Saltar para o conteúdo

Eduardo Nery

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Eduardo Nery
Nascimento 1938
Figueira da Foz
Morte 2 de março de 2013 (74 anos)
Lisboa
Nacionalidade portuguesa
Área Artes Plásticas / Pintura

Eduardo José Nery de Oliveira GOIH (Figueira da Foz, 2 de setembro de 1938Lisboa, 2 de março de 2013) foi um artista plástico e pintor português [1].

Eduardo Nery nasce na Figueira da Foz em 1938. No ano seguinte a família instala-se em Lisboa; frequenta o Liceu D. João de Castro e em 1956 inscreve-se no curso de pintura da ESBAL. Participa pela primeira vez numa exposição coletiva em 1957 (na Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa). Em 1959 transita para o curso de arquitetura da ESBAL, de que desiste. Nesse mesmo ano viaja até Paris e, no ano seguinte, inicia um estágio com Jean Lurçat em Saint-Céré, França, familiarizando-se com o universo da tapeçaria contemporânea.

Foi casado com a artista plástica Ana Vieira, pai de Paula Nery e de Miguel Nery.

Realizou numerosas exposições individuais, nomeadamente: Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa (1976); Museu Nacional Soares dos Reis, Porto (1976; 2004); Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão , Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (1981; 1987; 1997; 2005); Culturgest, Lisboa (1997); Museu Nacional do Azulejo, Lisboa (2003).

A 8 de Junho de 2012 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.[2]

Espaço Ilusório, 1969-70, tapeçaria, 176 x 292 cm

A sua obra inicial fica marcada pela influência de gestualistas como Hans Hartung ou Pierre Soulages. A partir de 1965 evolui para um idioma diverso, próximo da Op Art, "revelando-nos um trabalho inovador, de um cromatismo vibrante e jogos cinéticos" [3] em que faz a desmontagem dos mecanismos da percepção visual. A sua pintura por vezes tridimensionaliza-se, expande-se para lá dos suportes tradicionais.

Através de padrões de repetição, Nery multiplica e desmultiplica terceiras dimensões, revelando-nos "espacialidades perturbadas, onde a vertigem ou o labirinto se instalam como metáfora de uma geometria plana", como acontece com a tapeçaria Espaço Ilusório (1969-70), onde encontramos "um espaço ilimitado, silenciosamente dobrado e desdobrado […] que espelha o capricho cósmico ou, talvez antes, se apropria, por intuição racionalizada, da sua misteriosa razão de ser" [4].

Vida e Morte, 1972, pintura sobre platex, 120 x 100 cm

"Depois, por lógica coerência interna, Nery chegou a soluções dadaistas de anti-pintura, na destruição dos quadros desmantelados [...] atravessados duma nostalgia mordaz, no seu peso dourado de molduras rotas que ressuscitavam memórias do outro antigo jogo do «trompe l'oeil»" [5]. Estes trabalhos abrem as portas para as imagens que se seguem, "de mistério e humor" [6] (veja-se, por exemplo, Vida e Morte, 1972) , onde joga com paradoxos da representação do espaço no plano da pintura.

De um "enorme rigor de perspetiva, [...] luminosidade intensa e [...] cromatismo penetrante" [3] estas pinturas articulam, com efeitos inesperados, a representação perspética tradicional e fundos ou imagens totalmente planos. "vemos casas fantasmas, flutuando no espaço. Ou deparamos com felinos, feitos pássaros, a voar sobre caixões vazios [...]. A instabilidade das formas suspensas, a estranheza dos conjuntos representados [...] onde nenhuma presença humana surge, criam uma atmosfera de «suspense» e ameaça [...]" [6].

A espacialidade da imagem dilata-se, depois, quando inicia a sua fase de Paisagismo abstrato de temática cósmica, que coincide temporalmente com o desenvolvimento de trabalhos diferentes em que utiliza a colagem e a fotografia.

"Um dos aspetos mais peculiares da obra de Eduardo Nery tem que ver com o seu gosto (e imensa competência) em adequar as pesquisas visuais a uma grande diversidade de técnicas e suportes. Sendo fundamentalmente pintor, ele dedicou parte substancial da sua carreira à decoração de espaços arquitetónicos, através do azulejo, da tapeçaria e do vitral" [7], realizando, nestes domínios, uma obra vasta e diversificada.

Algumas obras

[editar | editar código-fonte]
  • Pavimento da Praça da República (arquitetura Formosinho Sanchez), Redondo, 1968-1971[8]
  • Pátio do Centro de Saúde de Mértola, volumes geométricos revestidos com azulejo de padrão, 1981[9]
  • Estação Ferroviária de Contumil
  • Pavimento no adro da Capela de Nossa Senhora da Saúde (Praça Martim Moniz) e Rua da Mouraria (arquitetura José Lamas e Carlos Santos Duarte), Lisboa, 1987-1991[10]
  • Abóbada Celeste, Sede da Caixa Geral de Depósitos, Lisboa, 1993
  • Estação Campo Grande, Lisboa, 1993
  • Painel na Avenida Infante Santo, Lisboa, 1994[11]
  • Sede da Associação Nacional de Farmácias, Lisboa, 1995[12]
  • Pavimento da Praça do Município (arquitetura Francisco Silva Dias), Lisboa, 1998
  • Agencia Portagem do Montepio Geral, Coimbra,1998
  • Viaduto do Campo Grande, Lisboa, 1998[13]
  • Viaduto Infante Santo, Lisboa, 2002[14]
  • Novo jardim e laranjal, Palácio Fronteira, Lisboa, 2009[15]
  • Painel na Fábrica da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas, SA, Vialonga (destruido)
  • Vitrais na Igreja de São Miguel de Queijas
  • Vitrais na Antiga Capela da Misericórdia de Barcelos
  • Serviço de mesa, chá e café Nery, Vista Alegre
  • Painel no passeio ribeirinho da foz do rio Trancão, Sacavém

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Eduardo Nery

Referências

  1. Infopédia – Eduardo Nery
  2. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Eduardo José Nery de Oliveira". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 8 de março de 2013 
  3. a b Lima, Maria Almeida – Eduardo Nery. In: A.A.V.V. – Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão: roteiro da coleção. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004, p. 170. ISBN 972-635-155-3
  4. Silva, Raquel Henriques daEduardo Nery. In: A.A.V.V. (coordenação de Raquel Henriques da Silva) – 50 Anos de Arte Portuguesa. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007, p. 140. ISBN 978-972-678-043-4
  5. Pernes, FernandoEduardo Nery. Lisboa: Galeria 111, 1972
  6. a b Pernes, Fernando – Eduardo Nery. Lisboa: Galeria 111, 1972
  7. Silva, Raquel Henriques da – Eduardo Nery. In: A.A.V.V. (coordenação de Raquel Henriques da Silva) – 50 Anos de Arte Portuguesa. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007, p. 140.
  8. Jorge (17 de novembro de 2011). «polýedros: Portuguese pavements: Eduardo Nery, Praça da República, Redondo, Portugal». polýedros. Consultado em 21 de março de 2025 
  9. Barros, Marcelo Freire de. «Proposta de interconexão do padrão ISO 11783 com redes de sensores sem fio padrão ZigBee.». Consultado em 20 de março de 2025 
  10. Jorge (24 de outubro de 2011). «polýedros: Portuguese pavements: Eduardo Nery, Martim Moniz / Rua da Mouraria, Lisboa, Portugal». polýedros. Consultado em 21 de março de 2025 
  11. «Diretório da Cidade». informacoeseservicos.lisboa.pt. Consultado em 20 de março de 2025 
  12. Jorge (15 de fevereiro de 2013). «polýedros: Portuguese tiles: Azulejaria de Eduardo Nery / Eduardo Nery tilings». polýedros. Consultado em 20 de março de 2025 
  13. «Viaduto 2ª Circular - Projetos». Viúva Lamego - Azulejo Português. Consultado em 20 de março de 2025 
  14. «Viaduto Infante Santo - Projetos». Viúva Lamego - Azulejo Português. Consultado em 20 de março de 2025 
  15. Jorge (25 de maio de 2013). «polýedros: ALCIPE». polýedros. Consultado em 20 de março de 2025 
Ícone de esboço Este artigo sobre uma pessoa é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.