Voo VASP 375: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
2(L.L.K.)2 (discussão | contribs)
Linha 17: Linha 17:
|modelo = {{USAb}} [[Boeing 737|Boeing 737-300]]
|modelo = {{USAb}} [[Boeing 737|Boeing 737-300]]
|operador = {{BRAb}} [[VASP]]
|operador = {{BRAb}} [[VASP]]
|prefixo = PP-SNT
|prefixo = PP-SNT<ref>[https://aviation-safety.net/database/record.php?id=19880929-0 Aviation Safety Network - ]</ref>
|primeiro voo = [[1986]]
|primeiro voo = [[1986]]
}}
}}
Linha 25: Linha 25:
Fernando Murilo de Lima e Silva, o piloto que evitou a tragédia, foi homenageado em outubro de 2001 pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas e recebeu o troféu Destaque Aeronauta por ter evitado a morte dos quase cem passageiros que estavam a bordo do Boeing 737.
Fernando Murilo de Lima e Silva, o piloto que evitou a tragédia, foi homenageado em outubro de 2001 pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas e recebeu o troféu Destaque Aeronauta por ter evitado a morte dos quase cem passageiros que estavam a bordo do Boeing 737.


==Sequestrador==
==Contexto==
O maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição nasceu em [[Vitorino Freire]], vindo de uma família pobre do interior do Pará e era considerado calmo. Trabalhou como tratorista em várias empresas de construção. Na época com 28 anos, havia perdido seu emprego na construtora [[Mendes Júnior]] em [[Minas Gerais]]. No final da década de 80, o Brasil enfrentava uma péssima fase econômica com elevados índices de desemprego e [[inflação]]. Raimundo decidiu punir quem achava ser culpado pela má situação pela qual ele e o País passavam: o então presidente da República, [[José Sarney]]<ref>[http://www2.uol.com.br/JC/_2001/1309/in1309_19.htm Ameaça sobre o Palácio do Planalto - JC Online]</ref>, lançando um avião contra o [[Palácio do Planalto]], onde fica o [[Gabinete Presidencial]].
O maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição nasceu em [[Vitorino Freire]], vindo de uma família pobre do interior do Pará e era considerado calmo. Trabalhou como tratorista em várias empresas de construção. Na época com 28 anos, havia perdido seu emprego na construtora [[Mendes Júnior]] em [[Minas Gerais]]. No final da década de 80, o Brasil enfrentava uma péssima fase econômica com elevados índices de desemprego e [[inflação]]. Raimundo decidiu punir quem achava ser culpado pela má situação pela qual ele e o País passavam: o então presidente da República, [[José Sarney]]<ref>[http://www2.uol.com.br/JC/_2001/1309/in1309_19.htm Ameaça sobre o Palácio do Planalto - JC Online]</ref>, lançando um avião contra o [[Palácio do Planalto]], onde fica o [[Gabinete Presidencial]].


==O sequestro==
==O sequestro==
Raimundo comprou um revólver [[calibre 32]] e embarcou no voo VP-375. É importante ressaltar que na época, aparelhos de [[raios-X]] e [[detector de metal|detectores de metal]] não eram utilizados para verificar bagagens no [[Aeroporto Internacional de Belo Horizonte-Confins|Aeroporto de Confins]], o que permitiu a passagem livre do passageiro. O voo, que vinha de Porto Velho e fazia escala em Belo Horizonte, decolou às 10h42 e cerca de 20 minutos após a decolagem, com o avião já no espaço aéreo do [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]], Raimundo Nonato anunciou o sequestro: disse que queria entrar na cabine e baleou Ronaldo Dias, um comissário de bordo, quando este tentou impedí-lo. Disparou várias vezes contra a porta da cabine, a arrombou e entrou. Ao entrar, Raimundo baleou o tripulante extra, Gilberto Renhe, que teve a perna fraturada pelo tiro. Sem que o sequestrador percebesse, o piloto Fernando Murilo de Lima e Silva acionou pelo transponder o código 7500, que na linguagem da aeronáutica, indica interferência ilicita (sequestro). Quando tentava atender à resposta do [[Cindacta]] pelo rádio, o co-piloto Salvador Evangelista foi baleado pelo sequestrador e morreu na hora. Em seguida, Raimundo apontou o revólver para o piloto e exigiu que a aeronave fosse desviada imediatamente para [[Brasília]].
Raimundo comprou um revólver [[calibre 32]] e embarcou no voo VP-375. É importante ressaltar que na época, aparelhos de [[raios-X]] e [[detector de metal|detectores de metal]] não eram utilizados para verificar bagagens no [[Aeroporto Internacional de Belo Horizonte-Confins|Aeroporto de Confins]], o que permitiu a passagem livre do passageiro. O voo, que vinha de [[Porto Velho]] e fazia escala em [[Belo Horizonte]], decolou às 10h42 e cerca de 20 minutos após a decolagem, com o avião já no espaço aéreo do [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]], Raimundo Nonato anunciou o sequestro: disse que queria entrar na cabine e baleou Ronaldo Dias, um comissário de bordo, quando este tentou impedi-lo. Na época a porta da cabine das aeronaves não era blindada e Raimundo disparou diversos tiros contra ela.<ref>[https://incrivelhistoria.com.br/sequestro-boeing-737-matar-sarney/ Sequestro do boeing 737: Eu quero matar o Sarney - Incrível História]</ref> Um desses tiros acabou acertando o tripulante extra, Gilberto Renhe, que teve a perna fraturada. Outro disparo acabou acertando o painel do avião, o que fez a tripulação optar por abrir a porta para cessar os disparos. Sem que o sequestrador percebesse, o piloto Fernando Murilo de Lima e Silva acionou pelo transponder o código 7500, que na linguagem da aeronáutica, indica interferência ilicita (sequestro). Quando iria tentava atender à resposta do [[Cindacta]] pelo rádio, o co-piloto Salvador Evangelista foi baleado pelo sequestrador e morreu na hora. Em seguida, Raimundo apontou o revólver para o piloto e exigiu que a aeronave fosse desviada imediatamente para [[Brasília]].


Raimundo acabou desistindo de jogar o avião contra o Palácio do Planalto, mas impediu o comandante de pousar o avião quase sem combustível no [[Aeroporto Internacional de Brasília]] e na [[Base Aérea de Anápolis]]. O voo prosseguiu para Goiânia, acompanhado por um caça da FAB pilotado pelo tenente Walter Ricardo Gallette ( [[Dassault Mirage III|Mirage III]]<ref>[http://www.aereo.jor.br/2009/03/12/em-1988-737-foi-perseguido-por-mirage-iii/ Em 1988 Boeing foi perseguido por Mirage - Poder aéreo]</ref>). O pouso em Goiânia, no [[Aeroporto Internacional Santa Genoveva]] aconteceu às 13h45. Em terra, o sequestro e as negociações continuaram por várias horas. O sequestrador chegou a exigir um avião menor para fugir, mas por volta das 19h, quando descia a escada do avião usando o comandante como escudo, acabou sendo baleado três vezes pela equipe de elite da Polícia Federal. Morreu dias depois, vítima de [[anemia falciforme]], sem relação com os tiros, segundo o legista [[Fortunato Badan Palhares]]<ref>[http://veja.abril.com.br/081100/p_164.html Horas de agonia - Revista Veja]</ref>.
Persuadido pelo comandante que as condições de visibilidade não eram boas para aproximação em Brasília (tratava-se na verdade de uma estratégia do piloto para enganar o sequestrador),<ref>[https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1209200163.htm 11 de setembro - Herói de sequestro brasileiro acha que terroristas pilotavam aviões]</ref> Raimundo acabou desistindo de jogar o avião contra o Palácio do Planalto, mas impediu o comandante de pousar o avião quase sem combustível no [[Aeroporto Internacional de Brasília]] e na [[Base Aérea de Anápolis]]. O voo prosseguiu para Goiânia, acompanhado por um caça da FAB pilotado pelo tenente Walter Ricardo Gallette ([[Dassault Mirage III|Mirage III]]).<ref>[http://www.aereo.jor.br/2009/03/12/em-1988-737-foi-perseguido-por-mirage-iii/ Em 1988 Boeing foi perseguido por Mirage - Poder aéreo]</ref> Raimundo teria decidido então levar o Boeing para São Paulo, mas foi alertado por Fernando que não havia combustível para isso. Segundos depois um dos motores do avião começou a falhar e Fernando executou manobras acrobáticas nunca antes feitas com um avião daquele porte repleto de passageiros com a intenção de desequilibrar o sequestrador e pousar a aeronave.<ref>[https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2018/09/28/interna_politica,992438/o-dia-em-que-um-aviao-seria-jogado-sobre-o-palacio-do-planalto.shtml A história do Boeing que seria jogado no Palácio do Planalto - Jornal do Estado de Minas]</ref><ref name="terra">[https://www.terra.com.br/noticias/brasil/piloto-que-evitou-atentado-a-sarney-nunca-me-dirigiu-a-palavra,786ecc00a90ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html Piloto que evitou atentado a Sarney: 'Nunca me dirigiu a palavra' - Portal Terra]</ref> A estratégia funcionou e Raimundo acabou sendo jogado para longe da cabine, mas assim que o avião estabilizou conseguiu ficar de pé e empunhar novamente a arma. O pouso em Goiânia, no [[Aeroporto Internacional Santa Genoveva]] aconteceu às 13h45. Em terra, o sequestro e as negociações continuaram por várias horas. O sequestrador chegou a exigir um avião menor para fugir, mas por volta das 19h, quando descia a escada do avião usando o comandante como escudo, acabou sendo baleado três vezes pela equipe de elite da Polícia Federal. Morreu dias depois, vítima de [[anemia falciforme]], sem relação com os tiros, segundo o legista [[Fortunato Badan Palhares]].<ref>[http://veja.abril.com.br/081100/p_164.html Horas de agonia - Revista Veja]</ref>

==Aeronave==
O avião envolvido no sequestro era um [[Boeing_737_Classic#737-300|Boieng 737-3L9]] (número de série 23176, numeração Boeing 1213, registro PP-SNT) fabricado em 1986, tendo como primeiro cliente a [[Canadian Pacific Air Lines]]. No mesmo ano a aeronave foi adquirida pela [[VASP]] que depois repassou para a Guinness Peat Aviation em 1992. Em 1993 foi repassado para a Morris Air Service e em 1995 foi adquirido pela estadunidense [[Southwest Airlines]] sob o registro N698SW. Encerrou sua carreira em 2013 e permaneceu numa pista de pouso no Canadá até ser desmontado.<ref>[https://www.planespotters.net/airframe/Boeing/737/N698SW-Southwest-Airlines/y43bhNM4 Plane Spotters - N698SW Southwest Airlines Boeing 737-300]</ref>

==Consequências==
O comandante Fernando Murilo foi condecorado com a [[Ordem do Mérito Aeronáutico]] na época do acidente, mas nunca recebeu um agradecimento oficial da presidência pelos seus feitos.<ref name="terra"/> Em 2001, 13 anos após o acidente, o piloto recebeu o troféu Destaque Aeronauta do Sindicato Nacional dos Aeronautas por sua contribuição em evitar uma tragédia maior naquele dia.<ref>[https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,piloto-que-evitou-tragedia-em-1988-e-homenageado,20011023p33886 Piloto que evitou tragédia em 1988 é homenageado - O Estado de S. Paulo]</ref>

Em 2011, a [[Infraero]] foi condenada em segunda instância a pagar uma indenização de R$250 mil para Wendy Evangelista, filha do co-piloto Salvador Evangelista que morreu no sequestro. A justiça considerou que a entrada de um passageiro com um revólver dentro do avião foi um erro grave, não existindo normas de segurança adequadas na época.<ref name="G1">[http://g1.globo.com/11-de-setembro/noticia/2011/09/meu-pai-foi-um-heroi-diz-filha-de-piloto-morto-em-sequestro-de-aviao.html 'Meu pai foi um herói', diz filha de piloto morto em sequestro de avião - G1.com]</ref>

===Cultura popular===
Em 2000, o sequestro foi descrito no livro "Caixa-preta" do escritor brasileiro [[Ivan Sant'anna]].<ref>[https://www.amazon.com.br/Caixa-preta-relato-desastres-a%C3%A9reos-brasileiros-ebook/dp/B00A3CR70G Caixa-preta: O relato de três desastres aéreos brasileiros eBook Kindle
por Ivan Sant'Anna - Amazon.com.br]</ref>

Está previsto também um filme sobre o caso produzido pela Escarlate, que planeja começar as filmagens em 2019. O projeto leva o nome provisório de "Sequestro do Voo 375".<ref>[https://www.opopular.com.br/editorias/magazine/ap%C3%B3s-30-anos-sequestro-de-boeing-que-seria-jogado-no-pal%C3%A1cio-do-planalto-vai-virar-filme-1.1627683 Após 30 anos, sequestro de Boeing que seria jogado no Palácio do Planalto vai virar filme - O Popular]</ref>


{{referências}}
{{referências}}

Revisão das 03h44min de 24 de dezembro de 2018

Voo VASP 375
Acidente aéreo

Um Boeing 737-300 da VASP, semelhante à aeronave envolvida no acidente.
Sumário
Data 29 de setembro de 1988 (35 anos)
Causa Sequestro e pane seca
Local Inicialmente sobre Minas Gerais; depois sobre Brasília e depois Aeroporto Internacional de Goiânia
Origem Aeroporto Internacional de Porto Velho, Porto Velho, Rondônia
Escala Aeroporto Internacional de Cuiabá, Mato Grosso
Aeroporto Internacional de Brasília, Brasília, Distrito Federal
Aeroporto Internacional de Goiânia, Goiânia, Goiás
Aeroporto Internacional de Confins, Belo Horizonte, Minas Gerais
Destino Aeroporto Internacional do Galeão, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Passageiros 98 (incluindo 1 sequestrador)
Tripulantes 7
Mortos 1
Feridos 3
Sobreviventes 104
Aeronave
Modelo Estados Unidos Boeing 737-300
Operador Brasil VASP
Prefixo PP-SNT[1]
Primeiro voo 1986

Sequestro do voo 375 foi uma ação de sequestro ocorrida no voo 375 da VASP em 29 de setembro de 1988 por Raimundo Nonato Alves da Conceição, que tinha como objetivo colidir o avião com 98 passageiros e 7 tripulantes a bordo[2] contra o Palácio do Planalto em Brasília. O voo, numa aeronave Boeing 737-300, partiu de Porto Velho rumo ao Rio de Janeiro, fazendo escalas em Cuiabá, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. Na fase final do voo, entre a capital mineira e o Rio de Janeiro, foi sequestrado e desviado para Brasília. O sequestro não teve êxito e a aeronave acabou pousando em segurança em Goiânia. A única vítima fatal em decorrência do sequestro foi um dos co-pilotos, Salvador Evangelista.

Fernando Murilo de Lima e Silva, o piloto que evitou a tragédia, foi homenageado em outubro de 2001 pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas e recebeu o troféu Destaque Aeronauta por ter evitado a morte dos quase cem passageiros que estavam a bordo do Boeing 737.

Contexto

O maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição nasceu em Vitorino Freire, vindo de uma família pobre do interior do Pará e era considerado calmo. Trabalhou como tratorista em várias empresas de construção. Na época com 28 anos, havia perdido seu emprego na construtora Mendes Júnior em Minas Gerais. No final da década de 80, o Brasil enfrentava uma péssima fase econômica com elevados índices de desemprego e inflação. Raimundo decidiu punir quem achava ser culpado pela má situação pela qual ele e o País passavam: o então presidente da República, José Sarney[3], lançando um avião contra o Palácio do Planalto, onde fica o Gabinete Presidencial.

O sequestro

Raimundo comprou um revólver calibre 32 e embarcou no voo VP-375. É importante ressaltar que na época, aparelhos de raios-X e detectores de metal não eram utilizados para verificar bagagens no Aeroporto de Confins, o que permitiu a passagem livre do passageiro. O voo, que vinha de Porto Velho e fazia escala em Belo Horizonte, decolou às 10h42 e cerca de 20 minutos após a decolagem, com o avião já no espaço aéreo do Rio de Janeiro, Raimundo Nonato anunciou o sequestro: disse que queria entrar na cabine e baleou Ronaldo Dias, um comissário de bordo, quando este tentou impedi-lo. Na época a porta da cabine das aeronaves não era blindada e Raimundo disparou diversos tiros contra ela.[4] Um desses tiros acabou acertando o tripulante extra, Gilberto Renhe, que teve a perna fraturada. Outro disparo acabou acertando o painel do avião, o que fez a tripulação optar por abrir a porta para cessar os disparos. Sem que o sequestrador percebesse, o piloto Fernando Murilo de Lima e Silva acionou pelo transponder o código 7500, que na linguagem da aeronáutica, indica interferência ilicita (sequestro). Quando iria tentava atender à resposta do Cindacta pelo rádio, o co-piloto Salvador Evangelista foi baleado pelo sequestrador e morreu na hora. Em seguida, Raimundo apontou o revólver para o piloto e exigiu que a aeronave fosse desviada imediatamente para Brasília.

Persuadido pelo comandante que as condições de visibilidade não eram boas para aproximação em Brasília (tratava-se na verdade de uma estratégia do piloto para enganar o sequestrador),[5] Raimundo acabou desistindo de jogar o avião contra o Palácio do Planalto, mas impediu o comandante de pousar o avião quase sem combustível no Aeroporto Internacional de Brasília e na Base Aérea de Anápolis. O voo prosseguiu para Goiânia, acompanhado por um caça da FAB pilotado pelo tenente Walter Ricardo Gallette (Mirage III).[6] Raimundo teria decidido então levar o Boeing para São Paulo, mas foi alertado por Fernando que não havia combustível para isso. Segundos depois um dos motores do avião começou a falhar e Fernando executou manobras acrobáticas nunca antes feitas com um avião daquele porte repleto de passageiros com a intenção de desequilibrar o sequestrador e pousar a aeronave.[7][8] A estratégia funcionou e Raimundo acabou sendo jogado para longe da cabine, mas assim que o avião estabilizou conseguiu ficar de pé e empunhar novamente a arma. O pouso em Goiânia, no Aeroporto Internacional Santa Genoveva aconteceu às 13h45. Em terra, o sequestro e as negociações continuaram por várias horas. O sequestrador chegou a exigir um avião menor para fugir, mas por volta das 19h, quando descia a escada do avião usando o comandante como escudo, acabou sendo baleado três vezes pela equipe de elite da Polícia Federal. Morreu dias depois, vítima de anemia falciforme, sem relação com os tiros, segundo o legista Fortunato Badan Palhares.[9]

Aeronave

O avião envolvido no sequestro era um Boieng 737-3L9 (número de série 23176, numeração Boeing 1213, registro PP-SNT) fabricado em 1986, tendo como primeiro cliente a Canadian Pacific Air Lines. No mesmo ano a aeronave foi adquirida pela VASP que depois repassou para a Guinness Peat Aviation em 1992. Em 1993 foi repassado para a Morris Air Service e em 1995 foi adquirido pela estadunidense Southwest Airlines sob o registro N698SW. Encerrou sua carreira em 2013 e permaneceu numa pista de pouso no Canadá até ser desmontado.[10]

Consequências

O comandante Fernando Murilo foi condecorado com a Ordem do Mérito Aeronáutico na época do acidente, mas nunca recebeu um agradecimento oficial da presidência pelos seus feitos.[8] Em 2001, 13 anos após o acidente, o piloto recebeu o troféu Destaque Aeronauta do Sindicato Nacional dos Aeronautas por sua contribuição em evitar uma tragédia maior naquele dia.[11]

Em 2011, a Infraero foi condenada em segunda instância a pagar uma indenização de R$250 mil para Wendy Evangelista, filha do co-piloto Salvador Evangelista que morreu no sequestro. A justiça considerou que a entrada de um passageiro com um revólver dentro do avião foi um erro grave, não existindo normas de segurança adequadas na época.[12]

Cultura popular

Em 2000, o sequestro foi descrito no livro "Caixa-preta" do escritor brasileiro Ivan Sant'anna.[13]

Está previsto também um filme sobre o caso produzido pela Escarlate, que planeja começar as filmagens em 2019. O projeto leva o nome provisório de "Sequestro do Voo 375".[14]

Referências

Ligações externas