Federação Metropolitana de Desportos

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Federação Metropolitana de Desportos
Federação Metropolitana de Desportos
Logotipo oficial.
Tipo Desportiva
Fundação 11 de dezembro de 1934 (89 anos)
Extinção 29 de julho de 1937 (86 anos)
Sede Rio de Janeiro, RJ,  Brasil

A Federação Metropolitana de Desportos (FMD) foi uma entidade criada por alguns clubes de futebol da cidade do Rio de Janeiro para organizar o Campeonato Carioca.[1]

História[editar | editar código-fonte]

A criação da FMD[editar | editar código-fonte]

Em 11 de dezembro de 1934, na sede do Botafogo, oito clubes (Botafogo, Vasco da Gama, Bangu, São Cristóvão, Andarahy, Olaria, Carioca e Madureira) fizeram a fundação da Federação Metropolitana de Desportos. Essa nova entidade incorporou a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA), a entidade oficial filiada a CBD que era contra a profissionalização do futebol e rival, desde 1933, da dissidente Liga Carioca de Football (LCF), que defendia o profissionalismo. Sendo assim, dois Campeonatos Cariocas eram realizados paralelamente e duas ligas coexistiram, até ser selada a pacificação, durante a conturbada fase de profissionalização do futebol brasileiro.

No mesmo ano de sua fundação, a FMD organizou seu primeiro campeonato, o qual fora vencido pelo Botafogo.

Apesar de em princípio não deixar o amadorismo, a entidade adotou um regime livre/misto, passando a aceitar clubes e jogadores profissionais.[2] Conforme Azevedo (2017, p. 64): "A partir desse momento, o amadorismo no futebol carioca nas duas maiores ligas, tornou-se uma questão de escolha ou de falta de recursos suficientes para fazer contratos legais com jogadores (...)".[3]

Zezé Procópio com a camisa da Seleção Carioca da FMD.

A pacificação do futebol carioca e a dissolução da FMD[editar | editar código-fonte]

Em 1937, os presidentes do Vasco da Gama (Pedro Pereira Novaes) e do America (Pedro Magalhães Corrêa), anunciam uma união entre os dois clubes (que pertenciam a ligas distintas) com a finalidade de pôr fim à cisão do futebol carioca. No começo, a notícia foi recebida com desconfiança, afinal já haviam sido feitas várias tentativas de pacificação e que não deram resultados. Mas aos poucos o projeto foi tomando o rumo diferente das tentativas antecessores e tornou-se real com a assinatura do pacto entre os dois clubes e o apoio dos demais grandes clubes da LCF (Flamengo e Fluminense). O Botafogo, afiliado da FMD e alinhado com a CBD, de início não se mostrou muito favorável, mas teve que se conformar juntamente com a CBD frente ao grande apoio popular e da mídia, ávidos por voltar a ver os clássicos cariocas.

O pacto entre os dois clubes previa a criação de uma nova entidade para o futebol carioca, à qual todos os grandes clubes da cidade estavam convidados a entrar como membros fundadores. Com a criação dessa nova entidade, tanto a LCF como a FMD foram extintas.[1] A nova agremiação se filiaria à FBF, que por sua vez, requereria sua filiação à CBD. Assim, nesse novo arranjo, a FBF cuidaria do futebol brasileiro e a CBD ficaria responsável pela representatividade do futebol do Brasil no exterior. Desse modo todos os clubes brasileiros passariam a ter que se filiar à FBF, ou não poderiam enfrentar os outros clubes filiados à mesma.

No dia 29 de julho de 1937, é então celebrada a criação da Liga de Futebol do Rio de Janeiro (LFRJ), que teve como primeiro presidente Antonio Avellar, dirigente ligado ao America.

Porém, o campeonato da FMD já havia começado em 2 de maio daquele ano. Após 26 partidas realizadas e faltando apenas duas (Olaria x Vasco da Gama e Vasco da Gama x Botafogo) para o término do primeiro turno, o São Cristóvão estava liderando a disputa e já não poderia mais ser alcançado pelos concorrentes. Com isso, de acordo com jornais da época, como a edição de 4 de setembro de 1937 do Jornal dos Sports e a edição de 5 de setembro da Gazeta de Noticias, o São Cristóvão foi declarado campeão.[1][4]

Em 21 de dezembro de 2023, a atual Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), que já contava os 26 jogos deste certame para fins estatísticos (uma vez que nunca foram anulados), reconheceu o título cristovense.[5]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c «Extincto officialmente na F.M.D. o football - Dissolvido tambem o conselho geral, enquanto o carioca declara que recorrerá ao judiciario». Biblioteca Nacional. Jornal dos Sports (2441): 6. 4 de setembro de 1937. Consultado em 16 de julho de 2022 
  2. Gomes, Eduardo de Souza (2016). «Respeitável público: espetacularização e popularização do futebol profissional no Rio de Janeiro (1933-1941)». FuLiA / UFMG (1): 90–110. ISSN 2526-4494. doi:10.17851/2526-4494.1.1.90-110. Consultado em 28 de dezembro de 2023 
  3. Azevedo, João Paulo Maciel de. O Andarahy Ahletico Club: amadorismo e profissionalismo no futebol carioca (1915-1940). 2017. Dissertação (Mestrado em Estudos do Lazer) - Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível em: http://www.eeffto.ufmg.br/eeffto/DATA/UserFiles/files/Jo%C3%A3o%20Azevedo_29_09.pdf.
  4. «São Christovão o campeão invicto - Um titulo que não possuia desde 1926». Biblioteca Nacional. Gazeta de Notícias (211). 5 de setembro de 1937. Consultado em 9 de junho de 2022 
  5. «História reescrita! Ferj reconhece São Cristóvão como campeão carioca de 1937». Correio Braziliense. 21 de dezembro de 2023. Consultado em 22 de dezembro de 2023