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Lazzaro Spallanzani: diferenças entre revisões

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Educado num colégio de [[jesuíta]]s, Spallanzani abandonou os seus estudos em Direito na Universidade de Bolonha para se dedicar à ciência. O seu trabalho centrou-se na investigação da teoria da [[geração espontânea]]. Com suas experiências, Spallanzani mostrou que os [[micróbio]]s movem-se pelo ar e que podem ser eliminados por [[fervura]].
Educado num colégio de [[jesuíta]]s, Spallanzani abandonou os seus estudos em Direito na Universidade de Bolonha para se dedicar à ciência. O seu trabalho centrou-se na investigação da teoria da [[geração espontânea]]. Com suas experiências, Spallanzani mostrou que os [[micróbio]]s movem-se pelo ar e que podem ser eliminados por [[fervura]].


Seu intuito era derrubar as ideias de [[John Needham]], que através de seus experimentos havia "comprovado" que a vida poderia surgir espontaneamente de um caldo nutritivo, colocado em um recipiente vedado e aquecido até sua fervura. O problema do experimento de Needham eram os recipientes, que não foram bem vedados, permitindo a entrada de microorganismos e a contaminação do caldo nutritivo, e uma fervura branda, que possivelmente não haveria matado todos os microrganismos que já estavam no caldo nutritivo. Spallanzani mostra que com os recipientes vedados de outra maneira mais eficiente e realizando a fervura por mais tempo, a vida não surge espontaneamente.
Seu intuito era derrubar as ideias de [[John Needham]], que através de seus experimentos havia "comprovado" que a vida poderia surgir espontaneamente de um caldo nutritivo, colocado em um recipiente vedado e aquecido até sua fervura. O problema do experimento de Needham eram os recipientes, que não foram bem vedados, permitindo a entrada de microrganismos e a contaminação do caldo nutritivo, e uma fervura branda, que possivelmente não haveria matado todos os microrganismos que já estavam no caldo nutritivo. Spallanzani mostra que com os recipientes vedados de outra maneira mais eficiente e realizando a fervura por mais tempo, a vida não surge espontaneamente.


Porém Needham retrucou afirmando que com aquela fervura Spallanzani havia acabado com o ar dos recipientes, impossibilitando o surgimento da vida. Realmente o experimento acabava com o [[oxigênio]] dos frascos. A controvérsia só veio a ser esclarecida mais tarde, com as descobertas de [[Louis Pasteur]].
Porém Needham retrucou afirmando que com aquela fervura Spallanzani havia acabado com o ar dos recipientes, impossibilitando o surgimento da vida. Realmente o experimento acabava com o [[oxigênio]] dos frascos. A controvérsia só veio a ser esclarecida mais tarde, com as descobertas de [[Louis Pasteur]].


Além disso, aprofundou os estudos de René-Antoine Reaumur, ao demonstrar que o suco gástrico era um fator decisivo na digestão. Obteve suco gástrico fazendo um animal engolir um tubo atado a um fio para posteriormente o retirar cheio do suco digestivo. Com este suco realizava experiências sobre a digestão no estômago. Para assegurar as condições correctas de temperatura, mantinha os tubos de ensaio nas suas axilas, dispensando assim a necessidade de um termostato (que não existia na altura). Também fez experiências com animais, fazendo com que estes engolissem pedaços de carne presos por fios, que depois recuperava para observar a progressão da disgestão, assim como os fazia engolir objectos metálicos. Também estudou o fenômeno nele próprio, engolindo, numa das vezes, uma saqueta de tela contendo pão e carne. Deixou ficar a saqueta durante 2 dias, retirando-a repetidamente para verificar a evolução da digestão. Concluíu que, ao fim de 18 horas, a carne não era completamente digerida mas o pão ficava intacto.
Além disso, aprofundou os estudos de René-Antoine Reaumur, ao demonstrar que o suco gástrico era um fator decisivo na digestão. Obteve suco gástrico fazendo um animal engolir um tubo atado a um fio para posteriormente o retirar cheio do suco digestivo. Com este suco realizava experiências sobre a digestão no estômago. Para assegurar as condições corretas de temperatura, mantinha os tubos de ensaio nas suas axilas, dispensando assim a necessidade de um termostato (que não existia na altura). Também fez experiências com animais, fazendo com que estes engolissem pedaços de carne presos por fios, que depois recuperava para observar a progressão da digestão, assim como os fazia engolir objetos metálicos. Também estudou o fenômeno nele próprio, engolindo, numa das vezes, uma saqueta de tela contendo pão e carne. Deixou ficar a saqueta durante 2 dias, retirando-a repetidamente para verificar a evolução da digestão. Concluíu que, ao fim de 18 horas, a carne não era completamente digerida mas o pão ficava intacto.


=== Spallanzani e os fósseis ===
=== Lazzaro Spallanzani e os fósseis ===
Spallanzani estudou a constituição e origem de fósseis marinhos encontrados em regiões distantes do mar e sobre o cume de montanhas de algumas regiões da Europa, que resultou na publicação em 1755 de uma pequena dissertação, ''Dissertazione sopra i corpi marino-montani'', depois apresentada em reunião da  ''Accademiadegli Ipocondriaci di Reggio Emilia.'' Embora alinhado a uma das tendências de sua época, que atribuía a ocorrência de fósseis marinhos sobre montanhas ao movimento natural dos mares, e não ao dilúvio universal, Spallanzani desenvolveu uma hipótese própria, baseada na dinâmica das forças que modificaram o estado da Terra depois da Criação divina<ref>Sobre a origem e constituição dos fósseis. ''História e Filosofia da Biologia 5(1):73-95,2010''. Disponível em http://www.abfhib.org/FHB/FHB-05-1/FHB-05-1-05-Frederico-Faria-Maria-Elice-Prestes.pdf </ref>.
Spallanzani estudou a constituição e origem de fósseis marinhos encontrados em regiões distantes do mar e sobre o cume de montanhas de algumas regiões da Europa, que resultou na publicação em 1755 de uma pequena dissertação, ''Dissertazione sopra i corpi marino-montani'', depois apresentada em reunião da  ''Accademiadegli Ipocondriaci di Reggio Emilia.'' Embora alinhado a uma das tendências de sua época, que atribuía a ocorrência de fósseis marinhos sobre montanhas ao movimento natural dos mares, e não ao dilúvio universal, Spallanzani desenvolveu uma hipótese própria, baseada na dinâmica das forças que modificaram o estado da Terra depois da Criação divina<ref>Sobre a origem e constituição dos fósseis. ''História e Filosofia da Biologia 5(1):73-95,2010''. Disponível em http://www.abfhib.org/FHB/FHB-05-1/FHB-05-1-05-Frederico-Faria-Maria-Elice-Prestes.pdf </ref>.



Revisão das 16h43min de 20 de setembro de 2017

Lazzaro Spallanzani
Lazzaro Spallanzani
Nascimento 10 de janeiro de 1729
Scandiano
Morte 12 de fevereiro de 1799 (70 anos)
Pavia
Alma mater Universidade de Módena
Orientador(es)(as) Laura Bassi
Campo(s) Biologia
Tese Dissertazioni due: De lapidibus ab aqua resistentibus; Saggio di osservazioni microscopiche concernenti il sistema della generazione de’ signori di Needham e Buffon.

Lazzaro Spallanzani italiano (Scandiano, 10 de Janeiro de 1729Pavia, 12 de Fevereiro de 1799) foi um padre, fisiologista e um estudioso das ciências naturais. Educado num colégio de jesuítas, Spallanzani abandonou os seus estudos em Direito na Universidade de Bolonha para se dedicar à ciência. O seu trabalho centrou-se na investigação da teoria da geração espontânea. Com suas experiências, Spallanzani mostrou que os micróbios movem-se pelo ar e que podem ser eliminados por fervura.

Seu intuito era derrubar as ideias de John Needham, que através de seus experimentos havia "comprovado" que a vida poderia surgir espontaneamente de um caldo nutritivo, colocado em um recipiente vedado e aquecido até sua fervura. O problema do experimento de Needham eram os recipientes, que não foram bem vedados, permitindo a entrada de microrganismos e a contaminação do caldo nutritivo, e uma fervura branda, que possivelmente não haveria matado todos os microrganismos que já estavam no caldo nutritivo. Spallanzani mostra que com os recipientes vedados de outra maneira mais eficiente e realizando a fervura por mais tempo, a vida não surge espontaneamente.

Porém Needham retrucou afirmando que com aquela fervura Spallanzani havia acabado com o ar dos recipientes, impossibilitando o surgimento da vida. Realmente o experimento acabava com o oxigênio dos frascos. A controvérsia só veio a ser esclarecida mais tarde, com as descobertas de Louis Pasteur.

Além disso, aprofundou os estudos de René-Antoine Reaumur, ao demonstrar que o suco gástrico era um fator decisivo na digestão. Obteve suco gástrico fazendo um animal engolir um tubo atado a um fio para posteriormente o retirar cheio do suco digestivo. Com este suco realizava experiências sobre a digestão no estômago. Para assegurar as condições corretas de temperatura, mantinha os tubos de ensaio nas suas axilas, dispensando assim a necessidade de um termostato (que não existia na altura). Também fez experiências com animais, fazendo com que estes engolissem pedaços de carne presos por fios, que depois recuperava para observar a progressão da digestão, assim como os fazia engolir objetos metálicos. Também estudou o fenômeno nele próprio, engolindo, numa das vezes, uma saqueta de tela contendo pão e carne. Deixou ficar a saqueta durante 2 dias, retirando-a repetidamente para verificar a evolução da digestão. Concluíu que, ao fim de 18 horas, a carne não era completamente digerida mas o pão ficava intacto.

Lazzaro Spallanzani e os fósseis

Spallanzani estudou a constituição e origem de fósseis marinhos encontrados em regiões distantes do mar e sobre o cume de montanhas de algumas regiões da Europa, que resultou na publicação em 1755 de uma pequena dissertação, Dissertazione sopra i corpi marino-montani, depois apresentada em reunião da  Accademiadegli Ipocondriaci di Reggio Emilia. Embora alinhado a uma das tendências de sua época, que atribuía a ocorrência de fósseis marinhos sobre montanhas ao movimento natural dos mares, e não ao dilúvio universal, Spallanzani desenvolveu uma hipótese própria, baseada na dinâmica das forças que modificaram o estado da Terra depois da Criação divina[1].

Passados alguns anos publicou relatos sobre viagens que fez, para Portovenere, ilha Cerigo e Duas Sicílias, abordando temas importantes, como a descoberta de conchas fósseis no interior de rochas vulcânicas, a de fósseis humanos, e a existência de fósseis de espécies extintas. Sua preocupação com os fósseis testemunha o modo como, ao estilo do século XVIII, Spallanzani integrava os estudos dos três reinos da natureza[2].

Referências

  1. Sobre a origem e constituição dos fósseis. História e Filosofia da Biologia 5(1):73-95,2010. Disponível em http://www.abfhib.org/FHB/FHB-05-1/FHB-05-1-05-Frederico-Faria-Maria-Elice-Prestes.pdf
  2. PRESTES, Maria Elice. B. e FARIA, Felipe. Lazzaro Spallanzani e os foósseis: das observações em viagens naturalísticas ao ensino de história natural. História, Ciências, Saúde-Manguinhos,18(4):1005-1020, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59702011000400003&script=sci_arttext

Ligações externas

  • Centro Studi Lazzaro Spallanzani. Biografia (em inglês)
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