Gavião-peneira

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Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1)
Classificação científica
Reino: Animalia
Classe: Aves
Ordem: Accipitriformes
Família: Accipitridae
Género: Elanus
Espécie: E. leucurus
Nome binomial
Elanus leucurus
(Vieillot),1818
Distribuição geográfica

O gavião-peneira, ou peneireiro-de-rabo-branco (nomenclatura binomial: Elanus leucurus), é uma espécie de ave da família Accipitridae pertencente ao gênero Elanus (ave de rapina).[1]

Essa espécie é encontrada na América do Sul, principalmente no Brasil, Argentina e Chile e também na América do Norte.[1]

História e taxonomia[editar | editar código-fonte]

Foi descrito em 1818 pelo ornitólogo francês Louis Jean Pierre Vieillot, sob o nome binominal de Milvus leucurus, com o Paraguai como localidade-tipo.[2] É agora uma das quatro espécies do gênero Elanus (caeruleus, axillaris, scriptus e leucurus) que foi introduzida em 1809 pelo zoólogo francês Jules-César Savigny.[3] A palavra Elanus é elanos da Grécia Antiga para uma "pipa". O leucurus, epíteto específico, provém do grego antigo leukouros, em que leukos é "branco" e oura é "cauda".[4]

Por algumas décadas recentes, o gavião-peneira foi agrupado com o peneireiro-cinzento da Europa e da África como Elanus caeruleus, coletivamente chamado de peneireiro-de-ombros-pretos.[5] Mais recentemente, argumentou-se que o gavião-peneira diferia das espécies do Velho Mundo em tamanho, forma, plumagem e comportamento, e que essas diferenças eram suficientes para garantir o status de espécies distintas.[6] Esse argumento foi aceito pela União dos Ornitólogos Americanos, de modo que o gavião-peneira retornou ao nome original. Enquanto isso, no Velho Mundo, E. caeruleus é mais uma vez chamado de asa negra, enquanto o nome peneireiro-de-ombros-pretos é agora reservado para uma espécie australiana, Elanus axillaris, que também tinha sido agrupada em E. caeruleus, mas agora é considerada como separada novamente.[2]

Subespécies[editar | editar código-fonte]

Sâo reconhecidas duas subespécies:[7]

  • Elanus leucurus leucurus (Vieillot, 1818) - ocorre desde o leste do Panamá até o Brasil, região central da Argentina e região central do Chile;
  • Elanus leucurus majusculus (Bangs & T. E. Penard, 1920) - ocorre desde o sudoeste dos Estados Unidos da América até o oeste do Panamá.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Quando adulto, o gavião-peneira pode medir de 38-43 cm de comprimento, com asas medindo 88-102 cm, e pesar 250 a 380g. As asas, com 29-32,8 cm (11,4-12,9 polegadas) cada, e a cauda, com 15,1-18,6 cm (5,9-7,3 polegadas), são relativamente alongadas. O tarso mede cerca de 3,6 cm (1,4 polegada).[6] Apresenta asas pontiagudas, com sua parte superior cinza-claro, ocorrendo uma mancha negra em seus ombros. Na porção inferior, é branca com cinza-claro nas pontas das asas e pequenas manchas negras numa área circular próxima ao ombro. Possui cauda branca, íris avermelhadas e uma máscara preta na região orbicular dos olhos, além de possuir a parte cranial do bico preta e a caudal amarela. Já os jovens apresentam manchas pontilhadas marrons no peito, pescoço e cabeça, contendo o dorso marrom com manchas brancas.[8][9]

Distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]

Gavião-peneira jovem.

O gavião-peneira foi extinto na Califórnia nas décadas de 1930 e 1940 devido ao abate e coleta de ovos, mas agora eles são comuns novamente. No entanto, a sua distribuição é localizada. Eles podem ser encontrados no Vale Central, nas áreas costeiras do sul e em áreas abertas ao redor de Goleta, incluindo o Ellwood Mesa Open Space, pântanos no Condado de Humboldt e também ao redor da Baía de São Francisco. Em outros lugares, eles ainda são raros ou ausentes. Eles também são encontrados no sul do Texas, na península de Baja Califórnia e no leste do México.[10] O gavião-peneira é uma espécie de campo que ocorre também no Chile e Argentina até a América do Norte, beneficiando-se cada vez mais dos avanços agrícolas.[11]

Distribuição na Colômbia[editar | editar código-fonte]

Geralmente acham-se 1000 indivíduos de gavião-peneira, ocasionalmente 1800 perto de Popayán, e até 2600 na savana de Bogotá. Aparece no Alto Cauca, no Golfo de Ubará a leste da costa do Caribe, Tolima, Cundinamarca, norte do Santander até o rio Guaviare e Caquetá.[9]

Reprodução e ciclo de vida[editar | editar código-fonte]

Gavião-peneira carregando galho para fazer seu ninho.

Geralmente usa ninhos abandonados, ou os pais os constroem juntos, com gramíneas e galhos secos. O período reprodutivo depende da região e período do ano. No norte da América do Sul o período de fevereiro a maio foi descrito como o melhor momento reprodutivo. Pode colocar de 3 a 5 ovos, sendo em média quatro, tendo uma alta taxa de mortalidade. O período de incubação varia de 30-32 dias, podendo ser mais rápido em áreas que favoreçam a maior distribuição de alimento. Após o nascimento, o macho fica responsável por alimentar a fêmea e seus filhotes, que são capazes de voar após 35-40 dias de nascidos.[11][12]

Dieta e caça[editar | editar código-fonte]

Gavião-peneira mergulhando para predar seu alimento.

O gavião-peneira prioriza a caça em ambientes abertos por conta do seu comportamento de peneirar. Em um estudo realizado no município de Venâncio Aires, região centro-nordeste do estado do Rio Grande do Sul, foram coletadas 1134 pelotas de regurgitação do gavião-peneira entre dezembro de 1997 e novembro de 2000. Pequenos mamíferos como o roedor alóctone Mus musculus e os roedores nativos A. paranaensis, N. lasiurus e o marsupial M. dimidiata compuseram 95% da dieta. O M. musculus foi a espécie mais predada (67,4%) e considerada a mais importante, por conta da frequência e a biomassa adquirida ao gavião. No período reprodutivo (primavera/verão), os roedores nativos e pequenos mamíferos foram mais frequentemente predados, por conta do padrão de variação sazonal do M. musculus. Em raros casos ele se alimentava de outras aves (4,6%) e répteis mais insetos (0,4%).[13]

Ecologia e comportamento[editar | editar código-fonte]

O gavião-peneira tem um voo harmonioso, ficando pairando a uma altura de 30-35 m para observar o local em busca de sua presa. Ele coloca suas asas em formato de V e as bate regularmente, permanecendo estático no ar. Em algumas ocasiões ele combina o voo em patrulha com paradas no ar para peneirar observando sua caça; quando a avista, desce ou mergulha lentamente sobre sua presa. O gavião-peneira também pode ser visto empoleirado em áreas abertas, como campos. Sua técnica de campo, dessa forma, é de adquirir pontos de observação, com preferência por lugares com zonas abertas para peneirar em busca de seu alimento e estradas.[9]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b www.wikiaves.com.br. «Gavião-peneira». Consultado em 2 de outubro de 2014 
  2. a b Nouveau dictionnaire d'histoire naturelle, appliquée aux arts, à l'agriculture, à l'économie rurale et domestique, à la médecine, etc. Paris,: Chez Deterville,. 1816 
  3. Fourier, Jean Baptiste Joseph; Jomard, Edme Françoise; Napoleon (1809). Description de l'Égypte, ou, Recueil de observations et des recherches qui ont été faites en Égypte pendant l'éxpédition de l'armée française,. Paris,: Imprimerie impériale, 
  4. Jobling, James A. (2010). The Helm dictionary of scientific bird names : from aalge to zusii. London: Christopher Helm. ISBN 9781408133262. OCLC 659731768 
  5. Howard, Hildegarde; Johnson, Ned K.; Rabor, D. S.; Rand, A. L.; Bohl, Wayne H.; Traylor, Elmo; Parkes, Kenneth C.; Orr, Robert T.; Kilham, Lawrence (1958). «From Field and Study». The Condor. 60 (2): 136–142. ISSN 1938-5129. doi:10.2307/1365270 
  6. a b «SWALLOW-TAILED KITE AND WHITE-TAILED KITE». Princeton: Princeton University Press. 31 de dezembro de 2017: 32–33. ISBN 9781400885077 
  7. «gavião-peneira (Elanus leucurus) | WikiAves - A Enciclopédia das Aves do Brasil». www.wikiaves.com.br. Consultado em 13 de setembro de 2021 
  8. «Gavião-peneira (Elanus leucurus) | Aves de Rapina Brasil». www.avesderapinabrasil.com. Consultado em 8 de agosto de 2019 
  9. a b c Marquez, Cesar; Bechard, Marc; Gast, Fernando; Vanegas, Víctor Hugo (2005). Aves rapaces diurnas de Colombia. Bogotá: Instituto de Investigación de Recursos Biológicos. 394 páginas 
  10. «Elanus leucurus: BirdLife International». IUCN Red List of Threatened Species. 1 de maio de 2012. Consultado em 22 de agosto de 2019 
  11. a b Carvalho, Gustavo Diniz Mendes; Filho, Eduardo Pio Mendes de Carvalho; Carvalho, Carlos Eduardo Alencar (2001). «Dados preliminares sobre a reprodução de Elanus leucurus (ACCIPITRIDAE) no município de Sete Lagoas e Divinópolis» (PDF). REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA. Consultado em 9 de julho de 2019 
  12. Marquez, Cesar; Bechard, Marc; Gast, Fernando; Vanegas, Víctor Hugo (2005). Aves rapaces diurnas de Colombia. Bogotá: Instituto de Investigación de Recursos Biológicos. 394 páginas 
  13. Scheibler, Daniel Ricardo [UNESP (2003). «Sazonalidade da dieta e hábitos alimentares do gavião-peneira (Elanus leucurus) em habitats agrícolas no sul do Brasil». Aleph: iii, 33 f. : il., tabs. 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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