]] e [[Cabo Verde]]); o [[Congo]] – que estava no centro da disputa, o próprio nome da Conferência em [[Língua alemã|alemão]] é “Conferência do Congo” – continuou como “propriedade” da [[Associação Internacional do Congo]], cujo principal accionista era o rei [[Leopoldo II da Bélgica]]; este país passou ainda a administrar os pequenos reinos das montanhas a leste, o [[Ruanda]] e o [[Burundi]].
Como resultado desta conferência, a Grã-Bretanha passou a administrar toda a [[África Austral]], com exceção das colónias portuguesas de [[Angola]] e [[Moçambique]] e o Sudoeste Africano, toda a [[África Oriental]], com excepção do Tanganica e partilhou a costa ocidental e o norte com a França, a Espanha e Portugal ([[Guiné-Bissau]] e [[Cabo Verde]]); o [[Congo]] – que estava no centro da disputa, o próprio nome da Conferência em [[Língua alemã|alemão]] é “Conferência do Congo” – continuou como “propriedade” da [[Associação Internacional do Congo]], cujo principal accionista era o rei [[Leopoldo II da Bélgica]]; este país passou ainda a administrar os pequenos reinos das montanhas a leste, o [[Ruanda]] e o [[Burundi]].


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Revisão das 21h52min de 1 de novembro de 2011

O Congresso de Berlim, em gravura da época
O Congresso de Berlim, em gravura da época
Mapa de África Colonial em 1913.
  Bélgica
  França
  Alemanha
  Grã-Bretanha
  Itália
  Portugal
  Espanha
  Estados independentes

O Congresso de Berlim realizado entre 19 de Novembro de 1884 e 26 de fevereiro de 1885 teve como objetivo organizar, na forma de regras, a ocupação de África pelas potências coloniais e resultou numa divisão que não respeitou, nem a história, nem as relações étnicas e mesmo familiares dos povos do Continente.

No congresso, que foi proposto por Portugal e organizado pelo Chanceler Otto von Bismarck da Alemanha — país anfitrião, que não possuía colônias na África, mas tinha esse desejo e viu-o satisfeito, passando a administrar o “Sudoeste Africano” (atual Namíbia) e o Tanganhica — participaram ainda a Grã-Bretanha, França, Espanha, Itália, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Estados Unidos da América, Suécia, Áustria-Hungria, Império Otomano.

Os Estados Unidos possuíam uma colônia na África, a Libéria, só que muito tarde, mas eram uma potência em ascensão e tinham passado recentemente por uma guerra civil (1861-1865) relacionada com a abolição da escravatura naquele país; a Grã-Bretanha tinha-a abolido no seu império em 1834. A Turquia também não possuía colónias na África, mas era o centro do Império Otomano, com interesses no norte de África. Os restantes países europeus que não foram “contemplados” na partilha de África, também eram potências comerciais ou industriais, com interesses indiretos naquele continente.

Num momento desta conferência, Portugal apresentou um projeto, o famoso Mapa cor-de-rosa, que consistia em ligar Angola a Moçambique para haver uma comunicação entre as duas colônias, facilitando o comércio e o transporte de mercadorias. Sucedeu que, apesar de todos concordarem com o projeto, a Inglaterra, à margem do Tratado de Windsor, surpreendeu com a negação face ao projeto e fez um ultimato, conhecido como Ultimato britânico de 1890, ameaçando guerra se Portugal não acabasse com o projecto. Portugal, com medo de uma crise, não criou guerra com Inglaterra e todo o projeto foi-se abaixo.

Como resultado desta conferência, a Grã-Bretanha passou a administrar toda a África Austral, com exceção das colónias portuguesas de Angola e Moçambique e o Sudoeste Africano, toda a África Oriental, com excepção do Tanganica e partilhou a costa ocidental e o norte com a França, a Espanha e Portugal (Guiné-Bissau e Cabo Verde); o Congo – que estava no centro da disputa, o próprio nome da Conferência em alemão é “Conferência do Congo” – continuou como “propriedade” da Associação Internacional do Congo, cujo principal accionista era o rei Leopoldo II da Bélgica; este país passou ainda a administrar os pequenos reinos das montanhas a leste, o Ruanda e o Burundi.