Estação Ferroviária de Faro
Faro
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Linha(s): | Linha do Algarve (PK 340,008) |
Coordenadas: | 37° 01′ 06,25″ N, 7° 56′ 23,32″ O |
Município: | Faro |
Serviços: | ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() |
Inauguração: | 21 de Fevereiro de 1889 |
Website: |
A Estação Ferroviária de Faro, mais conhecida como Estação de Faro, é uma interface ferroviária da Linha do Algarve, que serve a localidade de Faro, no Distrito de Faro, em Portugal.
Caracterização
Localização e acessos
Esta interface situa-se junto ao Largo da Estação dos Caminhos de Ferro, na cidade de Faro.[1]
Caracterização física
Em 2005, esta interface detinha a classificação "C" da Rede Ferroviária Nacional; nesse ano, era servida por 8 vias de circulação, encontrando-se habilitada à realização de manobras de material circulante.[2]
Em 2007, providenciava as informações sonoras aos passageiros nas estações e apeadeiros de Tunes, Albufeira, Boliqueime, Loulé, Parque das Cidades e Portimão.[3]
Em 2009, as extensões das vias eram de 388, 268, 228, 323, 275, 225, 125 e 125 metros, e as plataformas detinham 340, 175, 175, 315, 285, 240 e 80 metros de comprimento, tendo cada uma 90 centímetros de altura. [4]
Em Janeiro de 2011, o esquema da estação já tinha sido alterado, passando a conter apenas 6 vias, com comprimentos dos 403 aos 242 metros; as plataformas apresentavam 488 a 175 metros de extensão, e de 30 a 70 centímetros de altura.[5]
História
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/3a/Magnifying_glass_01.svg/17px-Magnifying_glass_01.svg.png)
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/9/9f/Linha_do_Algarve_em_Faro.jpg/200px-Linha_do_Algarve_em_Faro.jpg)
Planeamento e construção da Linha do Sul até Faro
Desde 1858 que se discutiu em continuar a Linha do Sul, que na altura terminava em Beja, até Faro.[6] Em 21 de Abril de 1864 é assinado um contrato entre o governo e a Companhia dos Caminhos de Ferro de Sul e Sueste, no sentido de construir a ligação ferroviária entre a capital alentejana e o Algarve[7]; e, em 25 de Janeiro de 1866, uma carta de lei estabeleceu que a linha deveria terminar em Faro, e que deveria estar concluída até 1 de Janeiro de 1869.[8]
Nos finais de 1866, os trabalhos de movimentação de terras estavam quase acabados entre Boliqueime e Faro; as vias de resguardo de várias estações, 7 casas de guarda e os edifícios principais das Estações de Loulé e Boliqueime já se encontravam construídos; a casa das máquinas de Faro estava quase edificada; e alguns quilómetros de via fora das estações já se encontravam assentes.[9]
A 1 de Julho de 1875, é publicada uma portaria encarregando Nuno Augusto de Brito Taborda, director do Caminho de Ferro do Sueste, de criar um projecto definitivo para o Caminho de Ferro do Algarve;[7] no mesmo dia, é publicado um decreto que ordena o estado a construir este caminho de ferro.[7] O governo abre concurso para a construção deste caminho de ferro a 26 de Janeiro do ano seguinte.[7] Nos finais de 1876, a via entre Faro e São Bartolomeu de Messines encontrava-se totalmente assente, faltando, ainda, concluir a via entre esta estação e Casével.[10]
No plano original para a continuação da Linha do Algarve até Vila Real de Santo António, a Estação seria terminal, ou seja, a via entroncaria antes de chegar a Faro, tendo as composições de inverter a sua marcha antes de prosseguir para o Sotavento.[11]
Inauguração
A primeira composição a chegar à estação de Faro, a 21 de Fevereiro de 1889, consistiu numa composição formada por vários vagões de mercadorias, com o objectivo de testar a resistência da via.[12] A 1 de Julho de 1889 deu-se a abertura ao serviço do troço entre Faro e Amoreiras[7] e a inauguração oficial da Estação Ferroviária de Faro pela Família real portuguesa; para a cerimónia, a estação foi enfeitada com escudos, brasões e armas das principais localidades da região atravessadas pelo transporte ferroviário.[13]
Outros desenvolvimentos ao longo do Século XX
Em 1902, foi construída uma nova linha de serviço nesta estação.[14] No mesmo ano, foi instalada uma dependência do "Serviço de Estudos e Construcção de Linhas da Rêde Complementar dos Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo", parte integrante da Direcção de Sul e Sueste dos Caminhos de Ferro do Estado; o objectivo desta divisão era construir os troços entre Faro e Vila Real de Santo António e entre Silves (Portugal) e Portimão.[15]
Em 1905, reforçaram-se os serviços entre Faro e Tavira, devido ao volume de tráfego entre estas duas estações.[16]
Movimento de mercadorias e passageiros
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/63/Portuguese_Railways_Intercity_train_at_Faro_Train_Station.jpg/200px-Portuguese_Railways_Intercity_train_at_Faro_Train_Station.jpg)
No início, esta estação era servida principalmente por composições mistas, ou seja, formadas por carruagens e vagões para transporte de correio ou mercadorias.[17] O movimento de mercadorias na estação, durante o Século XX, baseou-se na chegada de carvão e metais vindos de Vila Real de Santo António.[18] Em 1972, o movimento de mercadorias observado na Estação compunha-se pela chegada de trigo de Castro Marim, Tavira, Fuseta e Vila Real de Santo António, em regime de grandes volumes (vagões completos)[19]; saída de adubos (vindos da divisão da Companhia União Fabril de Faro) para Vila Real de Santo António, Castro Marim, Cacela, Conceição, Tavira, Luz de Tavira e Livramento, e farinhas e óleos para todo o Algarve.[20]
As crises que se fizeram sentir ao longo do Século XX, e a falta de infra-estruturas adequadas causaram um declínio na importância da Estação de Vila Real de Santo António como entreposto de mercadorias, ganhando a Estação de Faro predominância nesta função[21]; mas esta estação deteve sempre uma elevada importância como entreposto, influenciando economicamente uma área até aos concelhos de Albufeira e Vila Real de Santo António, e assumindo-se como um núcleo industrial de moagem de cereais e panificação, detendo infra-estruturas para armazenamento de trigo importado ou regional.[22] A Estação de Faro manteve, ainda, um importante tráfego de passageiros com as Estações de Cacela, Olhão e Fuzeta.[23]
Impacto cultural do transporte ferroviário em Faro
O transporte ferroviário dinamizou a cultura em Faro, ao aumentar em variedade e número os espectáculos, especialmente teatros, variedades, circos e touradas.[24]
Século XXI
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/8a/Faro_train_station_Linha_do_Algarve.jpg/200px-Faro_train_station_Linha_do_Algarve.jpg)
Em 2003, a Rede Ferroviária Nacional construiu o novo edifício para o Centro de Tráfego Centralizado de Faro[25]; em 2004, instalou-se uma estação de concentração[26], e a interface em si sofreu uma remodelação.[27]
Em Março de 2009, um praticante de parkour foi electrocutado enquanto praticava este desporto na Estação.[28]
Em Março de 2010, a Associação Recreativa e Cultural de Músicos, uma organização sediada nas imediações da Estação de Faro, recebeu uma ordem de despejo do tribunal; esta acção deve-se a um plano da Câmara Municipal de Faro, com o objectivo de requalificar a zona da cidade junto à Estação.[29]
Ver também
Referências
- ↑ «Ficha de Estação: Faro». Comboios de Portugal. Consultado em 12 de Fevereiro de 2012
- ↑ «Directório da Rede Ferroviária Portuguesa 2005». Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P. 13 de Outubro de 2004: 64, 67, 83
- ↑ «Directório da Rede 2007 1.ª Adenda». Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P. 26 de Junho de 2007. 157 páginas
- ↑ «Directório da Rede 2010». Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P. 22 de Janeiro de 2009. 138 páginas
- ↑ «Directório da Rede 2012». Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P. 6 de Janeiro de 2011. 85 páginas
- ↑ Santos, 1995:120-121
- ↑ a b c d e «Cronologia». Comboios de Portugal. Consultado em 22 de Fevereiro de 2010
- ↑ Santos, 1995:125
- ↑ Santos, 1995:130
- ↑ Santos, 1995:132
- ↑ «Linha do Algarve» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (342). 16 de Março de 1902. pp. 84, 85. Consultado em 12 de Fevereiro de 2012
- ↑ MESQUITA, José Carlos Vilhena (22 de Agosto de 2009). «Inauguração do Comboio em Faro». Promontório da Memória. Consultado em 22 de Fevereiro de 2010
- ↑ Santos, 1997:181, 182
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (352). 16 de Agosto de 1952. 250 páginas Parâmetro desconhecido
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ignorado (ajuda) - ↑ VARGAS, Manuel Francisco de (1 de Setembro de 1902). «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (353). 260 páginas Parâmetro desconhecido
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ignorado (ajuda) - ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (423). 1 de Agosto de 1905. 235 páginas Parâmetro desconhecido
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ignorado (ajuda) - ↑ SOUSA, J. Fernando de (1 de Abril de 1903). «As Novas Locomotivas das Linhas do Sul e Sueste» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (367). pp. 99, 100 Parâmetro desconhecido
|acessoadoem=
ignorado (ajuda) - ↑ Cavaco, 1976:436
- ↑ Cavaco, 1976:438
- ↑ Cavaco, 1976:439
- ↑ Cavaco, 1976:357
- ↑ Cavaco, 1976:439-440
- ↑ Cavaco, 1976:438-439
- ↑ Santos, 1997:159
- ↑ «Relatório e Contas 2003». Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P. 2003. 82 páginas
- ↑ «Relatório e Contas 2004». Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P. 2004. 82 páginas
- ↑ «Directório da Rede Ferroviária Portuguesa 2004». Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P. 2004. 93 páginas
- ↑ «Faro: praticante de «parkour» electrocutado». Região Sul. 30 de Março de 2009. Consultado em 12 de Fevereiro de 2012
- ↑ «Associação de Músicos recusa ação de despejo e pede soluções à Câmara de Faro». Barlavento Online. 19 de Março de 2010. Consultado em 12 de Fevereiro de 2012
Bibliografia
- CAVACO, Carminda (1976). O Algarve Oriental. As Vilas, O Campo e o Mar. II. Faro: Gabinete de Planeamento da Região do Algarve. 492 páginas Parâmetro desconhecido
|volumes=
ignorado (|volume=
) sugerido (ajuda) - SANTOS, Luís Filipe Rosa (1995). Os Acessos a Faro e aos Concelhos Limítrofes na Segunda Metade do Séc. XIX. Faro: Câmara Municipal de Faro. 213 páginas
- SANTOS, Luís Filipe Rosa (1997). Faro: um Olhar sobre o Passado Recente. (Segunda Metade do Século XIX). Faro: Câmara Municipal de Faro. 201 páginas